De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 30
Cap 27: Regras


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais saiu...nem vou culpar a internet pq se ela n tivesse caido ontem o cap n teria metade das cenas que eu coloquei de ontem pra ainda agora. !
Era pra ser um cap familia mas o Marron 5 me corrompeu..desculpem..então - SE VC AINDA TEM PUREZA NO SEU CORAÇÃO:NÃO LEIA!
Enfim chega de lorota e vamo "soltar os porcos!"hahah!
Boa leitura
p.s: ta grandinho gnt culpa da minha falta de net..haha!



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O senhor de vestes simples e coloridas tentava se concentrar nas tabelas de preços e taxas de lucros do restaurante que comandava. Procurava não lembrar-se do futuro próximo porém acabava manchando, com lágrimas salgadas, a caderneta em que anotava os números.
Entre idas e vindas do namoro da filha com o músico, ele chegou a acreditar que o destino poderia ser outro mas, após a proposta irrecusável do pai do rapaz de bancar seu primeiro cd e sua turnê pelo interior do estado, o pobre comerciante italiano se viu obrigado a aceitar, mesmo que a contragosto, o enlace matrimonial de sua Milita com o traste do Viramundo.
Tinha acabado de concordar com toda a situação, afinal, não poderia e nem conseguiria evitar que a filha um dia o deixasse.
Ela era igual a mãe, uma aventureira com mãos de fada. Que desistiu de tudo por um grande amor. Ele temia por isso, apesar de saber que sua môre nunca havia se arrependido de ter deixado a Itália com ele para se arriscar em terras brasileiras.
Agradecia, pelo menos, as duas únicas heranças que a filha havia herdado do pai: o bom senso e o reconhecimento. Ela sabia onde deveria caminhar e como organizar os negócios e também sabia dar importância aqueles que mereciam. Um sinal disso foi a escolha dos padrinhos do casamento: Seu Pedro e Dona Te, comerciantes locais que muito ajudaram a família no começo da vida no Brasil e Epaminondas e Madame Catarina amigos de longa data de seu pai.
No fundo, sabia que ela seria feliz e que o medo que o invadia não era completamente culpa dela e sim do próprio futuro...ele reconhecia, com muito esforço, que teria que aprender a se virar sozinho em uma nova vida de inexperiências domésticas.
*
Dona Te entrou em casa batendo porta e gritando nomes nada cristãos.
–Aquele um vai desgraçar a vida da minha filha!
–Mas do que que você ta falando mãe?
–A você não sabe não pai...pois entenda que tudo o que ta acontecendo é culpa sua!
–Mas ora essa...do que que você ta falando mãe?
–Foi você que permitiu aquela perversão toda sem o consentimento de nosso senhor Jesus!
Seu Pedro sabia que a esposa começaria uma pregação mais intensa do que aquelas que era obrigado a ouvir todo domingo.
–Desembucha logo mulher.
–A sua filha..! Ela ta vivendo de pecado mais aquele um!
–O mãe...eu não entendo esses códigos ai que vocês da igreja falam...você pode me explicar em português ?
Dona Te fez uma cara de ofendida mais resolveu que lidaria com a falta de fé do marido mais tarde.
–Eu fui la na casa da Gina, ja que ela não atende aquele celular dela, pra levar a noticia do casamento da Milita mais o Viramundo...e adivinhe so..
–O que?
–A vossa filha ta la na casa do namorado..
–E qual é o problema? Eu consenti que eles namorassem
–Mas pai ela ta la desde ontem! Isso la é coisa de menina certa?
Seu Pedro tinha que admitir que, apesar de ser moderno e mente aberta para certos tipos de coisa, uma criação como a que eles deram para a filha não permitia tais liberdades.
–Tá certo, tá certo...mas o que você quer que eu faça ? Eles ja moraram juntos e a gente deu permissão.
–Mas isso era antes desse tal namoro! Agora isso é pecado!- ela falava e batia os dedos na mesa de forma que seu Pedro começou a ter medo de ser o próximo.
–O mãe...eu tenho pra mim que se a gente proibir aqueles dois...eles vão acabar é fazendo coisa errada de verdade e se encontrando pra namorar escondido em outro lugar.
–Ah...não pai...comigo não vai ter isso...eu vou falar com a Gina e vou ficar de olho naqueles dois...e você vai falar com o Ferdinando.
–Mais ora essa...falar o que?
–Falar que a nossa filha é uma menina de família, de respeito e que certas coisas so acontecem depois do casamento. A gente tem que ver se o rapaz tem mesmo boas intenções com a nossa Gina por que depois ela pode ficar mal falada pelo mundo e do jeito que as coisas ja estão...vai ser difícil ela conseguir marido!- a voz da mulher ja estava esganiçada e alterada de forma que Pedro dava leves toques no ouvido quando a voz da esposa alcançava notas muito altas.
–Mas ...olha...você ja ta fazendo mal juízo do rapaz.
–Mas ele ja te garantiu alguma coisa Pedro? Ele ja falou de casamento procê?
–Não...isso ele não falou não...
