I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 36
Capítulo 35




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Se quando Pedro e Karina começaram a namorar, já era difícil encontrar um parque de diversões, àquela altura já era o mesmo que caçar uma mina de ouro. Mas eles ainda existiam: eram bons, tradicionais e grandes, e apesar de itinerantes, angariavam multidões de adultos saudosos e crianças curiosas.

Uma foto que Clarinha amava profundamente na casa dos avós, tinha Tomtom e Karina sentadas no carrossel, abraçadas e sorridentes. Quem havia tirado a foto havia sido Pedro, numa das diversas vezes que o casal levou a caçula dos Ramos para se divertir.

E apesar dos pedidos frequentes e da curiosidade aguçada da criança, Karina nunca se sentiu apta a ir em um lugar desses, pela lembrança de Pedro ser tão forte e intensa. Fora lá que ouvira sua música, que recebeu a aliança de prata que usara por tanto tempo, que ousaram fazer planos de um futuro juntos pela primeira vez.

“Mamãe, olha como a música do carrossel é legal.” Clarinha cantarolou, enquanto os pais a ladeavam no cavalo colorido em que estava sentada.

“Ah, mas as músicas do papai são mais legais, não é?” Pedro fez cócegas na barriga da filha, que gargalhou.

“É sim, papai. Mas é tão fofa essa música.” Ela fechou os olhinhos, balançando a cabeça de um lado para o outro. Karina se apoiou sobre o cavalo em que estava, admirando com carinho a filha e Pedro, que estava de pé ao seu lado, a segurando.

“Deixa eu tirar uma foto de vocês... Aí a gente coloca junto com a minha e da tia Tomtom, lá na casa da vovó.” Karina pegou sua máquina, mas Clarinha negou.

“Você tem que estar junto, mamãe. Moço.” A criança chamou um senhor nos cavalos à frente, que estava acompanhando as netas. “Você pode tirar uma foto nossa?”

“Com uma mocinha tão bonita pedindo, claro que sim.” O homem sorriu, apanhando a câmera que Karina estendia. Ela desceu do cavalo, parando ao lado da filha e a abraçando, enquanto Pedro fazia o mesmo. A pequena abriu o maior sorriso do mundo, enquanto alguns cliques eram feitos. “Pronto... Vocês formam uma família linda, sabiam?”

“Obrigado.” Agradeceu Pedro, envergonhado, pegando a câmera.

“Eu quero comer cachorro quente. E pipoca. Algodão doce. Papai, compra batata frita?”

“Meu Deus, ela herdou nossos dois estômagos?” Perguntou Pedro, abismado com o quanto uma pessoa tão pequena poderia comer. Karina apenas ria, comendo seu próprio algodão doce.

“Uma época pensei seriamente que existia mesmo um verme na barriga dela. Mas o médico disse que é normal crianças comerem bastante, que preocupante seria se ela não quisesse comer.”

“Tá, mas ela deve dar prejuízo no supermercado. Desse jeito, vou ter que dar uma pensão milionária só para a comida.” Ele brincou, mas recebeu um olhar feio.

“Eu sustentei ela sozinha até hoje, não preciso de pensão milionária de astro do rock.” Pedro suspirou, revirando os olhos.

“Foi só uma brincadeira, ô esquentadinha. Relaxa aí...” Ele encarou a filha, que terminava seu refrigerante. “E então, grãozinho, aonde quer ir agora?”

“Roda gigante.” Ela gritou, os olhinhos brilhando intensamente.

“Excesso de açúcar.” Suspirou Karina. “Amanhã ela vai dar trabalho no banheiro.”

“Acho maravilhoso como é o relacionamento mãe e filha, dessa maneira crua e sincera, sem aquela coisa da TV... Realmente lindo.” Observou Pedro, enquanto os pais jogavam todo o lixo fora, mantendo os olhos fixos na filha.

“Espere a primeira diarreia dela, aí voltamos a conversar.” Os três entraram na fila do brinquedo, que estava razoável. Demorou apenas alguns minutos para chegarem à entrada, mas foram barrados.

“A mocinha tem que ir naquela roda-gigante para crianças.” Avisou o funcionário. “Ela não tem a altura mínima.”

“Olha, ela tem musiquinha também.” Clarinha nem esperou outra palavra, logo saiu correndo para o outro brinquedo, já sendo afivelada pelo funcionário que ali estava. Quando Karina ia segui-la, Pedro a puxou pela mão.

