O anjo e o demonio escrita por Lu Rosa


Capítulo 9
Uma tarde de conversas




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– O almoço estava delicioso. – comentou David. Eles estavam terminando a sobremesa. Outra delicia tradicional. Ele não acreditou quando Margaret lhe dissera que aquele bolo era feito com Guiness.

– Obrigada, professor Marshall. Cathy está conosco há alguns meses, substituindo nossa antiga cozinheira Rose. Apesar do pouco tempo, ela já nos conquistou. – declarou Elinor

– Mesmo com saudade dos quitutes de Rose, Cathy me conquistou também. – Ângela concordou com a mãe.

Os olhinhos matreiros de Margaret corriam de Ângela para David e de David para Ângela. A moça arriscava olhares tímidos na direção do americano e corava toda vez que ele a flagrava olhando.

Todos ouviram o barulho do telefone e logo em seguida uma mocinha em trajes de criada entrou na sala de jantar com um telefone sem fio.

– Com licença. Senhora Elinor, para a senhora. É da Dougherty Ambiental.

– O que será que eles querem mamãe? – perguntou Ângela.

Elinor recebeu o telefone da criada e agradeceu.

– Obrigada, Mildred. Alô? Sim, é Elinor Dougherty. – as outras duas mulheres acompanhavam a conversa, enquanto David pedia licença e se retirava da mesa para dar privacidade à família.

– Sim. Eu irei. Mas não tem nenhuma noticia sobre ele? Ah, é claro. Está bem. Apenas vinte minutos, no máximo. Obrigada. – Elinor desligou o telefone. Ela pegou o guardanapo e colocou-o sobre a mesa.

– Vou ter que sair. Haverá uma reunião extraordinária na Dougherty e eu tenho que comparecer.

– O que aconteceu, Elinor? – perguntou Maggie.

– Joseph Reston foi declarado oficialmente como desaparecido. Então temos que indicar um novo diretor para o Departamento de produção. Não gostaria de ser indicada, Ângela?

– Não. Ser diretora não me atrai. Não gosto de mandar fazer. Gosto de fazer.

– Então eu tenho que ir. Onde está seu convidado, mamãe?

– Ele pediu licença e saiu logo que você atendeu ao telefone. É um verdadeiro cavalheiro.

– Ele impressionou mesmo vocês, não é? – Ângela perguntou séria.

Margaret lhe lançou um olhar malicioso.

– E a você não? – ela tocou uma campainha e novamente a mocinha entrou na sala.

– Sim senhora Margaret.

– Mildred, por favor, chame o professor Marshall. Ele deve estar na sala ao lado.

A criada saiu. Logo depois David entrou na sala de jantar.

– O senhor é um cavalheiro, professor. Mas não precisava ter saído. Agora, por favor, junte-se a nós. – pediu Margaret.

Elinor se aproximou dele e estendeu a mão.

– É uma pena que eu tenha que ir a essa reunião de emergência, professor. Gostaria muito que nos contasse sobre a cidade onde vive. Nova Orleans é um nome muito simpático.

– Não faltarão oportunidades, senhora Dougherty. E por favor, pode me chamar de David. Professor faz com que eu me sinta na escola, novamente – ele sorriu amplamente para ela.

– Eu aceito somente se você me chamar apenas por Elinor.

– Acordo fechado.

Ângela levantou-se também.

– Mamãe, se você me esperar um pouquinho, eu vou com a senhora.

– Nem pensar, Ângela Dougherty! – Margaret levantou-se. – Você ainda tem que repousar. Acha que eu faço milagres? O chá lhe ajudou a melhorar, mas você ainda precisa de descanso. – ela pegou nas mãos da neta e lhe disse baixinho – Nós duas sabemos que o que você teve ontem não foi físico. Ainda temos muito que conversar. – voltando-se para David, a matriarca anunciou. – Vamos para a biblioteca. Lá, David nos conta sobre seu livro e como a Torre Dougherty entra para a história dele.

Sem suspeitar que a avó na verdade queria mesmo era se divertir com os olhares dos dois, Ângela foi com os dois para a biblioteca.