–E você sabe se o pai dele ja sabe dessa história? O que o talzinho acha de tudo isso?
–E..isso ai eu também não sei não....
– Pois e acho que ta na hora de você ter essa conversa sim e impor limites!
–Ta bom ta bom...eu vou ter essa conversa com o Ferdinando..sacomé...conversa de gente...mas sem briga sem nada...ele é um sujeito muito bom viu...não vale a pena ficar discutindo com ele não.
–Mas eu acho bom você se firme com ele senão a gente não vai fazer outra coisa na vida que não seja vigiar aqueles dois.
–Vigiar? Mas vigiar pra que? A Gina tem cabeça mulher!
–Mas eu ja vi muita gente que tem cabeça acabar com o bucho cheio antes da hora.
–Pois agora eu acho que você tá falando uma tremenda de uma besteira sacome...ora a Gina é a Gina e pronto ué...resolvido pronto. E de mais a mais por mim eles namoram quando e onde eles quiserem por que pra mim o Ferdinando é um moço muito bom, respeitador e vai saber respeitar muito bem a minha filha.
–Nossa filha!
–A nossa filha ainda bem que você me falou...por que do jeito que você fala parece que que criei sozinho...sacomé...alinhais pra você eu é que fiz tudo de errado...eu é que criei ela como se fosse um menino...eu fiz o diabo...eu to certo ou to errado.
–Não você criou ela muito errado mesmo pai...essa menina não sabe cozinhar, não sabe arrumar uma casa...que tipo de esposa ela vai ser pro doutor Nando pai?
–É eu acho que você ta certa mesmo...deve ta...porque ela não sabe lavar, passar, não sabe varrer uma vassoura...é ou não é ...so que quem tinha que ensinar isso pra ela é você...Isso e outras coisinhas a mais...se é que você ta me entendo.
–Mas essas coisinhas a mais ela deve de saber muito melhor que nos dois...quando a gente ta indo com o milho ela ja vem com o farelo pronto...ora essa onde ja se viu...dormir na casa do namorado...mas que pouca vergonha...Jesus ta vendo isso!!
–Ta ta ta..ta bom ta bom...ja entendi...eu vou resolver essas coisas...vou conversar com o Ferdinando e você converse com a vossa filha.
–Ta bom então ...nenhuma filha minha vai viver sob pecado...eu vou ter que marcar um horário depois da janta pra eles se verem e vou ficar de olho...- A mulher deixou claro suas intenções e seguiu na direção do quarto.
–Ta certo ta certo...mas pera..marcar horário? Depois da janta? Mas isso e loucura mãe e alinhais depois da janta ta escuro...e eles vão ficar andando pela cidade no escuro...
–Que ele venha de automóvel...não é pra isso que o pai dele tem automóvel?! –Ela decretou e fechou a porta do quarto na cara do marido.
O assunto ainda renderia muito reggae.
*
A mansão estava estranhamente silenciosa quando o dono da casa chegou. Suspeitou que os filhos estavam no jardim e que a mulher tinha saído para suas compras de todo domingo. Deixou o corpo cansado cair no sofá de luxo e tentou esquecer todos os problemas. Fechou os olhos e imaginou seu mundo ideal, sem trapalhadas da ex mulher, sem crises de ciúmes da atual. Um mundo perfeito no qual o filho mais velho assumisse suas responsabilidades politicas e desistisse da missão de querer enfrenta-lo em cada decisão de sua vida. Esqueceu-se do senador e da ameaça que ele representava e dos problemas da fazenda. Relaxou a cada lembrança tensa que jogava em seu lixo mental, em cada situação que ele resolvia ignorar no momento. A parte difícil de escolher deixar as lembranças voarem para o além...era ter que lembra-las para poder esquece-las...como aquela fruta podre na ultima gaveta da geladeira que você tem que sentir e ver para poder se livrar de vez.

FLASHBACK

O escritório sempre foi seu lugar preferido no mundo mas hoje ele havia optado pelo calor da lareira da sala. Tentava relaxar nesse domingo frio.
–Epaminondas...
– Que susto Catarina! Você quer me matar do coração...é isso o que você quer? – músculos tensos novamente e uma leve dor que sempre lhe invadia quando via o rosto da amada coberto por decepção e tristeza.
–Eu não to pra brincadeira Epaminondas
–Eu também não to brincando.- Levantou-se para acompanhar os olhos acusadores da mulher de igual para igual.
–Então antes que eu me esqueça...vá logo me dizendo...como é que está o seu outro filho...
–Outro filho? Mas que outro?
–O filho que você vai ter com aquela talzinha...a Clotilde esta de quantos meses mesmo?
– Ai...não acredito...não acredito! De novo esse assunto Catarina? E agora você me inventa um filho!
–Você não é pai dessa criança que ela tá esperando Epaminondas?
–Não...não Catarina! Aquela mulher saiu da minha vida e desta casa a muito tempo ! – Ele suplicava com olhos mareados...pedia que a mulher fosse sensata o suficiente para compreender que o ciúme era no mínimo descabido.
– Se não é seu o filho que ela ta esperando agora de quem que é?
