Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 46
Capítulo 46 - Sonhos se realizam é só querer




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– Hedvig, nem pense em carregar essa caixa! – minha mãe exclamou enquanto eu tentava carregar a caixa do forninho para a cozinha, para assarmos pãezinhos – Você sofreu um acidente e não pode ficar se esforçando!


– Calma, mãe! – eu disse brava – Isso nem pesa tanto!


– Deixa que eu levo para você – Bill disse tirando da minha mão – Sua mãe tem razão, não pode se esforçar.


– Você também! – eu exclamei bufando – Estão de complô contra mim?


– Claro que não, querida – minha mãe disse me abraçando – O Billzinho é um cavalheiro e também sabe o que é melhor para você.


Lá estava minha mãe babando pelo meu namorado, isso é incrível! Simone também estava na cozinha, ajudando a minha mãe a preparar a ceia de Natal, rindo animadamente do que minha mãe dizia. Nem acreditei quando a mãe de Bill me abraçou, ela disse que eu era bem-vinda na família e que ela estava feliz por Bill ter me escolhido como a namorada dele.


Gordon – o padrasto de Bill –, meu pai e o Senhor Sjodin estavam cantando animadamente enquanto bebiam mais um copo de conhaque, pelo visto já estavam bêbados! Mischa e Tom estavam sentados em um canto com Joe atrapalhando eles sempre que se beijavam, afinal Joe não parava de falar que iria se casar com Mischa e que Tom estava atrapalhando seus planos.


Eu estava sorrindo por dentro ao ver todos felizes, tudo parecia bem de verdade agora. Claro quando meus pais souberam do acidente, tiveram um surto, mas tudo logo ficou bem quando Bill me levou para Luleå junto com sua família, dizendo que esse Natal, todos nós passaríamos juntos. Foi bem engraçado ver a reação dos meus pais quando Bill chegou, meu pai não tinha ido muito com a cara dele já que ele era meio excêntrico, mas minha mãe caiu de amores por ele depois de ele tê-la ajudado quando ela derrubara um monte arroz no chão.


Freya estava em um canto da cozinha, balançando o rabo e esperando que algo mais delicioso do que arroz caísse no chão. Ela sempre encrencava com várias pessoas, mas não estava calma na presença de estranhos, talvez ela sentisse que não precisava ficar brava, que tudo estava bem.


– Como se sente? – Bill perguntou me abraçando – Não está sentindo dores?


– Não muitas, só um pouco de dificuldade de respirar, mas tenho minha bombinha! Acho isso um saco se quer saber, mas pelo menos respiro melhor – eu disse lembrando que bombinha geralmente é coisa de nerds ou chatos como a Walleska Wolff – Mas deixe isso para lá, me ajude a subir as escadas que tenho algo para te mostrar.


– Tudo bem – Bill disse passando o braço em volta de mim para se servir de apoio.


Depois de subir um bom lance de escadas para o meu quarto – onde Bill ficou maravilhado ao descobrir todas as minhas miniaturas de quem eu sempre falava –, perto da janela havia algo coberto com um lençol branco. Andei até lá e o mandei se aproximar, então tirei o lençol, mostrando finalmente o meu quadro.


Lá estava uma réplica exata de um dos olhos que mais me prendiam em toda a face da Terra, com suas voltas oblíquas, as cortinas de cílios compridos, sem contar a cor da pupila da cor de um castanho esverdeado. Mas como eu era fã de surrealismo, era só se aproximar para notar que os riscos na íris eram na verdade como degraus de uma escada que levava para a “pupila” como se fosse um lugar fundo e indeterminado.


– É o meu olho – ele disse atônito – O que significa?


– Significa que é um olhar importante, daqueles que te tragam, que te fazem se  sentir perdido e te atraem pelos degraus, descendo lentamente até ser preso bem no fundo dele. Quando você olha para eles, pode ter certeza que é como se pudessem saber o que você pensa ou sente, simplesmente não consegue tirar os olhos, mas às vezes é difícil de olhar, com medo de se sentir mais preso ainda. É um calabouço onde eu sempre gostaria de ficar.


 


– Fascinante! – exclamou a Senhora Champoudry, que para meu desconforto era nada menos e nada mais que a velha que usava o suéter da Ralph Lauren na festa em que Bill e eu estávamos trancados no banheiro – Isso é incrível! Realmente amei esse quadro e o modo como você o detalhou, mostra que colocou sentimento nele. Consigo me sentir dessa forma que você falou, quando olho para ele.


– Que bom que a Senhora gostou! Esse quadro é muito importante para mim!


– Eu sei, se trata do garoto que você estava pegando no banheiro – ela disse me olhando enquanto abaixava os óculos para a ponta do nariz. Senti um medo tomar conta de mim, será que ela não deixaria entrar na Academia de Belas Artes por que me achava indecente? – O tal vocalista daquela banda, eu vi os olhos dele, ele arregalou bem quando me viu no banheiro aquela vez.


