Unattainable reality ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 57
Uma prova de amor pt. I


Notas iniciais do capítulo

Até que dessa vez a demora foi menor :v olhem que avanço
Espero que gostem e sorry qualquer erro possível. :v
Eu dividi em duas partes por que senão ia ficar grande e cansativo



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Allister

 

Caminhei até a varanda, as coisas estavam agitadas desde que os lideres rebeldes chegaram, Cedrik estava pedindo o apoio deles desde que meu pai e meu tio deram a ideia de tirar a rainha do poder com a ajuda do próprio povo.
A princípio parecia uma bela loucura, mas depois de um tempo tudo começou a ganhar forma e estava se tornando inevitável.
Olhei ao redor e vi que Alice estava sentada em uma cadeira ao lado da mesa de chá, seus olhos estavam focados em uma xícara azul e ela não parecia muito feliz, então decidi ir até ela.
Era raro ver Alice tão abalada, pelo menos ultimamente, fazia tempo que ela parecia esconder tudo o que sentia, como se a tornasse mais vulnerável.
—Ela gosta de você não é? – Parei ao ouvir a voz de Renne atrás de mim, ele parou ao meu lado e sorriu tortamente. —Ela confia em você!
—Ultimamente ela parece querer evitar contato com tudo... Tenho medo do que pode ter deixado ela assim! – Admiti, sem encará-lo, o fato de Renne ser um sacerdote ainda era estranho, ser sacerdote exigia muita... Maturidade?
—Realmente Allister, ela não te disse não é?
—Disse que?
Renne me encarou com aqueles olhos estranhamente vermelhos e me entregou uma pequena florzinha.
—Que ela sempre foi assim! – Ele olhou para a casa novamente, como se esperasse algo. — Ela foi criada para ser uma princesa perfeita, ela não foi criada para ser forte ou independente, mesmo que ela teimasse. Assim como você, se me permite dizer, ela não foi criada para ser livre. Ela foi criada para ser perfeita!
Alice era como... Eu?
—São apenas correntes diferentes Allister, por isso essa luta é importante para ela... Deixou de ser apenas uma aventura e passou a se tornar uma verdadeira busca por si mesma.
—Eu não fazia ideia! – Murmurei me sentido mal, a sensação de não poder ser e fazer o que deseja era a pior de todas, de ter seu futuro e seus passos controlados, guiados, ordenados. —Eu poderia ajudá-la um pouco mais se soubesse.
—Não se culpe, assim como eu, por mais que não pareça, ela sabe o peso que carrega. – Renne riu baixinho, talvez risse de si mesmo. —Você também deveria aprender Allister... Eu sinto que está negando algo em si mesmo. –Ele balançou a cabeça. —Sou apenas um príncipe sem respeito do próprio povo, mas se tem algo que sei é que não podemos brincar com o futuro das nossas nações.
—Se seu irmão realmente for aceitar esse acordo...
—Ele vai!
—Então uma enorme guerra será inevitável! O país vai se dividir, os nobres vão parar de apoiá-lo, os civis podem entrar em conflito e-.
—A guerra já começou... – Renne me interrompeu calmamente, retirando do bolso um pequeno anel negro. —Milhares de pessoas já estão morrendo, estão sendo exploradas, usadas como objetos. Temos muitos soldados sendo ensinados a exterminar rebeldes e todos os que os apoiam, ao mesmo tempo, o contrário está sendo feito. Estamos resistindo com o que podemos. Dois partidos já foram criados entre o povo, Zeck tem o apoio de uma maioria esmagadora da população, mas Mary Anne tem o apoio da minoria que possui o poder esmagador na nossa sociedade, quase todos os dias eu estou vendo meu povo ser massacrado e eles estão cansados, alguns camponeses estão parando de produzir para o reino, alguns magos e soldados, como você, estão deixando de servir ao exercito e aos caprichos da rainha e estão sendo severamente punidos. E muitas famílias estão tendo seus filhos tomados por se negaram a permitir que eles se alistem.
—Isso é... – Eu estremeci só de pensar, jamais me esqueci do dia em que neguei serviço pela primeira vez, minha punição foram vinte chicotadas que tiveram que ser aplicadas pelo meu professor e tutor, na décima quinta o meu corpo estava tão ferido que Ás acabou parando por conta própria e me levando até Cedrik, receio nunca ter visto o chapeleiro chorar tanto.
Depois disso eu não tive mais que trabalhar, Ás passou a me vigiar e a não contar nada relevante a rainha, ele nunca mais levantou a mão para me agredir de tal forma, somente me provocava em batalha.
—Tudo bem? – Renne tocou em meu ombro, senti que estava tremendo um pouco. —Eu te fiz lembrar-se de algo ruim não é mesmo? Desculpe-me, mas apenas tinha que mostrar o quanto estamos abalados.
—Os nobres não me parecem abalados. – Resmunguei, com o olhar focado no chão, eu podia lembrar claramente dos rostos de alguns nobres rindo e adorando cada ferida em meu corpo enquanto Ás parecia ao ponto de se quebrar de tanto que ele tentava parar de tremer.