–Eu não sei Catarina ...como é que eu vou saber! Mais que assunto mais escalafobético é esse! Pelo amor de Deus! Filho nessa vida eu só tive Ferdinando com minha falecida mulher, Lepe com aquela loca da Clotilde e a Pituquinha com você meu amor! E pelo amor de deus vamos encerrar esse assunto antes que eu perca a minha paciência!
–Pois então perca! Perca a sua paciência Epaminondas! Eu nunca tive medo de homem nenhum Epaminondas...e eu não vou ter medo de você.
–Eu não vou descer meu braço em você Catarina...antes disso eu vou te colocar pra longe dessa casa que é o que você ta merecendo.- Epaminondas via sua paciência se perder nos gritos da esposa e procurava manter a calma para não falar o que não devia.
–Papai vai mandar a mamãe embora? – a doce voz da menina irrompeu pela sala acompanhada de preocupação e medo.
–Mas você tava ouvindo a nossa conversa menina!
–Claro vocês dois tavam brigando!
–Você ta vendo! Você ta vendo o que você fez!- A mulher rodopiava em torno de si mesma, fazia tiques nervosos com as mãos tão característicos de sua personalidade hiperativa e dramática e deixava as lágrimas correrem soltas pelo rosto enquanto indiciava o marido mas uma vez.
–Eu que fiz? Você que começou a falar bobagem!- O réu tentava se defender das acusações mais o olhar indignado da mulher ja o sentenciava.
–O senhor tem outro filho além da gente?
–Ta vendo! Agora desaguo! - o grande politico temia que estivesse perdendo um debate até para as duas grandes apoiadoras de sua campanha.
–Tem! É bom que você fique sabendo filha! Seu pai mentiu pra gente esse tempo todo!
–Cala a boca Catarina! Fecha a tua matraca que agora você ta passando do limite!
–Quem passou dos limites foi você Epaminondas. Pro quarto Pituca!
Ele observou a mulher desaparecer pelos corredores da mansão levando consigo a filha e resolveu que o que precisava no momento estava situado na mesa ao lado. Uma grande garrafa que fora sua companheira de dores por 28 anos.

FIM DO FLASHBACK

Epaminondas respirou fundo...seria difícil livrar se dessa memória dolorida.
–Eu devo de ta pagando um pecado muito grave....eu não mereço isso meu deus! Não mereço.
Escolheu, então, afundar-se ainda mais no sofá antes de encontrar a cama vazia que lhe aguardava.
*
Juliana tentou esconder-se, com o cobertor, da claridade que a manhã de segunda lhe trazia. Os acontecimentos do almoço do dia anterior ainda estavam irritavelmente frescos em sua mente. Se pudesse, apagaria cada vestígio de sua existência daquele domingo horroroso. Mas ela estava ali, teria que lidar com as situações da maneira como costumava lidar com seus problemas profissionais...de forma madura.
–Juliana?!
–Hm...
–Juliana você ja está acordada? Vai se atrasar pra escola!
–Me deixa morrer aqui sozinha! – grande maturidade, pensou ela e se encolheu na cama agarrando o pequeno travesseiro que sempre a acompanhava nos momentos de dificuldade...seria adulta depois...queria apenas, paz, mimos e talvez um sorvete de chocolate.
A ruiva que a chamava do lado de fora do quarto, sabia que aquilo sinalizava que a amiga tinha regredido aos 5 anos de idade. A moça, então, foi a cozinha pegou um copo de leite, uns analgésicos para dor de cabeça, uma caixa de lenços e um bombom de chocolate da seleta caixa reservada apenas para momentos de depressão profunda da professora. Equilibrou os itens em apenas uma mão fazendo qualquer garçom de lanchonete ter inveja do costume adquirido desde que a garota de cabelos cor de rosa tinha se mudado.
Abriu delicadamente a porta do quarto e a encontrou da maneira como esperava... encolhida na cama e totalmente coberta pelo lençol. Depositou os itens na cabeceira da cama e sentou-se na brecha livre da presença da amiga.
–Juliana...vamos lá...me conte o que aconteceu.
Gina não era uma das pessoas mais fáceis de se conviver quando a professora se mudou porém, com o passar do tempo, a moça de cabelos cor de rosa reparou que o jeito grosseiro era dirigido apenas a pessoas que ela não se importava. A ruiva conseguia ser incrivelmente doce para um grupo exclusivo de pessoas composto por ela, seus pais e, agora, Ferdinando. Era um jeito meio dela de se proteger ou de simplesmente não se interessar por pessoas que não lhe trariam retorno seja ele profissional ou pessoal.
–Vamos Juliana...você nem falou comigo ontem e eu sei que você so fica assim quando briga com um de seus namorados...me diga o que aconteceu com você e com o Zelão.
A moça retirou o lençol do rosto e sentou-se na cama para encarar a amiga e contar todo o acontecido.
–Eu não briguei com o Zelão...essa é que é a pior parte.
–Ué ..não entendi.
–Eu briguei com a mãe dele.
