Homecoming por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 3
Capítulo 3




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“Mas como isso aconteceu? Quero dizer, como você voltou a ser um dhampir?” Sonya perguntou com cuidado, retomando o assunto sobre minha restauração. Apesar de ter me preparado para esse momento e, apesar de saber que esse assunto seria inevitável, eu sempre sentia calafrios. As memórias voltavam até mim e era como reviver um pesadelo, só que acordado. Quase que instintivamente olhei para Rose, que também me olhou.

“O espírito,” falei buscando transmitir calma, embora dentro de mim, manter o controle era muito difícil. Senti que as minhas irmãs e minha mãe ficaram tensas. Até Rose parecia sem ar. Eu não tinha certeza do quanto elas conheciam sobre o quinto elemento. O espírito era algo raro e pouco divulgado.

“A minha amiga Lissa, que é uma usuária do espírito, o golpeou com uma estaca de prata encantada,” Rose falou como se tudo fosse simples.

“Lissa? Você quer dizer, a Rainha Vasilisa?” Paul perguntou com os olhos arregalados. Eu realmente tinha esquecido que ele estava ali. Ele parecia muito quieto para uma criança.

“Oh, sim, ela mesma,” Rose falou, com um certo desconforto. Ela e Lissa não tinham mais o laço, mas eu sabia que Rose ainda estava muito ligada a amiga e eu tinha plena consciência que seu senso de responsabilidade de guardiã a deixava muito incomodada por não estar ao lado dela, principalmente nesse momento em que as coisas na Corte não estavam longe de serem tranquilas. Saber que Rose havia consentido deixar tudo para me acompanhar, me deixava muito grato. Era mais uma coisa que eu não poderia pagar.

De uma forma ou de outra, minha família parecia gostar bastante de Rose e nós ficamos até tarde conversando. Ela narrou rapidamente tudo que tinha se passado comigo na minha restauração, mas como sempre, minhas irmãs queriam saber mais, como eu estava vivendo antes de tudo acontecer, como eu havia chegado a Academia St. Vladmir, etc. eu, por outro lado, tentei sondar algumas coisas que ainda me deixavam inquieto, queria mesmo saber a maneira como elas estavam vivendo, mas minhas perguntas foram ignoradas. Eu não sabia dizer se era porque a história da minha vida era mais interessante ou se porque todos sabiam o quanto eu não aprovava a ideia de mulheres dhampir servindo a Morois e longe da vida de guardiãs.

Quando percebemos que as crianças dormiram, vimos que era a nossa hora de descansar também.

“Todo mundo quer ver você,” minha mãe falou, enquanto nos mostrava o quarto. “Se tudo é incrível para nós, quanto mais para os outros. Então, acabamos chamando eles para virem aqui amanhã. Todos eles.” Eu sabia que quando minha mãe se referia a todos, era todos os dhampirs da região. Definitivamente eu não gostava de ser o centro das atenções, mas eu vim até aqui disposto a enfrentar qualquer coisa, eu havia me preparado para isso. Mesmo assim, não era algo que me agradava.

Percebi que tanto minha mãe, quanto Rose me olhavam com expectativa. Então dei um sorriso para tranquilizá-las.

“É claro, eu já esperava por isso,” falei sinceramente.

Minha mãe sorriu para mim, claramente aliviada e saiu do quarto. Eu me sentei na beira da cama, coloque a cabeça entre as mãos, pensando no que viria. Por um minuto, esqueci que Rose estava ali comigo e murmurei em russo “no que eu fui me meter?”

Antes que os pensamentos começasse a me afligir, Rose veio até mim, sentou no meu colo, passou os braços em volta do meu pesco, se colocando em uma posição perigosa. Assim de perto, ela parecia ainda mais linda. Estonteante. Passei as mãos nos seus cabelos e puxei uma mecha em meus dedos.

“Por tão preocupado, Camarada?” Ela perguntou me olhando nos olhos. Era mesmo como se Rose pudesse me ver por dentro.

“Você sabe por que. Eu vou ter que continuar falando sobre aquele período.”

