Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 27
Capítulo 27 - Esqueça o Passado




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Nem acreditava que estava novamente no Campus, lá estava a enorme faculdade nos seus tons azulados sobre um sol de dez da manhã. No lado oeste, no dormitório masculino, Lukas deve estar dormindo ao lado da vaca loira, mas isso não me importava, por que eu não vou vê-lo. Na verdade não quero vê-lo nunca mais.


Mischa estacionou seu carro no estacionamento para alunos, ainda bem que hoje era sábado, se fosse dia da semana e estivéssemos chegando a essa hora, no mínimo iríamos ser punidas severamente. De certa forma eu sentia saudades da faculdade, mas uma hora teria que abandonar isso, não era o lugar que eu devia estar.


– Você está bem? – Oliver Meinertz veio até a mim, quando me viu saindo do carro, ele estava tão bonito quanto eu me lembrava, acho que em alguma festa que já fui, acabei beijando ele, mas não me lembro muito bem – Todo mundo estava comentando sobre você, contaram que estava em coma alcoólica.


– As pessoas não deviam ficar perdendo seu tempo contando rumores sobre mim. Como pode ver estou bem e inteira – eu disse caminhando em direção a escola.


– Como eu poderia saber a verdade? Só estou comentando, é o que estão falando por aí, só queria saber o que estava realmente acontecendo.


– Então, Oliver, conte a todos como estou ótima e não tem nada de errado comigo. E diga a eles que perderam uma das melhores festas que já se teve por aqui.


Talvez certas coisas não mudem nunca, quando você vive em uma faculdade como a de Estocolmo, você tem uma reputação a zelar. E quando se trata de Hedvig Nondenberg, as pessoas sempre tentarão acabar com você. É só perguntar pelos corredores, sou uma das pessoas mais influentes do lugar por uma série de fatos. E pensando bem, estou louca para abandonar tudo isso.


Quando entrei no corredor lotado de pessoas, todos os olhares se voltaram para mim, Mischa e Oliver. Claro que logo depois Oliver sumiu, louco para contar para todos que sobrevivi novamente a uma noite daquelas, eu apenas mantive meu rosto levantando e fui direto para o lado leste onde ficava o meu dormitório.


Perto de onde eu estava vi uma cena mais do que cotidiana, Lutz Attberg estava tentando trancar Walleska Wolff em um dos armários de vassouras só por que ela o havia humilhado na classe por ele não saber algo simples. Infelizmente Lutz só entrou para a faculdade, por que seu pai desembolsou muito para ele ser aceito, afinal ele é um cabeça oca total.


– Hey, Lutz! – eu disse com minha voz mandona – Deixe Walleska em paz, agora.


– Pensei que não gostasse dela, Hedvig – ele disse com sua voz de troll – Não foi ela que chamou você de vaca nazista?


– Foi – eu disse pensando seriamente que ele poderia trancá-la no armário e não soltá-la nunca mais. Mas eu deveria ter piedade, afinal Walleska é uma das garotas mais estranhas que eu já vi e ninguém realmente gosta dela – Mas a deixe em paz pelo menos dessa vez, talvez assim ela aprenda a calar a boca.


Lutz simplesmente não discutiu, apenas concordou. Ele soltou Walleska e juro que vi um brilho de agradecimento nos olhos delas, pelo menos hoje ela não teria cândida derrubada em uma de suas roupas. E não é que me senti bem por fazer isso? Quero dizer, antigamente eu realmente adorava ajudar Lutz a colocá-la no armário, mas agora isso não parece tão divertido.


– Também decidiu ser a protetora dos fracos e oprimidos? – Mischa perguntou me olhando cada vez mais surpresa.


– O que tem de errado? Não era você que me dizia que trancar Walleska no armário era maldade? Como eu disse, estou tentando concertar as coisas.


– Isso é estranho, é como se ontem eu estivesse saindo com Hedvig e hoje outra pessoa acordou em seu lugar. Uma pessoa responsável – ela disse rindo, talvez da sua própria confusão.


– Talvez esteja na hora de eu tomar um pouco de juízo.


Deixei Mischa no seu quarto e fui para o meu, o que eu mais precisava era um banho para tirar aquele cheiro de álcool e de fumaça de cigarro que havia em mim. Além de que eu não aguentava mais usar aquelas roupas, aquelas mesmas roupas sempre. E eu cantei no banho, sabe quanto tempo não faço isso? Séculos se quer saber, por que sempre andava estressada ou atolada de provas e trabalhos.


