De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 28
cap 25 - parte 2: O curso.


Notas iniciais do capítulo

Por que eu acho q merecemos uma tarde sexy depois de um período longo sem essa fic...
Aproveitem e se puderem ouçam a música da preview anterior..ela vai ajudar na imaginação.
p.s: Não vão burlar a regra da faixa etária em menininhas...ja disse q sou a favor da pureza do coração de vcs



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Sempre pensou que seria difícil mas nunca imaginou que a probabilidade de ser impossível fosse tão real como agora.
O jantar estava temporariamente cancelado mais ele faria o que fosse preciso para reverter a situação, portanto, resolveu estudar com mais cuidado as possibilidades que tinha e o campo minado que deveria percorrer.
Já era o quarto jornal que lia sobre as eleições. Sempre pulava o caderno de politica mas agora tinha um objetivo que ultrapassava as lembranças tristes...tinha a oportunidade de substitui-lo por memórias de um futuro feliz. As notícias eram sempre as mesmas e a derrota iminente do pai estava estampada em todos os meios de comunicação. Deveria fazer alguma coisa...qualquer coisa...mas sabia que para isso teria que conversar com a pessoa que mais entendia do assunto chamado Epaminondas.
*
–O mãe...posso lhe fazer uma pergunta?- Zelão chegava em casa com a mãe depois de uma viagem silenciosa e curta feita do hospital para a residência simples.
–Fale filho...- a senhora depositava a bolsa no cabideiro e retirava o jaleco que iria colocar de molho.
–Desde quando a senhora trabalha com aquele doutorzinho?- Zelão não podia evitar a acidez com que pronunciava o apelido que tinha colocado no ex-namorado do amor da sua vida.
–Mas que jeito e esse de falar do doutor Renato meu filho! Não foi assim que eu te eduquei!
–A senhora me desculpe mãe...mas eu não gosto daquele um...
–E eu possa saber por que? Que eu saiba o doutor Renato nunca lhe fez nada.
Ela não sabia da briga...e nem Zelão iria revela-la.
–Eu só não vou com a cara daquele um - Zelão deu de ombros e resolveu esquecer o assunto...sabia que não valia a pena brigar novamente e tinha medo de expor, mesmo que sem querer, os acontecimentos da semana que o deixou sem chão.
–Ah meu filho...o doutor Renato é um homem bom! Um excelente profissional...só o que acaba com ele é aquela paixão obsessiva por aquela professorinha que lhe desgraçou a vida.
Zelão respirou fundo para manter o controle e não explodir ao ouvir a mãe revelar o motivo do seu mal querer pela amada.
–Do que a senhora está falando?
–Isso mesmo que você ouviu meu filho... e nem precisou o doutor Renato me contar...eu ouvi a conversa que ele teve com o doutor nando um dia, pelo telefone....ele estava tão arrasado... e pelo que eu entendi...ele não é o primeiro que ela dispensa sem razão alguma.
–Mãe...não existe esse negocio de razão alguma...ela terminou por que descobriu que não o amava...acho isso razão suficiente.
–Pois eu lhe digo que isso é uma bobagem...o moço é um bom partido e ja até tinha proposto casamento...
–Você acha o amor uma bobagem?
–Não...eu apenas acho que ele não existe...
– Pois eu lhe digo minha mãe que ele existe....e penso eu que nós encontramos o nosso grande amor apenas uma vez na vida...e se não estivermos prontos para lidarmos com ele...nós o perdermos. É triste mas metade das pessoas do mundo não conhecem e nem conhecerão o amor...porque elas julgam que a conformidade e a comodidade são suficientes. Você minha mãe...não conheceu o amor porque não lutou para encontra-lo...você se calou e viveu um amor de conveniência...e não o amor da sua vida.
Zelão tinha lágrimas presas nos olhos e observava os olhos da mãe encherem-se de amargura e arrependimento. Decidiu que o melhor a fazer era deixa-la absorver cada palavra sincera dita na esperança de uma vitória futura.

*
O líquido fervilhava e fazia barulhos esfomeados na panela enquanto o aroma que invadia a cozinha deixava a grande mansão mais viva do que nunca. Ali, ela reinava sozinha, dona das mãos mais habilidosas e de um talento incrível para misturar ingredientes exóticos, a mando da patroa, e simples, a mando do patrão, porém a mágica com que o ambiente era invadido não animava a todos os presentes.