*
–Bom dia Seu Pedro! – Ferdinando chegou cedo no trabalho. Sabia que sua menininha madrugava e chegava para abrir a loja com o pai. O rapaz nunca foi um dos primeiros da turma a chegar nas aulas e também nunca foi o primeiro funcionário a chegar no trabalho mas a saudade da mulher que o deixava sem chão era motivo o suficiente para torna-lo um empregado exemplar.
–Bom dia filho...caiu da cama rapaz?!
–Ah...não que isso Seu Pedro...é que esta fazendo uma manhã tão agradável que eu não pude ficar em casa.
–Ferdinando...ta uma friagem dos diabos la fora...uma mistura de chuva e vento que me lembra aqueles documentários sobre o polo norte...sacome..
Ferdinando sabia que o patrão exagerava em alguns comentários mas ao reparar a imagem do lado de fora da loja percebeu que o dia estava longe de ser agradável.
–E...ta um pouco nublado mesmo...mas ..me diga Seu Pedro...cade a Gina? – O rapaz procurava o motivo do seu sorriso com os olhos ansiosos e as mãos inquietas.
–Ela ainda não chegou não filho...o que me lembra...que acho que nos temos que conversar antes que ela chegue...vamos pro escritório?- Seu Pedro manteve a voz calma de sempre mas, apenas o fato do nome da amada estar associado a algum tipo de conversa que o sogro gostaria de ter, o assustava.
Ao chegar no local o rapaz fechou a porta a mando do senhor que agora sentava na sua grande cadeira perto da lareira elétrica.
–E então filho...como é que ta tudo..ta tudo direitinho? - O moço identificava uma certa dificuldade do sogro de continuar o assunto, mas não sabia dizer o motivo que o levava a gaguejar.
–Ah.. Seu Pedro ta indo...ta indo...pelo menos eu e a Gina não estamos mais brigando tanto –O engenheiro tomou o assento do lado oposto e tentou aparentar tranquilidade.
–Pois isso é bom filho...fico feliz de saber disso.- Ferdinando notou o certo alivio expressos nas linhas duras do rosto do sogro e percebeu onde o senhor estava querendo chegar.
–Eu gosto muito da Gina Seu Pedro.... eu gosto dela do jeitinho valente que ela é
–Ahh é isso ela é mesmo filho.
–Mas a primeira coisa que eu vou fazer quando a gente se casar é me livrar daquela arma que eu sei muito bem que ela esconde e que ela usava pra ir treinar no clube de tiro. Eu é que não quero brincar com aquilo não ora...– O engenheiro resolveu enfatizar bem suas intenções com a moça...sabia que mais cedo ou mais tarde teria essa conversa com o senhor a sua frente.
–Mas você pode ficar tranquilo filho que em você ela não atira não.- Seu Pedro riu ainda nervoso.
–Ora...e como é que o senhor pode me garantir isso...aliais...o senhor pode me garantir isso? –Ferdinando sabia que a melhor maneira de lidar com o sogro era falando de coisas que ele se orgulhava de ter feito ou de ter sido responsável...então falar de armas e da braveza da filha em conjunto com a felicidade do casal era o melhor meio de dobrar o sogro na conversa que se seguia.
– Ué ...claro que posso...posso... posso garantir..é claro que posso garantir...garanto.- O nervosismo atacava novamente o senhor que agora se aproximava do objetivo da conversa. – Mas pensando...pensando assim em....em...casamento...eu queria saber ...se você e a Gina...
–É claro que eu to pensando em casamento Seu Pedro... – Resolveu ser sincero e revelar uma parte do seu tão sonhado futuro...aquele que ele se dava conta todas as manhãs que acordava sem a ruiva do lado e que ele tinha certeza quando a tinha em seus braços.
–Mas é serio esse negocio ou é de brincadeirinha...é ponta firme...é le com cré?
–É claro que é coisa séria afinal...eu não sou homem de brincadeira...o senhor me conhece.
O silencio da sala persistiu por alguns segundos até que o senhor levantou –se da cadeira, seguido pelo genro que permanecia com as expressões controladas, e gargalhou assimilando a noticia e vendo que tinha completado, com sucesso, a missão dada pela esposa.
– Ai Deus do céu que peso que você me tira das costas...
Os dois homens riam enquanto Seu Pedro ia até a porta para destranca-la e sair ainda sorrindo, porém antes que permitisse que o engenheiro saísse da sala fez a exigência que achava adequada.
–A então eu tenho que falar com o pai vosso para que a gente possa deixar toda essa briga de lado... afinal seremos uma mesma família no futuro.
*
A moça chegava atrasada no trabalho...tinha ouvido a situação da amiga, ajudado da maneira que podia até saber que a professora falou o que não devia para a mãe. O que quase gerou uma briga...não fosse a lembrança da ruiva de que estava em divida com a amiga.
Olhou em volta e não conseguiu encontrar a figura alta do pai e nem o olhar carinhoso do namorado. Reparou na porta fechado do escritório e torceu para que a reunião fosse sobre negócios.
Não demorou muito para que a porta se abrisse e revelasse um senhor de barbas ruivas com cara de missão cumprida e um Ferdinando um pouco pálido.
