De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 29
Cap 26 : Sogras


Notas iniciais do capítulo

Cap de hj bem leve pq eu decidi q Gina e Ferdinando não são coelhos portanto merecem uma folga. Mas não criemos panico!! Eles ainda estão ai fofissimos..ownnn(que frescura toda é essa autora?!)
Apenas lembro que meu lado Tedesco está saudoso...portanto preparem-se..
Espero que gostem!Boa leitura..!



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“Ai minha amiga socorro! Espero sinceramente que o Ferdinando seja mais esquecido e menos resistente do que o Zelão por que esse meu namorado lembrou do maldito almoço e eu to agora me arrumando pra encontrar com a mãe dele!!Socorro?!”
A ruiva verificou o horário que a mensagem tinha sido enviada e conclui que não poderia fazer mais nada...tinha recebido o pedido de ajuda da amiga a 6 horas atrás...agora só lhe restava esperar que tudo estivesse dando certo.
Sentiu o namorado abraça- la e distribuir vários beijos curtos em seus ombros.
–Posso saber o por que dessa sua cara preocupada?
–Juliana...- ela suspirou e completou o pensamento - estou em divida com ela...
Ela resolveu esquecer o celular e se aconchegar mais nos braços do amado...precisava esquecer um pouco do remoço que sentia.
Ele ainda tinha gotas de água mal enxugadas pelos braços e o frescor na pele que denunciavam seu sumiço. O rapaz reparou que os sanduiches, que ele mesmo tinha feito, ainda estavam intactos e lhe lançou um olhar questionador que foi logo respondido.
–Você acha mesmo que eu ia comer sem você?
–Mas eu pensei que você estava “Com uma fome digna de 3 países africanos” e que era capaz de comer “Uma manada inteira de vacas gordas.” – Ferdinando fez questão de citar as frases ditas pela namorada logo depois que acordaram.
Gina riu das expressões do namorado e resolveu virar-se para encara-lo lhe dando um breve selinho antes de continuar.
–Mas é por que eu não vejo mais graça em comer sozinha...- ele sorriu e ela completou- afinal...quem é que vai me dar metade do sanduiche?
–E quem disse que eu vou fazer isso?
–Ora porque você é um frangote...nunca consegue terminar o seu sanduiche.
–Ahh é então eu vou te mostrar que eu consigo comer o meu e o seu – Dizendo isso o rapaz tirou as mãos que envolviam a cintura da namorada e pegou os dois sanduiches que estavam em cima da mesa.
–Me devolve isso aqui Ferdinando!
–Vem pegar menininha...
La iam eles...duas crianças correndo pela casa, pulando obstáculos, subindo no sofá, e tentando ao máximo não quebrar nada.
As risadas eram a trilha sonora deles e a brincadeira só parou quando a campainha tocou.
Gina aproveitou o momento de distração e se jogou contra o namorado que a abraçou e a arrastou de forma brincalhona para que pudesse atender a porta com ela em seus braços.
Ferdinando abriu a porta para dois pares de olhos indagadores que logo observaram o casal de cima a baixo.
Eles estavam abraçados. O engenheiro enlaçava a namorada por trás e mantinha um braço dominador agarrado a sua cintura enquanto o outro permanecia na maçaneta. A ruiva trocou a expressão brincalhona por um olhar assustado ao perceber as visitas do namorado. Mantinha –se colada ao rapaz, com a cabeça encostada em seu peito e os dois sanduiches seguros em suas mãos.
A madame que estava na porta reparou nos cabelos molhados da moça e no conjunto de shorts jeans e uma blusa que claramente pertencia ao engenheiro, notou o jeito de vestir totalmente despojado do rapaz, no enlace dos dois e no semblante feliz do enteado. Atentou-se na maneira tão natural com que os dois estavam compartilhando um momento tão deles e se sentiu mal por atrapalhar.
–Me desculpe Ferdinando...eu não queria atrapalhar e deveria ter ligado...