–Mas que cara de enterro é essa Rosinha?- A dama de avental procurava entender o porque de uma vibração tão negativa vinda da amiga que insistia em tirar uma poeira imaginaria de uma taça de cristal antiga.
–Ai Amância...tenho na mente os pensamentos esvoaçados e no coração a dor de sempre.
–Você quer me dizer que está pensando no Zelão de novo? –Ela era direta e ja estava cansada do assunto.
Rosinha deu um suspiro sofrido e voltou a atenção para outra taça recomeçando os movimentos que lhe livrariam dos olhos sinceros da cozinheira.
–Eu não me conformo Amância! O Zelão é perfeito pra mim! É meu homem ideal!
–Mas eu pensei que você ja tinha até esquecido daquele um...vi você de papo com Izidoro outro dia desses...
–Não Amância...eu me esforço tanto para tira-lo dos meus pensamentos mas o caso é que ele tem todas as qualidades que eu procuro em um homem, gosta das mesmas coisas que eu e tem um charme tão sincero e tímido que me fazem esquecer de mim... Eu sei que ele é o meu homem ideal... a minha alma gêmea. – A moça de cabelos negros e olhos castanhos admirava as taças e imaginava a imagem do amado refletida nas vidrarias.
–O caso minha amiga...é que nessa vida...nós nos preocupamos tanto em achar a nossa alma gêmea que esquecemos de ser a alma gêmea de alguém.
As reflexões expostas puseram seus pensamentos em choque.
–Mas então...o que eu sinto aqui dentro não é amor?
–Amor não é esquecer de si mesmo na presença do outro...é amar a pessoa que você se torna com a finalidade de ser feliz.
Cada conselho da amiga era um gatilho solto. Uma enxurrada de pensamentos que transitavam entre os sentimentos e a realidade. Talvez a cozinheira estivesse correta...talvez o que faltasse para ela...era parar de procurar.
*
Enquanto isso, duas outras amigas que sabiam bem o que era o amor aproveitavam os 15 minutos de intervalo do curso para acertarem os detalhes do plano.
–Então como vamos fazer? Você tem a chave da casa do Ferdinando?
–Não...mas eu sei onde ele esconde a chave extra para caso os irmãos precisem.
–Otimo! Então eu fico em casa e chamo o Zelão...enquanto você faz uma surpresa para o Ferdinando.
–Aiiii Juliana...que esse negocio ta me dando um frio na barriga...
–Ué...você se decida logo do que tem mais medo...de você mesma ou do pai do Ferdinando.
Era uma dúvida cruel. Uma pergunta complexa que, juntamente com os exercícios que andava fazendo, a deixavam tonta.
–Minha amiga...seja qual for o seu maior medo... você sabe que terá que enfrenta-los em algum momento...hoje você só vai escolher qual irá enfrentar primeiro.
A ruiva baixou o olhar de forma a tentar entender e organizar as ideias até ouvir a professora chama-las novamente. Levantou-se decidida...hoje ela se enfrentaria...deixaria a batalha com o futuro sogro para outro dia.
*
Ferdinando passou a tarde com seus pequenos. Lia livros e discutia estórias interessantes, fazia todos as artes de papel que sabia e desenhava todos os cenários imaginários que conhecia ...sem contar nas eternas sessões de tiro ao alvo estrelados por uma lixeira vazia estrategicamente localizada entre dois vasos de cristal caríssimos e varias bolinhas de papel que eram atiradas ao ar com o objetivo de derrubar os vasos e não de acertar a lixeira.
Entre risos e brincadeiras Ferdinando pode sentir o clima mudar abruptamente quando ouviu passos pesados machucarem o assoalho de mogno da escada.
–Mais que felicidade! Ver meus filhos juntos novamente – o senhor das mudanças temperamentais estava realmente emocionado e o filho mais velho poderia jurar que o pai estava se esforçando para esconder as lágrimas. Não queria estragar um momento tão bonito e resolveu ser o companheiro que ele sempre pode contar.
