Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 45
Capítulo 45 - O sorriso é o Sol de alguém




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Tudo bem, eu sentia dores, isso é mau. Pensei em voltar a dormir, talvez nos meus sonhos eu não sentisse isso, mas eu decidi que o melhor era abrir os olhos. Como tudo estava fosco! Parecia que eu havia bebido litros de álcool e acordei no dia seguinte depois de uma ressaca daquelas. Eu me sentia meio grogue e parecia que meus músculos tinham se transformado em gelatina. Vamos com calma, tente mover um dedo... consegui! Agora levante a mão só um pouco... espere um momento, tem algo em cima da minha mão!


– Hedvig? – uma voz ao meu lado me fez dar um sobressalto, então virei meu rosto de lado e lá estava Bill – Você está bem? Meu Deus! Como se sente?


– Me sinto estranha – eu disse com uma voz rouca, havia um caninho na minha garganta, que coisa desconfortável! – Onde diabos eu estou?


– Você sofreu um acidente – Bill disse se levantando e falando rapidamente – Eu fiquei tão preocupado quando vi que a pessoa naquele carro era você! Não sabia o que fazer, não sabia nem falar francês! Tive que ligar para Mischa para mandá-la chamar uma ambulância o mais rápido possível, pois por um momento pensei que tinha morrido!


– Acho que vaso ruim não quebra – eu disse tentando me ajeitar na cama e uma dor daquelas me atingiu o peito – Ah, caramba! Posso não quebrar, mas com certeza trinquei!


– Não faça tanto esforço! – Bill disse preocupado, me ajudando a me deitar em uma posição melhor – Uma ferragem acabou perfurando seu pulmão direito, fizeram uma cirurgia em você, mas você ainda precisa repousar para melhorar.


– E meus pais? Eles sabem que a filha irresponsável deles quase morreu?


– Não, não tive coragem de contar ainda, pedi para Mischa um tempo. Queria que você melhorasse para que eles não tomassem um susto tão grande, mas tive medo de ter que contar uma notícia ruim para eles. Você não devia ter feito isso! O que você teve na cabeça quando jogou o carro na minha frente?


– Eu tinha que te salvar, não podia deixar que morresse! Foi a melhor coisa que eu pude fazer em alguns segundos, acho que foi algo digno do filme Duro de Matar. Vou tentar pegar o papel do principal da próxima vez.


– Não brinque com coisas sérias – Bill disse passando a mão em meus cabelos e os ajeitando, percebi que havia um curativo na testa dele, pelo visto eu não tinha conseguido deixá-lo intacto – Mas por que você voltou? Quero dizer, você não ia para a Suécia?


– Tudo bem, pode me socar, mas soque bem forte, entendido? Eu posso aguentar. Eu sou a pessoa mais estúpida da face da Terra, se não, do universo. Como eu pude pensar isso, meu Deus! Preciso pedir perdão de joelhos, me deixa tentar levantar – eu disse tentando me sentar, mas vieram mais dores e eu caí de novo na cama – É, não dá agora, mas eu faço isso depois. Bill, eu não devia ter abandonado você nem meu sonho, só por que um idiota me disse que isso não era o certo, o que eu tinha na cabeça?


– Está tudo bem – ele disse simplesmente, piscando várias vezes.


– Bill, pare de ser bonzinho e me xingue agora – eu disse olhando brava para ele – Vai, aproveita que eu não posso fazer muita coisa e me dá um soco ou um chute se preferir, por que essa sua bota de ponta fina vai fazer um estrago em mim.


Então o maldito se aproximou e me beijou, não foi um beijo de língua por que com aquele caninho na minha goela não dava para investir nisso. Mas ele envolveu meus lábios carinhosamente e depois se afastou de mim.


– Pronto – ele disse sorrindo levemente.


– Falei para me xingar, não para me fazer agrados! Xingue-me de burra, hipócrita, traidora, fraca, covarde, vamos lá!


– Tudo bem – ele disse bufando – Hedvig, você foi uma burra, hipócrita, traidora, fraca e covarde. Mas todo mundo é assim alguma vez na vida, no seu caso várias vezes, só que é isso que eu gosto em você.


– Gosta que eu seja burra, hipócrita, traidora, fraca e covarde? – eu perguntei atônita.


– Não, é de você voltar atrás quantas vezes precisar. Não importa quantos erros você cometa, sempre está disposta a concertá-los. Tem pessoas que simplesmente fogem do passado, achando que ele não é importante, mas é dele que temos que tirar as aprendizagens para fazer nosso futuro melhor. Eu li isso em algum lugar alguma vez – ele disse rindo logo em seguida.


– Tudo bem, então eu quero sair daqui o mais rápido possível, não estou a fim de passar meu Natal deitada nessa cama. Prefiro enfrentar sua família a isso, quero dizer, se você me quiser na sua família, por que depois do que eu fiz, eu mereço é ser jogada no Rio Sena.


– Hum... vou pensar – ele disse levantando a sobrancelha e tirando o meu anel do seu bolso – Afinal o que vou fazer com esse anel? Acho que tem um dedo que precisa mais dele do que eu.


– Também acho – eu disse rindo e tentando levantar a minha mão, então Bill a pegou e colocou o anel de volta no meu dedo anelar – Que dia é hoje afinal?


– Segunda, você ficou em coma por três dias, falaram que no mínimo ficaria de uma a duas semanas.


– Ah, não! Não terminei meu quadro e perdi a chance de falar com a diretora da Academia de Belas Artes!


– Eu liguei para lá avisando que você não poderia ir hoje por que sofreu um acidente, os avisei para marcarem outro dia, no meio de Janeiro onde você estará mais preparada.


– Sério? – eu exclamei feliz da vida – Acho que até lá, eu terei terminado o quadro! Na verdade só faltam alguns acabamentos e pronto.


– Estou ansioso por vê-lo! Mischa veio aqui mais cedo e disse que eu iria adorá-lo. Será que tem algo a ver com o que passamos?


– Sobre anjos, Inferno e Céu eu quero ficar longe por um tempo! Também acho que pintar Paris era algo clichê demais, então me baseei em outra coisa, logo você vai saber. Quando terminar, eu te mostrarei.


– Mas o que aconteceu enquanto você estava em coma? Você se lembra de algo? – Bill perguntou curioso.


– Não, que eu me lembre não aconteceu nada – eu disse tentando me recordar de algo, mas só me lembro de alguns sonhos confusos que eu tive como eu sentada em cima de um armário... estranho!


– Acho que tenho que agradecer a alguém lá em cima, por que enquanto você esteve aqui, eu nunca rezei tanto na minha vida. Eu pedi a ele para lhe dar outra chance, para voltar para mim... acho que ele ouviu.


– Você não era ateu? – eu perguntei pasmada.


– E você não era um anjo? Acho que se isso não me mostra que há algo acima de nós, então não sei que prova vou precisar para acreditar nisso.


– Bem... acho que Deus é um cara legal – eu disse pensativa olhando para a televisão – Liga a TV? Será que está passando algum seriado legal? Ouvi falar sobre Grey’s Anatomy, sabe?


Por mais que meu peito estivesse doendo, por mais que tivesse um caninho na minha goela, por mais que eu estivesse presa naquela cama, tudo parecia incrivelmente feliz. Até o branco das paredes parecia mais vivo hoje do que qualquer dia. Bill havia me perdoado, eu iria visitar a família dele – e espero sobreviver –, vou passar na Academia de Belas Artes e se eu não passar simplesmente vou tentar por conta própria virar uma grande artista. Nada iria tirar meu sorriso.


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