I'm Not Hydra escrita por Jessyhmary


Capítulo 4
Low Newton


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!
Vamos continuar nossa saga (really?) para descobrir mais sobre o passado das nossas protagonistas... Espero que curtam.

#BoaLeitura! :)



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Simmons não era exatamente o exemplo de garota. E a sorte não estava ao lado dela naquele momento.



* Penitenciária de Low Newton. Dunhan, Inglaterra. Alguns anos atrás.



A manhã acordava praticamente com o mesmo cenário de todos os dias: mulheres saindo, chegando, pessoas gritando e outras dando entrada à enfermaria. Mais um dia em Low Newton. Mais um dia para ser esquecido.

A nova garota segurava um uniforme azul clarinho, ainda com as mãos trêmulas e sujas de sangue. Um saquinho com seus pertences pessoais ainda estava sob domínio da gerência enquanto os peritos avaliavam os objetos, fazendo com que a garota demorasse mais tempo na fila. Ela estava pálida e com os olhos opacos, as pernas tremiam e sua pressão estava baixa. Certamente sairia dali direto para a enfermaria, com a barriga exibindo o feto de quatro meses. Jemma Simmons nunca estivera tão encrencada na vida.

Pegou suas coisas após constatarem que nada ali estava errado e acompanhou a carcereira até a sua cela. 5B. Ela nunca mais esqueceria aquele bloco. Simmons apenas vestiu-se e colocou suas coisas na cama de baixo, sem ao menos olhar para sua companheira de cela. A mulher, por sua vez apenas a observou enquanto girava uma faca, passando-a de uma mão à outra com uma enorme facilidade. Não era muito de dar boas vindas, ainda mais quando ela mesma havia matado a última que dividira o cubículo com ela.

– Agora vamos, Srtª Simmons. Você precisa fazer alguns exames.

A carcereira apressava a garota que havia acabado de fazer 18 anos de idade. Jemma nunca fora uma garota de sorte.

– Vamos logo, sua molenga! Eu não tenho o dia todo e nem serei sua babá! Depois da primeira semana... Você vai ter que se virar sozinha dentro deste inferno!

Ela repetiu. Sandra Modric trabalhava ali há anos e não costumava alisar o ego de ninguém. Era impaciente, grossa e não se importava nenhum pouco com o bem estar das mulheres. No entanto, ela conseguia ser ironicamente muito profissional.

– Eu tenho ordens – ela disse, entrando na cela e apertando o braço de Jemma com força. – Você vai passar pela enfermaria por livre espontânea vontade ou vai querer motivos pra ser mandada pra lá?

Simmons não respondia uma palavra. Pouco importava o quanto Modric ladrava, ela não tinha medo daquela mulher e não tinha medo daquele lugar todo. Sua mente ainda estava estacionada sobre a mancha de sangue sobre o tapete delicado de algodão. Ela ainda podia ouvir os gritos, os seus próprios gritos e depois apenas o silêncio reinando na casa. Mas ela não se arrependia do que tinha feito.

Julia parou de girar a faca e sentou-se mais próximo à beirada da cama. Assistia Jemma arrumando suas coisas como se não estivesse ouvindo Sandra latindo como um cão raivoso. Enfiou a faca no colchão novamente e desceu da cama de cima num pulo.

– Por que não se manda, tá legal? – ela avançou pra cima da carcereira que recuou dois passos. – O som da sua voz de macho a essa hora é perturbador! Deixa ela arrumar as coisas, depois eu me encarrego de rebocá-la pra lá!

– Thompson, isso não é da sua...

– Eu juro, Modric – Julia levantou a faca para ferir a mulher. – Se eu ouvir a sua voz mais uma vez hoje... Olha... eu não tô legal, cara... Deixa que eu levo a vadia eu mesma. Agora se manda. Se manda antes que eu atire essa faca no seu peito.

– No dia em que eu deixar uma presa vagabunda me humilhar, eu prefiro estar morta!

– Okay – Julia sorriu, voltando a girar a faca, dessa vez com uma mão só. – podemos resolver seu problema agora mesmo.

