Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 3
Capítulo 3 - Não conte sobre sua vida


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pq me pediram Dedico para a Miiiii



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– Isso não pode ser verdade – ele disse engolindo seco enquanto eu ainda estava voando – Esse tipo de coisa não existe...

– Bem, existe, sabe. Tudo bem, quando eu era viva também não acreditava muito nisso, mas aqui estou. Então se você tiver boa cabeça, não vai cometer os mesmos erros que eu – eu disse procurando o papel sobre ele que estava no bolso interno da minha jaqueta de couro – Hum... seu nome é... Bill Kalitz?

– Kaulitz – ele disse corrigindo e ainda olhando atônito para mim como se eu fosse uma espécie de um monstro.

– Ah, é que a letra de Deus não é muito boa sabe? Aquele ditado sobre Deus escrever certo por linhas tortas, devia ser Deus escreve torto por linhas certas. Mas talvez o que vale mesmo é o significado desse provérbio.

– Ainda não consigo acreditar.

– Posso atravessar paredes? Quer ver? – eu disse nem esperando ele falar. Apenas voei para baixo e atravessei o chão, indo para o andar de baixo.

Tudo bem, isso foi uma má ideia. Primeiramente por que eu estava em um quarto de alguém que eu não conhecia. Segundo, por que... bem... eles estavam na cama. Não preciso entrar em detalhes, não é mesmo? Voei rapidamente para cima antes que Deus me mandasse para o Inferno ali mesmo.

– Caramba! – eu exclamei voltando vermelha – Os caras lá de baixo estão botando para quebrar!

– Ah, é o Tom, ele só sabe fazer isso – Bill disse ficando vermelho também – É meu irmão, não ligue para ele.

– Isso não vem ao caso agora, o porquê de eu estar aqui é que... – eu comecei, mas peguei a carta novamente e dei outra lida – É... você anda triste, decepcionado com a vida e as vezes pensa em desistir de tudo. Então em vim aqui para te ajudar.

– Como uma fada madrinha? – ele perguntou com os olhos brilhando de repente.

– Não, você está vendo brilhos? Asas azuis brilhante? Coroa? Então, eu sou apenas um anjo, não sei realizar desejos. Mas posso te ajudar de alguma forma, eu sei que posso.

Pelo menos eu espero que eu consiga. Quero dizer, primeiro teria que saber o que ele precisa para acabar com essas mágoas e depois tentar resolver o problema o mais rápido possível. Minha vida – ou será morte? – depende da vida dele. Espero que formemos uma boa dupla, se não teremos mais problemas do que se imagina.

– Agora me diga por que anda tão triste? – eu disse indo até a cama dele e me sentando, afinal ficar voando cansa. Ou simplesmente sentar fosse um capricho de quando se é vivo e ainda fica mesmo depois que você morre.

– Não ando triste – ele disse se sentando em uma poltrona, pelo visto estava mais calmo. Talvez por que ele soubesse que agora tinha uma aliada, então a chama da esperança tinha acendido em seu interior – É só que... as coisas não estão totalmente como eu queria.

– E como você queria? – eu prossegui apoiando minha cabeça em minhas mãos, que por sua vez estavam com o cotovelo em minhas pernas – Afinal você tem tudo! Olha esse hotel, sabe quantas vezes eu fui a um lugar desses enquanto eu estive viva? Nenhuma.

– Eu queria encontrar um amor – ele disse simplesmente. Por um momento eu jurei que ele iria falar algo relacionado a dinheiro ou como precisava viajar para o campo para pensar. Mas ele estava falando de amor? – Eu posso ter tudo, fama, dinheiro e luxo... mas não tenho ninguém.

– Então sinto em lhe dizer, escolheram a pessoa errada para te ajudar. Em matéria de amor eu sou péssima, você não tem ideia de como era minha vida antes de morrer, nunca tive sorte nessa questão. Por exemplo, quando eu tinha dez anos e me apaixonei por Patrick Arbman, decidi dar um sorvete para ele para tentar conquistá-lo e ele o jogou na minha cara.

– Ah, você era criança – ele disse piscando várias vezes, talvez tentando me consolar em vez de eu estar fazendo esse trabalho – Tenho certeza que não foi tão ruim assim.

– Ah, foi, pode ter certeza. E quando eu tinha quatorze anos e me apaixonei por Lars Enckell da escola próxima a minha. No dia do jogo entre nossas escolas que fui tentar me aproximar dele, o peguei no vestiário quase tirando as roupas de Nicole Knutsen, minha melhor amiga!

– Uou – ele disse fazendo a mesma cara de quando eu dera um tapa nele. Quando digo que as pessoas não acreditam que o amor me detesta, elas ficam impressionadas quando conto tudo que me aconteceu – Foi decepcionante, não é?

