Se Karina irritada com Pedro por suas provocações era chamada de Esquentadinha, agora poderiam muito bem chamá-lá de Fornalha. A garota borbulhava de raiva e ódio e, por mais que quisesse destruir a cara da vadia e a de Pedro, segurou-se o máximo possível. O encontro com o rapaz estava indo bem. Algum motivo tinha para ele, subitamente, agir assim. Aproximou-se o suficiente pra ouvir a conversa, mas não o suficiente para eles notarem ela em especial, no meio da multidão.

– Esquentadinha, você sabia que eu gosto muito de você? - dizia Pedro, com uma voz embriagada.

– Sabia sim, Pedro. - dizia a vaca - Vem cá dar um beijo na sua Esquentadinha.

Infelizmente, Karina presenciou o beijo deles, mas já havia entendido. Pedro estava bêbado e confundiu a garota com a K. A piranha, que não era boba nem nada, foi no jogo do roqueiro pra aproveitar. Mas a lutadora não ia deixar isso barato.

Aproximou-se do "casal" e logo se dirigiu à garota:

– Escuta aqui, sua piranha, o Pedro tá comigo e é comigo que ele quer falar, ok? Vê se vaza daqui

– Caraca, aí, eu bebi demais. Duas Esquentadinhas? - disse Pedro.

– Esquentadinha você só tem uma, Pedro - disse a lutadora, seguida de um beijo que fez praticamente a festa toda ficar boquiaberta.

A artista loira retirou-se do local e os dois continuaram a se beijar. Quando se separaram, infelizmente, o clima não durou muito. Pedro vomitou. E o pior, em cima de Karina.

– Porra, cara! Olha a merda que cê fez! - gritou a menina, notando algumas risadinhas das pessoas em volta deles.

– Ops. - disse Pedro, com um olhar bobo em seu rosto.

Por mais que quisesse, não conseguia irritar-se com o rapaz, ainda mais quando a culpa era do álcool, e não dele.

– Vem. Vou te limpar e aproveitar pra tomar um banho.

Karina se dirigiu a seu quarto, levando consigo um cambaleante Pedro. Ao chegarem lá, Karina levou-o até o banheiro, ligou a torneira e começou a limpar em volta da boca do rapaz. Ao deixar tudo limpo, ele diz:

– Brigado, Esquentadinha.

Logo depois, ele tentou avançar para um beijo, mas Karina afastou-se.

– Argh, menino! Tá com um bafo horrível. - disse ela, enchendo um copinho com enxaguante bucal e entregando a Pedro. - Bora, limpa aí.

Depois do garoto cuspir, ela o levou até sua cama e foi ao seu banho. Retirou as roupas sujas, jogando-as em um canto qualquer do banheiro. Enquanto tomava seu banho, lembrava de como os momentos ao lado de Pedro hoje foram bons. Sorriu, enquanto saía e enrolava-se em uma toalha.

Ao sair do quarto, foi ao seu armário, ficando de costas para Pedro. Escolheu umas roupas e pensou. O rapaz estava semiconsciente. Não lembraria de nada no dia seguinte. Abriu um sorriso e tomou uma atitude ousada. Desenrolou a toalha e deixou-a cair no chão, exibindo suas costas nuas ao garoto. Olhou para trás, por cima do ombro e pôde perceber os olhos arregalados de Pedro olhando-a de cima a baixo, mas focando em sua bunda. Aquilo a deixou extremamente excitada. Enquanto colocava a calcinha, o short e a blusa, percebeu que o rapaz balbuciava sons indistinguíveis. Deitou ao seu lado na cama e se aconchegou em seu peito.

– Eu adorei o dia ao seu lado, Pedro.

– Eu também… eu acho que te amo, Esquentadinha. - disse o rapaz, fechando os olhos, cansado - É, eu te amo, Karina.

A lutadora não quis saber se era efeito do álcool ou se o garoto estava realmente falando a verdade. Subiu em cima dele, aproximou-se de seu ouvido e sussurrou:

– Também te amo, Pedro - logo depois partindo para um beijo quente, de desejo. Nenhum dos dois queria saber de largar o outro. A única vontade do casal era aproveitar cada vez mais os lábios um do outro.

Pedro avançou a mão, chegando à bunda de Karina. Isso só incentivou mais a garota. Logo depois, o rapaz separou seus lábios e começou a atacar o pescoço da garota, deixando-a cada vez mais molenga em seus braços, até que ela ouviu o barulho da porta abrindo seguido da voz de João:

– Pedro, cê tá aqui, cara?

Karina virou assustada para a porta e deu um soco na cabeça de Pedro, fingindo indignação para João.

– Eita, tava interrompendo algo? - perguntou o amigo de Pedro.

– Vaza daqui, babaca.

João saiu, rindo, e quando Karina virou-se para Pedro, percebeu que bateu um pouco forte demais. Ela nocauteou o garoto, por acidente.

Como ele era a única coisa que interessava a Karina naquela festa, a garota dirigiu-se para a cama de Bianca. Pegou seus fones e o celular e colocou Let Your Heart Hold Fast. Ela geralmente pulava essa música na playlist, mas o dia com Pedro tinha a deixado no clima de romance. Ela adormeceu logo na segunda vez que o refrão tocava.

O sol batia em seu rosto, quando Pedro acordou. Não só estava com uma dor de cabeça infernal, como também notou que estava em um ambiente estranho.

Esfregava os olhos e foi ao banheiro. Abriu a porta e se deparou com uma surpresa inusitada. No exato momento em que a abriu, Bianca estava saindo do banho, totalmente nua.

– Ai, meu deus, que que cê tá fazendo aqui?! - gritou Bianca, pegando rapidamente a toalha e se enrolando.

Pedro saiu correndo do banheiro em disparada, enquanto gritava desculpas para a irmã de Karina. E enquanto corria, esbarrou logo nela.

– Ai, essa doeu! - reclamou a garota.

– Karina, esse teu namorado é um tarado!

– Foi sem querer, Bia, eu juro - disse o rapaz, desesperado

– Você viu a Bianca pelada?!

– Esquentadinha, foi um acidente, eu tinha acabado de acordar e fui no banheiro. Desculpa, desculpa, desculpa.

– Pedro, acho melhor você sair.

– Mas...

– Vai embora, Pedro.

O rapaz abaixou a cabeça e se dirigiu, silencioso, até a porta, fechando-a com raiva atrás de si mesmo.