Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 40
Capítulo 40 - A verdade pode machucar




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Era quinta-feira, eu estava empenhada em meu quadro, pintando agora dentro de casa já que começara a nevar do lado de fora e o frio estava insuportável. Mischa havia saído para fazer compras, ela disse que como o frio estava piorando, ela estava sem muitas roupas quentes, na verdade acho que é uma desculpa para sair com o Tom.

Bill andara muito ocupado hoje com entrevistas, então decidi não amolá-lo muito, além de que eu teria que me preparar para a entrevista que terei segunda que vem com a diretora da Academia de Belas Artes. Eu estava tão eufórica e queria terminar logo meu quadro para mostrar a ela um pouco do meu talento.

Havia também ligado para os meus pais, contando um pouco do que havia acontecido esses dias, não falei em Bill, por que ainda não estava preparada. Acho que seria um choque para eles se eu contasse que em apenas alguns dias eu estava namorando com o vocalista de uma banda alemã famosa.

Mesmo assim eu não via a hora de contar a eles, afinal meus pais sempre diziam que eu devia ter um namorado para arrumar juízo, até eles sabiam como meus relacionamentos amorosos foram cheios de problemas. Só que eu iria esperar algum tempo para que isso acontecesse, tudo estava acontecendo rápido demais. E algo estava ligeiramente me incomodando, mas eu não sabia o que era. Algo não está certo!

O interfone do hotel começou a tocar, deixei meu quadro de lado e fui atendê-lo, pensando que talvez fosse Mischa que chegara das compras – ou do encontro com Tom – ou quem sabe fosse Bill querendo fazer alguma visita surpresa!

– Senhorita Nondenberg? – disse a voz da atendente – Estou com uma pessoa aqui em baixo querendo vê-la, se trata de Lukas Kamark.

– O que? – eu exclamei sentindo meu coração pular desesperado. O que ele estava fazendo aqui? Como conseguira me localizar?

– Posso deixá-lo subir? – ela perguntou vendo que eu não havia dito nada – Ou lhe digo que a Senhorita não está?

– Não... é... fale para ele que já estou descendo, mande ele se encontrar comigo no restaurante do hotel – eu disse falando a primeira coisa que veio na minha cabeça.

Tudo bem, eu iria falar com ele? Sim, eu vou! Vou dizer umas verdades para ele, dizer para ele nunca mais me procurar por que absolutamente não quero mais nada com ele. Peguei meu casaco para cobrir a minha blusa toda suja de tinta e peguei as chaves do quarto antes de descer. Eu me sentia nervosa, não de raiva, mas por que eu não sabia nem o que dizer nem o que fazer. Não esperava que ele aparecesse assim do nada em Paris me procurando.

Saí do elevador e passei pela recepção, tentando me preparar fisicamente para falar com ele. Tentei fazer a expressão mais brava possível para quando nos encontrássemos ele visse que eu não estava nada, mas nada feliz! E se ele pedisse para eu voltar com ele, lhe diria para ele voltar para o Inferno!

Mas o chão sumiu quando eu o vi. Lá estava Lukas Kamark, sentado em uma das mesas circulares de madeira, tomando um café enquanto me esperava. Ele estava com os cabelos loiros bem penteados, com um casaco de tweed marrom que lhe dava um ar de advogado e seus olhos azuis encontraram os meus quando me aproximei. Não consegui fazer minha expressão de furiosa, eu ainda estava magoada com ele por tudo que fez.

– Olá Evvy – ele disse me chamando pelo meu apelido.

– Oi – eu disse secamente, me sentando na cadeira e olhando para ele. Lukas também parecia triste, mas eu não podia pegar leve com ele por causa disso – O que você quer?

– Eu vim te ver, queria saber como você está.

– Estou ótima, se é isso que quer saber – eu disse ignorando o garçom quando ele veio até mim, perguntando se eu queria algo – Como me achou?

– O pai de Mischa é amigo do meu pai, ele me contou que ela estava na França, então simplesmente perguntei em que hotel. Tenho meus contatos Evvy, quando quero algo, vou atrás.

– Então você já veio até aqui, já sabe como estou e pode ir embora – eu disse a ponto de surtar – Vá embora, entendeu?

– Por favor, Evvy, me escute – ele disse sem se mover do seu lugar – Eu quero que você me perdoe pelo o que aconteceu, não quis trair você. Aquela noite, havíamos brigado, você saiu sem dizer nada, acabei bebendo e aconteceu. Pensei que tínhamos terminado e que você encontraria outra pessoa na festa e que se esqueceria de mim.