Julia avançava para cima da mulher quando alguma coisa entrou no caminho entre ela e Sandra. Simmons olhava para ela de cima a baixo, agora, achando aquele rosto incrivelmente familiar. A loira parou a faca há alguns milésimos de centímetros da barriga da garota e não pôde evitar estremecer por dentro. Ela quase matava o bebê. Um bebê exatamente como o Jeremy. As lembranças percorreram lentamente o cérebro ainda anestesiado pela droga. Julia estava cambaleando, mas ainda sustentava a faca firmemente nas mãos.

– Saia do meu caminho. – Thompson gritava com Jemma, enquanto se concentrava pra não cair. – Agora!

– Julia? É... É você?

Simmons aproximou sua mão do rosto da garota e tocou as cicatrizes na sobrancelha e no queixo, terminando por segurar os dois braços dela.

– Me solta, eu não sei quem você é! – ela puxou o braço violentamente e afastou-se de Simmons, tentando enxerga-la melhor.

– Garota estúpida – Sandra interrompia o reencontro das garotas. – Se você não quiser ser estuprada ou morta... É melhor seguir as regras...

– Cala a boca, Modric! – Simmons agora virou-se para a carcereira e a empurrava para fora da cela. – Eu não estaria aqui se eu seguisse as regras! Não tem outra garota novata pra você assediar?! Eu não aguento mais ouvir sua maldita voz!

Simmons tentou tomar a faca das mãos de Thompson, mas mesmo drogada, ela tinha uma coordenação motora incrível, além de conseguir manter o foco no que acontecia ao redor. Julia Thompson nunca baixava a guarda.

– Wow! Alto lá! – Agora foi a vez de Julia de separar as duas. – Gritar com a cadela foi um bom começo, mas tentar roubar a faca de mim... – Julia agora sorria astutamente para Simmons. – Acho que poderemos nos dar bem. Acho que você pode ser minha aprendiz...

Julia estalava os dedos de olhos fechados, tentando recordar-se o nome da garota recém-chegada que já estava arrumando confusão.

– Jemma Simmons. – a garota ajudou.

– Isso, Jemma Si... – Julia fez uma expressão de dúvida. – Jemma Simmons? Eu acho que conheci uma Jemma Simmons, mas...

Simmons apenas acenou positivamente com a cabeça.

– Que... – ela não podia acreditar. – Que inferno! É você mesma?

– Sou eu, Julia. – Simmons sorrira pela primeira vez desde que chegou àquele lugar. – O que fizeram com você? – Jemma voltava a tocar o rosto da amiga de infância.

– O que fizeram com você? – ela apontou para a barriga da garota, só notando o volume naquele momento. – Você nunca se aquietou mesmo, sua sonsa! Com essa carinha de santa...

– Ótimo, vocês duas se conhecem! – Sandra interrompia mais uma vez antes de alertar Simmons de novo. – Agora. Enfermaria. Já!

– Eu vou com ela, Modric! Pode voltar pra sua laia, que eu sei que você detesta esse seu trabalho nojento. Não precisa se incomodar.

Julia pegou no braço de Simmons e a levou até a enfermaria. A loira estava lá desde que completara 18 anos e estava prestes a fazer 20. Em menos de dois anos, Julia havia construído uma reputação dentro de Low Newton. Os guardas respeitavam ela, as carcereiras respeitavam ela, as outras presas se inspiravam nela, por alguma razão. Julia fugia a regra.

– Mas então, o que você fez pra vir parar aqui? – Julia olhava para Simmons e vez por outra encarava a barriga ainda pouco saliente dela.

– É uma longa história. Teremos tempo.

– Você tem muitas “boas” histórias eu presumo. – Julia sorria, esperando ouvir uma das boas.

– Você não faz nem ideia, Julia.

– Quem você matou pra te colocarem na minha cela? – ela perguntou sorrindo.

– A mãe do meu namorado.


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Notas finais do capítulo

Eita, Simmons... Nunca duvidei! (mentira, duvidei sim...)

— O que acharam??

#itsallconnected