–Bom dia frangotinho!- Ela se aproximou cuidadosamente. Não queria assusta-lo...apenas tira-lo do transe em que se encontrava.
Ele notou os olhos castanhos que tanto amava interrogarem de forma silenciosa os seus. Reparou no sorriso tímido que enfeitava aquela boca tão doce e tão sua, o tom rosa que invadia suas bochechas todas as vezes que ela o chamava pelo apelido que ele aprendeu a amar e sorriu aliviado ao compreender que ela estava ali...do seu lado e que não iria a lugar nenhum. Ele, então, se atirou nos braços dela a abraçando com braços fortes garantindo que ela não era apenas uma visão...um sonho bom que lhe foi tirado de forma brusca.
–Nando...amor...o que aconteceu?
–Eu tava com saudade de você menininha – Não achava necessário preocupa-la com coisas que seriam resolvidas por ele além disso tinha certeza de que a namorada não iria reagir bem a exigência feita pelo pai.
–Mas a gente se viu a menos de 12 horas atrás frangotinho- ela dizia no ouvido do rapaz.
–12 horas...720 minutos 43200 segundos torturantes sem você.
–Ai meu deus que dramático esse meu namorado...- ela se afastou um pouco do enlace do engenheiro para olha-lo nos olhos durante a provocação.
–É...dramático.. é...vai dizer que não tava com saudade de mim em menininha?!- ele dizia enquanto cobria o pescoço, as bochechas, a testa e o nariz arrebitado dela com breves beijinhos.
–Mas é claro que eu tava com saudade de você frangotinho! – ela dizia enquanto sentia os lábios do namorado lhe arrancarem risadas acanhadas.
–Ainda bem por que eu não me aguento mais de vontade de te dar um beijo...- ela riu junto com ele e fechou os olhos o convidando para o contato tão esperado pelos dois...ela conseguia sentir o coração dele tão acelerado quanto o seu, os braços ainda agarrados a sua cintura enquanto os braços dela descansavam sob o pescoço dele...pareciam que estavam naquela parte mais aguardada do filme em que tudo acontecia em câmera lenta para que a expectativa aumentasse e os efeitos fosse mais devastadores...porém os lábios do casal não chegaram a se encontrar do jeito que gostariam... pararam no meio do caminho ao ouvirem um pigarro de quem queria ter sua presença notada.
–Olá Nandinho!
–Olá dona Tê!
–Eu posso falar com a Gina um pouco.
–Ah..claro ..claro..dona Tê...bom vou deixa-las a vontade...qualquer coisa eu to la no escritório meu amor...- Ferdinando ia se aproximar para, novamente, tentar beijar a namorada mais sentiu os olhos acusadores e intensos da sogra e resolveu que, por enquanto, um selinho era o máximo permitido.
O rapaz se despediu da senhora e entrou novamente no escritório.
A ruiva engoliu seco...sabia o que estava por vir.
–A senhora va falando logo que eu tenho que trabalhar.
–Pois não parecia até alguns segundos atrás.
–Mas a senhora tava espionando a gente?
–Eu não? –A senhora colocou a mão na direção do coração e fez a tão famosa cara de ofensa fingida que a moça ja estava acostumada.- Eu so tava tomando conta do que toda mãe deveria tomar...pra não acontecer o mesmo que deve de ter acontecido com a Milita.
–Diaxo mais o que aconteceu com a Milita...
–Ora pra ter um casamento nessa pressa ...você que que eu pense o que?
–O mãe não é nada disso que a senhora ta pensando ...O Vira recebeu uma proposta do pai dele e vai ter que se mudar...e pra não ir sem a Milita ele pediu ela em casamento...foi isso...olha o mal juízo que a senhora j ata fazendo da moça.
–E...pode até ser mais isso não tira o foco da nossa conversa...
–Mãe então...desembucha logo...o que você quer me falar?
–Dona Gina...olha como a senhorita fala comigo!
–ohh mãe...deixa de conversa que eu ja to atrasada.
–Pois bem então eu falo....eu ja sei que você foi dormir mais o Ferdinando la na casa dele. Você acha que isso é coisa de menina correta? Isso vai contra todos os preceitos de Deus minha filha...você tão vivendo de pecado!
–Que pecado o que mãe...
–Olhe como você fala menina...estamos tendo uma conversa seria aqui. Você sabe muito bem que devemos seguir nossa vida de acordo com a palavra de Deus. E depois...você pode terminar embuchada antes da hora ou então se esse um ai te largar...quero ver como que você vai arranjar um bom casamento depois.
–Mãe...o Ferdinando não vai me largar...ele me ama...e mesmo que um dia...em um mundo paralelo qualquer... isso venha a acontecer... eu não acho que eu não vou querer me casar com mais ninguém.
–Eu só to preocupada com essas liberanças...e pode apostar dona Gina... que a partir de hoje eu vou mesmo vou tomar conta disso. Não quero mais saber de você dormindo por la ou ele dormindo la pela sua casa...eu vou ficar de olho em vocês...vou ser os olhos de Deus para que vocês não cometam injuria contra nosso senhor.