Renne sorriu para mim, porém seu tom de voz soou extremante sério.
—Não governo para os nobres! Eles me chamam de imundo todos os dias, porque eu me importaria com eles? – Renne sorri de lado e me entregou o anel, olhando de relance para Alice. —Pertencia ao avô dela, não há mais o que eu possa fazer para que Alice mude, saiba disso: Ela não vai mudar! No mínimo tente entende-la.
E dizendo isso ele tornou a se afastar, saltitando até dentro da casa. De relance vi Eiri aparecer e o abraçar, sorrindo, para mim era extremamente gratificante ver o sorriso dele, sempre o tive como um irmão e odiava quando ficava triste.
Tornei a encarar Alice e segurei o anel com força... Nós dois éramos iguais?
Voltei a caminhar até ela, dessa vez mais rapidamente.
Muitos homens e mulheres estavam parados perto da varanda, alguns sentados outros conversando em grupos aleatórios, entre eles havia líderes de aldeias e exércitos, todos que ouviram o pedido de Cedrik e estavam nos apoiando, eu cumprimentei para alguns ao passar, acelerando o passo à medida que me aproximava de Alice.
—Está meio desanimada para quem está à beira de uma guerra! – Comentei, me sentando em uma cadeira ao lado dela.
—Está meio animado para quem está à beira de uma guerra! – Ela retrucou, me provocando como sempre e eu segurei sua mão.
—Não estou! – Admiti, olhando em seus olhos. —Meu pai que está! Nós somos opostos, não fico animado quando ele fica. - Ela conseguiu rir baixinho e eu lhe entreguei o anel. —Eu não faço a mínima ideia de como, mas o Renne conseguiu isso. Era do seu avô, acho bom ter como relíquia de família. É quase igual ao nosso!
—Acho que sim! – Ela pegou o anel e começou a observá-lo. —Eu não me lembro de bem dele, o via pouco, mas era uma boa pessoa... Eu acho! – Ela olhou para o próprio anel. — Temos que lutar juntos, eu sei, disse à duquesa que posso ajudar um dos grupos de busca por prisioneiros injustiçados e planejamos distrair a rainha, mas eu... De algum jeito tenho medo...
—De lutar? – Perguntei quando ela desviou o olhar. —É normal ter medo!
—Não... – Ela mordeu os lábios, deixando a xicarazinha de lado. —Sinceramente eu tenho medo de não conseguirmos e... De te perder!
—Não vai me perder, Alice! – Sorri e ela se emburrou. —Não precisa ter medo... Como você mesma disse nós vamos lutar juntos, talvez não diretamente, mas você entendeu.
—É... Acho que-
—Ora, aqui estão vocês! – Cedrik exclamou, nos assustando por um segundo, ele apareceu sorrindo travessamente, manhoso se encontrava em sua cabeça e o chapéu estava em sua mão. Sinceramente não sabia se o gato achava que era um chapéu ou se Cedrik achava que o chapéu era um gato.
—Alice, queridinha princesinha da minha vidinha... – Ele ria um pouco, tentando não mexer muito a cabeça. — A minha Duquesinha Annaihzinha estressadinha está te procurando... O seu grupinho já está para sair, tem uma porção de gente, não me dou bem com porções de gente, só me dou bem com porções de queijo! – Ele bateu palmas para si mesmo e riu, Alice sorriu de lado e me encarou ternamente.
—Espero te ver logo, Al! – Ela se abaixou e depositou um delicado beijo em minha testa. —Vamos ficar bem?
—Vamos ficar bem! – Respondi, esperando verdadeiramente que tudo acabasse bem. Ela correu até a casa de Cedrik novamente, sem olhar para trás.
—Então... – Cedrik encarava o próprio chapéu de um jeito fascinado. —Temos algum tempinho até o horário marcado, vamos esperar os outros chegarem até nós, pois eu não quero ter que lidar com as porções de pessoas!
—Certo! – Eu sorri para ele e fui retribuído da mesma forma, o Chapeleiro foi simplesmente a pessoa mais amável que conheci em todos esses anos, ele sempre se compadeceu comigo e com meu primo, sempre cuidou de nós, ele nos ensinou a como servir nossos nobres da forma correta, nos ensinou a como usar nossa magia para o nosso bem e para o bem de quem amamos, eu não mediria os mínimos esforços para usar a minha magia para o bem dele. —Meu mestre já está nos esperando?
—Sim, Zeck está ansioso para ver vocês. Olha, lá vem mais porção! – Cedrik sorriu, olhando para frente, a ‘porção’ se tratava de Ás e Erick, que vinham em nossa direção, e Jas, que havia grudado no pai e os acompanhava emburrado, sinceramente já estava começando a dar pena dele todo momento se afastando do pai, ele deveria estar odiando muito tudo isso.