–Não se preocupe com isso Catarina...eu e a Gina só estávamos tentado comer...não é menininha?! –Ele deu um leve beijo na bochecha dela e a apertou um pouco mais fazendo com que a ruiva corasse e ficasse sem palavras...optou então por apenas balança a cabeça sinalizando confirmação.
–Oi maninho!!- A pequena exigia atenção para a sua ilustre presença e Ferdinando se desvencilhou da amada para poder abraçar a irmã que transbordava um ciúme tímido.
–Mas olha quem veio me visitar! Se não e a minha irmãzinha preferida!
–Ora essa mais eu sou a única! –Ela disse seria o suficiente para fazer os adultos presentes abafarem o riso.- Por enquanto... – ela completou sussurrando no ouvido do irmão que logo lançou um olhar duvidoso na direção da madrasta.
–Ferdinando...me querido ..se não estiver ocupado...eu gostaria muito de lhe falar..
–Claro ...claro...entrem...
Nesse momento Gina agradeceu a deus pela “briga” não ter durado o tempo suficiente para destruir o apartamento.
– Meu amor...por que você não leva a Pituquinha pra experimentar aquele novo biscoito que a gente comprou no mercado?
Gina revezou olhares entre as duas pessoas e meia do ambiente e balançou a cabeça afirmativamente.
–Cla..claro...vamos Pituca?
A menina não falou nada...apenas a seguiu ainda com a desconfiança estampada no olhar.
Após confirmar que nada seria escutado pelas pessoas que acabaram de sai, Catarina não se aguentou e começou o lamento de sempre...
–Ai Ferdinando...esse seu pai...ele me deixa maluca...e agora...eu nem sei mais o que faço...
Ferdinando pediu, mentalmente, silêncio para o estômago vazio e paciência para enfrentar o chororô que se seguiria.
*
Pituca e Gina se encaravam...uma com olhos analistas e criteriosos...a outra com olhar desconcertado e temeroso. A pequena buscava na mulher sentada a sua frente...alguma falha ou deslize...mas no final resolveu que apenas perguntas a fariam aprovar ou não o relacionamento do irmão.
–Gina...você e meu irmão estão namorando ?- A menina de cachos castanhos foi direta...e buscou alguma evidencia de desonestidade e vacilo na expressão da ruiva.
–Estamos sim Pituquinha...tudo bem pra você? – A moça foi sincera...era estranho admitir mas realmente esperava algum tipo de aceitação por parte da pequena cunhada.
–O mano Nando ta feliz então tudo bem...vocês se gostam muito né?- menina colocou os pequenos dedo da mão direta sob o queixo e continuou o questionário.
–É sim...- Gina baixou os olhos e lembrou de todos os momentos em que a frase “eu te amo” foi dita.
–Eu posso lhe fazer uma pergunta?
–Mas outra? Bom...acho que pode...- Gina se levantou e serviu a pequena com um copo de leite e alguns biscoitos enquanto esperava o questionamento...que veio demorado porém certeiro
–Como é que se faz um bebê?
Gina deixou o pacote de biscoitos, que pretendia guardar, cair de suas mãos e espalhar farelos sob a mesa.
–A...Pituca...eu acho que esse tipo de pergunta...você deveria fazer para a sua mãe...- A moça evitava encontrar o olhar da pequena enquanto limpava a bagunça que havia feito.
–Mas por que? Você não sabe?
–Não eu sei...é claro que eu sei...mas é por que eu acho que ela seria a melhor pessoa para lhe falar isso.
–Mas eu acho que ela não vai querer me falar...pelo menos não agora...você pode me dizer...por favor!- A voz da menina implorava conhecimento e a ruiva mesmo a contragosto sabia que não queria decepcionar ou ser rude com a doce garotinha...lembrou –se, então, de como a mãe havia lhe contado sobre isso quando ela mesma era uma menininha e decidiu que narraria a mesma história que acreditara por anos.
