Flashback (HIATUS) escrita por Ayshi
Notas iniciais do capítulo
Eaí galerinha! Tenho muita gente a quem agradecer, mas hoje em especial vou agradecer à Marcelinha que me apresentou o Nyah!
Tó
Cheguei à sala de aula e me sentei na última carteira. Deitei sobre a mesa e olhei para a janela. Não queria ser notada e não tinha a menor vontade de voltar a falar com o Hiroshi. Muitas garotas e garotos estavam de pé ou sentados sobre as mesas, conversando e fazendo gracinha. A professora entrou na sala e pediu silêncio, analisando a turma por sob os óculos, do mesmo jeito que fazia no início de todo bimestre. Voltei a deitar sobre a carteira e esperei.
– Bom dia classe - a mesma voz de anos atrás - Hoje teremos uma nova colega de classe e espero que a acolham bem.
Eu me interessei pelo quarto bimestre. A garota era minúscula e tinha cabelos rosados cuja franja cobria o seu olho esquerdo. Os olhos negros estavam congelados nas órbitas e parecia que ela tinha entrado em transe.
A srta. Tekka cutucou a garota e perguntou seu nome e a garota se assustou e quase caiu - Seriou - a voz tímida chamou minha atenção no mesmo instante. Lembrei-me da Asayo de antigamente. Que tinha medo e vergonha. Que era tímida e odiada.
A garota andou até meu lado e se virou para mim, aparentemente incomodada com os olhares dos garotos. Realmente era a mesma cena.
– P-posso me sentar aqui? - ela apontou para a cadeira e olhou para mim com aqueles olhos que mais pareciam jabuticabas.
– Er... Claro - eu voltei meu olhar para a janela e vi alguns garotos em sua aula de Educação Física. Encontrei Hiroshi encostado na parede com os fones provavelmente com o volume no máximo e outro garoto conversando com ele. Tinha cabelos loiros e era um pouco mais alto que Hiroshi, de modo que Hiroshi sempre parecia magoado perto dele. Não consegui ver mais nada e desviei o olhar rapidamente. Todas as segundas pela manha eram assim. Chatas e entediantes.
– Atenção alunos! A cerimônia de abertura do quarto bimestre irá começar em vinte minutos – escutei a voz metálica do diretor ser transmitida pelas caixas de som.
Continuei deitada sobre minha mesa e esperei até todos saírem da sala. Eu queria ter ficado em casa. A minha disposição para fazer as coisas era mínima.
– Você não vai? – escutei a voz de Seriou atrás de mim.
– Não. Faz sete anos que eu escuto as mesmas regras. Vou ficar por aqui mesmo – me virei para ela e pisquei com o olho.
Assim que ela saiu, eu me levantei e fui até o pátio. O sol estava alto, porém escondido entre grandes nuvens escuras. Os pássaros estavam cantando como sempre e algumas crianças brincavam por lá, como se não soubessem da chuva que estava por vir. Percebi que o prédio onde eu estudava estava sendo reformado, como se para aumentar a cantina.
Vi Hiroshi e o professor de Filosofia se aproximando de mim e então abaixei a cabeça para não ser notada. Hiroshi parecia estar ignorando o professor que falava constantemente com ele.
O professor era muito alto e tinha olhos castanhos. O cabelo estava bagunçado como o de Hiroshi. Uma pinta preta estava sob o olho esquerdo dele.
– Se você não melhorar suas notas – o professor puxou os fones de ouvido que realmente estavam em um volume muito alto – vamos ter que retirar você da classe de elite.
Eu arregalei os olhos. Então o Hiroshi era da classe de elite? Era sempre a classe com os melhores atletas e as pessoas mais inteligentes da escola. Eles sempre saiam para competir em olimpíadas e campeonatos, provas e concursos. E quer dizer que aquele garoto preguiçoso fazia parte da classe de elite?
– Não me importo – ele apenas colocou os fones de novo e continuou o ignorando.
– Espero que hoje você chegue no horário em casa – eles moravam juntos? Estava tudo ficando cada vez mais estranho – Eu vou estar lá e vou fazer o jantar.
O professor se virou de costas e voltou a andar na direção do prédio.
Eu fiquei pasma ao ouvir aquilo e estava muito assustada também. Era por isso que ele não me amava mais?
– Ei, Hiroshi – falei ainda com a cabeça baixa – Você e ele... Vocês são gays?
Ele ficou alguns minutos parado e depois olhou para mim com a raiva estampada nos olhos. Ele levantou a mão, como se para me estapear, mas a abaixou novamente.
– Escuta aqui Asayo – a voz dele estava tremula – Nunca mais fale isso...
Eu abaixei ainda mais minha cabeça e desejei poder afundar no chão, mas ainda assim fiz a pergunta.
– E-então quem é ele? – virei o rosto e me escondi.
– Meu irmão sua tonta – ele se virou e começou a andar também na direção do prédio. Levantei o rosto e fiquei muito envergonhada. Como eu não havia notado. Quase os mesmos olhos. Mesmo cabelo. Acho qye até o sorriso. Garota tonta.
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Eu corria como nunca antes. A chuva caíra muito de repente, embora eu já soubesse dela e eu decidi não passar pelo atalho de Hiroshi. Anos sem usar o caminho direto para casa e eu ainda conseguia reconhecer alguns traços. As casas que outrora foram verdes agora eram cinza e a rua era puro barro. Alguns becos separavam as casas uma das outras.
Ao passar por um dos becos senti uma mão calosa puxar meus cabelos e me derrubar dentro dele. O dono era um homem de colete que tinha um sorriso histérico no rosto.
– Então o que temos aqui? – ele disse se agachando ao meu lado – Uma mocinha tentando escapar da chuva?
Ele começou a acariciar meu corpo e eu gritei muito alto: “Socorro, alguém me ajude!”. Gritei várias vezes antes de ele estapear meu rosto.
– Calada! Essas casas estão abandonadas e ninguém vai te ouvir – ele disse com o sorriso novamente no rosto – Agora vamos ver o que existe aqui – ele rasgou minha camiseta e arrancou meu sutiã – Mas que belos...
Antes de ele completar a frase, seu rosto foi socado por um garoto alto e loiro. O menino que estava conversando com Hiroshi. Ele tinha olhos azuis e músculos muito bem definidos. Pude comprovar a força dele quando pulou sobre o homem e o socou até deixá-lo inconsciente.
– Não me olhe – eu fechei os olhos e esperei alguma reação. Apenas senti um casaco sendo jogado por cima dos meus ombros e um braço me ajudando a levantar.
– Calma – a voz era grave e ao mesmo tempo agradável aos ouvidos – Meu nome é Takiro – ele encostou as mãos nas minhas bochechas - Você me parece com febre – então ele tirou a camiseta revelando um forte abdômen e colocou sobre a minha cabeça – ele começou a caminhar – Vamos para casa então.
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