Cedrik sorriu para alguns homens que passavam e um deles parou e me encarou, um ruivo alto e forte de incríveis olhos verdes, o que era raro já que aqui era tido como ‘normal’ um ruivo ter olhos vermelhos, nascer com alguma diferença era extremamente perigoso socialmente em Copas. —Algum problema?
—Como um simples menino tem o relógio de-
—Coisas da rainha! – Cedrik se adiantou antes que o homem pudesse terminar de falar e eu o encarei, desconfiado, ele nunca falava a ninguém sobre meu relógio, era o que limitava meus poderes e eu jamais entendi por que só os meus foram limitados a esse extremo. — Ela deu a ele ué... É apenas algo como um enfeite!
O ruivo me olhou uma ultima vez, mas pareceu desistir da ideia e das duvidas, ele se curvou para Cedrik e, sem dizer mais nada, se afastou rapidamente.
—O que foi isso? – Perguntei revoltado, como sempre o mundo ao meu redor me confundia, mas o chapeleiro apenas sorriu e se voltou aos outros, me senti um tanto quanto ignorado. —Erick... – Chamei meu primo de mau humor. — Seu gato acha que é um chapéu.
—Ou o Cedrik acha que o chapéu é um gato! – Erick resmungou e eu sorri, fazia tempo que não sentia essa cumplicidade novamente. — Onde estão os outros?
Ás abriu a boca para responder, mas qualquer que fosse a resposta foi impedida quando um homem se jogou em cima dele, rindo alto e chamando a atenção de todas as pessoas ao redor, Cedrik escondeu o rosto com as mãos e só retirou quando as pessoas voltaram aos seus afazeres normais.
—ZIANN! ZIANN! ZIANN! – Ás se afastou lentamente do novo visitante, parecendo mais impaciente que o normal, ele tentou ignorar a existência do rapaz, porém Jasper pareceu não notar a ideia do pai e logo começou a saltitar, alegre.
—TIO LIAM! – Ele praticamente berrou, se jogando nos braços do homem.
—JASPER!
Liam era um pouco menor do que Ás em tamanho, ele tinha cabelos negros muito bem penteados e longos, presos para o lado por uma correntinha de ouro, sua pele era um pouco morena e seus olhos era incrivelmente vermelhos e opacos. Diferente de qualquer um de nós ele não usava roupas comuns ou simples, Até mesmo Renne, depois de tirar a capa, estava mais simples que ele.
Liam usava uma capa ainda mais majestosa do que a de Ás, era branca, com um símbolo de copas dourado bordado no centro, parecia ter sido feita com os melhores tecidos e estava tão limpa que poderia chegar a brilhar. Ele ainda usava uma camisa vermelha com um símbolo de copas em ambas as mangas e gola, e uma calça também vermelha.
Além da correntinha de ouro no cabelo, ele também usava anéis e pulseiras de ouro, um bracelete todo enfeitado com pedras preciosas e um colar com corrente de ouro e um rubi como pingente.
Nem os nobres comuns de copas se vestiam tão majestosamente assim, apenas a família real possuía uma vasta coleção de ouro e rubi.
Notei que dos olhos de Ás por pouco não saiam faíscas de raiva, ele sempre ficava assim quando era contrariado por um de nós ou por Jasper.
— O que faz aqui, Liam?
—Ziann você está lindo! Como sempre se arrumando muito bem... Adorei seu cabelo, está mais... É... Preto e vermelho? Que lindo! – Ele murmurou meio risonho, puxando Jas delicadamente para seu colo.
—Pare de me enrolar! Você não está nem sequer me vendo! - Ás retrucou e Liam começou a rir descontroladamente, apoiando-se em Cedrik para não cair. — Jasper, queridinho, não dê tanta confiança para o seu tio!
—Mas papai, o titio é legal! – Meu irmãozinho deitou a cabecinha nos ombros de Liam, sorrindo docemente.
—Ás? – Chamei curioso e meu professor se voltou a mim, meio desanimado.
—Este é o meu irmão mais novo: Liam! – Ele explicou, apontando para o rapaz, que acenou sorrindo, os olhos dele estavam totalmente fora de foco, mas ele parecia saber perfeitamente onde tudo se localizava. —Ele veio dar apoio aos lideres como sacerdote e vai cuidar do Jas, já que meu filho parece que se esquece do pai quando está com ele.
Jas resmungou alguma coisa quando Liam o colocou no chão, mas logo se distraiu com algumas xícaras e esqueceu-se do mundo, eu demorei um pouco para raciocinar, mesmo o assunto sendo recente, Liam era o irmão mais novo que Ás salvou durante um incêndio quando menor, e que ficou cego porque o fogo do incêndio era amaldiçoado e sacerdotes não podiam ter contato com nada amaldiçoado.
—Ced... – O rapaz murmurou quando tocou o rosto do Chapeleiro e se jogou nos braços dele sem cerimônias. —Senti sua falta, tropeço nos vasos de flores o tempo todo. – Liam parecia realmente transtornado com esse ultimo fato, porém Cedrik apenas ria enquanto o abraçava. —Nenhum dos guias é tão bom como você foi para mim, nem o Ziann tem paciência comigo e as plantas, por favor, volte para casa e para mim, você é meu irmãozão mais legal que o Ziann. E as plantas se jogam na minha frente, eu juro!
