Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 43
Capítulo 43 - Minha vida pela sua




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O táxi parou na frente do hotel de Bill, peguei a minha maldita mala e corri até o Hall o mais rápido possível, me choquei com algumas pessoas e uns turistas que me xingaram em uma língua que eu não sabia. Nada disso importava, eu tinha vinte cinco minutos antes de algo acontecer.


– Por favor, moça – eu disse desesperada – Pode ligar para o quarto de Bill Kaulitz e verificar se ele está lá?


– Qual o seu nome? – ela perguntou secamente.


– Faça o que eu estou mandando, é caso de vida ou morte, rápido! – eu disse com raiva.


Ela se assustou e fez o que eu mandei, ligou várias vezes, mas ninguém atendeu. Ele não estava lá, meu Deus!


– Ligue para o irmão dele, o Tom Kaulitz!


– Tudo bem, calma... – ela disse discando o número do quarto dele – Alô? Senhor Kaulitz tem um garota aqui querendo falar com...


– Passa isso para cá já! – eu disse puxando o telefone da mão dela – Tom? É a Hedvig! Você sabe onde está o Bill?


– Hedvig! O que? Ele não foi para o seu hotel? Ele disse que ia te ver – ele disse sem entender nada.


– Então ele não voltou? – eu disse tentando me acalmar para não assustá-lo.


– Que eu saiba não, mas o que está acontecendo? Você parece preocupada!


– Tom, você tem algum carro aqui? Algum carro que possa me emprestar por algum tempinho?


– Tem o do hotel que eu aluguei, a chave está com eles. Mas me fale o que está acontecendo! Vocês brigaram?


– Fale com a atendente, diga a ela para me emprestar o carro, rápido! – eu disse olhando para o relógio que agora marcava seis e meia.


Eu entreguei o telefone a ela que me olhava sem saber o que fazer, pelo visto, Tom a mandara fazer o que eu pedira, por que ela desligou e me entregou as chaves do carro alugado. Deixei minha mala ali mesmo no balcão e corri direto para o estacionamento, tentando procurar o carro certo, só descobri quando apertei o alarme dele.


– Preciso me apressar! Meu Deus do Céu! Me ajude, eu imploro – eu disse abrindo a porta do carro e entrando nele.


Foda-se policiais, eu arranquei com tudo e acelerei para longe do hotel, eu precisava ir para a Champs Elysées, que não ficava muito longe de onde eu estava só tive que evitar um trânsito que estava em uma das ruas adjacentes por causa da neve. Eu nem conseguia mais respirar enquanto olhava para o relógio, já era seis e quarenta e cinco minutos e eu nem chegara ao meu destino.


Então finalmente os carros conseguiram passar e eu acelerei mais ainda, tentando passar por eles. Quase que bati em outro carro quando fui fazer uma virada brusca, mas eu não estava com medo de ter que pagar qualquer coisa, o que mais me importava era Bill.


Quando finalmente consegui chegar a Champs Elysées, já era seis e cinquenta e seis minutos, ela não estava muito cheia, a maioria dos carros estavam estacionados. Agora eu estava indo com calma, tentando procurar o carro de Bill, mas não conseguia encontrá-lo em nenhum lugar.


– Senhorita – disse um guarda parando o carro, pensei que ele fosse me multar ou me apreender por ter acelerado lá trás – Cuidado com a primeira esquina, acabamos de tirar neve de lá e está bastante escorregadia, pode acontecer um acidente.


Acidente. Eu disse obrigada a ele e parti para a primeira esquina, com o coração batendo conforme o ponteiro de segundos do relógio. Faltavam dois minutos! Onde ele está? Onde? Então há alguns metros eu vi a Mercedes prateada, imponente e acelerada indo bem em direção a primeira esquina. Ele não sabia que a pista estava escorregadia!


Pisei no acelerador e usei toda a velocidade que eu podia para chegar até ele, não fazia ideia de como pará-lo, só queria mais tempo para saber o que fazer. Cada vez mais eu estava mais perto dele, abaixei o vidro, tentando ver se eu conseguia falar com ele caso conseguisse me aproximar mais. Então lá estava a primeira esquina com o semáforo vermelho, vi que Bill tentou brecar, mas a pista estava escorregadia.


