– Cara, só você pra inventar essas coisas. Eu tenho medo de me ralar toda, Pedro. - dizia Karina, em cima do skate do rapaz, segurando firmemente em seu braço.

– Esquentadinha, você passa o dia todo surrando sacos de pancada e agredindo um certo roqueiro lindo e maravilhoso, diga-se de passagem, e tá com medo disso?

– Bem, vir até essa praça e aprender a andar de skate contigo não é bem minha ideia de encontro.

– Então você admite que isso é um encontro?

– Nunca, palhaço.

– Olha, eu gosto dessa praça. É agradável, fora que eu achei que seria legal você aprender a andar. A gente fica juntinho, sabe?

A garota sentiu seu rosto corar. Olhou para os lindos olhos castanhos de Pedro e derreteu-se completamente. Como ele conseguia fazer aquilo com ela. Só de a encarar ficava nervosa e queria impressioná-lo. Por este motivo que, naquele momento, ela escorregou do skate e Pedro a segurou. Continuaram a se fitar, até que o garoto diz:

– E aí, quer passear ali na praia?

Karina apenas assentiu, mas o rapaz ainda assim sorriu. Gostava até mesmo de deixá-la envergonhada. Caminharam alguns minutos na beira da praia, em silêncio, até que K disse:

– Ei, Pedro, tá rolando uma festa lá na minha casa hoje. Você tá afim de ir lá?

– Primeiro me convida pra um encontra, e agora pra sua casa? Cê tá bem, Esquentadinha?

– Argh, moleque, eu tô tentando fazer um negócio bacana e você teima em me provocar, hein.

– Tá, desculpa... que que você acha da gente comer um lanche aqui num quiosque e depois a gente vai na festa?

– Poxa, logo quando eu tava me acostumando a ser mimada pelo chef Pedro? - disse Karina, rindo.

– Olha, se quiser o chef Pedro te faz uma incrível pipoca de microondas.

– É, é melhor ir no quiosque - disse a menina, fazendo cara de nojo.

Ao chegarem lá, pediram um lanche qualquer e Pedro virou para K, perguntando a ela:

– Seu pai não se importa com essa festa não?

– Claro que não. Foi a Princesinha dele que pediu pra fazer a festa.

– Você ainda tá bolada, né?

– Sabia que eu já desencanei um pouco disso? Eu quero que eles façam o que quiserem. Hoje foi muito engraçado ver a cara de tacho do Duca. Fora que tenho companhia melhor. - Disse a garota, olhando Pedro, que corou.

– Por que que ele ficou com cara de tacho?

– É que eu virei pra ele e disse que vinha num encontro.

– Admitiu! HÁ! - disse ele, apontando para o rosto da lutadora, enquanto ela revirava os olhos.

– Tá bom, estamos num encontro. Feliz? Pode tentar agir mais sério alguma vez na vida? Não é do meu feitio esse tipo de coisa mas eu tô me esforçando, poxa.

Pedro ficou pasmo. Então ela realmente queria um encontro a sério com ele? O garoto logo depois se envergonhou pela atitude infantil e decidiu compensar. Aproximou os lábios dos dela, segurou seus cabelos loiros com a mão esquerda e segurou sua cintura com a direita. A garota deixou-se levar pela pegada do roqueiro e logo correspondia àquele beijo tão quente.

– Desculpa, Esquentadinha. Eu não queria estragar esse encontro. - disse Pedro, com o nariz colado no dela.

– Não estragou, seu bobo - respondeu a lutadora, logo prosseguindo para um beijo.

Depois de se separarem, lancharam.

– Esquentadinha, não quer ligar pra Bianca pra conferir se a festa tá rolando mesmo?

– Tá, pera.

Karina ligou para a irmã, mas o celular só chamou e chamou. Isso era, pra Karina, um indício mais que o suficiente que a festa não só estava rolando como também estava bem agitada.

– Vamos pro ponto que tenho certeza que a festa tá rolando.

No ônibus, a caminho da casa de Karina, Pedro tomou a liberdade de envolver Karina em seus braços e dar selinhos na garota que, apesar de não estar acostumada com tanto carinho, correspondia.

Ao chegarem, logo notaram que a festa estava bastante agitada. Ambos tentaram ficar juntos a maior parte do tempo.

Pedro encontrou o João que disse:

– Caraca, cê saiu com a Esquentadinha? Quebrou o que agora?

– Quebrei barreiras, meu amigo Johnny. Saca só - disse, virando-se para Karina e lhe dando um selinho.

– Eita! E tá inteiro? Que isso, hein. Chega aqui, bora aproveitar que a bebida é liberada.

– Esquentadinha, eu já volto. Vou ali com o João rapidinho.

– Tá, tá tudo certo. - disse Karina sorrindo, mas um pouco enciumada.

Alguns minutos depois, viu Lírio aproximar-se dela, com aquele olhar ridículo no rosto, pensando que é galã.

Prevendo o que viria a acontecer, K afastou-se e partiu a procura de Pedro, apenas para encontrar o garoto todo cheio de amores com alguma piranha loira da Ribalta.