Flashback (HIATUS) escrita por Ayshi


Capítulo 3
Os Quase Beijos


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou mais parecido com um especial que parte da história. Nora!! Seus reviews são 10!



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Eu ainda estava muito chateada com o que tinha acontecido hoje. Tudo aquilo e eu era que o centro do redemoinho. Tudo o que acontecia vinha para mim. Sofrimento. Descobertas. Alegrias.

Ainda não conseguia suportar. Mesmo deitada na minha cama, rodeada pelos meus brinquedos de pelúcia, eu não conseguia evitar as lágrimas que vinham até os cantos dos meus olhos. O senhor Jack, um panda que era minha pelúcia favorita, já não podia me reconfortar.

“Ei, Asayo. Não se importe com ele. Ele voltou somente para estudar e eu não quero você dormindo na sala de aula amanhã” ~Mey.

Como ela conseguia ser tão cabeça dura. Com certeza nunca amou. Quer dizer, põe certeza nisso. Ela somente beija por diversão. Tem que ser um garoto bonito e popular para ela poder dar o fora e ganhar reputação.

Como ela era minha amiga?

“Vou dormir Mey. Boa noite.” ~Asayo.

Fechei os olhos e deixei que a noite escura me levasse para onde os sonhos vivem.

*FLASHBACK ON

– Princesa! O caçador deseja falar com vossa majestade – disse o meu criado. Bem, pelo menos na peça de teatro.

Era a peça de início de ano na escola. Eu tinha sido escolhida como a princesa e imediatamente o Hiroshi tinha se oferecido para ser o caçador. Aquele menino era louco.

Quando eu me olhei no espelho, fiquei boquiaberta e agradecida. Eu estava com meus cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo. Uma tiara prateada parecida com uma coroa de louros adornava meu rosto e me deixava realmente uma princesa. Os óculos não haviam sido substituídos por que a senhora Clarin, uma norte-americana que veio dar aula no Japão, disse que ia tirar a beleza natural que eu tinha.

O vestido. Oh, o vestido. Ele era rosa e não era como aqueles vestidos que têm da cintura para baixo abobadados. Quando eu me movia ele se transformava em um degrade de rosas e mais rosas, fazendo parecer que eu estava flutuando sobre um mar rosa. Ele não tinha muitos detalhes, somente algumas flores bordadas na altura do pescoço.

– Mande-o entrar – eu havia ensaiado meu roteiro setecentas vezes até falar com a suavidade e autoridade com que disse.

O criado era um menino franzino que estava usando um enchimento no traseiro para transformar ele na graça da peça.

Ele se aprumou, fazendo com que o enchimento se movesse para cima e para baixo, provocando uns murmúrios divertidos na plateia e anunciou:

– Entre caçador. Deleite-se da presença de vossa majestade.

Hiroshi entrou no palco e eu fiquei pasma com o que eu vi.

Eu não tinha visto ele com o figurino antes, mas posso dizer que se ele estivesse em um baile à fantasia seria muito concorrido.

Uma boina estava espalhando seus cabelos, sempre bagunçados, para baixo. O sobretudo também marrom deixava ele com uma aparência de herói da floresta. As roupas por baixo eram de um marrom mais claro e os sapatos tinham uma pequena ponta.

– Oh, minha alteza. Depois de acompanhar seu pai na caçada e pedir sua permissão, eu venho pedir vossa mão – ele se ajoelhou e estendeu a mão.

Eu, meio que por instinto, desci do meu trono e coloquei minhas duas mãos sobre a dele.

– Sim caçador. Eu aceito o seu pedido com imensa alegria.

Quando ele tentou se levantar, escorregou e eu o segurei, deixando nossos rostos a dez centímetros um do outro. Minha sorte foi que os holofotes se apagaram e as cortinas se fecharam.

Da plateia se ouviam aplausos e gritos, principalmente os que diziam: “Beija! Beija!”.

Eu fiquei vermelha e imediatamente fui ao vestiário para me despir.

*FLASHBACK OFF

Acordei com o som da mensagem de Mey.

“Vai dormir para tentar escapar dele?” ~Mey.

Ela me acordou às quatro horas para me dizer isso? Eu tenho vontade de matar aquela cabeça de vento.

“Idiota. Vou te matar na escola. Agora não durmo mais” ~Asayo.

Que idiota! Eu vou mesmo matar ela.

