No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz
Pov Rei Rilian
Acordei com o sol batendo no meu rosto, o que não foi nada agradável. Eu ainda estava cansado do dia anterior, Rainha Lúcia nos fez carregar troncos ocos por mais de duas horas, e como eram pesados!
Depois de relutar muito, acabei aceitando que o dia havia começado, e me levantei. Troquei de roupa, calcei os sapatos e fui para fora. Não estava a fim de ver Rainha Lúcia, muito menos ouvir os discursos melosos do meu pai logo de manhã.
Entrei no pátio, e depois de uma pequena caminhada, me vi na área de treinos. Uma moça estava lá, parada há 30 metros dos alvos de flecha. Pelo vestido verde-folha, e os cabelos rubros e cacheados esvoaçando no vento, logo reconheci quem era.
Ela atirou uma adaga, que acertou na beirada superior do alvo.
– Minha nossa! - eu falei, me aproximando - Você está horrível.
– Bom dia para você também, Rili. - Valentiny respondeu, sarcástica.
Ela olhou para mim de maneira rápida. Tinha os olhos fundos, e a pele mais pálida que o normal. Suas sardas do nariz, que sempre foram vermelhas como seus cabelos, agora parecem transparentes em sua pele. Eu estava certo em dizer que ela estava horrível.
– Que horas você.... - eu comecei.
– Não, não, intrometido. Sabe como funciona. - ela apontou para um apoio logo à minha direita, cheio de flechas, adagas e dardos - Um acerto, uma resposta.
Eu bufei. Essa era a Valy, com seu bom-humor matinal. Pelo menos não colocou uma espada na minha garganta. Enchi a mão com dardos, e me posicionei, de frente para um alvo.
– Você e esses mosquitinhos... - ela riu - Prefiro minhas facas...
E dito isto, disparou uma. Ela zuniu, e acertou o alvo bem no meio.
– O que dizia? - ela perguntou.
– Eu queria saber que horas você chegou ontem. - eu disse.
Joguei um dardo. Ele voou no ar, teleguiado, zunindo como um mosquito. Por isso ela chama de Mosquitinho. Acertou na borda esquerda.
– Essa eu vou deixar passar... - ela riu. - Pela sua cara, vejo que ainda não tomou café.
– Eu só estou me aquecendo! - e joguei outro. Acertou um círculo mais adentro.
– Certo, eu respondo. - ela cruzou os braços, derrotada. - Já passava das 3 da manhã quando cheguei.
Eu apenas ouvi, me dirigindo ao suporte para pegar mais dardos, não que eu precisasse, só não queria opinar. Valy é assim mesmo. Sempre chega bem tarde.
– Eu vi a cozinha iluminada quando cheguei... - ela comentou.
Eu apenas me posicionei devolta no lugar.
– Podia jurar ter ouvido a voz da Cristal vinda de lá.... - ela ainda me olhava.
Ela deve ter ido comer alguma coisa, pensei.
– ... e a do Rei Pedro também. - ela falou.
Joguei um dardo, mas nem vi onde acertou. Valy riu, debochada, do meu lado. Diabo de garota! Sempre me perturbando!
– Quanta raivinha! - ela debochou - Tá com ciuminho, é?
– Não tenho nada a ver com a vida dela. - eu apenas respondi.
– Sei... - Valy se aproximou de mim - Por que então você atingiu o alvo no meio? Pura sorte?
– Pode ser que minha mira tenha melhorado. - eu respondi, frio.
– Ou que você mirou em alguma coisa mais interessante... - ela dizia, maliciosa - Como a cabeça do Pedro.
Eu arqueei a sombracelha, olhando para o alvo. Não era uma má ideia... era muito boa, aliás.
– Não é da sua conta. - eu joguei outro dardo, que acertou mais perto do alvo - Além disso, só penso na Cristal como uma amiga.
– Admitiu! - ela apontou para mim - Admitiu que pensa nela!
– Eu não... - eu olhei para Valy - Olha, quer saber? Por que não para de me perturbar?
– Porque sou sua melhor amiga! - ela cruzou os braços - Meu trabalho é perturbar você!
– Achei que era me manter longe de problema! - eu retruquei, cínico.
– Só quanto é mesmo um problema. - ela falou - Mas quando se trata de garotas, meu trabalho é infernizar sua vida, até que você se declare!
– Mas o que você ganha fazendo isso? - eu tentei me esquivar do assunto.
– Simples: a oportunidade de ver você com cara de idiota na frente de uma garota. - ela disse, maldosa - Como agora! CRISTAAAAAAAAL!
Valy gritou a plenos pulmões. Que diabo de amiga eu fui arranjar! Corri até ela, tentando fazer com que calasse a boca.
– Valentina Maria Sobespian!!!! - eu gritei, entre dentes - Cale essa boca antes que eu quebre seu nariz!
– Tarde demais, idiota!
Olhei para onde ela olhava. Cristal estava parada, na sacada dela, olhando para a gente. Senti meu rosto queimar, primeiro de vergonha, depois de raiva.
– Bom dia, Cristal! - Valy gritou outra vez.
– Pra vocês também! - ela respondeu - Fale logo, antes que Lúcia me encontre!
– O Rei Rilian deseja te dizer uma coisa! - Valy gritou.
Eu dei um belo beliscão nela, daqueles de deixar marca, mas a única coisa que ela conseguia fazer era rir. Rir de mim.
– O que foi, vovô? - Cristal gritou de lá de cima.
– Eu..... awn.... só queria saber.... se você.... - eu só conseguia gaguejar. Pense em alguma coisa, pense em alguma coisa. - .... se seu dia tá indo bem.
– É sério? - ela colocou as mãos na cintura - Berrou meu nome só para perguntar isso? Se me der licença, eu tenho que fugir de Lúcia.
E dito isso, saiu da sacada. Valy ria, do meu lado, tanto que quase perdia o ar.
– Olha aí, a cara de idiota... - e voltou a gargalhar.
– Sua desgraçada! Eu vou matar você! - eu segurei-a pelos braços, mas ela só conseguia rir mais e mais.
Olhar para o rosto de Valy, histericamente risonho, me fazia esquecer minha raiva. Como Cristal podia desconfiar dessa garota?
– Eu te odeio! - soltei ela.
Me dirigi ao suporte, e comecei a guardar os dardos que eu peguei.
– Ai ai... - ela suspirou, recuperando o fôlego - Falando sério agora, pode me dizer o que você viu nessa garota? Quer dizer, você como rei deveria se apaixonar por uma rainha, princesa ou lady!
– Aí é que está, Valy. - eu respirei fundo - De rainhas, princesas e ladies esse lugar está cheio. Essa garota é diferente. Ela é espirituosa, ativa, de personalidade forte, decidida, tem presença, sabe o que quer...
– É bonita... - Valy falou.
– Belíssima! Ela é diferente de todas essas garotas chatas e certinhas que encontro por aqui. - eu disse. - Por isso eu amo ela.
– Ahá! - ela gritou outra vez - Admitiu! Admitiu que ama ela!
– Eu não....
Olhei para ela. Eu realmente tinha dito aquilo, e não tinha nem como negar. Ela me incriminava, piscando aqueles olhinhos verdes e com aquele sorriso maroto.
– Eu vou te matar, sua miserável! - eu berrei.
Valy começou a correr pelo gramado, e eu corri atrás dela, nesses pega-pegas impulsivos de melhores amigos que querem matar um ao outro. Principalmente quando este outro parece ter sempre razão.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Eis aí o porquê de Rilian não odiar Valentiny como a Cristal odeia. Não diria odeia