–Ah meu pai...pois saiba que estar aqui com vocês é um hábito que eu não vou largar...isso se o senhor se o senhor permitir é claro.
–Mas que conversa é essa Nandinho...você não sabe a alegria que me da todas as vezes que vem nos visitar....por mim você voltava pra essa casa agora mesmo...mas entendo que um rapaz crescido e além de tudo já formado deve ter o seu cantinho...se é que você me entende.- Epaminondas não pode deixar de lhe lançar uma piscadela de uma cumplicidade a tempos esquecida.
Ferdinando riu das intenções lançadas pelo pai e observou os irmãos saírem em disparada em direção a cozinha ao ouvirem Amância anunciar que a sopa estava pronta. Voltou a pegar o caderno jogado no chão da sala e uma caneta que sempre ficava no bolso e resolveu que tentaria abordar o assunto delicado com o pai de forma natural e realmente não queria estragar o momento familiar, porém, foi o atual candidato a prefeito que resolveu começar o tema delicado.
–Nandinho...meu filho...eu sei que eu não tenho nada a ver com a sua vida...você já é um homem... você faça o que bem entende dela mas me faça um favor ...pelo amor de deus...não se enrabiche com aquela uma...aquela Falcão.
–Meu pai... pois se o senhor quiser falar sobre esse assunto eu acho melhor a gente mudar o rumo dessa prosa para que ela não azede.
–Mas então isso é um mal sinal.
–E o que seria um bom sinal pro senhor? Que eu dissesse que não quero saber da moça?
–Claro...eu esperava que você me dissesse isso meu filho.
–Pois isso eu não lhe digo e jamais vou lhe dizer. A única coisa que eu posso lhe afirmar é que por enquanto ela é só minha namorada...
–Por enquanto..?
–Por enquanto sim! Mas o senhor pode ter certeza de que quando eu tiver alguma coisa mais séria para lhe dizer o senhor vai ser o primeiro a saber...pronto...está contente?
–Não...não estou contente não companheiro...e já que você foi claro comigo eu vou ser claro com você...O senhor fique sabendo doutor Ferdinando Napoleão que o senhor só vai trazer aquela maluca para esta casa depois que eu tiver morto!
–Ora essa meu pai mais por que dessa implicância com a moça...eu to apaixonado pela Gina!
–Mas que apaixonado o que rapaz! Que história é essa! Você não sabe o que tá falando.
– Eu estou apaixonado pela Gina !Ela é minha namorada e vai ser um dia a minha mulher!- O rapaz ja estava ficando nervoso e o aumento no tom da voz denunciava irritação.
–Vai nada!
–E eu lhe digo mais meu pai ...se o senhor continuar com essa bobagem eu não vou mover uma palha para lhe ajudar nessa sua campanha!
–E agora você resolveu que entende de política?
–Pois saiba o senhor que eu ja estive conversando com o seu atual adversário...e sou inté capaz de ajuda-lo nas eleições.
Os animos ja estavam alterados e ameaças começava a ser cuspidas.
–Você não seria capaz disso...
–Você não vai querer pagar pra ver....
–Mas se você fizer isso eu te mato!
–Mata nada meu pai ...o senhor fala isso da boca pra fora!
– Então também não fala da boca pra fora que você ja ta falando pela buia! Que você não vai trabalhar para aquele individuo de jeito nenhum!
–Meu pai ...meu pai ...para que nossas vidas sejam boas eu só lhe peço duas coisas.
–Ahh..vai falando....
– Uma é que você me deixe trabalhar na nossa fazendo como seu filho e herdeiro que sou....
–O que? Disse o que? Você abilolou? Você endoidou de vez?
–A segunda meu pai ...é que o senhor permita que eu traga a minha namorada aqui em casa para um almoço tranquilo e a trate bem! Sem falar em reatar sua amizade com o Seu Pedro Falcão já que futuramente todos nós faremos parte de uma só família!
–Mas só se eu tiver morto! Você pode ir tirando o seu burreco da chuva que eu não vou fazer nem uma coisa e nem outra!
–Então não faz mal porque eu vou casar com ela do mesmo jeito...e o senhor vai ter que engolir isso se quiser continuar presenciando cenas como a de hoje a tarde...
–Mas o Pedro nunca vai deixar vocês casarem sem o meu consentimento...
