Elemento escrita por Grind


Capítulo 4
Capítulo 4 - Festa Surpresa




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Elemento / Capítulo 4 – Festa Surpresa

O semana passou, e felizmente eu não tive mais encontros inoportunos com o D, e agradeci mentalmente por isso. Era sexta feira à noite e eu estava muito ocupada pensando em que roupa deveria usar para a festa de aniversário surpresa de uma amiga de Marco, da qual até onde eu me lembrava se chamava Stella.

Eu já havia passado pelo portão principal a caminho de casa sentindo a brisa gelada da noite bater contra minhas costas, senti um arrepio percorrer meu corpo e eu realmente precisava me agasalhar.

De repente fui surpreendida por um carro rasgar as ruas em alta velocidade, o som estridente das rodas deu me outro arrepio e assustou até meus tímpanos, em um gesto automático cobri os braços e recuei em um salto.

Para minha surpresa, o demente não chegou a virar a esquina logo adiante, e estranhei, considerando o fato de o sinal não estar fechado e não haver outro carro passando. Ele parou.

Tive a impressão de que poderia ser um ladrão, a julgar pelo horário que meu relógio de pulso mostrava. Logo comecei a fantasiar um possível sequestro, e quais maneiras eu poderia morrer, jogada em um rio; esfaqueada; espancada;

O carro começou a dar ré e meu coração começou a acelerar, e pra minha infelicidade parou ao meu lado. Era muita ironia.

Cruzei os braços e encarei o possível meliante e quando o vidro abaixou e eu nunca desejei tanto estar sendo assaltada.

– Aonde vai? – Perguntou, uma das sobrancelhas arqueada.

–Não devo satisfações da minha vida a você, mas agradeço a sua preocupação.

Ele revirou os olhos, como se já esperasse a resposta, ele não desistiu.

–A mocinha está irritada? - Eu podia sentir o tom brincalhão em sua voz. Algo não muito comum entre nós dois.

–Qual parte de não é da sua conta não deu pra entender?

Ele suspirou.

–Então dona estressada vai querer carona? – Bateu no banco do carona livre ao seu lado e eu fiquei tentada a aceitar, mas não perderia a oportunidade de destrata-lo.

–Prefiro pegar carona com o diabo.

–Que foi? Terminou com o namorado? Eu estou tentando ser gentil. - Colocou a mão sobre o peito, como se ele se sentisse ofendido.

–Não preciso da sua caridade obrigada, e vendo o modo como dirige é capaz de acabarmos mortos se ficarmos só nós dois em um carro em movimento, já que vamos discutir e você vai tirar a atenção da rua.

–Que seja - Revirou os olhos, as duas mãos voltando ao volante - Eu tenho outro lugar para ir, tomara que você seja assaltada. - Concluiu voltando a olhar para a rua.

–Obrigada pelas palavras de incentivo – Eu voltei a andar. Ele permaneceu com o carro parado por mais um tempo antes de sair cantando pneu.

(...)

–Essa é Stella, ela está fazendo o curso de história comigo – Marco nos apresentou.

– Parabéns Stella. - Eu abri um sorriso de orelha a orelha, quem me dera alguém me planejar uma festa surpresa, as vezes me parecia um sonho tão distante.

–Obrigada! –Ela sorriu de orelha a orelha igual a mim, a alegria parecia transbordar de dentro dela – Eu estou muito feliz por tudo o que está acontecendo aqui! O Marco fala muito de você! - Sorri em resposta e ela prosseguiu. –Fico feliz que tenha vindo. Venha vou te apresentar a casa.

Apesar de simples e pequena, sob o assoalho da casa de Stella encontravam-se várias pessoas degustando de comes e bebes e jogando conversa fora. O clima de familiaridade no ambiente era perfeito.

–Vou te apresentar a uma amiga minha, nós crescemos juntas e tenho a sensação de que vão se entender! Ela disse que iria trazer o primo como companhia mas eu o espanto em um segundo se precisar.

Aquilo me fez rir.

–Stella oi! – Uma voz feminina familiar surgiu.

–Camila! Era você mesmo que eu estava procurando essa é a-

Eu recuei alguns passos, murmurando palavras inaudíveis para quem não estivesse por perto. Estupefata. Maldito mundo pequeno.

Aquilo não poderia estar acontecendo? Porque a mesma garota que ria e confraternizava com Elemento estava ali?

– N-Não... Pode ser...

Meus passos foram interrompidos por uma barreira que segurou minhas costas, e só quando me virei para me desculpar, me dei conta de sua altura.

De pele morena, seus profundos olhos azuis sufocaram-me, seu perfume impregnou em minhas narinas e eu acabei me perdendo num aroma de pinho e sândalo, másculo e viril no mesmo tempo. Oh Deus o que era aquilo.

Recuei um passo, no entanto ainda não me pareceu ser o suficiente.

Aparência cativante, cabelos curtos e feitio bem moldado. Trajava uma veste social, com uma camisa vinho e um paletó preto por cima. As pernas grossas cobertas por um jeans azul apenas deixavam seu quadril mais bem moldado do que já era, e nos pés, um sapa tênis comum.

