I'm Not Hydra escrita por Jessyhmary


Capítulo 5
A novata


Notas iniciais do capítulo

Oláa amores!!
Nossa!! Quanto tempo, hein? kkk
Bom, vamos conhecer um pouco mais da nossa personagem nesse capítulo, okay?

Espero que curtam! :)

#BoaLeitura!



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* Penitenciária de Low Newton, Inglaterra, alguns anos antes.



Julia Thompson não tinha o melhor histórico do mundo. Desde a infância se mostrou uma garota muito mais madura e fria do que outras da sua idade. Ela nunca culpou ninguém por isso. Só acreditava que algumas coisas da vida mudavam você drasticamente, mas não costumava sentir pena de si mesma. No fundo, ela apreciava a sensação de poder mandar em si mesma e não ter nada a segurando, a saber, nenhum sentimento mais forte comandando os seus pés. Sabia fazer acordos quando necessário e proteger quem ela achava que merecia. Julia nunca teve grandes problemas em lidar consigo mesma.

Mas nesse dia em especial, ela havia se metido numa briga. Por alguém.

Loren Smoak era até então a garota mais nova na Ala B. Havia pego cinco anos de prisão pelo simples fato de ter se envolvido com um idiota que atendia por James Scofield. Julia geralmente não se metia em brigas alheias, mas odiava ver o mais fraco sempre se dando mal. Ela sabia exatamente como era a sensação de ter seus sentimentos pisoteados por alguém numa posição mais favorável. E ela odiava esse tipo de gente.

Entrou no refeitório com desgosto, praticamente marchando no meio das demais. Seu olhar disperso fazia com que as novatas a observassem com uma ponta de medo. Porém, ao contrário do que poderia parecer, Julia não era do tipo que pisava nas pessoas. A menos que ela tivesse algum bom motivo para isso.

– Cuidado por onde anda, ô desastrada! – Amanda Sterling gritava com a garota, que pedia desculpas quase sussurrando. – Já não basta ter apanhado do namoradinho, não é, vadia?

– Eu já pedi desculpas. – Loren seguia seu caminho em direção a uma mesa solitária no fim do refeitório. – Agora me deixe em paz, por favor.

– Você quer paz? – Amanda aproximou-se dela e arremessou o almoço da garota, com apenas um soco. – Você veio para o lugar errado, então.

– O que você quer de mim? – Loren afastou-se dela, levantando as mãos e tentando se proteger.

– Só que você saia do meu caminho. – ela falou lentamente, já partindo para agredi-la. – Mulheres fracas como você me dão nojo. – ela cuspiu no chão e cerrou os punhos.

Amanda Sterling – que era mais alta e mais forte do que Loren – era professora de educação física e treinadora de Krav Maga. Morava no subúrbio por opção e detestava o Empire State Building. Era tudo o que se sabia sobre ela.

– Deixa a garota em paz, Sterling. – Julia avisou sem olhar pra ela, enquanto dava mais uma garfada no seu purê de batatas levemente salgado.

– Não te mete nisso, Thompson! – ela pressionou a garota dentre ela e a parede e Loren já sentia as lágrimas esquentando os olhos. – Hoje eu preciso mesmo bater em alguém.

– Nossa que coincidência – Julia levantou-se de seu assento, praticamente virando a mesa em que estava sentada. – Eu também.

Thompson afastou Loren e começou uma sequência de socos por todo o rosto de Sterling, que começava a ficar desnorteada. Quando conseguiu desviar de um deles, Amanda deu uma rasteira certeira em Julia, fazendo com que ela caísse com as costas no chão. Sterling preparava-se para pisoteá-la, quando Julia rolou para o lado, usando as pernas para derrubá-la também. As duas começaram a rolar pelo refeitório, ao som da torcida que assistia a tudo eufórica, com exceção de Loren, que já havia perdido a fome e se retirado dali de volta para sua cela. Elas já estavam no fim do refeitório quando Amanda conseguiu levantar-se. Segurou Julia pelos cabelos e bateu a cabeça dela no vidro que as separava das cozinheiras do refeitório. A janela estilhaçou-se e os cacos começaram a ferir as duas garotas que continuavam a brigar ferozmente, agora de pé.

– Agora chega! Isso acaba agora!

Julia gritou e a empurrou contra a parede, enquanto Amanda tentava afastá-la com as pernas. Thompson começou uma sequencia de socos, a pressionando e terminando por ferir a cabeça dela em um prego onde costumava ficar uma pintura da Ultima Ceia. Sterling gritou ao sentir o ferro entrando na sua cabeça e mais ainda ao ver o sangue escorrendo. Julia tinha o rosto e a cabeça cortados do vidro, mas parecia não estar sentindo dor alguma.

– Vocês duas aí! - Modric gritava adentrando o refeitório. – Parou com essa vadiagem! Todas duas pegarão turnos extras de serviço.

– Ótimo – Julia disse com ironia. – Melhor do que ficar naquela droga de cela.

A loira olhou para Sterling com desdém, sem qualquer sinal de remorso ou culpa. Ela mesma havia procurado aquilo e Julia não estava num dia muito bom para ficar com a cabeça fria. Na verdade, esses eram raros dias.