–Bom...ta..então...primeiro...primeiro a gente vai lá e depois...a gente...a gente abre um buraquinho no meio da terra e planta um pezinho de couve. E todos os dias a gente tem que ir la...regar e rezar...rezar e esperar...esperar...e esperar.
–Ah...ta...mas é só isso?
–É então...eu acho que é isso que você precisa saber no momento...Mas porque que você quer saber disso nessa idade?
–Ora por que eu andei escutando umas coisas lá em casa sabe...?
–Não...não sei não...
–Então se eu te contar você não conta pra ninguém?- A menina sussurrou como se contasse o maior segredo de todos.
–Eu juro! – Gina parecia mais criança do que a pequena a sua frente tamanha era sua curiosidade. Fez um gesto de confidencia solene com os dedos e esperou a menina revelar o por que de uma dúvida tão prematura.
–Eu ouvi a mamãe e o papai discutirem hoje...e ela acusou o papai de ter plantado outro pé de couve com a tia Clotilde.
Gina absorvia a informação imaginando que a mesma estava sendo detalhada neste exato momento na sala. A menina de roupas de princesa pegou o prato de biscoitos da mesa e pareceu contar as gotas de chocolate de cada um para que, no final, escolhesse aquele que mais possuía seu doce preferido.
– Eu acho que isso é coisa de adulto...e tenho certeza de que seus pais vão saber lidar com qualquer coisa que estiver acontecendo.- A ruiva buscava palavras de apoio mas não tinha certeza se era exatamente isso que a pequena queria e precisava ouvir.
–Pode até ser mas eu não acho que seria uma má ideia ter mais alguém pra brincar...esse assunto tem sido muito discutido lá em casa principalmente quando o papai fala do Nando...- A ultima parte da frase foi morrendo na boca da pequena...como se ela fosse percebendo a besteira que estava sendo dita.
–Que tipo de coisas o seu pai fala do Ferdinando?
–Ah...eu acho melhor não falar – A pequena pegou o copo de leite e fingiu uma sede intensa.
–Mas você não vai dizer nem pra mim? – A moça fazia um olhar suplicantes e deixava os beiços com a curvatura de tristeza características de uma criança exigindo resposta de forma manhosa.
A garotinha a observou novamente e julgou mentalmente se era certo falar o que ouvira pela casa. Respirou fundo e decidiu que, como a moça tinha sido gentil o suficiente para lhe matar uma dúvida, ela também seria boa o suficiente para lhe matar a curiosidade.
–Tudo bem eu conto...é que o papai e a mamãe antes de brigarem pela tia Clotilde brigavam por que papai dizia que tinha medo que o Ferdinando fizesse...- A menina engrossou a voz e tentou imitar o pai da maneira que julgava correta.- “a besteira de emprenhar aquela uma”.
“Aquela uma” em questão agora estava com o queixo caído. Ja sabia do ódio do futuro sogro...mas não imaginava que geraria briga entre o senhor e a senhora Napoleão...e ainda mais com um assunto tão distante dos seus planos como esse.
Antes que falasse alguma coisa foi interrompida pela voz doce da garota que comia biscoitos despreocupadamente.
–Mas eu gostei muito de você Gina e não me importaria se você e o mano Nando plantassem um pé de couve.
A ruiva engasgou no próprio leite que tomava e viu Pituca sair da cadeira para acudi-la da forma mais Napoleão que conhecia.
–São Brás ..são brás que no prato tem mais!
–Mas o que está acontecendo aqui?- Ferdinando, que estava indo chamar a irmã, encontrou a amada sufocando e tomando grandes goles de leite para ajuda-la a livrar-se do quase afogamento.
–Nada não maninho...a Gina só se engasgou depois que eu disse que gostaria muito que vocês plantassem um pé de couve...
–Um pé de couve...ora essa...mas por que?
–Ora por que assim eu teria um sobrinho pra brincar.
– Mas o que?
–Nada não amor...depois eu te explico...- Gina pediu, com a voz fraca e o olhar suplicante, que ambos os irmãos Napoleão esquecessem essa estória toda.
