I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 37
Capítulo 36




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Como imaginado pelo guitarrista, Karina passou a novamente cortar volta dele nos dias que se seguiram. Deixava Ana Clara descer sozinha, pedia para outras pessoas a buscarem, evitava falar com ele até mesmo no telefone.

A lutadora se ocupou de organizar os detalhes finais da festa da filha, enquanto Pedro cuidava de um detalhe mais complicado: apresentar Ana Clara para o mundo. A notícia do aborto de Karina havia corrido pelos fãs da banda, tanto os da época quanto os que vieram depois, e do nada uma filha dos dois aparecer, com a idade batendo...

Boatos sobre golpe midiático por parte da Believe; de um golpe da barriga por parte de Karina; ataques nas redes sociais e perseguição dos fãs mais doentios. Todos esses fatores levaram a uma conversa séria entre Pedro e Wallace (recém-chegado dos últimos shows da turnê da banda), além de Karina, Gael e Dandara, e pôr fim a decisão de apresentar a filha de Pedro Ramos em uma entrevista para o rei da fofoca: TV Orelha.

Desejoso há anos de uma exclusiva com o guitarrista, o genro de Nando agarrou a oportunidade com unhas e dentes. A condição foi de não ser uma matéria em vídeo, mas sim uma matéria em texto para o site, coisa que havia se tornado bastante comum. Com uma série de contratados, que iam desde repórteres à la Teo Pereira até fotógrafos ardilosos, foi Morgana quem escolheu a dedo os responsáveis pela entrevista, seguindo especificações e pedidos do pai.

Na manhã da quarta-feira, faltando três dias para o aniversário de Ana Clara, Pedro a apanhou na porta do prédio pela manhã. O ensaio seria na Pedra do Índio, a pedido dele, louco por apresentar o belo local para a filha.

A fotógrafa escolhida se chamava Carla Ribeiro, uma mulher de sensibilidade ímpar quando o assunto eram fotos carregadas de sentimento. Já a repórter, Vicki Nobrega, era competente e séria no que escrevia, mas não tão profissional quanto deveria.

E isso ficou bem claro assim que ela se aproximou para cumprimentar pai e filha.

“Pedro Ramos.” Ela sorriu maliciosa, estendendo a mão com afetação. O guitarrista sorriu, seu jeito galante transparecendo mesmo que sem querer. Ele segurou sua mão, dando um beijo suave e logo soltando, já abraçando a filha. Vicki sorriu amarelo para a pequena. “E você deve ser a Clarinha, não é, princesa?”

“É Ana Clara para você.” A resposta ríspida surpreendeu os mais velhos.

“Ana Clara.” Pedro repreendeu.

“O quê? É meu nome, não é? Clarinha é só para os meus amigos.” Ela deu de ombros.

“Desculpa, Vick, ela não é assim normalmente.”

“Crianças.” A moça piscou, deixando Pedro sem graça.

Com Carla as coisas foram mais tranquilas. Profissional e ética, além de mãe de dois filhos, a fotógrafa foi cortês e educada, logo conquistando a simpatia de Clarinha e o direito ao apelido.

“Vamos começar pelas fotos, para que a Clarinha não canse de esperar. Depois, a Vicki te entrevista, pode ser?” Propôs Carla, recebendo aprovação.

Clarinha desfilava seu vestidinho de renda lilás com o maior orgulho, o arquinho com lacinho na cabeça, os cabelos castanhos claros caindo suavemente e os olhos azuis brilhando como diamantes. Pedro estava com uma camisa branca com os primeiros botões abertos e uma calça jeans, o visual combinando com a roupa escolhida pela filha.

Definitivamente, aquilo ela não havia herdado de nenhum dos pais.

A interação entre os dois era instantânea e natural, com sorrisos e brincadeiras vindo a todo o momento. Carla captava tudo com maestria, enquanto Vicki mexia no celular, entediada. Vez ou outra ela lançava um olhar malicioso para Pedro, mas este estava muito focado na filha para reparar.

Depois de uma hora e dezena de cliques, deram a sessão por encerrada. Clarinha sentou no colo do pai, enquanto Carla passava as imagens capturadas e os maravilhava com a beleza de sua sintonia.

“Olha como a gente é lindo, papai.”

“Claro que somos, grãozinho. Beleza é genética.” Ela riu, recebendo um beijo no rosto.

“Agora será que podemos passar para a entrevista?” A voz entojada de Vicki chegava a revirar o estômago de Ana Clara, que já estava louca para aplicar alguns dos golpes do avô na repórter.

Mas havia prometido ao avô que nunca usaria os conhecimentos de forma errada, e pretendia seguir isso. O que não queria dizer que não podia brincar um pouco...

Em uma mesa de piquenique mais afastada, Pedro sentou de frente para Vicki. A moça apanhou o gravador e posicionou perto do entrevistado, sorrindo para ele.

“Bom, eu tenho algumas perguntas, está bem?”