“Já pagamos o brinquedo e temos que esperar ela... Não custa nada darmos umas voltas.” Ele a sentou ao seu lado, afivelando o cinto, enquanto o funcionário descia a barra de segurança.

~P&K~

Aquela não era qualquer roda-gigante, mas sim A roda-gigante. E apesar de estarem em um cubículo fechado e seguro, admirando o pôr-do-sol através dos brinquedos do Hopi Hari, Pedro ainda se cagava de medo.

“Tá chovendo, esquentadinha, isso não pode ser seguro.”

“Pedro, tá só chuviscando.” Gargalhava a lutadora, se divertindo com o medo do namorado. Estavam de passagem por São Paulo com a banda, e calhou de um grande chuvisqueiro esvaziar o parque quase totalmente, especialmente a roda-gigante. Era talvez sua décima parada no topo, mas pediram que o operador só os tirasse quando alguém quisesse entrar.

“Mas eu não gosto dessa altura toda.” Ele encarava a janela, temeroso.

“Amor, ao invés de ter medo, aproveita essa vista... Olha como ela é linda.” A menina suspirou, se aninhando no namorado. “Um dia eu quero trazer nossos filhos aqui, para terem essa mesma visão.”

“Filhos?” Pedro se espantou com o comentário da namorada, que deu de ombros.

“É, daqui alguns anos... Meu pai me levou em uma roda-gigante quando eu era pequena, bem no pôr-do-sol. Ele disse que era a hora que o céu e a terra se encontravam, e que eu poderia sentir minha mãe perto de mim. Eu nunca esqueço aquela visão.”

“E você quer fazer isso quando nós tivermos filhos?” Ele sorria docemente, acariciando os braços da loira.

“Sim, dar lembranças lindas à eles, como essa que meu pai me deu. E essa visão, com certeza é uma lembrança maravilhosa.” Ela suspirou, o encarando. “Te peguei meio de surpresa com a conversa, não é?’

“Ah, eu acho legal nós pensarmos no futuro, afinal já faz mais de um ano que nós estamos juntos.” Ele acariciou o rosto dela. “O que você imagina, hein, minha linda?”

“Eu quero ter uma casa bem grande, para podermos ter um estúdio para você e uma academia para mim. E quartos para as crianças, porque dividir quarto é dose, nós dois sabemos isso.”

“E quantas crianças vão ser? Cinco? Seis?”

“Tá maluco, tá?” Ela gargalhou. “Acho que dois, ou no máximo três. Um menino, para o mestre Gael ficar feliz, e uma menina para você mimar e estragar. E depois, se vier um terceiro, jogamos no aleatório.”

“Adorei como você se importa com o nosso filho caçula, viu?” Os dois riram, enquanto Pedro se aproximava da barriga dela. “Não liga não, viu Juninho? Ela só é meio lesada.”

“Tá fazendo o que, cara?”

“Ué, falando com a metade cromossómica do nosso filho que está aí, ouvindo você o destratando.” A loira começou a gargalhar ainda mais, sendo acompanhada do namorado.

“Meu Deus, você é muito idiota.”

“Seu idiota?”

“Só meu.” Ela lhe deu um selinho. Assim que começou a se afastar, uma caixinha brotou entre os dois, a assustando. “O que é isso?”

“Um presente. Na verdade, uma promessa.” Ele abriu a caixinha, revelando dois aros prateados. “São alianças de compromisso. Eu sei que você é meio marrenta e moleca, mas elas não são frufru, e eu acho isso um símbolo bem legal.”

“Eu adorei.” Ela observava os anéis lisos e simples, bem no estilo dela e de Pedro. “E como faz? Eu coloco o seu, você coloca o meu?”

“Acho que é.” Ele deu de ombros, colocando a caixinha sobre a perna e pegando o menor. “Você não imagina o trabalho que deu pra pegar o tamanho do seu dedo. A Bianca teve que amarrar uma fita enquanto você dormia.”

“Seus malucos.” Ela bufou, pegando o outro e colocando no dedo dele. “E agora?”

“Agora você me beija, esquentadinha, porque você está oficialmente comprometida comigo.” Ele puxou o rosto dela, selando seus lábios enquanto os últimos raios de sol sumiam no horizonte.

~P&K~

“Ainda tem medo de altura?” O guitarrista negou.

