No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 31
Dia 14 - A alvorada de Nárnia




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Pov Cristal

A vida, às vezes, pode ser muito confusa. Algumas pessoas dizem que, antes de chegar o fim, a paz impera, e tudo se acalma. Se tudo ainda está em trevas, é porque o fim ainda não chegou. Por isso não se deve desistir.

O calor da batalha ardia forte. Todos estavam muito concentrados, ocupados, lutando com todas as suas forças. Minha cabeça zunia, como quando você está perdido e confuso, sem saber o que fazer. Eu olhava em volta, mas tudo o que eu via era desesperador. O ar se enchia da poeira brilhante dos narnianos mortos, e também se tornava negro, por causa dos monstros. Caspian liderava os sobreviventes, incitando-os a permanecerem firmes, enquanto sua espada brilhante bramia contra os inimigos.

Pedro lutava ao lado do irmão Edmundo, protegendo a todo custo os idosos e aqueles que não conseguiam mais lutar. Os monstros atacavam por toda a parte. Eu ouvia os gritos de seres machucados e feridos ao meu redor, aquilo me doía o coração. Mas, então, todos os sons se dissiparam na minha mente, quando meus olhos se prenderam em uma única pessoa: Lúcia.

Quatro sátiros vermelhos investiam pesadamente contra ela. Um a um, ela cravou sua espada em todos, derrubando-os com muito esforço. Então, ela sorriu, olhando para mim. Aquele sorriso fofo e encorajador.

— Acho que acabou! - ela suspirou, ofegante.

Seus olhos, então, se encheram de dor. Uma lâmina prateada atravessou suas costas, e transpassou seu coração. Ela olhava para mim, sem conseguir se mover. Eu gritei o máximo que meus pulmões permitiam, mas não conseguia ouvir minha própria voz. Era como um pesadelo.

Eu corri até alcançá-la, e segurei ela em meus braços. Seu sangue quente manchava seu vestido brilhante, e escorria por entre meus dedos.

— Não, não! - eu dizia, apavorada - Fique acordada, Lu! Tá tudo bem!

— Aslam, Cristal... - ela falou - Chame Aslam...

— Lúcia, fique acordada! - eu comecei a gritar - Socorro!!! Pedro!!! Edmundo!!! Socorro!!!

— Aslam... - ela me entregou uma trompa. Ela era de marfim, muito branca e brilhante, manchada com o sangue que molhava seus dedos. Esculpida como a cabeça de uma leão - Chame Aslam...

Olhei atentamente para ela, esperando algum comando, alguma ordem mais específica, mas ela mal conseguia respirar. Seus lábios se abriram em um sorriso confiante e confortante, que me cortou o coração.

— Olha aqui, seu leão retardado! - eu bufei, furiosa - É melhor que você venha mesmo!

E com toda a força dos meus pulmões, eu soprei a trompa.

***

Pov Aurora

A situação aqui não era muito esperançosa.

Eu estava estirada no chão, aos pés da Árvore. Eu tentei me apoiar em meu braço esquerdo, mas ainda sentia a dor do golpe da espada da Valentiny. Toquei a ferida, eu não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Meu sangue manchou a grama.

Pouco mais adiante, Valentiny e Zahra travavam uma batalha infernal, e nenhuma das duas parecia pronta para desistir. Valentiny tinha a vantagem: ela cortara as penas de uma das asas da Zahra, o que foi muito doloroso. Mas Zahra era um anjo valente, e continuava a lutar sem compaixão.

Olhei para cima, esperando alguma coisa. O céu se iluminava com os tons do amanhecer. Um som forte cortou os ares. Era alto e retumbante, como um pedido de socorro. Zahra e Valentiny pararam de lutar, fitando os céus.

— Acabou! - Zahra afirmou, sorrindo.

— Só acaba com morte! - Valentiny rosnou.

— Que seja a sua então! - Zahra se preparou para atacar. 

As duas se encararam, recuperando o fôlego para atacar. Mas ninguém conseguiu se mover. Um terremoto abalou a terra, e trovões cortavam os céus. As duas voltaram seus olhos para os céus, e eu vi as nuvens se abrirem, dando lugar para seres brilhantes e reluzentes, que desciam dos céus e faziam meu jardim lá fora brilhar.

