Karina estava desesperada para se esconder. Logo no dia em que ela não queria ver a irmã nem pintada de ouro, a garota decide puxar papo com Pedro. Como explicaria aquilo? Como explicaria a raiva que estava sentindo ou até mesmo as lágrimas que escorriam de seus olhos?

– Foi mal, Bia, mas vou me encontrar com o João lá no shopping. Outro dia a gente sai, valeu? - mentiu Pedro.

– Não, tá tudo bem. Sem problema. Deixa pra próxima.

Bia deu uma última encarada na garota de capuz, estranhando por que num calor daqueles um maluco estaria agasalhado e foi embora. Pedro e Karina suspiraram aliviados e se olharam

– Brigado pela força. - disse K, secando as lágrimas.

– Tem a ver com ela, né? - disse Pedro

– O quê? - A garota era horrível para mentir em coisas óbvias assim

– Para de graça. Tem a ver com ela você estar assim, não é?

– É...

– Ei, só fala se quiser e quando quiser. Desculpa se te pressionei.

– Não tem problema não.

Os dois subiram no ônibus e sentaram bem no fundo. Karina pegou seus fones de ouvido e ia ouvir música, até ver Pedro encarando ela.

– Que foi agora, moleque?

Pedro puxou fones pretos e pequenos, perguntando a menina:

– Será que dá pra gente ouvir junto?

Karina conectou o fone e dividiu um para cada um. Pedro fechou os olhos e sentou, mais relaxado. Foi naquele dia que K percebeu o quanto a música influenciava Pedro. As notas eram as únicas coisas que acalmavam completamente o brincalhão hiperativo que o rockeiro comumente é.

Ao chegarem no shopping, a lutadora guardou o casaco na mochila e dirigiu-se às portas, com o menino em sua cola.

– Tá afim de ver que filme, Esquentadinha?

– Sabe aquele novo filme de ação que saiu? O do Stallone, sabe?

– Aham

– Topa?

– Até nisso você é toda agressiva, não é? Beleza, vamos lá!

Pedro e Karina passaram umas duas horas de diversão com o máximo de contato físico sendo eles segurando as mãos em algumas cenas. Saíram completamente animados, comentando todas as cenas que mais gostaram

– E a perseguição do helicóptero, que louco, cara!

– A cena do lança-chamas foi minha preferida

– Combina com você, Esquentadinha

Pedro tomou um soco no ombro, mas pôde perceber o sorriso de Karina se abrindo. Amava fazer ela sorrir

– Tô afim de te esfriar. vamos tomar um milk-shake, Esquentadinha?

– Ok, topo

Enquanto tomavam o milk-shake, sentaram-se na praça de alimentação. Nenhum dos dois disse nada, apenas se encararam. Karina que teve a iniciativa na conversa:

– Obrigado, Pedro. Esse seu apoio hoje foi muito bom, cara, sério mesmo.

– Tá tudo bem, Esquentadinha. Não foi nada.

– Não, cara. Eu tô falando sério. Você não faz ideia do quanto essa folga me fez bem. Esse dia pra mim foi muito importante... - Ela relutou. Queria dizer mas tinha vergonha. Não sabia como dizer e nem se podia sem fazer ele se gabar, mas precisava dizer. Pedro precisava saber. - Você é importante.