–Tudo bem então...vamos Pituquinha sua mãe está lhe esperando.
– Ok...- A menina abaixou os olhos e se dirigiu para o lado do irmão que pegou suas mãos pequenas e esperou a namorada se levantar para repetir o ato com a mesma porém se surpreendeu quando viu a pequena e criteriosa Pituca buscar a mão da ruiva para que pudessem voltar para a sala.
A madame que esperava, ainda com os olhos vermelhos, soltou um riso fraco quando observou a cena que surgia a sua frente. Ferdinando vinha com um semblante orgulhoso e com uma Pituquinha risonha ao seu lado seguida por uma ruiva que tinha, na cor da pele, um tom rubro quase da cor de seus cabelos. Sabia que ela havia ficado sem jeito mas enxergava também o sorriso sincero que lhe enfeitava a face.
–Obrigada mais uma vez Ferdinando...e a você também minha querida....Vamos Pituca?!
A pequena deu um forte abraço no irmão, que se abaixou para ficar na mesma altura que a menina, e logo depois surpreendeu a ruiva mais uma vez, dando-lhe um terno abraço nas pernas, que era onde conseguia alcançar.
Para as outras pessoas a cena demonstraria apenas um ato de carinho mas, para os envolvidos na estória toda, aquela ação era a clara declaração de aprovação.
–Obrigada pelos biscoitos – a menina disse se afastando e indo para perto da mãe que sorria encantada com a cena.
–A...que isso...disponha..- Ela não sabia o que falar...nunca teve paciência ou tato com crianças porém em se tratando da futura cunhadinha, teve que admitir...que se saíra melhor do que esperava.
– Gina posso lhe fazer uma ultima pergunta? Na verdade é mais um pedido.
A ruiva trocou olhares rápidos com o namorado e assentiu permitindo que a pequena falasse.
–Eu posso lhe chamar de maninha?
Gina sentiu o rosto arder e os olhos arregalarem...estava preparada para tudo...mas o pedido da menina de que entrasse em sua vida e não mais saísse era mais forte do que qualquer pergunta sobre bebês.
–Ah...você não acha que isso é demais não?- Ela não sabia o que dizer...queria conquistar a menina mas a realidade de te-la oficialmente como sua cunhada a assustava.
–Ela aceita! – Ferdinando interrompeu e se abaixou novamente para olhar nos olhos da irmã. – Ela aceita sim Pituquinha!- ele tirou os olhos da irmã para lança-los de forma suplicante para a namorada....que só fez sorrir e concordar...conversariam sobre isso depois.
A menina estendeu a mão na direção da moça e ambas trocaram um aperto selando o acordo.
–Obrigada meus queridos- Catarina disse sorrindo...estava orgulhosa da filha.- Vamos Pituquinha?
–Agora sim...vamos!
As duas saíram em silêncio ...uma mais aliviada e a outra com a certeza de ter arranjado mais uma cúmplice para seus planos infantis.
Ferdinando fechou a porta ainda sorrindo e fez a pergunta que o estava intrigando.
–Mas que estória é essa de pé de couve?
*
Juliana andava a passos duros de volta para casa. Estava sozinha e irritada...e ela não gostava disso.
O motivo da sua revolta tinha ficado no apartamento acompanhada pelo amor da sua vida...apesar de que, no momento, até disso ela duvidava.
Enquanto caminhava, a professora deixava lágrimas de raiva e decepção decorarem sua face com tristeza. Sentia algumas delas serem arrancadas violentamente de seu rosto pela forte ventania de inverno o que a fez apressar o passo.
Lembrava –se do evento com nó na garganta e se forçava para não desatar no choro ali mesmo no meio da rua.

FLASHBACK
A moça dos cabelos cor de rosa passava as mãos na roupa pela quarta vez desde que chegou no prédio. Era uma tentativa de enxugar o suor e parecer preocupada com o vestido e não com a impressão que deveria causar na futura sogra.
