Angels Dont Cry escrita por dastysama


Capítulo 21
Capítulo 21 - Ache um amor para seu protegido




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/53704/chapter/21

– Você é louca, não é? – Bill disse para mim quando estávamos saindo da Catedral – Quero dizer, uma pessoa normal não faria aquilo.


– Eu não sou uma pessoa normal, sou uma pessoa morta – eu disse rindo, isso nunca me soara tão divertido – E acho que vou aproveitar isso, de alguma forma, isso trás mais benefícios do que imagina.


– Tudo bem, mas quanto a mim, prefiro ficar com meus pés no chão e vivo.


– Hey, olhe! – eu disse apontando para o céu – Está nevando! Finalmente!


Logo vários flocos de neve começaram a cair, rodopiando entre si, lotando todos os lugares com sua coloração branca. Não sei você, mas o jardim ao redor da Catedral ficava muito mais bonito com neve salpicada nas árvores e na grama. Abri a boca, esperando que um floco de neve caísse na minha língua, tive que esperar um tempo para que isso acontecesse.


– Nevava muito em Luleå – eu disse me lembrando de casa novamente – Fazia um frio enorme e o mar se congelava, é que a arquitetura do local amplifica as correntes de vento e a sensação de frio. O frio de Paris não é nada comparado com o que eu geralmente estava acostumada. Além da grande quantidade de neve.


– Você queria voltar para lá, não é mesmo?


– Sim, queria que meus pais parassem de chorar de noite – eu disse tristemente – Eu sou capaz de ouvi-los, eu ainda sinto a conexão que tenho com as pessoas vivas e eles estão extremamente tristes. Muitas das coisas que eles pensam ou falam sobre mim, eu consigo ouvir. Queria também que eles fossem capaz de me ouvir, gostaria de dizer que tudo está bem.


– Por que você não tenta? Poderia ligar para eles e dizer algo, não pode? – Bill falou, pegando o celular do seu bolso e estendendo para mim.


– Não, isso vai confundi-los. Não quero piorar as coisas, uma hora eles vão superar, sei que pode demorar, mas... é melhor assim. Mischa já está superando, para ela é bem mais fácil, só se conhecemos esse ano. Eu também a ouvia depois que morri. Mas deixe isso para lá, já está ficando tarde e você precisa ver a Charlotte.


– Eu não sei o que dizer para ela nem o que fazer, Hedvig – ele disse colocando as mãos nos bolsos e me seguindo.


– Vamos passar em alguma floricultura, então você compra uma rosa para ela. Uma só, por que acho mais romântico do que aqueles ramalhetes gigantes e chamativos – eu disse pensativa – E você pode dizer... uma rosa vermelha para combinar com a cor dos lábios daquela que quero beijar.


– Isso é intenso demais! – Bill disse corando de repente – Não vou dizer isso, estou apenas a conhecendo.


– Tudo bem, então... trouxe-lhe uma flor, para mostrar a ela, que beleza igual a sua não existe.


– Desde quando você virou uma romântica incurável? – ele perguntou atônito.


– Fiquei de recuperação em literatura uma vez, tive que ficar horas lendo diversos livros, então acho que fui aprendendo. E você que devia saber o que dizer a ela, afinal não é um músico? Músicos sabem como expressar um sentimento. Você poderia cantar para ela, sabe?


– E todos descobrirem que sou Bill Kaulitz? Sem chance.


– Existem vários artistas de rua por aí, e olhe como tudo está cheio, as pessoas não vão dar a mínima para você, ainda mais quando precisam terminar suas compras de Natal. Só uma música e pronto, Bill – eu disse o encorajando.


– Tudo bem... – ele disse pensativo quando paramos em frente a uma floricultura. Pedi a mulher do balcão uma rosa e Bill pagou por ela (se eu tivesse dinheiro eu pagava, mas quando você é anjo, fica desprovido de bens materiais) – Acha mesmo uma flor romântica? Elas acabam morrendo depois de um tempo.


– É verdade, mas o que vale mesmo é o momento. Chocolates também vão embora, mas acho que é o sentimento que fica – eu disse pensando nas vezes que Lukas me presenteava com vários presentinhos. Eram flores, chocolates, ursos e tudo parecia ser tão perfeito, com um significado indefinível – Agora vá lá dentro, dê a flor para ela e a chame para vir aqui fora. Vou procurar alguém que possa tocar uma música para ela.