—Ora Liam, já não é mais um menininho! – Cedrik comentou, sorrindo e acariciando lentamente uma das longas mechas do cabelo do moreno, parecia que Cedrik estava falando com uma criança. —Que boa oportunidade, aqui está o meu menino... – O chapeleiro desconversou e me puxou até perto do sacerdote, era sempre assim comigo, não com os outros, somente comigo, quando conheci Loren foi do mesmo jeito. — Allister se apresente a ele, vamos...
—O... Olá! É... Meu nome é Allister Wate! – Murmurei e Liam sorriu de um modo difícil de traduzir, eu não faço a mínima ideia de como sabia, mas parecia que alguém sussurrava para ele tudo o que acontecia a todo instante, pois era como se... Ele enxergasse através da alma.
—Allister! – Ele tocou meu rosto, sorrindo e começou a passar mão por ele calmamente até chegar ao meu cabelo e começar a brincar com os fios. —Os céus guardam o melhor para você... Algo grandioso. – Eu olhei em seus olhos vermelhos, não existia brilho algum neles, era como se o vermelho houvesse coberto tudo o que ali existia. —E você é... – O sorriso dele aumentou e ele apertou minha bochecha de repente, me assustando com uma risada repentina. —TÃO FOFO! – Ele me abraçou bem forte e começou a se balançar, rindo e me balançando junto. —Fofo! Fofo! TÃO FOFO! Lindinho, que vontade de te adotar!
Senti meu rosto corar, eu deveria estar mais vermelho que um pimentão, odiava ser chamado de fofo, me acostumei quando usavam esse termo de modo pejorativo, mas... Desse jeito positivo era tão... Estranho! E ainda... Adotar?
—Certo! – Ás puxou o irmão e o segurou pelo braço, Liam focou os olhos no chão e começou a tatear o rosto do mais velho com as mãos e a apertar sua bochecha. —Liam! Chega de causar problemas!
—Ziann eu senti saudades... Ah! Rennezinho! – Liam exclamou ao perceber a movimentação atrás de si, Renne e Eiri se aproximavam, o moreno se virou rapidamente pra trás, não posso dizer que ele acertou exatamente o lugar exato que o ruivo estava, já que suas mãos pegaram o ar por um momento. Mas Renne, que parecia tentar se aproximar com cautela, acabou segurando a mão de Liam e o abraçando.
—Olá! – Renne murmurou, parecia meio assustado.
—Sinto que... – Liam se ajoelhou em frente à Renne e segurou seu braço, tateando a área em que Renne foi atingido antes. —Está ferido? Oh Rennezinho, eu já não lhe disse que... – O sorriso dele diminuiu e uma de suas mãos foi em direção à cabeça do ruivo, o tapa não foi lá muito fraco. —Não pode ficar perto dessas... Coisas?
—Desculpa Liam, o Danny tava com um colar e eu não sabia que estava amaldiçoado. - O mais velho suspirou não muito feliz, esse assunto parecia ser sério para ele. —De qualquer forma estou melhor, Ás e o chapeleiro cuidaram de mim.
—Ora... – Liam sorriu novamente, dessa vez afagando o cabelo do ruivo. —Então tudo bem.
De relance eu vi quando meu pai e meu tio se aproximarem, só faltavam eles para chegar.
—Não quero estragar sua alegria, Liam. Mas está na hora de irmos, o rei nos espera. – Ás resmungou, ajudando o irmão a levantar. —Não faça nenhuma loucura, quero você em um lugar seguro, nada de se envolver no que não deve!
Liam se emburrou e segurou o braço de Ás com força.
—Não posso ignorar tudo isso dessa forma. Ziann você não pode me proteger para sempre! - Ás pareceu pensar por um momento e se manteve em silêncio. —Eu sei que... Que nunca aprendi a lutar tão bem como você... E que... Eu não posso usar magia ou algum dom realmente útil para uma guerra, mas-.
—Você sabe que o povo precisa de você! – Ás o interrompeu com um leve peteleco na testa. —É o sacerdote mais respeitado. Renne, seu aluno, precisa de você, as pessoas precisam de você... Vamos refugiar algumas crianças e preciso que use seu poder parar cuidar deles, e acalmar as vitimas, seu dom é esse não é? Salvar pessoas, proteger e cuidar de todos. Não é isso que um sacerdote faz? – Meu professor sorriu. —E também, é claro... – Ás puxou Liam para mais perto e o abraçou com carinho. —Eu preciso de você em segurança!
Os dois permaneceram assim por um momento e eu me senti um pouco estranho. Lembrei-me da ultima vez que eu abracei Carime, sim, foi... Quando eu a perdi!