Se quando o lustre quase caiu em cima dele, eu vi tudo em segundos, dessa vez eu vi tudo em microssegundos. Ouvi uma buzina vindo do lado direito e lá estava um enorme caminhão de cargas, mas ele também não conseguiu brecar por causa da neve, então tive que tomar a decisão mais rápida da minha vida.


Acelerei o máximo que o carro podia e consegui passar o carro de Bill, então virando o volante com tudo para o lado esquerdo eu passei na frente dele. Senti o metal do meu carro riscar todo o outro carro, o empurrando para longe, fora do alcance do caminhão. Nem acreditei quando deu certo, minha única preocupação era que ele não se machucasse por causa da batida.


Mas minha felicidade sumiu rapidamente quando percebi que meu carro não brecava, que a neve o levava para longe enquanto eu tentava desesperadamente parar. Um arrepio passou pelo meu corpo quando a Catedral de Notre Dame soou o seu sino batendo sete horas. Bang-bang-bang-bang-bang-bang-bang. Por um momento pensei que a luz ao meu lado direito fosse algum enfeite natalino, mas eram duas bolas de luz que se aproximavam mais e mais conforme uma buzina aumentava.


O carro foi arrastado pelo caminhão, ele acertou com toda a velocidade amassando-o todo, conforme não conseguia brecar. Todo aquele metal que antes era um automóvel foi virando algo retorcido, alguma arte louca de algum artista que simplesmente não conseguia segurar seus instintos. Havia vidro por todos os cantos e o impacto foi enorme, senti meu corpo ir com tudo para o lado enquanto minhas mãos seguravam firmemente no volante.


Quando eu havia explodido, tudo foi muito rápido, não cheguei a sentir nada e quando vi estava na cozinha toda preta e pegando fogo. Eu havia morrido e meu corpo estava há alguns metros de onde eu estava, todo carbonizado. Um anjo da morte que teve que me acudir por que fiquei desesperada no primeiro momento, sem saber o que havia acontecido.


Morrer em um acidente de carro é tudo lento demais, você é capaz de ver em segundos tudo se transformar em sucata com você lá dentro. Seus sentidos parecem ficar mais apurados e antes que você perceba, está morrendo lentamente, sua mente vaga, mas fica lúcida ao mesmo tempo. Só sei que um dos meus últimos vislumbres foi uma olhada pelo espelho retrovisor, onde vi Bill saindo inteiro do carro e tentando descobrir o que havia acontecido. Ele estava bem.


Tudo fica mais apertado conforme os segundos se prolongavam, então senti uma fisgada no lado direito do peito, senti o lugar ficar quente de repente, havia uma mancha de sangue enorme escorrendo pelo meu corpo. Não houve sangue da última vez, isso parece ser tão cruel. Talvez eu mereça algo desse tipo, mais cedo eu não falei que merecia morrer por ser uma idiota? Aqui estou eu levando o que realmente merecia. Meu coração precisava sangrar igual ao dele, precisava sentir o que eu causara nele.


Senti que tudo chacoalhava, pelo visto o carro rolara metros e metros pela Champs Elysées, só eu mesma para causar uma confusão dessas na avenida mais importante do mundo, sinta-se honrada Hedvig. Havia também cheiro de queimado e gasolina, será que agora eu iria morrer do mesmo jeito que antes? Acho que eu não tinha medo, afinal já aconteceu isso uma vez, mais uma vez não faria diferença.


Então todo aquele metal retorcido me envolveu como garras, me puxando para baixo e mais baixo, me senti sumindo em uma escuridão. Meus olhos não agüentavam ficar mais abertos por que eu não conseguia mais respirar, eu sentia dor só de inflar meus pulmões. Novamente eu havia morrido, talvez dessa vez para sempre. Levada para a escuridão de onde eu nunca devia ter saído.


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