Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 8
Capítulo 8 - Seu protegido é tudo que tens


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse capítulo a @cacamaresca, minha melhor amiga e a garota que lê a maioria dos meus livros e está lendo essa fanfic



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Hoje era o nosso último dia no hotel, eu teria que acompanhar Bill para a França, eu estava tão eufórica, nunca tinha ido para lá. Ele não teve que pagar nada pelo estrago no quarto, afinal pensaram que foi alguma tempestade que estava para vir que abrira a porta da cobertura e fez todo aquele rebuliço. Sem contar as luzes que piscaram no hotel inteiro. Eles apenas se desculparam pelo ocorrido como se fossem os culpados.


Preferi assim, não queria causar mais transtornos do que eu já havia causado, principalmente depois de receber outra carta de Deus, dizendo que eu devia me comportar e evitar sentir tanta raiva. E ele falou que foi nobre o que Bill fez, ter me dado outra chance para ajudá-lo e que eu devia aproveitar isso ao máximo.


Eu estava me esforçando, mas tudo isso era complicado. Estava passando por mais problemas na morte do que na minha vida e sei que isso era culpa minha, teria que concertar tudo de errado. Mas não era tão fácil quanto parecia.


No avião, ele estava bastante vazio, tínhamos ido cedo para ele e não estava tão lotado de gente. Em uma fileira de três cadeiras se sentaram Gustav, Georg e Tom e na da frente estava Nathalie, Bill e eu. Para todos, a cadeira que eu ocupava estava vazia, mas mesmo assim ninguém se propôs a sentar lá, nem mesmo David. É simplesmente como se todos soubessem que não deviam se sentar onde estou. Se eu já não fosse um fantasma, sentiria medo.


Mas o ruim é que tive que ficar quase o tempo todo calada, apenas os ouvindo falarem. Só consegui finalmente poder falar algo com o Bill quando todos caíram no sono. Claro que tive que verificar em que nível sonolento eles estavam, afinal eles podiam acordar a qualquer minuto.


– Acho que finalmente vou poder falar – eu disse sussurrando para Bill, não queria que ele desse um pulo enorme na poltrona e acordasse Nathalie. Mas ele acabou dando do mesmo jeito e só a ouvi murmurar um pouco, antes de encostar a cabeça na janelinha – Não faça estardalhaço seu imbecil!


– Desculpa – ele disse baixinho o suficiente só para eu ouvir – É que eu tinha esquecido que você estava aí, você estava em silêncio faz tempo.


– É que agora todo mundo está dormindo e posso conversar com você, se não antes você teria que apenas ficar me ouvindo e isso não é legal. Então, não tem um filme melhor? – eu disse apontando para a pequena televisão onde passava Crepúsculo, antes de eu morrer tive que assistir umas vinte vezes, por que minha colega de quarto era viciada.


– Ah, eu amo esse filme – ele disse parecendo um garotinho apaixonado. Que deplorável – O amor entre os dois é tão bonito. Sempre quis ser um vampiro.


– Bonito? – eu exclamei enojada – Não vejo nada de bonito nisso. Uma garota débil mental apaixonada por um vampiro obsessivo e bipolar. Dormi todas as vezes que assisti praticamente. Cadê a ação? Cadê os tiros? E o suspense? Não há nada.


– É um filme de amor, filmes de amor não têm esse tipo de coisa. Não é minha culpa que você é insensível.


– Não sou insensível, eu assisto romances. Mas um filme só de romance enche o saco, tem que ter algo que os impede de ficar juntos e não vejo nada.


– Ele é um vampiro, ela é uma humana, isso já os impede – ele disse como se isso fosse algo lógico – Além dos vampiros que persegue ela no final.


– É só ele sugar o sangue dela e pronto, acabou o problema. E eles acabam com os vampiros no final, pelo menos um deles, mas com certeza vão acabar com os outros depois – eu disse dando de ombros.


– Ele sabe que isso vai ser ruim para ela, não quer acabar com todos os sonhos que ela pode ter pela frente.


– Ah, claro, eu vejo claramente que ela não quer virar uma vampira – eu disse com meu sarcasmo atacando – Ela louca para ser mordida e ele sem saber o que fazer. Ele não sabe o que quer da vida.


– Você estraga o filme de todas as pessoas assim? – ele disse me olhando bravo.


– Só daquelas que merecem, não é garoto vampiro? – eu disse rindo – Vai querer ser perfeito igual ao garanhão ali? Não existem pessoas perfeitas.


