Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 35
Capítulo 35 - A vida sabe o que faz




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/53704/chapter/35

– Anime-se! – Mischa disse enquanto passava um pouco de blush no rosto – Vocês dois já se encontraram duas vezes ao acaso! Uma hora simplesmente vai dar certo.


– Talvez – eu disse colocando uma meia calça – Eu não sei.


Estávamos nos arrumando para a festa, enquanto Mischa havia comprado um vestido vinho, com alças e balonê que combinava perfeitamente com o tom de pele dela. Eu havia escolhido um vestido com estampa Pied-de-poule cruzado acima do balonê preto, com um laço de cetim preto o segurando. Sapatos de salto alto pretos combinavam perfeitamente, acompanhado de luvas pretas.


– Vamos arrasar nessa festa! – Mischa disse terminando de se maquiar – Claro que ela não será igual ao que estamos acostumadas, sem regras ou coisas do tipo. Nessa teremos que agir como garotas comportadas, álcool apenas na quantidade certa e postura de mulheres de poder.


– Olha quem fala, a garota que solta a franga nas festas – eu disse rindo dela.


– Shiiiiiu! Isso é segredo! – ela disse jogando uma almofada em mim.


Claro que nos atrasamos, Mischa precisava terminar seu penteado que consistia em alisá-lo o máximo possível e eu apenas o enrolei, decidi que fazer algo complicado estava fora de cogitação. Não queríamos chegar de táxi na festa, por isso Mischa alugou um carro e é claro, ela que teve que dirigir, afinal ela é louca por carros!


– Espera até eu conseguir um Lamborghini – ela disse entusiasmada – então vou ser a pessoa mais feliz do mundo! Claro que também quando eu conseguir estrelar meu primeiro filme.


– E quando eu conseguir passar na Academia de Belas Artes – eu disse me lembrando do meu sonho – Você acha que consigo? Pensando bem, não é tão fácil assim.


– Você deveria voltar a pintar, vai que perdeu seu dom! Precisa resgatá-lo quanto antes, precisa de algo para mostrar a eles, algo incrível.


Era verdade, eu precisava me dedicar mais, voltar a me sentir inspirada como antes. Não podia desistir facilmente, achando que não tinha chance, por que sou Hedvig Nondenberg e não desisto. Nunca.


Comecei a olhar para a janela, olhando todas as luzes de Paris, enfeitadas para o Natal. Havia vários lugares que não me eram estranhos, estava reconhecendo vários que eu não tinha visitado, mas tinha visto de forma efêmera. Foi quando percebi que esse era o caminho para a festa que estavam fazendo para os Tokio Hotel, a que eu tinha ido e tinha feito uma guerra de comida.


– Mischa – eu disse pasmada – Eu já fui aqui antes, no sonho. Eu fui nessa festa com o Bill.


– O que? – ela exclamou quase perdendo a direção do carro – Está brincando? Quer dizer que você vai vê-lo! Você conseguiu!


– Eu não estou preparada! – eu disse sentindo o nervosismo tomar conta de mim – Nem sabia que ele estaria aqui.


– Mas ele está e você já lidou com ele uma vez, não é? Pode conseguir de novo.


Tudo bem, suspirei fundo e me acalmei. Afinal ele não era o macumba de galinha? A Bordel Reformatório sabe como lidar com ele. Estacionamos o carro perto de onde estava acontecendo a festa, antes de sair dei uma checada no espelho, vendo se tudo estava OK. Para entramos, precisávamos dar nossos nomes, claro que quando Mischa falou que era uma Sjodin e que eu era sua acompanhante, o segurança musculoso não questionou nada, mas eu sentia que já o tinha visto de algum lugar, ele era negro, forte e alto e me deu uma piscadela quando passei pelo portal. Estranho.


A festa estava como eu me lembrava, o jardim redecorado, com várias mesinhas brancas, as flores enfeitando vários cantos, os garçons bem arrumados servindo várias bebidas e pessoas refinadas por todos os cantos. Novamente me sentia meio deslocada, afinal, quando eu era um espírito, pelo menos meu Dior disfarçava um pouco minha situação atual. Mas mesmo meu vestido não sendo Dior agora, ele também não foi nada barato se quer saber.


– Senhorita Sjodin! – exclamou um cara em francês, ele era alto e tinha os cabelos grisalhos e tinha a certa impressão de que ele era o anfitrião e também pai da loira que eu jogara chocolate derretido – Que bom vê-la aqui! Como está seu pai?