“Alguns anos atrás, a Sol invocou que seria legal eu fazer um solo de guitarra no ar. Então, eu era içado em determinada parte da música, e ficava a oito metros do chão... Tive que perder o medo.” Ela gargalhou, imaginando as reações dele nas primeiras tentativas.

“Olha a alegria dela...” De onde estavam, Pedro e Karina conseguiam observar a roda-gigante infantil, ambos admirando a animação da filha com o brinquedo.

“Você lembra a última vez que estivemos em um brinquedo desses?” Perguntou Pedro, do nada, assustando Karina.

“Hã, lembro... Nós estávamos no Hopi Hari, não é?” Ela corou ao lembrar, e ele sorriu com isso.

“Eu te dei isso.” Ele puxou o cordão no pescoço, revelando as alianças. Karina as encarou por um momento, dando um pequeno sorriso, que logo sumiu.

“Por que você está me mostrando isso, Pedro?”

“Isso são as nossas alianças, Karina.”

“Que não significam mais nada há anos.”

“Significam. Significam aquilo ali.” Ele apontou o lugar onde Clarinha estava. “Significam o nosso amor e união, que agora estão representados também na nossa filha.”

“Pedro, essa situação já é complicada demais, não piora ela.” Implorou a lutadora, sentindo os olhos marejados. “Nós não somos mais dois adolescentes, e nossa inconstância e brigas não afetam mais apenas nós dois.”

“E quem quer brigar?” Ele puxou o rosto dela. “Karina, olha no meu olho e diz que você não me ama mais.”

“Você sabe que eu nunca vou poder fazer isso.” As defesas e muros dela estava no chão naquele exato momento, enquanto suas mãos iam até os anéis no pescoço dele. “A Ana Clara não me deixou te esquecer por um minuto em todos esses anos, e nunca vai deixar. Eu estou presa à você, como uma maldição.”

“Você acha que nosso amor é uma maldição?”

“Algumas pessoas são abençoadas com maldições.” Ela deu de ombros, erguendo os olhos para ele. Seus olhares se cruzaram, enquanto eles suspiravam. “Eu to presa à você para sempre, Pedro.”

“Então...”

“Eu disse que estou presa, mas não rendida. Eu não quero mais loucura na minha vida, ou na da Clarinha.”

“E quem disse que eu quero bagunçar a vida de vocês?” Ele segurou o rosto dela novamente. “Karina, eu só quero o que nós dissemos aquele dia, na outra roda-gigante. Eu quero a nossa família.”

“Pedro...” Ele acariciou a bochecha dela, se aproximando.

“Não pensa, esquentadinha, por favor...”

“Moleque idiota.” Ela suspirou, fechando os olhos. Quando seus rostos estavam a milímetros, ouviram gritos infantis e se afastaram, virando na direção do outro brinquedo. “Ah, tem que ser brincadeira.”

Ana Clara se agarrava à barra de seu assento, a cabeça pendendo para fora. Na criança abaixo dela, vômito e choro.

“Até isso ela tinha que herdar de você?” Rosnou a lutadora, irritada.

“Desculpa?” Ele sorriu sem graça, enquanto o funcionário os descia.

~P&K~

O Perfeitão estava fechado àquela noite. Por ser dia dos pais, Delma preferiu fechar o estabelecimento e ficar com o marido e a filha. Marcelo estava bastante chateado no dia, já que, apesar de Pedro ter se acalmado, o rapaz ainda cortava volta dos pais.

“Vamos, querido, se anime.” Pediu a mulher, o abraçando pelos ombros.

“Eu não consigo, Delma... Como comemorar o dia dos pais, me sentindo o pior pai do mundo?” Ele suspirou, enquanto a filha caçula deitava em seu colo, em um gesto mudo de conforto e apoio.

“Ele vai nos perdoar logo, você vai ver.” Ela beijou sua cabeça, se dirigindo à porta. A campainha tocava sem parar e isso significava Clarinha. “Oi querid... Pedro?”

“Oi mãe.”

“Oi vovó.” Clarinha abraçou a cintura da mais velha, logo saindo correndo para o avô. “Feliz dia dos pais, vovô.”

“Obrigada, minha linda.” Ele abraçou a neta com força.

“O que vocês fazem aqui?” Perguntou Delma, vendo Karina, Gael, Dandara, João e Bianca, com as respectivas famílias, entrando em sua casa.