A ruiva passou um das mãos no rosto em sinal de frustração...sabia que a mãe, quando queria, sabia ser insuportável.
–A senhora faça o que a senhora quiser...só não vai atrapalhar o meu namoro.
–Eu vou colocar nos eixos esse seu namoro dona Gina...guarde as minhas palavras e antes que eu me esqueça...hoje a senhora vai comigo depois do trabalho la na igreja do padre Santo...temos que te curar desses pecados e só a confissão vai te ajudar no momento.
A senhora terminou o discurso e saiu da loja com a promessa de voltar e busca-la no horário da saída. A moça deixou a cabeça cair, olhou o teto e imaginou o céu. Pediu silenciosamente para que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo.
*
Maria Catarina estava ocupada arrumando os sapatos em fileiras. Cor, marca, ocasião e tipo ...de scarpans de bico fino e brilhantes Louis Vuitton à sandálias de salto agulha e design irreverente Jimmy Choo. De peep toes de cores neutras assinados por Manolo Blahnick ao seu tão adorado Sexy Strass um modelo exclusivo de Christian Loubotin.
Tinha a ajuda de suas fiéis escudeiras Rosinha e Amância que aproveitavam que as crianças estavam na escola e o que o almoço ja estava pronto para executarem o que lhes era mandado e escutavam os lamentos da mulher.
A mulher tratava cada sapato como um filho e via em cada um deles uma lembrança boa do casamento. Pensava nas palavras do entiado, nas do amigo Giacomo e nas doces palavras do padre Santo. Estava cansada das brigas que, agora, pareciam tão sem sentido. Sentia falta de ter o marido ao seu lado, de acompanha-lo nos discursos e até de jogar carteado. Recordava da vez que o menino Lepe revelou que a mãe estava com outro quando o pequeno fugiu e resolveu que confiaria nesse fato.
–Rosinha...depois que acabarmos aqui você, por favor, poderia colocar o meu travesseiro novamente no meu quarto.
–Ué mas a senhora não tava brigada com o patrão. – Amância deu uma cotovelada fazendo com que a babá deixasse o resto da frase morrer em sua boca fechada.
A madame retirou a atenção dos sapatos e a direcionou para as empregadas.
– Eu não vou aceitar que seja feita comigo nenhuma besteiragem então vocês prestem atenção no que eu vou falar.
–A senhora pode falar dona madame Catarina. – Amância respondeu obediente.
–Ok...pronto ...a principio de conversa eu quero que vocês saibam que eu não vou mais brigar com o patrão de vocês...aquele...aiii...eu tava com ciúme mesmo pronto mas o ciúme acabou...e seja lá o que ele tenha feito ou não na vida dele ta perdoado pronto ...foi... passou e tô leve.
–Aiii Graças a meu são benedito! – A cozinheira estava realmente feliz pela patroa que considerava tanto.
–Ah...então agora realmente a patroa tomou juízo. – A jovem babá, no entanto, era mais sincera do que deveria ser.
Catarina resolveu ignorar o comentário da babá e continuar com os anúncios que deveria fazer.
–Pra continuar nossa conversa...Amância...aquele tal almoço que a gente tava combinando pra Gina...tem que ser mesmo muito do especial...Tamo de acordo?
– Sim senhora...agora...Madame Catarina...o patrão...vai aceitar?
– Ah vai aceitar...agora ele vai...ou eu não me chamo Catarina!- dizia a mulher que trocou as lágrimas de algumas horas atrás para o riso escandaloso que invadia, mais uma vez, a mansão.
Amância e Rosinha se olharam e compartilharam o mesmo sentimento...anotariam mais uma característica da patroa que além de dramática e hiperativa agora demonstrava claros sinais de bipolaridade.
*
Juliana aproveitava o intervalo do almoço para voltar pra casa. Não estava muito disposta para bate papos aleatórios com os colegas professores ja que uma única conversa não lhe saia da cabeça.

FLASHBACK

–Então foi isso que aconteceu! Mãe benta foi meio azeda hoje comigo...eu até entendi ela mas eu tive a impressão de que ela não gostou muito de me ver la na casa dela...com o filho dela.
–Ta.. ta Juliana mais e o Zelão...ele não te defendeu...ele não te apresentou como namorada dele?
–Não Gina...e eu até acho que do jeito que a coisa tava andando nem teria clima para ele me apresentar como namorada.
–Mas e precisa ter momento pra isso? Ele nem sequer se impôs?
–Ele não fez nada! Ele me acompanhou de volta até o portão do prédio em que mora sem falar uma palavra...
–Mas você queria que ele falasse o que?
–Que ele conversasse comigo...que ele falasse as palavras bonitas que ele costuma me dizer...e depois eu vi que ele ficaria calado e resolvi vir pra casa sozinha.
–Mas vocês ficaram nessa...ele nem te beijou?
–Eu acho que ele nunca ia ter coragem de fazer isso na frente da mãe...O Zelão me respeita tanto, mas tanto, mas tanto... que perto dele eu... eu me sinto como se fosse uma santa.