Por um segundo eu me senti inferior.

O sonho virou pesadelo quando me toquei de que o Deus Grego a minha frente, perfeitamente bem alinhado era o ser que eu mais odiava no mundo. O clima constrangedor se instalou – considerando o fato de que eu se quer me desculpara – e para meu desagrado ele sorriu, aquele maldito sorriso que parecia fazer o mundo girar a sua volta.

Ele estava lindo assim no carro e eu não vira? Será que eu havia me confundido? Era ele mesmo?

– Por que eu tenho a impressão de que já se conhecem? – Stella ergueu as sobrancelhas de forma inquisitiva.

Eu recuei um passo tentando recuperar a dignidade que ainda me restava.

–Stéh – Camila colocou a mão no ombro da amiga com um sorriso perverso – Lembra da discussão no barzinho que eu te falei?

Os olhos de Stella se arregalaram e eu respirei fundo. Sentindo minhas pernas se desestabilizarem por uns minutos. Por que senhor? Por que?

–Bom... Então eu acho que devo espantar Camila pra vocês conversarem melhor – Foi a vez dela de sorrir como se estivesse aprontando alguma coisa.

Eu balancei a cabeça em negativo implorando pelo olhar para que ela não fizesse isso comigo, mas ela apenas riu e segurou na mão de Camila enquanto se afastavam, e fui obrigada a voltar minha atenção a pessoa a minha frente.

– Da onde conhece Stella? – Perguntou e eu bufei. Ola pra você também minha mente praguejou.

– Não conheço, Marco nos apresentou.

–Ele está aqui? – Pude sentir a repulsa em sua voz. Estreitei os olhos.

–Está felizmente – Aquilo me fez sorrir, no entanto ele não em pareceu muito contente.

D revirou os olhos.

–Quando foi que você... – Franzi o cenho enquanto o olhava de baixo a cima – Ficou tão alto?

Ele fez o mesmo sem entender.

–Como assim?

–Você não era assim tão alto – Cruzei os braços já impaciente. Ele sorriu como quem se divertia com a situação, apesar de eu não estar achando nem um pouco engraçado.

–As pessoas crescem Gabrielle, não sei se aprendeu isso na escola.

–Há há engraçadinho, realmente a sua situação está muito boa comigo pra achar que tem a liberdade de fazer piadinhas. - Eu abri um sorriso cínico.

–Por que anda tão afiada? Eu nem te tratei mal ainda. - Ele se mostrou indignado, e por um instante, cheguei a pensar que ele realmente não estava a fim de discutir.

–E quer que eu te trate como se na nossa penúltima conversa você prometeu ferrar com a minha vida, não pode esperar que eu te receba de braços abertos. - Eu expliquei, mas ele não me pareceu contente.

Ele revirou os olhos e se virou.

–Aonde vai? – Perguntei franzindo o cenho.

–Qualquer lugar que eu possa ficar longe de você e sua arrogância! – Esbravejou enquanto se afastava.

– Eu sou a arrogante? - Eu apertei o passo para acanca-lo - Você se quer disse 'oi'.

Ele riu enquanto voltava a parar pra me encarar.

– Então esse é seu motivo pra chegar com quatro pedras na mão? Era você que estava esbarrando nas pessoas até eu te segurar antes de tropeçar no nada!

– Eu não pedi a sua ajuda!

– Me desculpe ter sido prestativo ao invés de deixa-la passar vergonha na frente de pessoas que você nem conhece!

– Você só me parou porque não tinha me reconhecido - Eu cruzei os braços cansada de todo aquele papel de bom menino que ele pareia tentar fazer - Se visse que era eu certamente teria se deliciado com a cena de me ver jogada no chão.

Ele passou a mão pelos cabelos já não tão mais alinhados enquanto soltava um riso fraco, seu olhar passou pelo lugar a nossa volta como se procurasse algo que pudesse relaxa-lo.

– Você me faz parecer o vilão da estória Gabrielle.

– Nunca disse que era o mocinho.

– Primeiro - Ele voltou a ficar perto de mais e eu me calei, ele estava sério, não tinha mais nenhum resquício de brincadeiras. - Não faria diferença pra mim se era você ou não Gabrielle, eu agi por impulso e não deixo isso acontecer com frequência, e eu não sou tão ruim assim pra querer ver todos rindo da sua cara Gabrielle, apenas eu já basta.

– Não diga - Eu revirei os olhos.

– Eu ainda não terminei - Me repreendeu e eu bufei - Segundo que - Um sorriso maldoso lhe preencheu o rosto - Se eu quisesse te ver jogada no chão, não seria desse jeito.

Meus olhos se arregalaram e meu rosto queimou.

– Seu maldito! Psicótico! Idiota pervertido! Eu vou acabar com você! - Eu comecei a lhe socar o peito e ele gargalhou.

Quando eu me cansei eu lhe dei as costas sem pensar duas vezes.


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