—Alli? – Jas segurou minha camisa e começou a puxa-la enquanto me chamava, eu o encarei e sorri minimante. Como eu pude me esquecer desse pirracento? Apertei a bochecha dele e o puxei para meu colo. —Você vai ficar bem?
—Vou sim, Jas! Eu sou forte sabia? – Ele riu e me abraçou, nesse momento senti um novo medo, se Jasper se ferisse... —Acho que agora você deve se despedir do papai, não é mesmo?
Eu o coloquei no chão e ele rapidamente correu até Ás e Liam, Jasper não iria se ferir, o sacerdote de Copas era famoso por possuir uma proteção quase absoluta. Sim, eu precisava acreditar nisso, Jas era meu único irmão... Há algum tempo eu pensei que jamais teria outra chance, eu não poderia nem sequer sonhar em perdê-lo.
—Então acho que já podemos ir? – A voz de Cedrik ecoou ao fundo, mas minha mente ainda estava meio vaga, meus olhos focados em Jasper e Liam, eles agora se afastavam um pouco, senti meu coração se partir em dois. —Não se preocupe Eiri, Danny ficará bem.
—Eu sei... – Meu amigo entregou o pequeno loirinho a Liam, que o ajeitou em seu colo, o impedindo de se jogar no chão e correr atrás de Eiri ou Renne novamente. —Desculpe Danny, vamos voltar logo!
—Buah... – O loirinho resmungava, meu pai segurou meu braço e me olhou nos olhos. —Danny... Buah...
—Vamos?
Eu assenti e ele começou a me puxar até o portal, eu sequer notei que havia um portal.
—ALLI! PAPAI! – Jasper gritou uma vez, olhei para trás ainda a tempo de ver seus bracinhos erguidos em nossa direção. Meu pai me puxou novamente.
—Allister, eu sei o que está sentindo. – Ele comentou quando notou meu olhar. —Você tem que ser forte!
Já passamos por coisas assim antes, porém dessa vez ele iria para longe... E eu... Poderia não voltar.
Foi assim que meu pai se sentiu?
—Eu entendo. – Virei às costas para a casa do chapeleiro e acelerei em direção ao portal. —Eu entendo pai! Você foi forte por mim. Obrigado!

~ # ~

—Isso é ENORME! – Meu pai parecia ao ponto de explodir de euforia por causa do escritório de Zeck. —Tem de tudo aqui... Todo tipo de livros... Céus! – Ele circulava de um lado a outro como uma criança curiosa. —Tudo é lindo. Uau!
Nós o seguimos até a enorme janela atrás da mesa de Zeck, ela dava uma linda visão da parte de trás do castelo.
—Isso é lindo, mas... – Tio Johan resmungou, apontando para o lado de fora. —Algo parece meio errado lá longe!
Olhamos pela janela, havia um vasto jardim e bem ao fundo um muro gigante que separava o castelo da cidade. Era visível uma fumaça subindo em algum lugar ao longe. Não era possível ouvir com clareza, já que o muro estava muito longe, mas alguns gritos certamente ecoavam.
—É uma revolta, a terceira que está tendo, e sem duvidas a pior. -Ás comentou no exato momento em que Erick se virou para perguntar o que estava havendo. —Mandamos uma equipe para controlar essas pessoas, para fazê-los nos ajudar. Se não eles podem ferir inocentes e não é isso que queremos.
—É sem dúvidas um bom pensamento, Ziann Kayne!
Nós nos viramos assim que ouvimos uma nova voz, Zeck estava majestosamente parado a nossa frente, ainda que sorrisse meio forçado, um grupo de soldados se encontrava ao seu redor e eu sabia que havia outros mais escondidos pelo quarto.
—Desculpem esse chamado repentino, minha esposa colocou os nobres contra mim e eu acabei ficando sem muitas opções. - O sorriso dele desapareceu e Renne disparou em sua direção, se jogando em seus braços. —Estou feliz por estar bem, Renne! Estive pensando em como te trazer para perto de mim. Mas esses nobres causaram mais problemas que o normal e as pessoas se revoltaram novamente. Não vi outra opção a não ser pedir ajuda a vocês, Mary Anne está dividindo o povo e até meu exército está dividido em dois como podem notar.
Então encarei o braço de um deles, uma faixa azul se destacava em meio aos uniformes pretos, talvez um sinal de sua lealdade.
—Espere… então... - Era óbvia a pergunta que Às iria fazer, estava preocupado com a guarda pessoal de Zeck, que ele passou anos treinando.
—Nós todos estamos aqui por você, comandante! - Uma voz jovem soou ao nosso lado e um jovem ruivo se aproximou calmamente. —Nossa lealdade está com o rei, não foi isso que nos ensinou?
—Killye? - Às parecia a ponto de chorar de emoção, um dos seus pequenos protegidos estava bem afinal. —Que bom!
—Mas essa rainha... Essa... Essa... – Renne parecia ao ponto de explodir de ódio e encher a todos de insultos quando Zeck o fez se sentar em sua cadeira. —Irmão?