Enquanto me trocava, coloquei Crashdïet no último volume, fazia séculos que eu não os ouvia e como sentia falta! Peguei uma camiseta amarela minha, escrito “Thriller me, don’t kill me” – sim, tenho várias camisetas com frases das músicas do Crashdïet –, coloquei uma saia bufante preta e minhas botinas de couro com fivelas. Tudo bem, eu gostava de por medo nas pessoas.


– Hedvig? Você está aí? – disse alguém batendo na porta. Tudo bem, eu congelei, era Lukas. Eu realmente pensei que podia ser capaz de enfrentá-lo, mas lá estava eu indefesa, olhando para a porta. Respire fundo, você sabe o que fazer.


– O que você quer? – eu disse abrindo a porta e o olhando friamente.


– Você está bem? Eu... eu ouvi dizer que você entrou em coma alcoólica, eu fiquei preocupado quando me contaram.


Tudo bem, o que estava acontecendo comigo? Lá estava o cara que eu gostei de verdade, me olhando com seus olhos azuis preocupados, o mesmo cara que me traiu essa noite. Será que eu podia estar errada? Será que ele me traiu mesmo? Mas havia o colar provando tudo, provando que tudo que acontecera não fora apenas um sonho.


– Estou ótima, obrigada por se preocupar – eu disse friamente, atacá-lo dessa forma era como me atacar. Quando comecei a fechar a porta, ele colocou o pé na frente, me impedindo de fechá-la.


– O que aconteceu Evvy? – ele disse me chamando pelo apelido especial – Tem algo te incomodando?


– Tem, inúmeras coisas! Você não tem ideia! Primeiramente, eu vou embora daqui, não quero mais saber dessa faculdade. Segundo está tudo terminado entre nós, entendido? – eu disse da forma mais fria possível. Eu realmente sentia vontade de chorar, de acreditar que tudo que eu vi era mentira. Talvez eu pudesse ficar na faculdade, me forma em Diplomacia, ser uma pessoa bem sucedida e casar com Lukas. O que há de errado nisso? Não é a vida que eu queria?


– Evvy, por favor, me ouça! Se alguém contou a você, eu preciso me explicar, não queria que tivesse acontecido! – ele disse entrando no quarto e eu me afastando dele. Então era verdade, ele havia me traído. E minha vontade de chorar era imensa, queria explodir tudo novamente – Você foi para aquela festa, fiquei bravo e acabei bebendo demais, então... quando vi... já era tarde. Não me lembro quase de nada!


– Está acabado – eu disse novamente – Já fiquei bêbada diversas vezes, mas nunca te traí em nenhum momento, Lukas. E não me importo se você fez isso ou não, realmente não quero mais nada com você.


– Por favor, Evvy, não faça dessa forma. Pense antes, nós somos perfeitos juntos, somos o casal do ano praticamente. Lukas Kamark e Hedvig Nondenberg, são os nomes mais falados pelos corredores e...


– Só por que as pessoas falam que nós somos perfeitos por que temos uma reputação, por que temos as melhores notas, por que somos as pessoas mais requisitadas... Isso não forma um casal perfeito – eu disse percebendo certas coisas que não tinha visto antes – Um casal perfeito é formado por amor, por diversão, por sorrisos, não importando quem a pessoa é. Grande coisa eu ser Hedvig Nondenberg, se for para ser o que as pessoas querem que eu seja, prefiro não ser nada.


– Então me diga quem você é, por que não a reconheço mais.


– Sou Hedvig Nondenberg, moro em Luleå, uma cidade do fim do mundo, bem longe de Estocolmo, tenho bolsa na faculdade por que fui uma das primeiras colocadas e se sou tão famosa pelos corredores da escola é por que fui uma idiota o tempo todo e todos amam seguir idiotas que tem pulso firme. Não sou a pessoa de antes, eu simplesmente mudei, não quero mais ser a pessoa irresponsável que fazia tudo sem pensar, não quero virar minhas noites bebendo por aí, por que não quero acabar com minha vida. E principalmente, não quero viver de um amor que segundo os outros é melhor para mim, eu quero que eu saiba o que é melhor para mim.


– Isso é o fim, então? Se pensar antes de agir é jogar tudo o que você conseguiu para o alto, então você mudou para pior – ele disse com raiva, eu sentia o orgulho dele ferido só de olhar nos olhos dele.


– Diplomacia não é para mim, você não é para mim, isso não é para mim, essa vida não é para mim. Vou correr atrás dos meus sonhos, Lukas e você deveria correr atrás dos seus.


Então saí do meu quarto o deixando para trás. Tudo ia ficar para trás e eu não me importava, sabia que agora eu realmente precisava era seguir em frente.


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