– Nós ficamos presos no Box por que tentávamos limpar meu vestido que se sujara de champanhe – eu disse tentando me justificar.


– Não precisa mentir, quando eu tinha a sua idade, eu fingia que ia rezar e ia para a Notre Dame só para se encontrar com um cara que eu era apaixonada. Acho que foi graças a ele que me apaixonei pelo mundo das artes, pelo visto aconteceu o mesmo com você.


– Sim, ele está me apoiando de verdade – eu disse sorrindo.


– Senhorita Nondenberg, eu ouvi falar de você, abandonou diplomacia em uma faculdade renomada da Suécia para vir tentar artes plásticas. Acho que não é o talento que diferencia uma pessoa das outras, é a dedicação e o amor, e tenho certeza que é isso que você tem pela arte. A Academia de Belas Artes vai ficar muito feliz de recebê-la como nossa nova aluna!


– Quer dizer, que fui aceita? – eu exclamei pulando da cadeira.


– Sim, parabéns! – a Senhora Champoudry saiu da sua cadeira e veio me dar um abraço. Quem diria que eu estaria abraçando ela algum dia? Isso me soa realmente irônico!


A Senhora Champoudry pegou o meu quadro e colocou em um dos corredores da Academia e disse que ia mandar fazer uma placa especial com meu nome embaixo. O Calabouço, como eu o chamava, estava agora praticamente em exposição! Diversos alunos olhariam para ele e sentiriam como eu me sinto, apreciariam minha arte e irão me olhar com admiração quando soubessem quem eu era.


Simplesmente saí pulando dali, feliz da vida por ter conseguido o meu sonho! Precisava gritar para o mundo ouvir que tudo havia dado certo, eu fui capacitada! Lá na frente da Academia, encostado em um carro preto, estava Bill com uma jaqueta de couro e óculos de aviador, na maior pose de bad boy, me esperando. Eu voltei para trás para esconder o meu sorriso e evitar que ele soubesse o que havia acontecido.


– E então como foi? – ele disse tirando os óculos e me olhando preocupado.


– Eu... eu... – eu disse tentando fazer cara de quem ia chorar, mas não consegui, logo meu sorriso descarado já estava contando a verdade antes mesmo de falar – Eu passei! Eu consegui!


Corri até ele e Bill me abraçou, me girando e gritando junto comigo. Nós havíamos conseguido! Juntos nós conseguimos mudar nossa vida de ultra chata para mega empolgante.


– Preciso contar para meus pais! Eles vão pirar quando souberem – eu disse animada quando Bill me soltou – E também para Mischa, mas vou fazer depois da apresentação dela. Vamos estar na primeira fila aplaudindo ela quando ela atuar em Os Miseráveis!


Sabe, não importa que daqui há umas semanas vai começar a turnê do Tokio Hotel e que só vou ver Bill depois de um tempo, acho que vou conseguir esperar por ele, leve o tempo que levar. Nosso amor já superou tanta coisa, que com certeza vai superar a distância, só queremos que nossos sonhos se realizem, algo que também é muito importante.


E sabe de uma coisa? Esses dias me contaram que Lukas também abandonou a faculdade e que ele conseguiu um emprego na NASA! Pelo visto algo naquela cabeça oca dele funciona. Mas isso que é importante, o tempo todo tem pessoas nos pressionando a sermos o que não somos, temos que simplesmente não ligar para o que elas pensam, temos que acreditar em nós mesmos! Não se pode desistir, mesmo que digam que somos incapazes, temos que ir atrás e mostrar a todos o que podemos fazer!


E o meu futuro? Simplesmente não vou me preocupar com ele agora, acho que meu presente precisa de muito mais dedicação, quero viver o meu agora e o depois, vou ver o que eu faço!


Sou Hedvig Nondenberg de Paris, e ficamos por aqui! Câmbio, desligo.


 


Eu posso guiar até tua casa?


Eu posso entrar na sua vida?


Você pode consertar a minha queda?


Pode quebrar meu coração esta noite?


 


Alguns anjos não choram


E nós somos, e nós somos


Apenas dois deles


E nós estamos a cair pelo céu


E esta noite


 


Vou descer com você


Beijos abençoados esperam


Vou descer com você


Bom quarto, desejos desaparecem


 


Correr para me entregar nos seus braços


Os sonhos podem ser um ponto de vista


Eu vou pra baixo, para baixo e para cima com você


Vou para baixo com você


 


Eu vou fazê-la se sentir em cima


Com o meu vazio esta noite


Consigo aguentar a sua cabeça,


Nós estamos a cair para a luz?


 


Porque os anjos caiem


E nós somos e nós somos


Apenas malditas almas


Mas o céu quando nós morrermos


E esta noite


 


Nós somos, nós somos


Os anjos não choram


Duas almas que colidem


Venha para mim


 


(Down on You – Tokio Hotel)


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Notas finais do capítulo

AHHHHHHHHHHHHHHH ACABOU T^T