– Sei que não existem, mas filmes são para isso, para que mesmo que não existam pessoas assim, pelo menos em algum lugar você pode encontrá-las. Às vezes me imagino vivendo tudo isso que eles vivem em filmes – ele disse daquela maneira que eu odeio. Daquele jeito que faz seus olhos brilhar e ficarem vagos de repente, como se estivessem me vendo, mas ao mesmo tempo estavam longe.


– A vida não é um filme, Bill – eu disse me sentindo triste por tê-lo magoado. Ele era dois anos mais velho que eu, mas as vezes ou parecia maduro demais ou infantil demais. Ele era uma série de controvérsias – Você não vai encontrar a pessoa certa como eles encontram, nem vai passar maravilhas do lado de uma pessoa.


– Mas é bom do mesmo jeito, não é? Eu tenho me esquecido como é gostar de alguém, só que antes de você morrer, estava apaixonada. Como que era? – ele disse com uma expressão triste. Por um momento pensei em mandá-lo calar a boca e para ele voltar para seu filminho chato.


– Ah... bem... era bom de certa forma – eu disse engasgando com as palavras – Você sente como se estivesse completa e que tudo está bem, mesmo que na verdade não esteja. E que você pode amar a pessoa mesmo que ela esteja coberta de gosma ou algo do tipo... e cada mania da pessoa é apreciada por você como se fosse algo mágico. Mas isso tudo é besteira, quando você acordar e vê como a pessoa é de verdade, percebe que apenas caiu em uma armadilha.


– Não é uma armadilha, é que apenas não deu certo. Acho que você está pior que eu em desilusão, Vig – ele disse me chamando por meu apelido, isso me fez piscar várias vezes.


– Não estou desiludida – eu disse brava – E não me chame de Vig, é Hedvig para você, garoto vampiro. E pare de perguntar sobre minha vida, ela já acabou, eu que tenho que saber sobre a sua. Se não percebeu, preciso te ajudar e não sei nada sobre você.


– Tudo bem – ele disse dando de ombros e virando o rosto para olhar novamente a televisão – Pergunte o que quiser.


– OK... qual seria a garota perfeita para você? Assim fica mais fácil para eu localizá-la.


– Não tem um perfil, eu não me importo com a cor de cabelo ou como ela deve ser. Acho que isso muda tudo quando você encontra a pessoa certa – ele disse falando secamente e sem ao menos olhar para mim. Incrível como conseguimos nos odiar tão rapidamente. Acho que isso tem dedo meu. Talvez.


– Caramba, isso ajudou muito – eu disse sem conter o sarcasmo novamente – Vai ser fácil achar alguém assim. Pelo visto, vou ter que contar com a sorte mesmo, não há jeito de eu conseguir encontrar alguém que se encaixe com você. Mas pode existir, não estou te desmerecendo. Se essa tapada do filme achou alguém, você também acha.


Ele apenas murmurou algo ilegível e deu de ombros, continuou a assistir ao filme sem falar nada. Ótimo, como sou tão má assim? O deixei magoado por que sou uma perfeita idiota. Mereço um soco na cara para parar de dizer besteira. Na verdade acho que mereço dois socos, e mais um de graça só para que eu cale definitivamente minha boca.


– Hey, Bill, não fique assim – eu disse o chacoalhando – Prometo não falar mais do seu filminho bobo. Você é melhor que ele, ouviu? Olha para o seu mega topete, vence o dele em altura e tudo mais. E você é até mais branco que ele, pelo visto o vampirão andou tomando sol demais.


Então ele olhou para mim e riu do que eu disse. Ele riu! Eu nem acreditei que tinha conseguido, foi tão fácil... talvez eu devesse ser assim. E eu estava feliz por ele ter sorrido da mesma forma que eu ficava triste quando eu percebia que o havia ferido por dentro. Acho que isso é a conexão que se estabelece entre o anjo e seu protegido.


– E você é mais romântico que ele também, fala sério, enquanto ele a levou a aquele restaurante meia boca, tenho certeza que você podia levar sua namorada em um segundo para ver a Torre Eiffel a noite ou algo melhor ainda. Quem precisa de caninos quando tem alguém que veste Dior?


– Acho caninos mais legais – ele disse ainda rindo, mas se controlando, afinal ouvi alguém murmurar atrás de nós.


– Acho Dior mais legal.


– Se a garota estiver interessada em minha conta bancária...


– Até parece que a tapada do filme está interessada nele, ela está de olho na mansão, claro – eu disse rindo – E no carro também. Tem que pensar nos bônus.


– There’s no real love in you – ele cantou baixinho. Olhei para ele tentando entender o que ele falava, era inglês, mas eu sempre dormia nas aulas de inglês...


Tudo bem, não pode ser nada ruim, não é mesmo? Será que ele está me xingando? Maldito macumba de galinha!


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