– Hey, Hedvig! – Bill disse me segurando – Não acho que isso seja uma boa ideia...


– Claro que vai ser! Vá para lá, já! Eu já volto.


Bill ficou me olhando ainda sem saber o que fazer enquanto sumi na multidão, tentando procurar um daqueles artistas que ficavam tocando nas ruas de Paris. Perto de onde estávamos achei alguns que tocavam no frio para poucas pessoas que decidiam parar para apreciar um pouco de arte.


– Hey, o senhor sabe tocar alguma música do Tokio Hotel? – eu perguntei para um cara que tocava violão.


– Tokio o que? – ele exclamou para mim. Tudo bem, ele não sabia.


Tive que perguntar para diversos artistas que estavam lá, se algum sabia. Demorei séculos até encontrar um cara que sabia tocar algumas músicas, teria que ser uma delas, Bill não teria muita escolha. Que pena que eu não conheço nenhuma música deles, se não eu poderia me arriscar um pouquinho com o violão.


– Meu chapa – eu disse para o cara com cabelo comprido que vinha com o violão atrás de mim – É o seguinte, meu amigo quer fazer uma serenata para a garota que ele gosta. Você pode tocar, enquanto ele canta? Ele vai te pagar.


Claro que ele aceitou ao ouvir a palavra pagamento. Coitado do Bill, estava torrando todo o dinheiro do coitado... como se isso fosse digno de pena, não é? Ele tem mais grana que eu e todas essas pessoas da praça juntas. Mas claro que não é por isso que vou me aproveitar dele, só o estou ajudando. Charlotte parece ser uma boa pessoa e tem uma aura bonita, eu dei uma analisada nela com meus poderes sobrenaturais e tudo parece ok.


Falei para o cara esperar do lado de fora e entrei na Starbucks, vi Bill falando com ela, ele estava sem-graça enquanto Charlotte com a rosa o olhava maravilhado. Tudo bem, minha vontade era de realmente arrancar aquela flor da mão dela, mas eu seria cruel se eu fizesse isso, ainda mais quando parecia que entre ela e Bill havia algo. Afinal, havia as malditas auras, odiava olhar para elas e evitava ao máximo usar meus poderes, mas lá estavam elas, vermelhas e evidentes.


Fiz sinal para Bill, para que ele me visse e usei leitura labial para avisá-lo que eu havia achado um cara para tocar a música. Bill pareceu entender, por que chamou Charlotte para acompanhá-lo. Eu suspirei fundo, o que estava acontecendo comigo? Eu devia estar feliz, tudo parecia estar ocorrendo bem.


– Olá Charlotte! – eu disse da maneira mais simpática que pude, mas acho que saiu meio falso. Depois me virei para Bill e sussurrei – Converse com o cara, ele sabe algumas músicas da sua banda, vê qual é a melhor!


– Ah, ok! – ele disse indo até o cara e perguntando algo, tudo foi muito rápido, acho que a música que Bill queria, o cara sabia – Charlotte, vou cantar uma música para você.


Meu coração pareceu se dilacerar quando ele disse aquilo, principalmente a ver a expressão dela, os olhos dela brilharam, o sorriso aumentou e suas maçãs do rosto adquiriram uma tonalidade rosada. Agora olhava para mim, poderia ver que eu estava pálida, com uma raiva enorme nos olhos e com uma expressão nada satisfeita.


O cara começou a tocar a música e Bill começou a cantar. Havia algo de errado, muito errado. A música não era em inglês, ela era em alemão... mas como Charlotte iria entender o que ela passava? Então eu percebi que ela não precisava entender, não ela. Bill estava cantando para mim, em alemão, por que eu entenderia. Por que simplesmente ele queria me dizer algo.


 


Tão automática, és como uma máquina,


O seu coração não bate mais por mim.


Tão automática, as suas mãos me tocam,


Sinto tudo, mas não consigo te sentir.


Tão automática, a sua voz elétrica.


Onde está você quando ela fala?


Tão automática, como você diz que eu sou importante para você


Quem te programou?


 


Quando você ri, você não ri


Quando você chora, você não chora


Quando você sente, você não sente


Porque você não tem Amor


 


Automática, eu corro por todas as ruas


E nenhuma me leva a você.


Automática, as suas sombras me seguem


E me agarram friamente.


Você é assim, controlada por controle


Estática e mecânica, tão automática


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angels Dont Cry" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.