David já estivera em muitas bibliotecas, mas nunca em uma que mais parecia um jardim. É claro que estantes de livros se estendiam em duas paredes. Uma lareira ficava na terceira. Mas uma janela francesa abria-se para um anexo onde uma mesa de madeira maciça estava rodeada de vasos. Vasos de diversas formas. O anexo era totalmente envidraçado como uma mini estufa. O teto estava aberto recebendo o sol e permitindo também que uma brisa refrescante entrasse. E levando o perfume das flores para dentro do ambiente.

Os três sentaram-se. David e Margaret nas poltronas e Ângela no anexo de onde podia observar David à vontade.

– Então David, que perguntas você tem para mim?

– Bem, Maggie... Eu poderia perguntar sobre a maldição de Moira Dougherty.

Um som de desagrado chegou até os seus ouvidos, mas ele fez de conta que não ouviu.

– Moira Dougherty... Eu posso lhe contar apenas o que eu ouvi os mais velhos contarem. Há um retrato dela aqui, sabia?

– Sério? – ele sorriu. – Será que eu poderia vê-lo?

– É claro. Venha. – eles foram até uma das paredes, e David viu que havia uma porta. Maggie a abriu revelando uma galeria de quadros.

– Maggie! Não é perigoso ter tantos quadros assim na casa?

– Bobagem. Os quadros mais valiosos estão no banco. Os que são de herança para as gerações futuras. Aqui estão algumas réplicas e os da família. Veja, esta era Moira Dougherty. Pelo menos uma imagem aproximada, de acordo com os registros da família.

David viu uma moça de cabelo castanho trançado que estava posicionada perto de uma janela. Ela tinha um olhar direto, um pouco triste, um pouco agressivo. Junto dela estava um cão da raça Setter.

– Veja este. – indicou um quadro maior. – Esta era a família dela. Esse retrato é de 1695. O ano em que eles morreram.

– A senhora Michaelis me mostrou um com o castelo ao fundo.

– Ah sim! Elspeth Michaelis é minha prima. Nossas mães eram irmãs. Quando nossa avó morreu, deu o quadro de herança à mãe dela. E eu fiquei com este.

– É um quadro muito bonito. Gosto de imaginar como era essa região há trezentos anos.

– Eu também. – Ângela juntou-se a eles.

David voltou a olhar para o quadro e uma coisa chamou a sua atenção. Na ponta do grupo havia um rapaz que era incrivelmente familiar.

– Quem é esse?

Margaret olhou na plaquinha que acompanhava o quadro.

– Aqui diz que era um parente distante, talvez o noivo da filha do chefe. Mas não há nenhum nome. – Se Margaret reparou na semelhança, nada comentou.

Por alguma estranha razão, David quis se afastar do quadro o mais rápido possível.

Ele nem reparou que a jovem ao lado do rapaz sem nome também parecia muito com alguém na sala.

***

Elinor entrou na sala de reunião quando quase todos já estavam lá. Mas ela era uma das acionistas majoritárias e então a reunião nunca começaria sem ela. Sua mãe, a outra acionista, detinha vinte e cinco por cento das ações e Ângela possuía outros vinte.

– Senhora Dougherty. Por favor, por aqui – um rapaz que ela ainda não conhecia a encaminhou para uma das cadeiras na ponta da mesa. Na Dougherty Ambiental

Ela reparou que ele era jovem, magro, pálido, mas tinha maneiras elegantes. De um aristocrata. Tinha olhos negros assim como os cabelos. Um rapaz bonito, mas ela sentiu um frio em sua espinha quando ele fixou o olhar nela.

– Eu sou Anton Cartwright atualmente seu Diretor financeiro. Substituí o seu parente.

– Ah sim! O substituto do Ian. Apesar do sobrenome ele não era da família. Ele era americano.

– Eu tive o prazer de conhecer sua filha ontem. Uma pena que ela não tenha se sentido bem na tarde de ontem.

– Mas hoje ela já está bem melhor, senhor Cartwright. Minha mãe cuidou dela.

– Eu me programei para ir fazer uma visita a ela. Mas essa reunião emergencial alterou meus planos.

– Eu espero que não altere os meus. Mas o senhor pode me acompanhar após a reunião.

Anton deu um sorriso.

– Eu adoraria, senhora Dougherty.


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