Zeck apenas sorriu e se aproximou de nós, se sentando no parapeito da janela.
—Não deixe Renne fazer nenhuma loucura como tentar fugir para arrumar confusão, Eiri! – Meu amigo rapidamente assentiu e se colocou ao lado da versão do príncipe ruivinho que lançava olhares furtivos a quem estivesse por perto. —Meninos? – O rei nos encarou. —Podem vir aqui um instante?
Sem pensar duas vezes eu corri até ele, o abraçando rapidamente, não poderia deixar de me preocupar, o povo odiava a realeza e ele estava no centro dela.
—Mestre! Não pode ficar assim exposto, está em perigo!
Ele sorriu e bagunçou meu cabelo, segurando a mão de Erick e o puxando para mais perto.
—White Rabbit, como sempre sendo um menino preocupado e teimoso. - Baixei os olhos, me sentindo um tanto quanto encabulado. —Saiba que sou mais teimoso que você. Não vou morrer tão fácil!
—Mestre… - Erick se aproximou mais de nós, seus olhos focados no chão, ele não olhava direito nos olhos de Zeck, sempre mandavam Erick baixar os olhos, pois diziam que iriam aterrorizar o rei. —Está mesmo do nosso lado? Quero dizer… Meu senhor desculpe os meus modos, mas isso é algo, que pode afetar o futuro do país e-.
—Esse é o plano, Cheshire! - Zeck tocou o rosto de Erick e o ergueu, fazendo com que meu primo o olhasse nos olhos. —Mudar esse país, acima de tudo, mudar nossa história. Esse lugar está... Como posso definir? – A voz dele soava incrivelmente séria. —Afundado em preconceito e pobreza, está em seu limite, me diga... Quem quer governar assim?
—Então, vossa majestade, concorda com nosso plano?
—Tem a minha palavra e minha lealdade, Willian Wate, duque de Jadis! Diga-me em que poderei ser útil!
—Não sabe como fico grato por sua compreensão! – Meu pai se curvou diante de Zeck e meu mestre sorriu, afagando meu cabelo. —Agora mesmo estamos mandando uma equipe para a capital, para conter a revolta, se conseguirem convencer essas pessoas da verdade, então teremos mais aliados. Planejamos concentrar a revolta do povo, esse é o nosso plano desde o inicio, conseguimos armas e apoio para estarmos aqui. Quando conseguirem controlar o povo, essa mesma equipe irá tomar posse de duas das prisões dos rebeldes, as pessoas inocentes serão refugiadas e os que puderem lutar vão se unir a nós.
—Assim será uma tomada de poder justa, executada pelas mãos do povo! – Zeck sorriu. —Não poderá ser considerado um golpe de estado, não pela nossa constituição. Mas o que querem com tudo isso? De verdade, o que vão fazer quando tudo mudar?
Todos trocaram olhares, não preocupados, mas cúmplices, até que meu tio tomou a frente do assunto:
—Nós queremos, mesmo com Naish isolado, uma nova aliança de paz!
—Um novo Wonderland?
—Não... Não exatamente um Wonderland como ele era antes, deve ser algo... Algo como um lembrete para que não ocorra novamente toda essa desunião. Algo que nos faça sempre lembrar quem somos e quais são nossas prioridades... Algo como...
—Espelhos! – Zeck concluiu, sorrindo, embora seu olhar estivesse um pouco perdido. —De qualquer modo eu gosto dessa ideia. Não quero, e não posso mais, ser visto como um ditador insano, minha rainha age como se minha bondade fosse uma inimiga e faz de tudo para me tirar o poder. Eu não vivo nas asas dela, e por isso... – Ele desceu do parapeito e se aproximou do meu pai, olhando-o diretamente nos olhos. —Acho que quer seu filho de volta não é mesmo? Tenho um presentinho para eles.
—O que está dizendo?
Zeck riu baixinho e se voltou a nós, eu e meu primo nos encaramos, em duvidas.
—Erick... Allister... Foram servos leais, dignos e verdadeiros. Foram corajosos, obedientes e curaram minha solidão.
À medida que Zeck dizia aquelas palavras um sentimento em mim parecia crescer, era estranho: Uma mistura de nervosismo, medo, alegria... Como era possível?
Um círculo de luz vermelho se formou sobre meus pés, Cedrik correu até o lado do rei e seus olhos estavam arregalados.
—Zeckery... Você...
—Por todos esses anos ficaram ao meu lado e eu os protegi, por todos esses anos possuíram minha marca e se tornaram minhas propriedades. Eu lhes escolhi como servos e vocês me escolheram como mestre, porém hoje decido que não preciso mais de sua lealdade como servo, Cheshire Cat... - Ele ergueu as mãos para o alto e uma espada feita de luz surgiu em sua mão, ele a apontou para meu primo. —Corto os selos da sua maldição! - Ele fez um exato e majestoso movimento de corte pela horizontal com a espada e uma forte luz vermelha envolveu Erick. Então seu olhar se voltou a mim. —White Rabbit... – Ele a apontou para mim, a essa altura Cedrik precisou se apoiado por Ás enquanto chorava. —Corto os selos da sua maldição!
