No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz
Notas iniciais do capítulo
Olha eu aqui denovo! Esse pov é do Pedro, porque assim como Rilian, ele também tem interesses...
Pov. Rei Pedro
– Mais pra direita! Direita! - Lúcia dizia lá embaixo, com as mãos na cintura. - A direita é o outro lado, Tirian!
Tirian arrumou-se em cima da árvore. Mas o galho quebrou, e ele acabou despencando de lá de cima.
– Não! - Lúcia correu.
Minha irmãzinha ficou debaixo da árvore, e aparou Tirian em seus braços. O rosto dela corou, ao ver a proximidade de seus rostos.
– Oh, Tirian... - ela sussurrou.
– Oh Lúcia... - ele correspondeu.
– Eu não sei quanto tempo mais eu vou...- ela bufou.
Seus braços falharam, e ela derrubou Tirian no chão. Impressionante, esses dois se paqueram, e nunca criaram coragem na cara de se declararem. Se Lúcia não fosse tão ingênua, ou Tirian tão tímido, eu talvez aprovasse o namoro entre os dois. Eu disse TALVEZ.
– Vai Aurora! - Cristal puxou a moça para perto da fonte - Faz denovo!
– Ah não, Cristal! Caspian deve estar querendo minha ajuda! - Aurora tentou se esquivar.
– Por favor! - Cristal pediu, fazendo aqueles olhinhos brilhantes irresistíveis.
– Tá bom, sua insuportável! - Aurora falou.
Aurora ergueu as mãos para o alto, e um vento leste começou a bater forte. Ele agitou os galhos das cerejeiras japonesas, espalhando pétalas pra todo lado. Cristal girava, fazendo a barra do vestido rodar. Estava encantadora no meio das flores.
– Hey, - Ed me cutucou - pelo menos, disfarça.
– Tá falando do quê? - eu desdenhei.
– Não banque o cínico comigo, Pedro. - Ed retrucou. - Eu te conheço.
– Se me conhece sabe que eu não digo nada até ter certeza absoluta. - eu cruzei os braços.
– O coração sabe antes da mente. - e Ed saiu, carregando umas tábuas.
As palavras dele ficaram martelando na minha mente o dia inteiro. "O coração sabe antes da mente...." Eu não consigo entender. O que meu coração sabe? Susana sempre dizia que o coração quer o que o coração deseja. O que meu coração quer? O que ele deseja?
Eu me levantei da cama. A Lua brilhava forte lá fora, rainha das estrelas. Calcei meus chinelos, e abri a porta do quarto. Caminhei pelos corredores, indo em direção à cozinha, para pegar um pouco de água. Ao entrar no corredor feminino, vi a porta do quarto dela aberta.
– Olá? - eu bati na porta suavemente.
Olhei para dentro do quarto. Uma silhueta feminina dormia confortavelmente no divã, coberta por um edredom. Mas a cama estava vazia.
– Cristal? - eu sussurrei, entrando no quarto. - Cristal?
– Shhhhhhhhhh! - ela tapou minha boca, abraçando-me por trás - Não quero que Lúcia acorde!
Ela me puxou delicadamente para fora, e fechou a porta do quarto lentamente, de modo a não fazer barulho.
– Levei um tempão até ela conseguir dormir! - ela cochichou, embora não precisasse - Que faz aqui?
– Estava indo para cozinha. - eu respondi em mesmo tom - E você, o que faz acordada?
– Não consigo dormir. - ela puxou a gola rolê da camisola com os dedos - Esta roupa pinica!
Eu conheço essa camisola. É branca, com gola rolê alta, mangas compridas, e como todas as roupas femininas, comprida até o pé. Mas por se tratar de uma das roupas de Susana, tinha pregas na cintura, que lhe davam um formato de corpo encantador.
– Vem, acho que lá na cozinha deve ter uma tesoura. - eu segurei a mão dela, e ela consentiu.
Caminhamos pelo corredor, até o hall de entrada, a copa, e então, a cozinha. Eu peguei uns fósforos e acendi um monte de velas, para deixar tudo iluminado.
– Acho que não precisa acender tudo! - ela falou, em tom normal agora.
– Preciso sim. Para o caso do vento apagar algumas, ainda tenho outras acesas, e assim... - eu expliquei.
– Pedro, - ela me interrompeu - não é errado ter medo do escuro.
Se fosse Edmundo, ou até mesmo Caspian, diria que estava imaginando coisas. Mas Cristal parecia poder ler minha mente.
– Isso é o que sobrou da sobremesa? - ela se aproximou da mesa grande da cozinha.
Cristal tirou o pano que cobria as bandejas, revelando muffins, cupcakes, macarrons, sanduichinhos e todas as delícias que Medara preparava tão perfeitamente. Ela pegou um muffin de framboesa e começou a comer.