– Mas não fiz isso por que ao contrário de você sou uma pessoa fiel. Não beijei nem me entreguei a nenhum cara enquanto estive nas festas que você não foi, por que eu te amava e isso para mim estava acima de tudo – eu disse com tanta raiva que senti meus olhos lacrimejarem – Você me machucou, sabia? Se me amava tanto, isso superaria qualquer pensamento insano ou bebedeira que você tivesse!

– Eu sei, Evvy, você não acha que eu me culpo todos os dias pelo que aconteceu? Você era a pessoa que eu queria para mim, eu sonhava com o dia que te apresentaria aos meus pais e com o dia do nosso casamento! Se eu não te amasse, eu não teria viajado tanto para vir até aqui, eu estaria com aquela garota.

– Não é tão simples assim – eu disse mordendo meus lábios, eu estava confusa novamente – Lukas, já estou com outra pessoa, uma pessoa que me ama de verdade e tenho certeza que nunca cometeria o mesmo erro que você.

– E quem é ele? – ele disse surpreso – Como pode ter tanta certeza?

– Você não o conhece, o talvez o conheça. Ele é de uma banda famosa na Alemanha e...

– Você está apaixonada por um rockeiro? – ele disse rindo – Evvy, sei que ama bandas de rock, mas isso não é para você. Claro que ele pode ser do jeito que você falou, mas qual o futuro que vocês tem juntos? Você mesma falou que ele é de uma banda famosa, ele terá que fazer shows por aí, terá milhões de fãs atrás dele... você vai ficar de lado várias vezes.

Tudo bem, eu não sabia o que dizer. Quero dizer, eu estava com Bill, feliz da vida aqui em sua companhia. Mas isso é agora e depois? Eu nunca havia pensando no depois, por que o meu agora estava sendo maravilhoso. Ele não iria ficar em Paris para sempre, ele teria que viajar, fazer shows, voltar para a Alemanha, eu simplesmente não poderia segui-lo já que irei estudar aqui.

– Evvy – ele disse preocupado vendo que eu não dissera nada – Não estou dizendo que não dará certo, estou apenas falando a verdade. Claro que existem milhões de relacionamentos à distância, mas quantos deles deram certo? Só realmente acontecem e dão certo quando as pessoas se aproximam e ficam juntas.

– Eu vim para cá por ele – eu disse tentando me justificar – Aqui é o melhor para mim, ele é o melhor para mim. Paris era meu sonho desde que eu era pequena, aqui o encontrei e sei que é com ele que devo ficar.

– Meu sonho era ser astronauta quando pequeno, mas quando cresci percebi que isso nunca aconteceria, que o máximo que eu conseguiria seria um emprego na NASA. Por isso segui os caminhos do meu pai, queria ser advogado por que sabia que isso seria bom para mim, se eu me dedicasse, seria tão bem sucedido quanto meu pai.

– O que quer dizer com isso? – eu perguntei temerosa.

– Estou tentando lhe dizer que nem todos os sonhos são possíveis, por isso se chamam sonhos, a maioria é inalcançável. Evvy, você largou sua faculdade de Diplomacia, onde você era uma das melhores alunas. Com certeza conseguiria um emprego logo que se forma-se e seria uma pessoa bem sucedida, mas você abandonou tudo isso por um capricho.

– Diplomacia não é para mim, sempre quis pintar e...

– Pintar é um hobby, Evvy. Você poderia ser uma diplomata bem sucedida e pintar sempre que quisesse, seus quadros seriam mais apreciados, principalmente vindo de mãos de uma milionária. Mas agora, as únicas coisas que você tem são esses sonhos difíceis de realizar. Você com certeza poderá entrar na Academia de Belas Artes, mas e depois? Terá que se sobressair para não perder para nenhum outro artista. Tudo que pensa agora é passageiro, agora tudo parece perfeito, mas e no futuro?

Parecia que eu havia recebido um tapa na cara, eu não sabia o que dizer nem como agir. Havia tantos temores agora, eu não sabia se iria entrar para a Academia de Belas Artes, não sabia se iria virar uma artista de sucesso, se eu conseguiria montar uma galeria, se Bill e eu daríamos realmente certo. Havia o “sonho” claro, mas eu não me lembrava de muita coisa, será que aquilo era tão significativo mesmo? Será que o que eu fiz foi imaturo? Será que cometi novos erros novamente? Eu não sei e tenho medo de saber.


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Notas finais do capítulo

Mil perdões por não ter postado ontem, mas o Nyah não deixava toda hora dava erro, mas está aí mais capítulos!



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