–Meu amor...eu ja lhe disse que você está linda!
A professora olhou nos olhos do namorado e buscou coragem para a missão que estava por vir ... enxergou intensidade e nervosismo presentes nele... ela então tentou demonstrar confiança e acabou dando um sorriso rápido e tímido que não lhe aliviou em nada as expressões.
–Vai dar tudo certo...eu lhe prometo! –Zelão buscou as mãos da namorada e deu um forte aperto tentando transmitir-lhe força.
Enfim chegaram no andar determinado e saíram em um silêncio quase sufocante. Andaram em linha reta até o rapaz parar em frente a uma porta livre de adornos.
Juliana respirou fundo, procurou a saída de emergência mais próxima e prometeu para si mesma que, se a senhora demorasse mais de 5 segundos para abrir a porta, ela sairia correndo pelas escadas de incêndio. Porém não foi preciso que chegasse a tanto...logo no primeiro toque a porta foi aberta e revelou uma senhora com um olhar predador e um sorriso que Juliana poderia jurar estar fora de lugar.
Zelão reparou no quanto a namorada tinha ficado estática e resolveu começar as apresentações.
–Juliana essa aqui é a minha mãe Dona... – O moço foi interrompido pela mãe que tratou de praticar uma doçura, que até então, só utilizava com pacientes e amigos de hospital como o doutor Renato.
–Pode me chamar de Mãe Benta querida...e você deve ser a tão famosa professorinha Juliana.
–Sim...senhora...muito prazer.
–A não precisa de formalidades querida...apenas mãe Benta ja me basta...mas entrem entrem...a mesa ja está posta.
Juliana tentava se concentrar em sua respiração e transmitir uma tranquilidade que não tinha. Era verdade que a senhora estava sendo simpática...mas o fato de ser apresentada como...não espere...Zelão não revelou ainda que ela era sua namorada apesar de todos os atos demostrarem que a relação era mais que uma amizade. Se perguntou se a mãe do rapaz queria ignorar seu status de futura nora e sentiu o nervoso atingi-la em cheio no estômago novamente.
–Mais eu tô muito feliz com essa sua visita Dona Juliana ..ainda mais na companhia do meu filho.
–O seu filho me trouxe mas eu vim aqui falar com a senhora...
–E eu vou ouvir a senhora com muito respeito...mas vamos conversar na mesa o que acham? Espero que gostem de Frango com Quiabo e Jiló.
Juliana engoliu seco...não gostava...mas teria que aprender a gostar naquele momento.
Mãe benta serviu dois pratos imensos com a comida e caprichou nos vegetais para a professora.
–Zelão me fala tão bem de como a professora se alimenta bem que eu tive que fazer um prato saudável desses pra você querida.
Juliana identificou o aumento de uma oitava na voz da senhora e começou a pensar que toda aquela simpatia era pura falsidade.
–A não precisava se incomodar Mãe Benta...e pode me chamar de Juliana mesmo.
Zelão se encontrava fora do campo de batalha...apenas observava feliz a tentativa das duas de se darem bem.
Conversaram amenidades, não mencionaram a palavra namoro e nem qualquer coisa envolvida....Juliana esperava por Zelão e ele não via objetivo nenhum em anunciar uma coisa que já era óbvia.
–Vou lhe servi mais um pouco querida...
–Não! –Os dois outros participantes do almoço a olharam duvidosos...mãe benta tinha uma esperança no olhar algo que refletia seu desejo de que a moça lhe desse motivos para não aprovar o namoro.
–Digo...sua comida está maravilhosa mãe Benta...mas eu ja estou satisfeita...- Juliana olhava desesperada para o namorada que apenas deu de ombros sem saber o que fazer.
–Ah não que isso...você parece tão fraquinha...veja só como está pálida...acho que você precisa de mais Jiló nesse seu sistema...e sou eu... a melhor enfermeira desta cidade que estou lhe dizendo.
A moça assistiu aterrorizada a sogra encher seu prato de giló e caçar pequenos ossos de frango para lhe servir.