–Não faz mal ...a gente foge.
–Você não seria capaz...
–Seria sim...e você sabe muito bem disso
–Mas ela não vai fugir com você nunca...aquela uma é bem capaz de lhe pregar fogo se você tentar leva-la para longe dos pais dela...ta pensando que ela é uma daquelas suas coleguinhas de faculdade? To pagando pra ver que você vai roubar a moça...
–Não vai ser necessário rouba-la não meu pai...por que eu tenho certeza que se eu pedir...ela foge comigo...
–Mas você so cresceu em tamanho mesmo...não sabe nada da vida rapaz...aquela uma la..fugindo com você?!Mas eu to pra ver isso acontecer...
–Pois não duvide meu pai...por que quem o faz paga com a língua.
–Isso é uma ameaça?
–Não...é um aviso.
–Pois você fique sabendo que nenhuma Falcão vai por os pés dentro desta casa e muito menos vai entrar para esta família...é você bote isso nessa sua cachola e não me dê esse desgosto ta certo? Ta contente?
–Vamos fazer de conta que estamos entendidos e que estamos contentes...agora se o senhor me der licença meu pai eu vou voltar para minha casa ja que eu perdi a vontade de ficar na sua.
–Vá para sua casa...mas guarde bem o que eu lhe falei...guarde bem...!
O engenheiro não podia acreditar nas palavras do pai...Sentiu que o poder do remorso e da decepção derivados de erros do passado estavam mais presentes do que imaginava.
–Ferdinando! – A voz esganiçada que conhecia bem corria em sua direção até alcança-lo ja no portão. –Meu querido...eu sinto muito...eu não pude deixar de ouvir...até por que você sabe que não da para não escutar as coisas quando seu pai se altera...nem as grossas paredes dessa velha mansão são capazes de abafar os rompantes dele.
–Tudo bem Catarina...eu só esperava que ele fosse mais humano na hora de tratar de certos assuntos.
–Mas você quer que ele seja mais humano do que isso?
–Mas aquilo ali não é um ser humano Catarina...é um monstro!
A dama de vestes exóticas e maquiagem forte apenas sorriu e o olhou com os olhos de mãe.
–Você não percebe que aquele senhor que acabou de lhe falar...está sendo mais humano do que quando esta com o comitê politico dele. Aquele que você resolveu deixar sozinho na sala é o homem que mostra fragilidade...medo e um amor intenso por você... não estou dizendo que ele está certo...mais o ato de proteger a cria de uma ameaça...mesmo que essa não seja verdadeiramente uma...é a maior prova do quão humano seu pai é.
Ferdinando não sabia como aquela mulher de humores oscilantes e que transbordava extravagancia conseguia ser...as vezes... a mais sensata da casa.
– Pois eu lhe digo Catarina...que esse homem que se preocupa tanto com a política e com a simpatia dos eleitores está perdendo pontos com a única pessoa que ele não deveria perder.
O rapaz se despediu da madrasta com um leve beijo na mão cheia de anéis dela e seguiu para casa...precisava desestressar...conversar com a namorada e confessar logo que o almoço do dia seguinte estava temporariamente cancelado.
No caminho pelo parque, que sempre atravessava para chegar em casa, o moço sentiu o celular tocar e se surpreendeu com a mensagem que fazia o aparelho brilhar.
“Frangotinho...tive que ir pegar umas roupas minhas que esqueci na sua casa e resolvi preparar uma surpresa...estou te esperando. bjs”.
Ele riu e entendeu que definitivamente eles estavam conectados por algum poder espiritual. Ele nem precisou ligar ou confessar o quanto precisava dela...ela simplesmente ja tinha lido seus pensamentos.
