– O que você pensa que está fazendo? - disse Karina, fazendo o máximo pra soar o mais indignada possível, apesar de ter gostado do beijo. Ela não deixaria ele se gabar nem se acostumar.

– Desculpa... É que achei que você precisava de uma animada, Esquentadinha- disse Pedro, envergonhado.

– Não me chama de Esquentadinha, palhaço!

– Viu? Já se animou. Afinal, por que você tava chorando?

Karina perdeu o ânimo em seus olhos. Olhava pra baixo e sentia as lágrimas vindo novamente, até que Pedro perguntou:

– Esquentadinha, o problema é comigo ou tem a ver com outra pessoa

Ele segurou a mão dela, encarando aqueles lindos olhos castanhos nos dela. K reuniu coragem para poder desabafar mas simplesmente abriu a boca. Não queria dividir com Pedro, mas não tinha mais ninguém para desabafar. O garoto continuou a encarando e, percebendo que ela não iria falar, suspirou e disse:

– Olha, eu não sei o que te aconteceu, mas que tal sair comigo?

– Tá louco, garoto? De onde saiu essa? - Disse Karina, confusa

– É. Vamos ao cinema, eu e você. Apenas como amigos, eu prometo. Não quero ver você assim pra baixo e acho que pode ser uma boa distração. Lá no lugar você pode tentar conversar. Que tal?

A garota não acreditava no que pensava. Ela não suportava Pedro de jeito nenhum, mas achava uma boa ideia. Aquele beijo distraiu ela por alguns segundos. Ela se sentia tão leve sem aquela dor no peito dela. Agora ela se lembrara de Bianca e Duca e tudo voltou, em dobro.

– Você promete pra mim que vai ser só como amigo?

– Prometo, Esquentadinha. Deixo você arrancar fio por fio do meu cabelo se rolar algo a mais.

Ela sorriu, mas logo fechou a cara. Não ia deixar ele pensar que era o máximo de bom que aconteceu no dia dela.

Os dois foram ao ponto de ônibus. Karina, apesar do calor, usava seu casaco com o gorro por cima da cabeça. Tentava evitar que a reconhecessem, ainda mais com Pedro ao lado dela.

– Tá com dinheiro aí, Esquentadinha? - disse o rockeiro, com um largo sorriso no rosto

– Só pra passagem, desculpa. Espera um pouco aí que eu vou pegar um pouco lá em casa. Vou tentar driblar a Bete

– Relaxa aí ô Esquentadinha. Pode deixar que eu pago pra você. Tenho o suficiente aqui pra nós dois.

– Não se importa mesmo?

– Claro que não. Amigos, lembra?

Pedro dizia isso mas ao mesmo tempo, morria de vontade de beijá-la mais uma vez. Já estava completamente pasmo por ela ter aceitado sair com ele. Estava mais pasmo ainda por só perceber agora o quão linda a Esquentadinha agora. Mordeu o lábio inferior e olhou pra baixo, tentando segurar seu desejo. Bianca viu o garoto acompanhado de uma figura encapuzada, sem saber que era sua irmã. Resolveu convidá-lo já que a todo mundo da Ribalta ia:

– Oi, Pedro, tudo bem? - A pessoa de capuz encolheu-se quando ouviu a voz da garota

– Oi, Bianca. Tô sim, por que?

– É que a galera da Ribalta vai toda pra praia de novo, pra aproveitar que tem novos alunos como você e o pessoal que faltou na primeira vez, tipo a Sol. E aí, tá afim?