Julia Thompson deixou o refeitório ao som de aplausos e xingamentos. Ela não ligou para os gritos que vinham das outras presas, se eram pejorativos ou não. Ela definitivamente estava acima daquilo. Quando chegou no último degrau da escada, sentiu o joelho estalar de dor. Só agora aqueles golpes estavam começando a demonstrar sinais de violência. O lado esquerdo de seu rosto estava inchado, o lábio inferior cortado, um corte pouco profundo nas têmporas – cortesia dos cacos de vidro – e parte do sangue escorria de sua testa, colorindo os cabelos num tom enrubescido. Dirigiu-se até a cela de Loren antes de fazer seus próprios curativos na enfermaria – já que ela não deixava nenhuma oficial fazer o trabalho por ela – e apoiou uma das mãos na parede, assistindo a garota que estava de pernas cruzadas na cama de baixo do beliche.

– Hey – ela chamou com seu tom menos agressivo – Você tá legal?

– Tô – Loren nem ao menos virou o rosto na sua direção. – Obrigada por aquilo...

– Não – Julia adentrou a cela dela e apoiou a mão no beliche enquanto tentava fazer a garota encará-la. – A última coisa que você está nesse momento é legal.

Loren levantou os olhos e deparou-se com a face machucada de Thompson; os cortes, o sangue e o enorme roxo no seu lado esquerdo. Sentiu seu peito apertar e as lágrimas que ela jurava ter derramado minutos atrás, pareciam brotar novamente dentro dela. Não sabia exatamente por que sentiu aquilo, já que Julia não demonstrava um semblante de dor, mas não pôde evitar uma lágrima que escorreu calada pelo seu rosto.

– Desculpe-me pelo – Loren apontou para o rosto de Julia e voltou a abaixar a cabeça. – Foi minha culpa.

– Não foi sua culpa – Julia largou da beliche e caminhou para a parede oposta, sentando-se no chão e dessa vez fazendo uma careta ao sentir o joelho estalar novamente. – Foi ela mesma que procurou aquilo.

– E no que deu isso? – Loren se levantou e sentou-se de frente pra ela, com as costas encostadas no beliche.

– Algumas horas a mais de serviço, uns cortes bobos, Sterling machucou a cabeça num prego... Bem... Eu a empurrei contra a parede e o prego entrou na cabeça dela.

Loren cerrou os dentes e puxou o ar com força fazendo um barulho nada sutil enquanto encolhia-se apenas ao imaginar a cena. Definitivamente havia tomado a decisão correta quando decidiu sair dali.

– Não precisava ter feito aquilo. – Loren levantou os olhos e a encarou novamente, dessa vez mais serena. – Você apenas se prejudicou com isso.

– Eu queria mesmo bater em alguém – Julia falou descontraída, fazendo a garota soltar uma pequena risada.

– Posso perguntar uma coisa?

– O que?

– Por que me ajudou, na real?

Julia cruzou os braços atrás da cabeça e suspirou, encarando a garota seriamente.

– Porque eu não achei que era uma luta justa.

– Okay – Loren aceitou a curta resposta. – Obrigada por isso.

– Olha, Loren – Julia fez sinal para que ela se levantasse e a garota obedeceu instantaneamente. – Garotas como a Sterling sempre vão existir em algum lugar. Você não pode se deixar ser levada por isso, tá me entendendo?

– Acho que sim – Loren respondeu um tanto confusa.

– Você precisa aprender a se defender. Você acabou de entrar e eu sei como as novatas são tratadas nesse inferno. Você é uma boa garota, Loren. Mas só as melhores saem daqui vivas. Quantos anos você pegou?

– Cinco.

– Desse jeito você não completará um ano. – ela disparou, direta.

– O que quer que eu faça? Eu não sei lutar como você e a Sterling!

– Não há nada que não se possa aprender. – Julia se ofereceu. – Se você quiser... E estiver determinada...

– Eu quero! – Loren nem ao menos parou para refletir sobre aquilo. – Não quero passar cinco anos apanhando e sendo pisoteada aqui. Por favor, me ensine!

– Tem certeza? Eu não sou uma professora muito paciente. Sou a melhor no que faço, modéstia a parte... Mas não vou deixar isso nada fácil pra você.

– Eu faço o que for preciso. – Ela insistiu.

– Ótimo – Julia esboçou um sorriso, mas manteve a expressão de seriedade que ela carregava estampada como se fosse uma tatuagem em seu rosto. – Começamos amanhã no primeiro horário de intervalo.

– Certo – Loren sorriu, mas logo em seguida seus olhos adquiriram um semblante assustado.

– O que foi? – Julia perguntou um tanto ríspida.

– Seu rosto... Meio que está...

– Sangrando? Foi na briga. Os cacos de vidros cortaram minha cabeça.

– Deixe-me ajudar.

– Não, eu tô legal. – Julia deu as costas para ela e saía da cela de Loren, quando sentiu a garota segura-la firmemente pelo pulso.

– A última coisa que você está nesse momento é legal.

Loren a seguiu – mesmo com todas as objeções – e as duas desapareceram pelo corredor da Ala B em direção à enfermaria, onde, pela primeira vez em Low Newton, Julia Thompson havia deixado alguém cuidar de seus ferimentos.


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Notas finais do capítulo

Oh My Gosh... Eu amo a Thompson, sério... kkkkk

— O que acharam?? :)

#Itsallconnected! :)



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