*
O medo era substituído pela certeza a cada respirar mais profundo. Tentava acalmar o coração da maneira como um dia havia aprendido em um daqueles programas de saúde da Tv. Buscava suprir a ansiedade e trocar a razão pela ousadia de ser mais intensamente ela...como nunca tinha sido antes. Olhou-se novamente no espelho, analisou a maquiagem leve porém mais presente do que jamais usara. Os lábios estavam completamente vermelhos e ela não sabia se isso se devia a tensão ou a cor natural deles que faziam com que o batom ficasse ainda mais vivo e os lábios mais convidativos. Tocou de leve a renda preta da camisola fina que vestia. Passeou os dedos pelos traços delicados que evidenciavam suas curvas. O tecido não lhe escondia muito, deixava as longas pernas a mostra e cobria o suficiente para atiçar a imaginação. Dois fios finos, que ela identificava como alças, prendiam a seda em seu corpo e evidenciavam um decote provocante. E lá estava ela, vestida de renda e seda, uma mistura que anunciava seu estado de espirito, expressava uma luta feroz entre a inocência e o romantismo contra a sensualidade e o atrevimento. Tirou a atenção da roupa, fixou o olhar na imagem refletida no espelho e observou a pele branca enrubescer. Deveria refrear esse reflexo tão natural. Precisava vestir-se de um personagem novo que não abandonaria nunca mais, porém o deixaria calado e o revelaria em horas certas como agora. Retomou a atenção para a imagem refletida e assumiu o olhar objetivo que tinha quando queria muito ganhar. Notou a pele retornar a cor natural e os músculos tensos relaxarem. Ali estava a resposta para o controle de seu nervosismo: Foco.
Ouviu a porta bater, anunciando a chegada do dono das batidas aceleradas do seu coração, decidiu que não teria mais tempo para arrependimentos ou desculpas, colocou o robe preto sobre a roupa desafiadora e repousou o chapéu de forma sedutora na cabeça sem desarrumar os cachos domados porém soltos:
: era hora do show.
*
–Gina? Você esta em casa? Por que que ta tudo escuro? –Ferdinando ia acender a luz da sala quando se deteve ao som da música que começou a invadir o ambiente. Observou surpreso a luz do corredor se acender e uma sombra aparecer por trás da porta de vidro fosco que separava a sala do corredor que dava acesso aos quartos.
A ruiva respirou fundo e começou a série de movimentos que tinha aprendido no curso. Seguia a música com a cabeça livre de pensamentos e sentia os olhos do namorado arderem em sua direção. Era fato que não conseguia observa-lo com clareza devido ao vidro que os separava...mas aquele acessório era necessário para que ela fosse relaxando aos poucos e conseguisse a performance que almejava.
O engenheiro via a sombra da namorada acompanhar a música e retirar delicadamente as peças de roupa em movimentos sensuais. Sentiu o corpo cair no sofá e engoliu seco quando a porta se abriu e a revelou com olhos sedentos.
Ela estava mais linda do que nunca... as meias pretas terminavam no meio de suas coxas com detalhes rendados...e a liga que as prendiam iam além da camisola tentadora que ela usava. Ele conseguia evidenciar traços da pele nua dela por debaixo da renda estrategicamente localizada em pontos onde a seda não alcançava. A peça acentuava suas curvas e escondia os tesouros que ele tanto queria se apossar...no alto daquela tortura que ela chamava de roupa ele identificou um laço delicado que dava um ar provocante ja que o desafio seria o de desfaze-lo e libertar os seios dela daquela armadilha intitulada decote. O robe preto ja estava esquecido no chão. Ela, então, se aproximou lentamente e sorriu maliciosa quando notou que a parte da surpresa e da excitação ja haviam sido alcançadas.
A música continuava e ela colocou um de seus pés na brecha das pernas abertas dele...o engenheiro entendeu que, como dizia a música, ela queria que ele a livrasse dos sapatos de salto...e assim ele o fez. Tentou percorrer, com os dedos, as meias finas que a moça usava mais ela rapidamente as tirou de suas garras. A ruiva passou as mãos tentadoramente pelas próprias pernas e revelou que as ligas se estendiam por um período breve. Ela rebolava sensualmente em torno de si mesma e o rapaz só poderia pensar que ela era o maior espetáculo da natureza. A ruiva segurou levemente a aba do chapéu que usava e o deslizou pelo corpo imaginando o contato dos dedos do homem sentado no sofá...o observou ficar com ciúmes do acessório e voltou a repousa-lo sobre sua cabeça.