Ela me olhou com ternura e me analisou por alguns segundos. Rose, mais do que ninguém, sabia exatamente o quão terrível eu fui quando era um Strigoi.

“É verdade, mas eles só vão falar sobre isso para desvendar o restante da história. Ninguém vai se concentrar em seus atos como Strigoi. Eles vão querer saber como você voltou. Sobre o milagre. Eu vi estas pessoas no início do ano. Eles lamentaram por você estar morto. Agora vão querer celebrar por você estar vivo. O foco deve estar aí.” Ela me deu um forte beijo nos lábios e por um instante meus pensamentos clarearam e eu só conseguia pensar calor que aquele beijo me trouxe. “Essa é, com certeza, a minha parte preferida da história.”

Eu apertei mais Rose, puxando para perto de mim. “A minha parte preferida da história foi quando você me golpeou, chamando o meu bom senso de volta, me fazendo parar de sentir pena de mim mesmo.”

“Golpeei? Não é exatamente disso que eu me lembro.”

Embora eu soubesse que ela não considerava isso, Rose tinha sido fundamental para meu processo de cura. Grande parte da dor que eu sentia vinha do remorso por tudo que tinha feito contra ela e quando eu entendi que só sentia aquilo porque ainda a amava, foi que pude abrir a minha mente e parar de lutar contra um passado que eu não podia mudar, focando no presente.

Num impulso, joguei meu corpo para traz, forçando Rose a cair deitada junto comigo. Eu realmente não estava mais querendo pesar no que viria, não por hora. Queria me concetrar nela agora. “Talvez você possa me ajudar a lembrar,” falei fingindo um tom diplomático.

“Lembrar, hum?” Rose murmurou, entendendo no que eu me referia, mas olhou para porta, com preocupação. “Eu me sinto estranha em estarmos em um quarto dentro da casa da sua mãe! É como se estivéssemos escondendo algo.”

Eu tive que suprimir uma vontade de sorrir daquilo. Quando conheci Rose, ela tinha uma fama de garota fácil por toda Academia St. Vladmir. Mas a cada atitude dela, fui percebendo que ela não era nada daquilo que falavam e hoje, novamente, ela demonstrava isso. Eu levantei o rosto bonito dela, segurando os dois lados com minhas mãos.

“Eles são muito mente aberta. Além disso, depois de tudo pelo que passamos, é meio como se já estivéssemos casados. A maioria deles já pensa assim.”

“Eu também tenho essa impressão. Quando eu estava no serviço do seu memorial, a maioria dos dhampirs me tratou como se eu fosse a sua viúva. Os relacionamentos dos dhampirs não se prendem a convenções.”

“Não é uma má ideia,” disse com tom de brincadeira, para provocá-la. Eu sabia que Rose não queria ouvir falar em casamento. Ela se considerava muito jovem para esse tipo de comprometimento, embora eu achasse que poderíamos tornar nossa relação algo mais formal. Dhampirs não costumavam se casar, principalmente se seguiam a carreira de guardião e eu por muito tempo cultivei o pensamento de que um relacionamento desse era algo impossível de se conciliar com a proteção a um Moroi. Mas isso foi mais uma coisa que consegui desconstruir em mim.

“Não, não comece, Camarada,” Rose falou, tentando inutilmente me acertar com os cotovelos, mas estávamos muito abraçados e ela mal conseguiu se mexer.

“Você diz isso agora,” falei, tentando não sorrir. “Mas, qualquer hora dessas, você vai ceder.”

“De jeito nenhum,” enquanto ela falava, não resisti ao impulso de tocar sua pele, passando os dedos pelo contorno do seu pescoço e ombro. “Você já deu alguns argumentos bastantes convincentes, mas ainda precisa percorrer um longo caminho para me fazer mudar de ideia.”

“Eu nem sequer realmente tentei. Quando eu quero, posso ser bastante persuasivo,” eu sabia que Rose não seria capaz de resistir a qualquer coisa vinda de mim por muito tempo.

“Pode? Então prove isso.”

“Eu estava esperando que você falasse isso,” falei, ao mesmo tempo que a beijei.


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Notas finais do capítulo

Ai, ai, Dimitri... (suspiros...)



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