–Santa você Juliana...ahh para!
–Ahh Gina ele parece me adorar mas não passa disso! A unica grande decisão que ele tomou até hoje no nosso relacionamento foi a de me apresentar pra mãe dele e agora sabemos no que deu...E você para de falar besteira que eu não sou nada disso ai que você ta pensando.
–Ora essa eu não to pensando nada...Juliana e Zelão – A moça de cabelos vermelhos fez um gesto com as mãos demonstrando duas pessoas se beijando.
–Pra Gina !Deixa de ser boba! –A professora estava realmente angustiada e acabou jogando o pequeno travesseiro na direção da amiga que apenas riu da atitude infantil da moça.
–Mas sabe o que eu fico pensando...e se um dia eu casar com o Zelão...como vai ser? A gente não tem casa... e eu não vou viver com aquela mãe dele. Não vou aguentar comer Jiló de novo pelas próximas 20 encarnações.
–Se você me permite dizer...eu acho que ta muito cedo pra você pensar em casamento com ele ...não pelo tempo mas sim pelas incertezas que você ainda tem.
–Mas e meio impossível não pensar em um futuro desses com a pessoa que se gosta...e afinal eu faço da minha vida o que eu bem entender...
–Ta certo..sou estou lhe dizendo isso por que eu lhe quero muito bem minha amiga...e acho que a gente tem que casar não só porque gosta da pessoa...mas também porque tem certeza de que é com ela que queremos ficar...e que nada...nem mesmo um almoço ruim com a sogra vão abalar essa certeza.
–Mas olha quem fala...quem um dia desses usou um curso de strip-tease pra dobrar o namorado e fugir do almoço com o sogro.
–É Juliana...eu realmente fui meio egoísta sim...mas hoje entendo que quando se ama alguém precisamos fazer sacrifícios...mesmo que esses sejam comer Jiló sem reclamar ou aturar as loucuras dos pais do namorado.
–Eu acho que esse seu namoro com o Ferdinando ta é lhe fazendo muito bem...você até que ta falando coisas que fazem sentido.
–É... a gente se entende...- Gina riu sem graça...mas sabia que tinha aprendido muito nesses meses de convivência com o namorado, mesmo antes dele se tornar seu, e com a professora.
–Eu so espero que dure minha amiga...vocês merecem toda a felicidade do mundo...o que me lembra que eu acho que lhe devo desculpas...
–Ora essa desculpas por que?
– Por que ..eu acabei dando uma mancada...
A ruiva respirou fundo e falou pausadamente.
–Juliana...o que você fez?

Fim do Flashback

Juliana olhou para os céus e pediu com todas as suas forças que o estrago que tinha feito não fosse tão grande a ponto de tornar a convivência com a amiga algo insuportável.
*
O dia de lida se passou lento...cheio de burocracias e olhares atentos do patrão aos seus dois funcionários mais dedicados. Enfim o relógio marcou 18 horas e o senhor de barbas ruivas declarou o fim de mais uma jornada de trabalho.
Ferdinando a encontrou arrumando a bolsa e não se conteve ao abraça-la por trás e lhe preencher o pescoço com beijos estalados.
–Ainda bem que acabou por que eu passei o dia todo pensando em você sabia...
–A é doutor engenheiro...e pensando no que posso saber –Ela se virou e enxergou nele o olhar que tanto lhe arrepiava...uma mistura de desejo e luxuria.
Ele se aproximou do ouvido dela e sussurrou
–Eu acho melhor eu te mostrar o que eu pensei...la em casa.
A moça sorriu com a indireta e mordeu os beiços a espera desse encontro. Sentiu os lábios do namorado acariciarem o caminho entre seu pescoço e a orelha até seguir em direção a sua boca...porém foram grosseiramente interrompidos mais uma vez.
–Boa tarde Nandinho
–Dona tê...a senhora por aqui novamente...- Ferdinando e Gina suspiram frustrados.
–Sim sim..e eu vou começar a vir mais vezes...acho que ainda vamos nos encontrar muito...- Ela sorria mais Gina era capaz de ver uma chama de ressentimento em seu olhar. –Vamos Gina?
Deus ela havia esquecido e torcia para que a mãe também o tivesse feito.
–A sim claro...
–Ué...você vai onde meu amor?
–A mãe quer que eu vá la com o Padre Santo.
–Sabe o que é Nandinho... é que essa menina precisa encontrar Jesus...ela anda fazendo muita coisa errada sabe...e eu até acharia bom o doutor procurar uma igreja também...agora vamos Gina que eu ja até falei com o padre.
Gina fez uma cara de desgosto...preferia mil vezes pecar com o namorado do que se arrepender daquilo que não estava arrependida.
–Ta bom... falo com você depois amor...- ela lhe deu um breve e casto beijo e seguiu com a mãe deixando o engenheiro com uma saudade triplicada.
O resto do dia se seguiu lento e torturante para Ferdinando...ainda mais quando este recebeu a mensagem da namorada dizendo que a mãe tinha resolvido ficar para o jantar e que não sairia tão cedo. Com isso rapaz apenas concluiu que passaria o resto da noite sozinho. Sentou-se perto da lareira da sala com o único amigo que poderia contar naquela noite...o eterno Jack Daniels.