Ela se aproximou predatoriamente dele.. agachou-se em sua direção e, enquanto conduzia suas mãos espalmadas pelas pernas cobertas dele, o engenheiro fechou os olhos imaginando o próximo toque da moça, mordeu os lábios quando ela passou direto pelo seu ponto mais evidente e o agarrou pela camisa fazendo com que ele se aproximasse ainda mais e sentisse o perfume dela misturado a luxuria.
Ele a procurou com as mãos mas ela se afastou novamente...ele ameaçou se levantar e ela delicadamente o empurrou de volta ao sofá com a ponta de um dos pés. Ela o estava enlouquecendo...e sabia bem disso.
A moça trouxe para o cenário, a meia luz, uma das cadeiras da mesa de jantar e reproduziu a cena descrita na canção que ainda tocava. Ferdinando observava extasiado os movimentos bem colocados da moça, a seguiu com os olhos quando ela se pôs em pé na cadeira, suspirou quando a viu rebolando e descendo lentamente...naquele momento ele ja não queria mais ser o chapéu e sim a própria cadeira. A ruiva sentou-se de lado e o encarou. Jogou o chapéu em sua direção e riu ao ve-lo piscar várias vezes ainda tentando assimilar os acontecimentos. A moça, então, esticou as pernas em uma flexibilidade que ele julgava não conhecer. Ela novamente passou as mãos pelas coxas e retirou as meias lentamente...primeiro a liga...e depois cada um dos pares foi arremessado na direção do rapaz. A moça, então, ameaçou retirar a camisola e deixou os dedos serem responsáveis pela queda de uma de suas alças. O rapaz, que agora se encontrava na beira do sofá, tinha os olhos vidrados e brilhantes...adorava essa nova face da namorada e sabia que ,com ela, seria assim sempre...o novo seria constante.
Ela parou o ato de desfazer o laço e lhe lançou um olhar faminto sincronizado com a passagem da sua língua pelo seu lábio inferior seguido de uma mordida leve. Gina observou o namorado salivar e resolveu que levaria a brincadeira para um grau superior. Seguiu na direção dele e se posicionou na maneira que eles tanto adoravam ficar no sofá. As pernas dela o abraçavam firmemente e ele não pode se controlar ao colocar as mãos na cintura fina dela. O ato foi rapidamente reprovado pela moça que afastou os toques do rapaz e recomeçou a dança sensual que havia feito na cadeira. Ferdinando sentia a pressão em suas calças machuca-lo a cada toque dela, a cada expressão lasciva , a cada movimento que deixava sua intimidade tão próxima da dela. Ele precisava toca-la mas era repreendido a cada tentativa. A moça sentia que seu objetivo estava passando dos limites...e ele...mesmo sob o seu domínio a estava tirando do controle. Ela, então, avançou um nível e começou a despi-lo das roupas de forma vagarosa...durante o ato ele ousou deslizar os dedos pelas bochechas dela, coradas por blush, e delinear seus lábios vermelhos até que ela alcançou um de seus dedos e o mordeu sedutoramente provocando arrepios por todo o corpo do engenheiro. Ele fixou os olhos na atenção que ela dava em cada um de seus dedos e desejou que a mesma importância lhe fosse dada em outras regiões do corpo. Deixou as unhas dela lhe arrancarem os suspiros, a blusa, a calça e a razão. O rapaz estava tão maravilhado com o momento que apenas seguia os comandos da mulher que o tirava do sério. Ela então o deitou no sofá e deslizou o corpo sobre o dele para logo depois se dedicar ao objeto do seu desejo mais visceral. O rapaz revirou os olhos ao senti-la tão esfomeada por ele e não resistiu aos gemidos que agora escapavam de sua garganta e invadiam a sala silenciosa devido ao termino da música. Não sabia como...mas ela conseguia faze-lo alcançar notas desconhecidas e sensações deliciosas. Os suspiros profundos e o respirar acelerado eram indicativos de vitória para ela. A moça o ouviu suplicar entre soluços carregados e cada pedido de clemencia era visto como combustível para que continuasse a sessão especial.
Ferdinando sentia o mundo rodar seguindo os ritmos que ela lhe ditava. Ele estava zonzo e ela continuava sedenta. Ele precisava dela e ela tinha certeza disso. Já no quinto pedido por misericórdia Gina decidiu que deveria direcionar a tortura para outros lugares e subiu os lábios pelo corpo do rapaz.
