No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 11
Dia 5 - Conversando com minha melhor amiga




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Pov Rei Rilian

Acordei com o sol batendo no meu rosto, o que não foi nada agradável. Eu ainda estava cansado do dia anterior, Rainha Lúcia nos fez carregar troncos ocos por mais de duas horas, e como eram pesados!

Depois de relutar muito, acabei aceitando que o dia havia começado, e me levantei. Troquei de roupa, calcei os sapatos e fui para fora. Não estava a fim de ver Rainha Lúcia, muito menos ouvir os discursos melosos do meu pai logo de manhã.

Entrei no pátio, e depois de uma pequena caminhada, me vi na área de treinos. Uma moça estava lá, parada há 30 metros dos alvos de flecha. Pelo vestido verde-folha, e os cabelos rubros e cacheados esvoaçando no vento, logo reconheci quem era.

Ela atirou uma adaga, que acertou na beirada superior do alvo.

– Minha nossa! - eu falei, me aproximando - Você está horrível.

– Bom dia para você também, Rili. - Valentiny respondeu, sarcástica.

Ela olhou para mim de maneira rápida. Tinha os olhos fundos, e a pele mais pálida que o normal. Suas sardas do nariz, que sempre foram vermelhas como seus cabelos, agora parecem transparentes em sua pele. Eu estava certo em dizer que ela estava horrível.

– Que horas você.... - eu comecei.

– Não, não, intrometido. Sabe como funciona. - ela apontou para um apoio logo à minha direita, cheio de flechas, adagas e dardos - Um acerto, uma resposta.

Eu bufei. Essa era a Valy, com seu bom-humor matinal. Pelo menos não colocou uma espada na minha garganta. Enchi a mão com dardos, e me posicionei, de frente para um alvo.

– Você e esses mosquitinhos... - ela riu - Prefiro minhas facas...

E dito isto, disparou uma. Ela zuniu, e acertou o alvo bem no meio.

– O que dizia? - ela perguntou.

– Eu queria saber que horas você chegou ontem. - eu disse.

Joguei um dardo. Ele voou no ar, teleguiado, zunindo como um mosquito. Por isso ela chama de Mosquitinho. Acertou na borda esquerda.

– Essa eu vou deixar passar... - ela riu. - Pela sua cara, vejo que ainda não tomou café.

– Eu só estou me aquecendo! - e joguei outro. Acertou um círculo mais adentro.

– Certo, eu respondo. - ela cruzou os braços, derrotada. - Já passava das 3 da manhã quando cheguei.

Eu apenas ouvi, me dirigindo ao suporte para pegar mais dardos, não que eu precisasse, só não queria opinar. Valy é assim mesmo. Sempre chega bem tarde.

– Eu vi a cozinha iluminada quando cheguei... - ela comentou.

Eu apenas me posicionei devolta no lugar.

– Podia jurar ter ouvido a voz da Cristal vinda de lá.... - ela ainda me olhava.

Ela deve ter ido comer alguma coisa, pensei.

– ... e a do Rei Pedro também. - ela falou.

Joguei um dardo, mas nem vi onde acertou. Valy riu, debochada, do meu lado. Diabo de garota! Sempre me perturbando!

– Quanta raivinha! - ela debochou - Tá com ciuminho, é?

– Não tenho nada a ver com a vida dela. - eu apenas respondi.

– Sei... - Valy se aproximou de mim - Por que então você atingiu o alvo no meio? Pura sorte?

– Pode ser que minha mira tenha melhorado. - eu respondi, frio.

– Ou que você mirou em alguma coisa mais interessante... - ela dizia, maliciosa - Como a cabeça do Pedro.

Eu arqueei a sombracelha, olhando para o alvo. Não era uma má ideia... era muito boa, aliás.

– Não é da sua conta. - eu joguei outro dardo, que acertou mais perto do alvo - Além disso, só penso na Cristal como uma amiga.