Quando ele repetiu o movimento senti todo meu corpo estremecer, um grito ecoou em meu ouvido e eu caí de joelhos no chão. Tudo ao meu redor girava, uma forte luz parecia tentar me cegar.
“Elas te prendiam...” Uma voz ecoou. “Agora não mais! White Rabbit, o nome da maldição que prendeu muitos, a partir hoje...” Olhei para cima e só tive tempo de ver as mechas cinza e esvoaçantes de seu cabelo desaparecer junto de seu corpo. “Não existirá mais!”
—Carime? – Sussurrei antes de meu corpo perder o resto das forças e pender para o chão.
“A partir de hoje você está livre!”
Senti meu corpo ser segurado e as mãos firmes de Zeck me impedirem de cair, minha visão estava turva e tudo começou a se apagar lentamente.

~ # ~

Quando abri os olhos, a primeira coisa que senti foi o macio colchão em que me deitava, e logo após eu vi meu pai, ele estava sentado em uma cadeira ao lado da cama e sorria docemente para mim.
—Que bom que acordou... – Ele passou a mão pelo meu cabelo. —Todos nós ficamos preocupados! - Eu olhei ao redor, estava em um quarto com paredes vermelhas e teto branco, havia apenas uma estante vazia perto da cama. —Cedrik disse que seu poder saiu um pouco do controle e você perdeu a consciência, o que é um pouco natural, já que bem... – O sorriso dele aumentou de uma forma brusca. —Agora não está mais controlado não é?
—O que? – Indaguei, fazendo força para me sentar, nesta hora a porta se abriu e meu primo passou por ela. —Erick o q-
Quando ele me olhou nos olhos eu parei toda e qualquer linha de raciocínio que poderia ter, Erick estava verdadeiramente sorridente, ele andou até nós quase saltitando e sua alegria era tão pura que não parecia ser ele mesmo... Claro, não poderia ser nenhum tipo de ilusão... Os olhos dele... Estavam verdes?
—Erick... Seus olhos... - Ele riu e se sentou ao meu lado na cama. —É uma...
—Ilusão? – Ele completou, sorrindo e meu pai fez um pequeno espelho aparecer em suas mãos. — Não Alli, não é! Você deve ter notado mudanças, já que quando eles selaram nossa liberdade o nosso poder e nossa aparecia foram juntos.
—O que? Não me... Diga que... – A espada que Zeck usou naquele momento era muito semelhante a que usaram conosco no dia em que fomos transformaram, era uma espada que só poderia ser usada pelos reis de Copas e era extremamente poderosa, geralmente usada para julgamentos e rituais.
—Exatamente! – Erick pegou o espelho com meu pai e o ergueu em minha direção. O encarei com cautela já prevendo o de sempre, porém quando meus olhos se encontraram no espelho eu senti um forte arrepio pelo meu corpo. —Ele nos libertou Alli...
Meus olhos estavam azuis, minha pele estava corada e sem a palidez de antes, algumas marcas fracas e vermelhas se encontravam onde antes estava a ‘coleira’, não havia mais a marca de Zeck, não havia mais nenhum sinal de que eu era um escravo... Não havia mais nada!
—Não somos mais... – Senti as lágrimas correrem sem pudor pelo meu rosto e não me importei. —Escravos?
—Isso mesmo maninho! – Ele sorriu a me abraçou, meu pai também parecia chorar, eu não consegui dizer mais nada e tudo o que pude fazer é me afundar naquele abraço tão sincero e chorar por tudo o que perdi um dia, mas que agora voltavam de uma forma tão suave e perfeita que já não pesavam mais.
~ # ~

Quando retornei a sala de Zeck fui imediatamente recebido por um forte abraço de Cedrik.
—Fiquei preocupado! – Ele murmurou ainda me abraçando. —Estou tão feliz por vocês!
—Obrigado chapeleiro! – Sorri para ele e sequei algumas de suas lágrimas, ele já havia derramado tantas por nós. —Por tudo...
Ele apenas voltou a me abraçar, dessa vez também sorrindo.
—Que bom que já estão bem! – Ouvimos a voz de Zeck, ele estava sentado novamente sobre o parapeito da janela, dessa vez ao seu lado estava Renne, que ainda se mantinha emburrado. —Estou explicando a todos o que eu fiz. – Ele apertou a bochecha do ruivinho, que desistiu de se emburrar e passou a tentar estapear o irmão mais velho. —Allister, o poder que estava canalizado em seu relógio agora esta livre, eu não esperava que ele fosse ser tanto ao ponto de te fazer desmaiar... Perdão!
O olhar do rei encontrou o do meu pai e ambos pareceram conversar silenciosamente por um instante.
Era estranho ouvir Zeck pedir perdão a mim, ele era... Meu mestre!
Ou melhor... Não era mais meu mestre...
Mas... Ainda...
Ainda...