— As estrelas... - Zahra sussurrou, sorrindo - Aslam chegou!

— Impossível! - Valentiny esbravejou. - Ele não vai tomar o que é meu!

E com golpes rápidos, Valentiny desarmou e derrubou Zahra no chão. A general gritou de raiva e fúria, e logo em seguida de dor. Para se certificar de que Zahra não a impediria, ela cravou sua espada na asa perolada dela, fincando-a no chão. Nada mais podia ser feito. Ela não poderia mais ser impedida a tempo.

— Não! - eu solucei de dor - Por favor, não! Não a toque!

Valentiny me olhou e sorriu, e então correu, dirigindo-se para seu triunfo final, a Árvore da Eterna Juventude.

Minha cabeça rodava, mergulhada na dor. Eu nem sabia mais se estava acordada ou se já estava morta. Olhei apenas para frente. Os ramos do muro que eu construí, o muro de espinhos, começaram a se sacudir, despedaçar e cair, voltando à terra, de onde vieram. Aquela foi a coisa mais linda que eu já vi na vida. O meu jardim estava cheio de seres brilhantes, todos olhando para cá. Todos os reis, generais, faunos, criaturas, todos aqueles que estavam na minha festa, estavam de pé, olhando para mim, olhando para nós. E entre eles, muitas e muitas pessoas brilhantes, as estrelas e os anjos. E bem ali, na frente de todos eles, o ser mais lindo de todo o universo. O Grande Leão.

Um dos seres se aproximou de mim, sorrindo. Ela tinha cabelos brancos e brilhantes, e era linda. Ela me levantou do chão, e tocou suavemente minha ferida, e então, eu não senti mais dor. Lilliandil me olhava, sorrindo, minha amiga. Ao lado dela, Zahra estava de pé, também segurando sua mão.

— Não! - Valentiny gritou, em desespero - Não! Este é o meu momento de triunfo! Eu venci! Não percebem? Eu triunfei!

E ela caminhou, esbravejando, até a Árvore. Era parecia desesperada por aquilo, como se fosse morrer. Era como se estivesse louca.

— Por que ninguém a impede? - eu perguntei para Lilliandil - Por que Aslam não faz nada?

Lilliandil apenas olhou para mim, terna e cheia de compaixão. Era como se ela soubesse o que ia acontecer, e não quisesse assistir.

— Não podem me derrotar! - Valentiny gritou - Eu serei invencível!!

E então, ela pegou uma maçã da Árvore. Ela olhou aquele fruto prateado e brilhante, tão lindo e perfeito, que eu cuidei por eras. E, sem compaixão, ela o devorou até o caule, sem deixar sobrar nada.

Eu a observava atentamente. Lilliandil escondeu seu rosto na asa da Zahra, como se estivesse chorando. Valentiny olhou para si mesma, angustiada.

— Não pode ser!.... - ela suspirou, assustada - Isso não é possível!....

Uma fumaça negra envolveu a garota. Era como uma tempestade concentrada, trovoadas verdes brilhavam, intervaladas. A fumaça foi se elevando do chão, como uma nuvem. Lilliandil segurava forte minha mão, soluçando, eu sabia que ela não queria ver nada daquilo; mas eu não conseguia desviar o olhar.

A fumaça se elevou alto e então trovejou forte. Valentiny caiu de dentro dela, desacordada. Meu primeiro impulso foi correr até ela, mas Lilliandil me segurou forte. Aquela nuvem não se dissipava, continuava a flutuar ali, acima do chão.

— Vera. - a voz do leão ecoou por todo o vale, como um trovão - Seus crimes de feitiçaria contra os seres livres de Nárnia são graves, e são puníveis com morte. Será exilada nas Montanhas Nevadas das Terras Sombrias, num abismo não escuro e profundo que nunca será encontrada novamente. Você me comprometeu como senhor, como rei e como leão, e por isso nunca mais falará, até que a aurora da eternidade sem fim se aproxime. Está banida!

E com um grande e poderoso rugido, Aslam dissipou a névoa negra. E toda a Nárnia gritou de alegria.


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Notas finais do capítulo

Bom, e assim chegamos ao fim da luta!



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