– Admitiu! - ela apontou para mim - Admitiu que pensa nela!

– Eu não... - eu olhei para Valy - Olha, quer saber? Por que não para de me perturbar?

– Porque sou sua melhor amiga! - ela cruzou os braços - Meu trabalho é perturbar você!

– Achei que era me manter longe de problema! - eu retruquei, cínico.

– Só quanto é mesmo um problema. - ela falou - Mas quando se trata de garotas, meu trabalho é infernizar sua vida, até que você se declare!

– Mas o que você ganha fazendo isso? - eu tentei me esquivar do assunto.

– Simples: a oportunidade de ver você com cara de idiota na frente de uma garota. - ela disse, maldosa - Como agora! CRISTAAAAAAAAL!

Valy gritou a plenos pulmões. Que diabo de amiga eu fui arranjar! Corri até ela, tentando fazer com que calasse a boca.

– Valentina Maria Sobespian!!!! - eu gritei, entre dentes - Cale essa boca antes que eu quebre seu nariz!

– Tarde demais, idiota!

Olhei para onde ela olhava. Cristal estava parada, na sacada dela, olhando para a gente. Senti meu rosto queimar, primeiro de vergonha, depois de raiva.

– Bom dia, Cristal! - Valy gritou outra vez.

– Pra vocês também! - ela respondeu - Fale logo, antes que Lúcia me encontre!

– O Rei Rilian deseja te dizer uma coisa! - Valy gritou.

Eu dei um belo beliscão nela, daqueles de deixar marca, mas a única coisa que ela conseguia fazer era rir. Rir de mim.

– O que foi, vovô? - Cristal gritou de lá de cima.

– Eu..... awn.... só queria saber.... se você.... - eu só conseguia gaguejar. Pense em alguma coisa, pense em alguma coisa. - .... se seu dia tá indo bem.

– É sério? - ela colocou as mãos na cintura - Berrou meu nome só para perguntar isso? Se me der licença, eu tenho que fugir de Lúcia.

E dito isso, saiu da sacada. Valy ria, do meu lado, tanto que quase perdia o ar.

– Olha aí, a cara de idiota... - e voltou a gargalhar.

– Sua desgraçada! Eu vou matar você! - eu segurei-a pelos braços, mas ela só conseguia rir mais e mais.

Olhar para o rosto de Valy, histericamente risonho, me fazia esquecer minha raiva. Como Cristal podia desconfiar dessa garota?

– Eu te odeio! - soltei ela.

Me dirigi ao suporte, e comecei a guardar os dardos que eu peguei.

– Ai ai... - ela suspirou, recuperando o fôlego - Falando sério agora, pode me dizer o que você viu nessa garota? Quer dizer, você como rei deveria se apaixonar por uma rainha, princesa ou lady!

– Aí é que está, Valy. - eu respirei fundo - De rainhas, princesas e ladies esse lugar está cheio. Essa garota é diferente. Ela é espirituosa, ativa, de personalidade forte, decidida, tem presença, sabe o que quer...

– É bonita... - Valy falou.

– Belíssima! Ela é diferente de todas essas garotas chatas e certinhas que encontro por aqui. - eu disse. - Por isso eu amo ela.

– Ahá! - ela gritou outra vez - Admitiu! Admitiu que ama ela!

– Eu não....

Olhei para ela. Eu realmente tinha dito aquilo, e não tinha nem como negar. Ela me incriminava, piscando aqueles olhinhos verdes e com aquele sorriso maroto.

– Eu vou te matar, sua miserável! - eu berrei.

Valy começou a correr pelo gramado, e eu corri atrás dela, nesses pega-pegas impulsivos de melhores amigos que querem matar um ao outro. Principalmente quando este outro parece ter sempre razão.


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Notas finais do capítulo

Eis aí o porquê de Rilian não odiar Valentiny como a Cristal odeia. Não diria odeia



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