– Que foi? - ela perguntou, me olhando - Ainda tô com fome!
Eu apenas ri. Peguei um pouco do suco de laranja que sobrara e coloquei em dois copos, entregando um para ela. Cristal puxou uma cadeira e sentou-se, comendo. Sentei na frente dela e a fiquei observando comer. O seu pulso ainda estava enfaixado.
– Ainda dói? - eu perguntei.
Ela olhou para o pulso enfaixado, e depois tomou um pouco do suco.
– Não te perdoei, se é o que quer saber. - ela retrucou.
Eu fiquei em silêncio denovo. Se tratando dela, nunca sei direito o que é ironia e o que é verdade.
– Quem te ensinou a atirar? - ela perguntou.
– Verita. - eu respondi, e ela riu.
– Não me parece um professor muito bom, não é? - ela debochou.
– Ei, ele é meu escudeiro! - eu cruzei os braços.
– Cada um tem um talento. - ela pegou um doce de morango.
– E você? Onde aprendeu? - eu peguei um macarron de chocolate.
– Na escola. - ela simplesmente disse.
– Poxa, quero me matricular nessa escola! - eu fiz ela rir.
Ouvimos passos no corredor. Cristal olhou para trás, na tentativa de ver quem era. Mas foi embora.
– O que o chef faz se nos pegar aqui? - ela perguntou.
– Medara? - eu ri - Ia achar que não comemos há dias e assaria um frango inteiro!
– Só isso? - ela ironizou.
Comemos mais uns muffins, então ela se levantou, e cobriu tudo com o pano outra vez.
– Muito bem, onde está a tesoura? - ela disse, lavando as mãos na pia.
– Espere um pouco, já vou buscar.
Eu lavei minhas mãos e peguei um candelabro, entrando na despensa. Certo, eu não sou muito de ir na cozinha, principalmente de madrugada, mas acho que ela ainda guarda na segunda gaveta...
– Pronto. - eu voltei, com a tesoura na mão. - Onde corto primeiro?
– O quê?! - ela pegou a tesoura da minha mão - Com a mira que você tem, vai cortar minhas veias! Deixa que eu corto, obrigada!
– Nossa, que exagerada! - eu coloquei o candelabro sobre uma prateleira. - Minha mira não é tão ruim, ouviu!
Ela arqueou a sombracelha, desconfiada.
– Vem cá, deixa eu tentar! - eu peguei a tesoura das mãos dela.
– Espero que Lúcia não goste desta roupa! - ela suspirou.
Passamos cerca de meia hora cortando a camisola branca dela. No final, ficou sem mangas, com decote V e com o comprimento nos joelhos. Se eu preferia mais curto? Não ia reclamar se ela pedisse...
– Pronto, garotão, chega de cortar. - ela falou - Guarde essa tesoura, antes que alguém se machuque.
Eu fui até a despensa, e guardei a tesoura. Quando voltei, ela estava analisando a roupa, e girava, fazendo a barra rodar e subir. Ela era muito graciosa. Quase como uma bailarina. E era tão bonita quanto. Quando me viu, paralisou, e suas faces coraram.
– Desculpe, só estava vendo se estava me incomodando. - ela falou, corada.
– Não, tudo bem! - eu sorri. - Finja que não estou aqui!
Ela olhou para mim. Sorria de um jeito doce, mas tímido, coisa nova vindo da Cristal.
– Vem comigo. - ela disse.
Ela me puxou pelo pulso até o salão dos tronos. De lá, os vitrais e as grandes janelas permitiam que a luz da Lua passasse e iluminasse tudo. Embora para mim, não estivesse tão claro assim.
– Cristal! - eu falei - Deixa eu buscar uma vela!
– Pedro, não precisa. - ela disse simplesmente.
Ela me fez parar de frente à uma sacada, que estava fechada. Do vidro, a Lua parecia ainda maior no céu.
– Não pense no escuro, Pedro. - ela me abraçou por trás, sussurrando em meu ouvido - Pense na Lua. Olhe como ela é grande, bonita, como ilumina bem de noite. Olhe as estrelas, Pedro. Veja como piscam, brilhantes. Sempre que sentir medo, olhe para a Lua, Pedro. Ela ilumina. Sempre.
Eu olhava para a Lua, e via o quanto ela era majestosa, e como tudo o que parecia escuro ficava claro sob sua alva luz.
– Obrigado, Cristal. - eu sussurrei.
Ela me abraçou por trás, passando os braços em meu pescoço, e beijou suavemente meu rosto. Eu senti minhas faces corarem, e isso eu não podia ignorar. Cristal, minha Lua.
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Pedrinho romântico.....