Não... Não era mais-
—Alli? – A voz de Eiri quase me fez saltar por conta do susto, ele sorriu torto e me encarava curioso. —Está tudo bem?
Maldito, me conhecia melhor do que eu mesmo.
—Sim! – Forcei um sorriso, apenas estava em meio a uma crise de identidade, mas tudo bem, não era nada de mais afinal. — O que decidiram até o momento?
—Estou esperando a resposta de Neal e os relatórios das outras equipes. – Zeck respondeu, agora deitando a cabeça de Renne em seu colo e começando a fazer um cafuné gentil, quantos anos ele acha que Renne tinha?
—E depois? – Meu primo perguntou e o rei nos encarou sorridente como sempre, ele ameaçou dizer algo, porém foi interrompido por um forte estrondo vindo da porta.
Todos encararam a origem do som quase que imediatamente, a porta havia se aberto com força e os soldados se posicionaram rapidamente.
—Viemos em paz! – Loke exclamou, marchando rapidamente até nós. —E não... Não fui eu quem causou essa bagunça.
Logo atrás dele vinha outra pessoa, não qualquer pessoa, mas sim minha mãe, Maira. Ela estava de cabeça baixa e parecia caminhar com raiva, quando chegou à metade do caminho acabou se ajoelhando e permaneceu assim, sem dizer nada ou olhar para ninguém.
—O que faz aqui? – Meu pai pareceu se enfurecer no mesmo instante, ele se colocou a minha frente e cruzou os braços.
—Lokinho, o que está havendo? – Cedrik perguntou quando parou ao meu lado e meu amigo apenas suspirou e deu de ombros, desviando o olhar para o chão.
Ficamos encarando a cena por um momento, sem nada entender, até que novamente um som vindo de fora nos chamou atenção.
—NÃO BRINQUE COMIGO, SUA COISA AZUL! - Uma voz feminina soou aos berros, não soube dizer quem era, mas era bem jovem. —VOCÊ NÃO ME DA ORDEM!
—Clarisse? – Zeck e Renne perguntaram ao mesmo tempo e saíram correndo para a porta, porém, antes que eles pudessem chegar muito perto, uma forte ventania sacudiu tudo ao nosso redor e fez com que todos recuassem um pouco.
Minha mãe permaneceu onde estava, porém seu desconforto pareceu duplicar, Loke sorriu sem jeito para nós e, sabiamente, começou a se afastar da porta.
—QUEM ELA PENSA QUE É PARA INTERFERIR? – Novamente os mesmos gritos, Renne e Zeck se encararam, tentando novamente se aproximar, dessa vez Cedrik correu até Loke, também curioso. —Mereço!
Clarisse realmente apareceu pela porta, seus longos cachos ruivos estavam soltos e bagunçados e ela vinha puxando um Hector engomadinho totalmente apagado. Atrás dela estava um homem ruivo, nada sorridente e também um pouco bagunçado.
—Jeremie? Clary? O que houve? – Renne parecia inconformado por não estar entendendo nada. O homem ruivo tomou frente, empurrando os dois mais novos para dentro:
—Digamos que sua irmã arrumou brigas com quem não deveria! - Clarisse parecia realmente furiosa, Hector ainda estava apoiado em seus braços e tombou um pouco para o lado, se não fosse por Cedrik tê-lo segurado certamente que estaria no chão há essas horas. —Ora Clarisse seja mais prudente! – Jeremie se aproximou de Cedrik e sorriu, ajeitando Hector em seus braços. —Preciso levá-lo a um lugar seguro, se me dão licença!
—Toda! – Zeck murmurou e o homem saiu com Hector e Clarisse atrás. —Mas que raios houve aqui?
—Clarisse brigou com um soldado, então sabe... Nossa querida amiga aqui estava passando e começou a agitar a briga. – Loke apontou para minha mãe, que se emburrou e focou o olhar novamente no chão. —E então tivemos uma intervenção surpresa no meio da briga, e ELA nos mandou vir pra cá... Não tivemos escolha!
—Quer dizer que além de fútil, agita brigas? – Meu pai provocou e Maira se levantou rapidamente, fuzilando-o com o olhar. —Que foi? Ta revoltadinha é? E quem foi que mandou vocês virem pra cá?
Mas antes que eles começassem a brigar a ventania voltou e dessa vez mais forte, minha mãe caiu de joelhos novamente e Loke deu uns cinco passos a trás.
Todos nos encaramos sem entender nada e então em meio à ventania ela surgiu...
O cabelo azul preso delicadamente para o lado, os olhos azuis completando a cor do próprio vestido e o poder emanando com uma força tão impactante que todos pareceram estremecer.
—O que faz aqui Loren? – O Rei parecia verdadeiramente confuso, afinal ela estava extremamente doente em Neal.
Ela nos lançou um olhar sem muita expressão, enquanto analisava um carrinho de brinquedo sem uma das rodinhas que havia em suas mãos.
—Espero não estar interrompendo nada!

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :3



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