“Eu e a Clarinha íamos jantar com o meu pai, e aí o Pedro pensou em virmos todos para cá, para a Clarinha ficar com os dois avôs.” Explicou Karina.

“E como o João e a Fabi almoçam com os pais dela, nós também encontramos com meu pai a noite. Aí acabou vindo todo mundo para cá.” Completou Bianca.

“Sabe como é, né tia? Por aqui, é meio que casa da mãe Joana... Sempre cabe mais uns dez.” Brincou João, enquanto Fabi e Duca o ajudavam a sentar no sofá.

“E pode vir mais dez.” Sorriu a dona da casa. “Sintam-se a vontade, gente, por favor.”

“Nós vamos levar as coisas para a cozinha.” Avisou Dandara, saindo com Bianca e Karina em direção ao cômodo. Logo Fabi e Tomtom as seguiam, com Delma em seu encalço. Gael assumiu seu papel de avô babão, sentado ao chão com Alan, Ana Clara, Julia e Ana Luz.

“Tio Marcelo, se importa se eu usar seu telefone? Meu celular descarregou e eu ainda não liguei para o meu pai... E você sabe que ele fica todo mordido por causa da Julinha.” Pediu João, enquanto Gael bufava.

“Não é minha culpa que a Julinha goste mais de mim, ou passe mais tempo comigo, do que com o atorzinho.”

“Gael, o que já falamos sobre criticar o René perto da Julinha?” Dandara apareceu na porta da cozinha, o olhar sério.

“Só estou sendo sincero.” O mestre deu de ombros.

“Está lá no meu quarto, vou buscar.” Avisou o dono do Perfeitão, rumando para as escadas.

“Eu vou com você.” Pedro começou a segui-lo, os dois subindo em silêncio. O mais velho entrou no quarto, parando ali dentro. “Hã... Feliz dia dos pais, pai.”

“Obrigado, filho.”

“Eu não tive tempo de comprar um presente, a Clarinha tem me ocupado todo o tempo livre.” Ele sorriu sem graça.

“Só de você estar aqui, depois de tudo, já é meu maior presente.” Garantiu o homem, segurando o filho pelos ombros. “Eu...”

“Não precisa falar nada, sério. Eu só... Bom...” Pedro suspirou, puxando o pai para um abraço silencioso em palavras, berrante em sentimentos. “Te amo, pai.”

“Também te amo, meu filho.”

Desceram logo depois, sentando juntos no sofá. Logo João falava com René, segurando Julinha para falar com o avô. Gael começou as provocações em voz alta, recebendo diversas broncas da esposa, enquanto o ator rebatia tudo do outro lado, fazendo a neta dos dois rirem.

“O Pedro parece melhor.” Comentou Tomtom, parando ao lado de Karina, que observava os acontecimentos da sala.

“Clarinha faz milagres, cunhadinha.” A mais nova sorriu.

“Fazia tempo que você não me chamava assim.” A loira corou, desviando os olhos. “Acho que tem mais gente melhorando...”

~P&K~

Chegaram ao apartamento de Karina perto das 23h, com Ana Clara apagada no colo do pai. A menina e os primos haviam adormecido logo após o jantar, cansados das atividades do dia. A loira ajudou Pedro a trocar a filha, para que ele soubesse o que fazer caso estivesse sozinho com ela.

“Cara, ela dá trabalho, hein?” Pedro resmungou, fazendo Karina rir.

“Fala isso porque não trocou fralda de diarreia, aguentou vômito na roupa e nem noite de cólica.” Ela abriu a porta, se escorando na mesma.

“Eu posso ver tudo isso no próximo.” A loira suspirou.

“Pedro, por favor...”

“Eu quero a minha família, Karina. E minha família é você e a nossa filha, você goste disso ou não.” Ele declarou. “E eu vou ter vocês de volta.”

“Boa noite, Pedro.” Ela não sabia o que responder, então preferiu encerrar a conversa.

“Ah não, esquentadinha...” Ele a puxou pela cintura, colando seus lábios em um beijo cheio de saudade. Em um primeiro momento a lutadora se retesou, mas logo retribuía o beijo com a mesma intensidade e saudade. Quando se separaram, ela parecia atordoada. “Isso sim é um boa noite.”

Karina nada respondeu, correndo de volta para dentro, deixando Pedro com um sorriso vitoriosos nos lábios, enquanto saia do prédio.


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Notas finais do capítulo

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