Juliana olhou o prato a sua frente e novamente olhou para a mulher que agora ria satisfeita. Se controlou para não chorar e repetiu mentalmente que aquilo tudo era por Zelão...e ela estava disposta a fazer de tudo por ele. Portanto sorriu, pegou uma grande colherada da comida e a colocou na boca sem tirar os olhos da senhora a sua frente.
–Mas então Juliana ...você lembra do pequeno Tuim?
A moça fez uma nota mental de agradecer ao namorado pela a interrupção da tortura.
–Sim claro...ele está na classe da Pituca e do Lepe... foi ele que eu socorri a algum tempo atrás o pequeno teve uma febre que até o fez desmaiar em classe.
–O meu deus que horror! Pobre menino...deve ter sido logo depois da morte do pai.
–A é verdade...quem foi pega-lo no colégio foi a mãe mesmo...- Juliana lembrava da mulher aflita e sozinha tendo que cuidar do filho e comprar remédios.
–Ai pois eu lembro que o caso do pai dele foi realmente difícil...eu fiz de tudo pra salvar aquele homem...me apeguei em todos os santos e utilizamos todos os remédios possíveis...mas de nada adiantou nem as minhas orações, nem as minhas habilidades e nem as medicações e os procedimentos do doutor Renato...o homem ta morto.
–Mãe...não carece da senhora falar assim...-Zelão interviu suspeitando da direção sombria com que a mãe guiava a conversa.
–A sua mãe ta certa Zelão...-Juliana se pronunciou a favor da senhora...precisava ganhar pontos com ela - Mas entenda Mãe Benta que as vezes isso acontece... Os seus procedimentos e as suas orações não adiantaram por que um caso como o dele era difícil de cura mesmo e todos os médicos já sabiam disso.
–Mas você ta duvidando da minha capacidade profissional?- A arte da interpretação errada se mostrava presente no tom em que a senhora usava ao se dirigir a professora.
–Não de jeito nenhum...é so que no estado em que ele se encontrava...ele não estava mais precisando de remédios ou de orações...ele estava precisando de tempo. –Juliana tentava se justificar sentia que perdia pontos a cada respiração que dava.
–E eu vou ter que acreditar nisso? –A mulher estava claramente ofendida...ou fingia muito bem estar.
–A senhora acredite no que quiser Mãe Benta...eu não vim aqui para lhe falar nenhuma mentira.
–O que ela ta falando é verdade mãe...o homem ja tava desacreditado...e a senhora bem sabe disso....o que aconteceu é que não teve tempo de salvar ele...o dignóstico foi tardio.
–A senhora fez o que era certo fazer...mas no caso dele mãe benta...nem medicamentos e nem orações iriam adiantar...
–Eu vou ter que acreditar nisso também?- A mulher levantou da mesa e aolhou com um olhar feroz...Juliana levantou se e foi impedida de continuar a discussão quando enxergou o olhar suplicante do namorado.
– Ta certo...a senhora me desculpe mãe benta...eu ja vou indo.
A moça pegou as coisas e se retirou sendo seguida pelo namorado. A senhora esperou a porta se fechar denunciando a saída do casal para revelar para si mesma a descoberta daquele almoço.
–Ela ta fazendo meu filho de bocó...
FIM DO FLASHBACK
Juliana não podia acreditar no quanto uma mãe podia ser ciumenta. E o fato do namorado te -la seguido até o andar térreo em silencio so a fez perceber o quanto ele não queria tomar partido algum...mesmo que ela tivesse sido a vitima da estória. Resolveu pedir para o namorado que a deixasse ir pra casa sozinha...precisava se libertar de pensamentos ameaçadores que tornavam a encher sua mente de dúvidas.
*
–Mas ja voltou filho?- A senhora de rosto marcado pelo tempo estava retirando a mesa do almoço e não parou nem ao se deparar com o olhar decepcionado do filho.
–Precisamos conversar mãe.