– Ele está ótimo, cuidando dos negócios como sempre, mas acho que em breve vamos passar as férias juntos nas Filipinas – ela disse falando com uma voz firme, mostrando sua postura de pessoa poderosa.


– Que bom! E quem é sua acompanhante? – ele perguntou se dirigindo a mim.


– Prazer, sou Hedvig Nondenberg – eu disse o cumprimentando com meu francês perfeito. Preciso agradecer algum dia desses ao meu lindo professor!


– Os Nondenberg donos de uma fábrica de chocolate suíço? – ele perguntou, talvez pensando que eu era milionária.


– Não, não – eu disse sem saber ao certo o que dizer – Eles trabalham com exportação de lã.


Acho que o cara ficou um tempão tentando se lembrar de alguns Nondenberg famosos que exportassem lã, mas é claro que ele não iria saber. Isso que é o ruim de ir a festas de ricos, eles sempre acham que todos que estão lá são realmente ricos. Mas eu não ia afirmar e nem negar.


– Acho que sei quem são – ele disse tentando ser educado, mas soando falsamente, afinal ele não sabia mesmo – Entrem e aproveitem a festa!


– Isso foi engraçado! – Mischa disse rindo – Você o pegou direitinho!


– Não é nada engraçado não ser rico – eu disse rindo também.


Então logo eu o encontrei, lá estava ele segurando uma taça de champanhe conversando com um grupo de pessoas junto com seus amigos. Meu coração parou de repente e depois voltou com força total. Era agora, havia conseguido a minha chance e aqui estava eu, razoavelmente bem com o colar que ele me dera. Será que ele se lembraria? Ou na verdade, tudo que aconteceu só fui eu capaz de ver, sentir e ouvir?


– Vamos cumprimentá-los – Mischa disse descobrindo para o que eu estava olhando – Essa festa é para eles, não é mesmo? Vamos ser educadas e sutis.


– Tudo bem – eu disse respirando fundo.


– Olá, sou Mischa Sjodin – ela disse indo até Bill e o cumprimentando – Parabéns pelo novo vídeo clip.


– Ah, obrigado – ele disse a cumprimentando também, quando ele a abraçou e colocou seu rosto no ombro dela, ele olhou para mim. Percebi algo em seus olhos, havia uma espécie de surpresa neles.


– Essa é minha melhor amiga – Mischa disse me puxando para mais perto – Hedvig Nondenberg.


– Olá... eu... ah... parabéns – eu disse gaguejando.


– Você não me é estranha – exclamou alguém atrás dele, quando vi, era Tom – Hedvig... Hedvig... Eu já peguei você alguma vez?


– Não! – eu disse ficando vermelha, dançar não é pegar, não é mesmo? – Nunca o vi antes pessoalmente.


– Hum... que estranho – ele disse pensativo e depois olhando para Mischa – Você eu nunca vi antes, a quem devo a honra?


– Mischa Sjodin...


– Cuidado! – exclamou Georg atrás de Tom – Ele é perigoso, se eu fosse você me afastava.


– Sim, sou muito perigoso. GRRRRAL – Tom disse rindo.


– E eu rio na cara do perigo – Mischa disse com seu sorriso doce e afetado. Pelo visto, Tom estava tentando dar em cima dela, mas se eu a conheço, isso não teria um efeito tão imediato quanto teve comigo. Mischa é romântica e quer um romance daqueles de cinema, algo que Tom com certeza não quer.


– Pois não estou vendo você rindo – ele disse passando a língua no piercing. Esse truque! Espero que Mischa não caia.


– Talvez por que você não seja realmente perigoso, é um tigrinho domável.


– Então acha que é capaz de me domar? – ele disse rindo – Duvido muito.


– Você está falando com Mischa Sjodin, meu caro. Não tenha tanta certeza quanto a isso.


Tudo bem, o que estava acontecendo? Era impressão minha ou Mischa realmente gostara dele? Vamos analisar os fatos! Ela está mexendo no cabelo, primeiro sinal que ela esta a fim de alguém. Ela está com o sorriso afetado de garota que tem o poder nas mãos, segundo sinal. A outra mão dela está segurando seu colar como se não tivesse nada para fazer, terceiro sinal. E seu pé direito está inclinado para frente, quarto sinal. Meu Deus! Como isso?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angels Dont Cry" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.