Fui até a cozinha e peguei um copo. Abri a geladeira, peguei o jarro de água e coloquei-o sobre o armário. Quando fui colocar o copo lá, minha irmã ligou a luz e eu deixei o copo cair.

Eu pulei para traz e bati a cabeça no exaustor.

– Ai! – eu gritei.

– Asayo! – Asaki gritou.

– Está tudo bem por aí, meninas? – escutei meu pai falando lá do quarto.

Eu olhei com raiva para Asaki e ela abaixou o rosto, como se dissesse “Desculpa nee-chan”.

– Sim pai. Está tudo bem.

– Ótimo. Voltem a dormir logo.

Eu olhei para minha perna e vi um corte sangrando bastante. “Ótimo. Um galo na cabeça e um corte na perna.”, pensei.

– Você é maluca? – me virei para Asaki – Esse caco de vidro – apontei para minha perna – poderia ter atingido minha barriga e esse exaustor – apontei para minha cabeça – poderia ter me deixado inconsciente.

Ela olhou para mim assustada e, como se não conseguisse conter, riu baixinho.

– Você é tão dramática nee-chan. – ela riu um pouco mais alto – Ainda bem que você não me ensinou a ser assim.

Bem, era verdade.

– Me desculpa Asaki! – eu abracei a cabeça dela e ri também.

Que infantilidade. Não acredito que eu fiquei tão brava aquele ponto.

– Vai dormir – eu completei.

– Mas eu quero água e um biscoito. – ela se desvencilhou de mim – Quero também que você coloque seu celular no silencioso. Acho que metade do bairro acordou com aquele barulho.

– Agora você está sendo dramática – olhei para ela com o canto do olho.

Ela olhou para mim com uma cara de convencida.

– Não, não estou. Sou realista apenas.

Eu ri e coloquei água para ela. Eu olhei o relógio. Já eram quase cinco horas e a aula da Asaki começava às seis.

– Vá tomar banho e eu faço um café da manhã para você – beijei a testa dela e a empurrei carinhosamente.

Peguei o pão e mexi uns ovos. Fiz chá, bebida preferida dela, e coloquei a adorada Nutella na mesa. Aproveitei e preparei a massa das panquecas para a minha mãe fazer meu café da manhã.

– Já terminou Asayo? – Asaki colocou o rosto na porta.

Eu sinalizei para ela que sim e ela entrou e começou a comer como uma louca. Ta aí uma coisa da qual gostamos. Comida.

Fui até meu quarto, peguei uma toalha limpa e me dirigi ao banheiro. Eu me despi e entrei na banheira. Água quente numa manhã fria. Ótima combinação.

*FLASHBACK ON

– Agora coloca Saturno ali, Asayo! – disse Hiroshi com animação.

Estávamos fazendo o trabalho de ciências que a professora Reiko pediu. Ela pediu para fazer uma maquete do sistema solar e nós tínhamos certeza de que a nossa ia ser a melhor.

– Onde? – eu estava saltitando em torno da maquete procurando o suporte preto onde eu deveria colocar o planeta.

– Logo atrás de Júpiter, Asayo. – ele disse apontando para o planeta maior.

Eu olhei para Júpiter e não vi nada após ele.

– Mas... Hiroshi-kun. Não tem nada aqui.

– Lógico que tem... Bem... Deveria ter... – ele fez uma cara de quem não entendeu nada – Kato! – ele explodiu.

Kato era o gato de Hiroshi e ele tinha o péssimo habito de sumir com as coisas dele. Uma vez, quando fui visitar o Hiroshi, encontrei o telefone dele na varanda do quarto da mãe dele.

– Vem aqui Kato! Seu gato idiota!

– Ei, calma Hiroshi – eu disse timidamente.

– Calma? O trabalho é para amanhã e esse gato vem brincar comigo.

Ele andou na direção do armário e no meio do caminho, Kato saiu de baixo da mesa e fez Hiroshi tropeçar. Ele caiu sobre mim e nossos rostos ficaram a muitos poucos centímetros.

– Me desculpe Asayo – ele enrubesceu.

Eu estava tão atônita que não consegui enrubescer. Era incrível a sensação que aquele garoto me passava. Gostava tanto de estar perto dele.

– N-não é nada.

Ele se levantou mais que depressa e pegou o suporte que Kato tinha deixado no chão.

– Pegue Saturno, Asayo. Vamos terminar logo isso.

*FLASHBACK OFF


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Quero as suas opniões nos reviews :3