O engenheiro estava rendido, buscava o ar desesperadamente a cada traço quente que ela deixava em seu corpo. Ela conduziu as mãos dele na direção de suas pernas como uma forma de autorização e exigência que o rapaz sem demoras atendeu. A moça sentia as pressões deliciosas deixadas em seu corpo mas decidiu que levaria a brincadeira para o quarto. Retirou-se da posição em que se encontrava e o observou segui-la como se seu corpo fosse um imã e ele fosse feito de ferro. Ela seguiu pelo caminho que conhecia muito bem conferindo algumas vezes para ter certeza de que ele a estava acompanhando e dando sorrisos debochados e mordidas provocantes no próprio lábio.
Ferdinando sabia...aquela mulher o estava levando a loucura...e no limite em que estava ele a seguiria até o fim do mundo se fosse preciso...ainda bem que o fim do mundo, no caso, era localizado no quarto dele. Ela o sentou na cama, virou-se de costas, retirou a camisola de forma cadenciosa e ouviu o namorado arfar. Colocou a mistura de renda com seda em frente aos seios e se virou apenas para jogar o tecido na direção do namorado. O rapaz sentiu a fabrica atingi-lo mas manteve os olhos no corpo escultural que ele tanto desejava. Deixou a camisola de lado e, com um impulso, levantou-se da cama e a agarrou como um leão dando o bote em sua presa.
Gina fechou os olhos ao sentir a boca dele saudosa da sua, suas mãos pressionando seu corpo, a vontade urgente dele de possui-la ali e agora e ela, obviamente, não iria fazer nada para impedir uma necessidade que também era tão sua. Sentiu que compartilhavam do mesmo desespero e logo o ajudou a tirar a única peça que a separava definitivamente dele. Esqueceram da cama pronta e a espera e optaram pela parede fria do quarto. Seriam sempre assim...amantes do incomum. Ele parecia incontrolável e ela adorava isso. O rapaz a forçava contra a parede com um vigor totalmente novo e excepcional. O estado de loucura a deixava cada vez mais excitada, a potencia com que ele demonstrava seu desejo por ela a deixava extasiada e a levou a diversas viagens transcendentais em uma única sessão de amor bruto na parede.
O engenheiro sentia a namorada tremer em seus braços e sabia que ela estava aproveitando tanto quanto ele. Conseguia ver os olhos dela cerrarem e a respiração profunda a cada volta ao mundo que dava e ele também não podia deixar de sentir a sua alma se conectando cada vez mais a dela. Ela o conduzia e ele planava entre a emoção e as explosões carnais. Ele ouvia gemidos deliciosos e pode identificar seu nome entre eles. Ela pedia por ele e ele sucumbia a ela. Algo além do racional, além dos livros que lera na adolescência ou de qualquer experiência passada...o que ele vivia ali...a sensação de tê-la em seus braços, de a ouvir sussurrar seu nome e de se satisfazer em seus efeitos era simplesmente indescritível. Sentiu, então, o corpo gritar e logo depois se acalmar em um estado de alivio e perfeição. A percebeu relaxar sobre seu corpo e entendeu que ela também o acompanhara nas sensações. O rapaz a abraçou e sussurrou docemente as primeiras palavras conscientemente ditas desde que chegou em casa.
–Eu te amo!
Ela sorriu entre o abraço que recebia e também resolveu tornar audível o sentimento que lhe aquecia o coração.
–Eu também te amo!
Ferdinando se retirou delicadamente e a carregou nos braços em direção a cama tendo o cuidado de se lembrar do movimento que pretendia repetir no dia em que se casassem.
Gina sorriu com todo o romantismo do namorado e resolveu que deixaria o plano seguir seu fluxo natural até que reparou nos olhos sonolentos do engenheiro e resolveu que não poderia perder a batalha.
Olhou no relógio e verificou que a noite estava apenas começando.
–Mas você ja vai dormir? – a ruiva usava a voz mais manhosa que conseguia e espalhava beijos pelo rosto e pescoço do amado.
–E quem disse isso?
–Ora essa... os seus olhos fechados.