*
O resto da semana seguiu de forma um tanto estranha para Ferdinando...toda vez que ele se aproximava da namorada a mãe da mesma aparecia do além, o pai da moça estava sendo mais atencioso do que de costume e o casal ja estava tendo tremores só de se olharem de longe. Até que, em uma tarde normal de trabalho, Seu Pedro recebeu um cliente muito importante e resolveu se trancar no escritório...a sogra só apareceria na hora do encerramento do expediente o que seria dali a umas duas horas. Era a deixa perfeita. O engenheiro acompanhou a namorada com o olhar e a viu entrar despreocupada na área do deposito. A seguiu sorrateiramente e trancou a porta da área isolada depois de entrar.
–Eu pensei que você não viria...- A moça se virou com um sorriso malicioso estampado na face e o encontrou com aqueles olhos azuis intensos e desejosos que ela tanto amava. Ela deixou a prancheta e os papeis caírem no chão e se jogou nos braços do namorado. Precisava dele na mesma medida que ele precisava dela.
O beijo que se seguiu era faminto assim como as mãos que ja retiravam, de forma rápida e desesperada, as camadas de roupa que separavam suas peles.
–Você não sabe a saudade que eu tô de você menininha!
–Cala a boca e me beija Ferdinando! – Ela tinha o jeito próprio de demonstrar que também estava saudosa.
Ele obedeceu....as palavras ficariam pra depois. O tempo era um inimigo...e a cada minuto que ficavam fora da vista do pai da moça aumentavam ainda mais o risco de serem pegos. Eles apenas se preocuparam em não quebrar nada e não fazer barulho.
As roupas ja estavam espalhadas, assim como eles, no chão do deposito.
Os lábios dele traçavam cada curva do corpo dela...enquanto a moça o fazia lutar contra os suspiros derivados dos carinhos localizados que fazia.
Cada gemido era abafado por um beijo. Não puderam e nem precisavam se ocupar com preliminares... ambos estavam no ponto de saudade necessário para esquecer tudo e apenas se aprofundarem um no outro.
O engenheiro a abraçou ainda mais forte quando ela enroscou as pernas na cintura dele. Como sempre ...não fariam nada convencional...ela quis ficar por cima...mas ele se recusou a deitar...então os corpos resolveram se unir do jeito que estavam... com ela em seu colo lhe revirando os olhos como sempre fazia. Ele invadiu seus cabelos com as mãos enquanto dava puxões deliciosos que a faziam beija-lo com mais vigor.
Ali estavam...naquele lugar improvável fazendo o que eles mais gostavam...desafiando um ao outro e a todos em sua volta. Fazendo do perigo uma realidade excitante e ignorando cada possibilidade advinda da descoberta da travessura.
As bocas não se desgrudavam e nem poderiam ja que a medida que os movimentos tornavam-se mais acelerados os riscos de serem ouvidos aumentavam progressivamente.
Ferdinando ainda tinha uma das mãos presas na nuca dela enquanto a outra a segurava fortemente pela cintura. Ela o abraçava...uma das mãos arranhava toda a extensão das costas do rapaz enquanto a outra se detinha no pescoço dele. O jovem retirou os lábios dos delas apenas para ocupa-los com o colo e pescoço da moça e ela achava torturante estar ali, sentindo toda aquela onda de sensações sem poder expressar o quanto estava adorando tudo aquilo. Mais uma volta ao mundo...mas uma mordida no próprio lábio...não...ela não podia deixar escapar um som que fosse. Ele percebeu que ela não aguentaria ficar sem chama-lo por muito tempo e voltou a beija-la para calar qualquer possibilidade de barulho.
Sentiram o corpo convulsionar e logo depois relaxar em plena satisfação. Ele a olhou e a viu sorrir ainda com os olhos fechados...ali ainda grudados pelo suor e unidos pela carne...ele resolveu que não iria admitir ficar sem ela.
–Eu tava morrendo de saudade de você frangotinho...- ela confessou enquanto depositava pequenos beijos no rosto do rapaz que sorriu e a ajudou a se recompor.
Eles se curvaram ao cansaço e deitaram no chão frio apenas para que a respiração se acalmasse e o folego voltasse com mais facilidade.
Ele a abraçou e fez a pergunta que a tempos queria fazer...
–Meu amor...o que esta acontecendo com os seus pais...que marcação cerrada é essa?
–Aii nem em fale frangotinho...eu não to mais aguentando isso...
–E muito menos eu.
Ele ouviu atento toda a confusão que dona Tê tinha armado e como uma possibilidade de ter outro momento como esse seria rara. Analisou os argumentos dos pais da moça e os estudou com cuidado...até que percebeu que nada estava perdido.
–Eu acho que... ja sei o que podemos fazer. –Ele sorriu malicioso e a beijou ternamente antes de detalhar o plano travesso que tinha em mente.


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Notas finais do capítulo

Vem ai...cap 28 : O casamento



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