– Basicamente foi. Quero dizer, eu roubei a roupa dele depois e amarrei no mastro do colégio junto com sua roupa debaixo. E com Patrick, eu simplesmente o empurrei do escorregador depois. Então, eu tive minha vingança, tanto que foi ela que me matou.

– Como assim?

– Sabe como é pegar seu namorado na cama com a loira oxigenada da sala 203 da classe de Relações Públicas? Então, esse foi meu “ótimo” dezoito anos, saber que meu grande amor me traía com aquela vadia! Claro que eu precisava me vingar e... bem... eu queria matá-lo, sabe como é. Então usei gás de cozinha, mas o fogão acabou explodindo e todos nós morremos.

Acho que eu precisava calar minha boca, por que a expressão dele mudou para assustada de repente, afinal ele devia pensar que sua anja, na verdade está mais para demônio. Eu precisava saber da vida dele, não da minha, afinal todos os anjos já sabem sobre como sou terrível, imagine se o pessoal vivo também souber.

– Mas não sou má, afinal me arrependi – eu disse tentando concertar o que eu falava – Vou ajudar você, mesmo que eu não seja boa com esse tipo de coisa, eu posso aprender. Vamos encontrar uma boa namorada, afinal você tem grana é com isso que todas garotas sonham.

– Não quero uma interesseira – ele disse bravo – Se for para me amar pelo dinheiro, prefiro não ser amado.

– Já está querendo demais, não é?

– Você não me conhece, oras – ele disse parecendo ultrajado com a maneira que eu falava, talvez ele estava esperando ser tratado de forma mais carinhosa, infelizmente sou péssima com sentimentos – Não sabe como é ter milhões de garotas me amando, mas nenhuma me conhecendo de verdade.

– Caramba, quem é você afinal? Ou você está exagerando? – eu disse pasmada.

– Sou vocalista de uma banda chamada Tokio Hotel – ele disse simplesmente.

Ah, claro! Bandas! Eu tinha a minha favorita quando vivia na Suécia, ela se chamava Crashdïet, ele tinha um estilo de rock antigo, mas era uma banda atual. Eu era louca por eles e sempre que havia show, eu estava lá. Então posso entendê-lo de certa forma, afinal, garotos que tem uma banda sempre têm várias garotas atrás.

– Então me deixe ver se eu entendi. Você é o vocalista de uma banda famosa, rico, que se veste com Dior... falando nisso adorei sua calça, voltando ao assunto, que quer uma namorada que não tenha interesse no seu dinheiro e que te ame pelo o que você é e não pelo o que você tem?

– Sim, isso mesmo.

– Tudo bem, as coisas complicaram mil vezes agora, mas vou dar um jeito. É só nós sairmos pela cidade procurando alguma, deve ter alguma garota boa o suficiente.

– Eu também tenho que gostar dela – ele disse como se isso fosse crucial e de certa forma era. Pelo visto esse garoto valorizava demais os sentimentos. Por que afinal me escolheram para guiá-lo? – Sabe? Quando você olha para uma pessoa e sabe que é ela?

Seus olhos acastanhados brilharam quando ele disse isso e um arrepio passou por mim. Eu sabia o que ele queria dizer, já havia sentido isso quando eu tinha entrado na faculdade de Diplomacia. Era a primeira semana de aula e eu não tinha quase nenhum amigo, então fui sozinha para um restaurante almoçar, estava cheio de pessoas e foi um sufoco para achar uma mesa. Foi quando ele entrou, alto, forte, atlético, vestindo uma camiseta Calvin Klein azul claro que combinava perfeitamente com a cor dos seus olhos.

Ele era da mesma faculdade que eu, mas era da classe de Advocacia e tinha o cheiro de colônia mais gostoso que eu já tinha sentido. Meu coração quase saiu minha garganta e não parou de bater nenhum segundo quando ele se sentou comigo por que não tinha mais mesas. Foi assim que tudo começou e logo acabou.

– É, eu sei – eu disse engolindo seco, sentindo aquele gosto amargo de derrota na garganta – O ruim é saber se a pessoa sentiu o mesmo por você. Às vezes não é recíproco ou talvez não seja tão importante para ela, quanto é para você.

– Por isso que nunca encontrei ninguém, é importante para mim – ele disse abaixando seu olhar para o chão, o senti ficar obscurecido novamente. Eu não queria que meu protegido se sentisse assim.

Eu teria que fazer algo. Ah, eu tenho! Pena que sou Hedvig, e não um cupido. O destino sempre é cruel. Comigo então, é maldade pura.


 


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