–E você tem alguma ideia do que podemos fazer?- o engenheiro sorriu e abriu os olhos. Ele não precisou falar mais nada...notou o sorriso malicioso da moça, a sentiu deslizar as mãos para o alvo localizado entre suas pernas e percebeu que, naquela noite em particular, a namorada estava insaciável.
*
Já na outra casa um casal de amigos se aventurou pelos mesmos caminhos porém, na manhã seguinte Zelão a fez compreender que a moça não obteve o mesmo sucesso caracterizado pelo esquecimento do acontecimento do dia.
–Juliana...meu amor acorde...vamos nos atrasar para o almoço na casa da mamãe. – ele dava beijos leves nos braços da amada.
–Como você consegue passar a noite inteira utilizando tanta energia e acordar cedo?
–Não é tão cedo...ja são 9 da manhã...
Juliana soltou uma respiração pesada de reclamação e afundou um travesseiro em seu rosto.
– Você sabe que se pudéssemos ficaríamos o dia todo aqui certo?!
–A é...então por que a gente não continua fazendo o que a gente fez tão bem ontem a noite...e hoje de madrugada...e hoje cedinho pela manhã...
–Bem que eu gostaria meu amor...mas eu sou um homem de palavra e nós temos um compromisso marcado com a minha mãe além do mais, ela não gosta de atrasos...então vamos?
Juliana suspirou em frustração e deixou o corpo cair na cama enquanto o namorado ria da encenação feita pela amada. Ele só esperava que todo esse drama não se estendesse para a hora da refeição.
*
O relógio na cabeceira da cama piscava o horário que marcava a vitória da ruiva. Ela sorriu ao perceber que ninguém poderia mais almoçar as três horas da tarde.
Era verdade que o plano tinha saído melhor do que esperava, afinal, a moça passou a noite toda descobrindo sensações pontuais e provocações novas. E que noite...
–Mas você é mesmo uma diaba...- a voz do namorado denunciava uma satisfação que não correspondia ao conteúdo da frase.
– E por que você diz isso?- ela sentia os braços dele a conduzirem novamente para uma posição tão sua...tão correta : a de estar ao seu lado.
–Por que agora eu entendi o seu plano diabólico...
–Pois saiba que eu não sei do que o senhor esta falando doutor Ferdinando Napoleão.- O rapaz adorava os risos que ela dava quando ele espalhava beijos estalados em seu corpo.
–Sabe sim...!Ou pensa que eu não notei essa sua carinha de felicidade ao ver que horas são.
Pêga...ela havia sido descoberta e não sabia o que pensar sobre isso.
–Frangotinho...eu..
–Shh...não precisa dizer nada não...eu é que preciso lhe contar uma coisa...ontem mesmo eu queria ter falado com você que, com esse negocio de eleição, o almoço la em casa teve que ser transferido.
Ela estava confusa mas a realidade de saber que não iria enfrentar o pai do namorado, pelo menos por enquanto, era muito bem vinda.
–Então eu não vou mais precisar ir almoçar na sua casa?
–Por enquanto não...apesar de que eu gostaria muito que um dia isso acontecesse...mas por vontade sua também.
Ela observou ambição em seu olhar...e tirou algumas conclusões rápidas e reveladoras.
–Tudo bem...eu concordo.
–Jura?
–Juro oras...afinal amar é também fazer sacrifícios como enfrentar o pai louco do namorado...certo?!
Ele riu, concordou e não pode deixar de confessar.
–Mas saiba que eu gostei muito desse seu jeito de me manter acordado e me fazer perder os compromissos.
Eles riram juntos e se renderam a um beijo calmo e apaixonado. Talvez fosse isso mesmo...sacrifícios e vitórias, amar ao ponto de realizar os desejos mais profundos do outro e descobrir que suas vontades estão além de qualquer empecilho.


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Notas finais do capítulo

é isso ai meninas...prox cap saindo talvez amanha...ou no decorrer da semana...vou ver se dou uma adiantada pq vcs merecem...e eu to com saudade e cheia de ideias...e..afinal d contas...precisamos saber como foi esse encontro entre Mãe benta e Juliana, como Ferdinando vai dobrar o pai e os acontecimentos que farão Rosinha tomar medidas drásticas em sua vida...espero que continuem acompanhando e obg pelo apoio de sempre!!=*



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