–Então fale enquanto eu arrumo tudo aqui.
–Mãe...a senhora falou com a Juliana de um jeito que eu não gostei nadinha viu?!- Ele ouviu a mãe fazer um som de desgosto com a boca e resolveu ignorar e continuar o sermão que tinha preparado. – Onde ja se viu minha mãe! Duvidar da palavra dela! Tudo o que a Juliana falou sobre a morte do Seu Alfredo é a mais pura verdade! O homem ja tava desacreditado e a senhora não poderia fazer nada pra salva-lo!
–Agora eu ja vi tudo...você bandiou de vez pro lado dela...é isso! Agora você ta achando que é a sua mãe que é culpada de tudo nessa estória.
–Eu não to achando nada minha mãe...não to achando nada! Mas o que a Juliana falou tem razão...ela sabe muito bem do que ta falando.
–E você vai ficar contra a sua mãe assim...sem mais ..so por que aquela tal professorinha disse umas meias palavras bonitas e sorriu pra você?!Olha que ela te larga e depois você fica ai...sem mãe e sem namorada!- A mulher largou os pratos na pia e se retirou para o quarto... deixando claro que a batalha contra a moça de cabelos cor de rosa estava apenas começando.
*
Era um domingo sonolento e manhoso tal qual o casal situado no sofá da sala.
–Frangotinho....
–Hm..
–Por mais que eu adore ficar aqui assim agarradinha com você...eu sei q tenho q ir...a Juliana ja pode ter voltado e pode ta precisando de mim...
–Ai meu amor...deixa a Juliana resolver la os problemas dela...vamo aproveitar que você ta aqui comigo...e plantar um pé de couve...- Ele começou a passar as mãos perigosamente na curva entre suas costas e seu bumbum.
–Ferdinando Napoleão...o senhor está ficando muito egoísta!- Ela fazia uma cara revoltada mais o riso era evidente em sua voz.
–Viu no que você me torna... não consigo mais te dividir com mais ninguém!
Eles riram e se beijaram ternamente.
–É...mas eu vou ter que ir mesmo...- Ela disse se livrando do aperto do namorado e levantando do sofá- Já pensou se a minha mãe descobre que eu to aqui desde ontem....ela no mínimo vai te fazer menos interessante...- ela dizia isso enquanto fazia um gesto de corte com a mão na direção do bem mais precioso do namorado.
–E...nós não queremos isso...- ele disse se levantando rapidamente...- Então tá...vamos...
–Vamos onde?
–Ué vou te deixar em casa...
–Mas Nando são só duas quadras...
–Mas é que eu não aguento ficar sem você por tanto tempo...e se eu te deixar ir embora sem a minha companhia esse tempo de espera vai se prolongar...
–Aii mais que namorado dramático eu fui arranjar...
Eles sorriram, arrumaram as coisas e deixaram o apartamento aconchegante para encontrar o ar gélido da rua.
*
Juliana tinha chorado tanto que adormeceu com as roupas do almoço. Um belo vestido estampado com flores e um cardigam que o tornavam o conjunto mais menina moça.
Foi acordada pela campainha e ja estava preparada para despejar dramas e reclamações na direção da amiga quando se surpreendeu com a pessoa que estava na porta.
–Oi dona Tê- ela disse ainda sonolenta, com os olhos vermelhos e a mente aérea.
–Oi Juliana a Gina ta por ai porque eu bati hoje na hora do almoço e não tinha ninguém...e você sabe que aquela menina pra atender um telefone é um custo só
–Sei bem...mas eu também não a vejo desde ontem...ainda deve ta na casa do Ferdinando..
Juliana sentiu que havia falado besteira quando observou as bochechas da senhora a sua frente se avermelharem...não sabia se era de raiva, vergonha ou os dois.
A mulher não deu nem mais uma palavra e voltou pra casa apressada confirmando a certeza da professora de que tinha falado o que não devia.
A moça sabia naquele instante...que momentos negros se aproximavam para ambos os casais.


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