“Claro... Manda bala.”

“Estado civil?”

“Oi?” Ele foi pego de surpresa.

“É... Casado, divorciado, solteiro, namorando, na pista...” Ela mordiscou o lábio inferior.

“Nem sabia que existiam tantos estados civis.” Ele comentou, fazendo-a rir. “Solteiro.”

“Sem peguete, amante, nada assim?”

“Qual a relevância disso?”

“Suas fãs estão loucas para saber.” Ela explicou, colocando a mão sobre a dele na mesa. “A propósito... Eu sou muito sua fã.”

“Hã, Vicki...”

“Não fala nada, Pedro. Vai dizer que também não sentiu essa química entre nós?”

“Não, Vicki, é que...”

“É que o que, Pedro?” Ela não estava acostumada com a mínima resistência, e isso a irritava.

“Tem um lagarto na sua cabeça.” Ele apontou, sorrindo de lado.

A jornalista ergueu os olhos, ficando vesga. Uma patinha após a outra, o bicho saiu do cabelo artificial e duro da jovem, começando a andar em sua testa. O grito agudo quase ensurdeceu o guitarrista, enquanto Vicki começava a coreografia de alguma música do Calypso, na tentativa de expulsar o animal rastejante.

“O que está acontecendo aqui?” Carla veio correndo de onde estava, Clarinha brotando ao seu lado, um sorriso travesso nos lábios.

“Essa coisa.” Gritava Vicki, enquanto a fotógrafa e Pedro tentavam ajudá-la. Quando Pedro puxou o animal e o soltou no chão, ela respirou mais aliviada. Pelo menos, até ouvir a risadinha de Clarinha. “Foi você, né sua pestinha?”

“Ela o que, mulher?” Pedro ficou confuso.

“Foi ela que colocou esse bicho na minha cabeça.” Acusou a jornalista, fazendo Pedro gargalhar.

“Você viu a altura dela? A Clarinha mal tem um metro e vinte, impossível ter colocado isso na sua cabeça.”

“Além do que, ela estava comigo até agora, selecionando as fotos.” Carla defendeu a nova amiguinha, que sorriu espevitada.

“Namorar um astro do rock não vale aguentar essa pestinha.” Concluiu rápido o que muitas demorariam um tempo maior. Apanhou suas coisas, começando a marchar dali.

“Espera, e a entrevista?” Pedro gritou, tentando reprimir o riso.

“Dane-se a entrevista, se virem.” Ela berrou de volta, abrindo sua bolsa para guardar os pertences. Um novo grito apareceu, enquanto ela largava o objeto e saia correndo.

“Agora ela encontrou nossa surpresinha.” Comentou Carla, piscando para Ana Clara.

“Acho que ela não gostou muito do cocô de cachorro.” A pequena deu de ombros, suspirando pesadamente. Logo, as duas riam cúmplices, deixando Pedro embasbacado.

“Pronto, está aí o que herdou da esquentadinha.”

~P&K~

Karina saia da academia no meio da tarde, já esperando que Pedro só deixasse Ana Clara em casa à noite, como combinado pelo tempo da entrevista e sessão.

Por esse motivo, ficou surpresa ao ver o carro dele estacionando em frente ao prédio.

“Já chegaram?” Perguntou ao vê-los descendo, a filha emburrada.

“A mocinha aí aprontou com a repórter. A entrevista ficou para outro dia.” A loira encarou a filha, confusa.

“Aquela planta sonsa estava dando em cima do papai.” Explicou, dando de ombros.

“Não precisava encher a bolsa Dior dela de cocô de cachorro. Agora quem vai ter que pagar por isso sou eu, mocinha.” Karina não aguentou e gargalhou alto, assustando os dois.

“Mandou bem, filha, mandou muito bem. Eu teria feito igualzinho.” Karina beijou o rosto da filha. “Vai até ganhar uma sobremesa especial. Depois que tomar banho, porque está fedendo a cocô.”

“Eba.” A pequena correu em direção à casa, deixando os pais para trás. Karina ainda ria, mas Pedro a encarava estarrecido.

“Você acha isso bonito?”

“Acho que ela fez certo.” A resposta rápida fê-lo sorrir.

“E me proteger de uma repórter assanhada é o certo?”

“Para ela, é.” Ela virou para o ex, séria. “Lembra o que conversamos? Sem namoro na frente dela?”

“E se for o nosso?”

“Não começa, Pedro.” Ela se afastou depressa, já que ele ameaçava segurá-la pela cintura. “Tchau, moleque.”

“Ah, esquentadinha...” Ele suspirou ao vendo-a fechar a porta atrás de si. “Se você soubesse o quão está deixando tudo mais interessante.”


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Notas finais do capítulo

Sim, esse capítulo não foi dos melhores, mas um capítulo com a vadia da Vick jamais seria, me esforcei muito para isso. Só para deixar claro que odeio ela e fazer a Clarinha aprontar com a sonsa.

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