De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 21
Cap 21 - Respostas


Notas iniciais do capítulo

Hj é sabado..dia de aperitivos...então..to postando mais cedo..heheheh!
Sem mais pq eu ja to atrasada por aqui!
espero que gostem!
Boa leitura!



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Ferdinando tentava se acostumar com o silêncio ensurdecedor do novo lar. A cara inchada denunciava uma noite chorosa e mal dormida e as lembranças do dia anterior lhe atingiam a todo instante. Era incrível como sua própria companhia agora era sua grande inimiga ja que lhe forçava a uma analise interior. Tinha perdido as contas de quantas vezes havia errado na vida porém conseguia distinguir ao menos um acerto...e esse acerto tinha cabelos de fogo e gênio forte. Ele ainda sentia o perfume dela impregnado na sua pele e a certeza de ter saído de casa sem dizer o quanto a amava lhe doía na alma. Não era um homem com muitos receios mas o medo de perde-la o deixava desnorteado.

Resolveu que o estomago não aguentaria nada naquela manhã e saiu para o trabalho na esperança de que sua tristeza não fosse tão evidente e não despertasse o interesse de um certo novato que rondava a única coisa boa que tinha acontecido em sua vida...Gina.

*

A ruiva empilhava as caixas de produtos automaticamente. Tentava não lembrar do dia anterior...dos olhos azuis suplicantes, dos beijos carinhosos nos pescoços e nada que a fizesse se arrepender da decisão tomada. A expressão séria e a quietude da garota já haviam sido notadas pelo pai que, em vão, tentou conversar com a moça. Ela não queria falar, não queria dar explicações e muito menos chorar na frente dos outros.

–Mas o que houve minha flor?- O violeiro estava sinceramente preocupado com a feição tristonha da moça.

–Nada. - ela respondeu secamente.

–Olhe entendo que não queira falar ...quando eu brigava com a milita...minha ex namorada ..eu sempre cantava alguma música que refletisse meus sentimentos pois sempre acreditei que se você não consegue suportar tudo o que sente deve pelo menos tentar extravasar… e eu cantava.

–Obrigada Vira mas no momento eu só quero ficar sozinha.

O rapaz compreendeu e saiu a deixando sozinha fazendo com que a moça começasse a cantar baixinho uma moda triste da infância.

*

Juliana encarava o nada com um semblante triste. Seus alunos estavam concentrados acabando os deveres do dia e ela não conseguia evitar que os olhos se enchessem d’água a cada segundo de lembraça do ocorrido. Nem percebeu quando uma doce menina se aproximou a fim de lhe entregar o trabalho ja pronto.

–A senhora ta triste professora?

Juliana enchugou as lágrimas que nem sequer sairam de seus olhos e sorriu trsitemente para a aluna.

–Não se preocupe minha querida…você ja acabou o seu dever?

–Já sim! Mas professor…se a senhora não está triste…por que está chorando?

Juliana fez uma nota mental de comentar com o amigo Ferdinando o quanto sua pequena irmã era esperta.

–Problemas de gente grande meu bem.

–É sobre o Zelão?

–E como você sabe que é com ele?

–Por que ele também esta muito triste…ele quase não falou hoje e quando foi acompanhar meu pai ele nem sequer se despediu de mim e do Lepe. Também acho que o vi assim…com lágrimas nos olhos mas não tenho certeza por que o sol atrapalhou.

Juliana ficou pensativa mas resolveu acreditar que a imaginação da pequena aluna era fertil demais.

–Algumas vezes as pessoas se desentendem e isso é muito ruim pra elas.

–Pois então eu acho q as pessoas deviam se desdesentender- A pequena arrancou um riso da professora com a palavra inventada. –Além do mais se a gente gosta de alguém não deveria existir problema nenhum.

–As coisas não são tão simples assim minha querida.

–Ora essa..mais pra mim é …por exemplo eu gosto dos meus amigos Lepe e Tuim..e pra mim isso basta. –Juliana sorriu e entendeu que, apesar da inocencia da menina, ela tinha acabado de dizer uma grande verdade.

A campainha da escolar bateu fazendo com que a menina a beijasse na bochecha e saisse correndo ao encontro dos amigos e deixando Juliana pensativa.

*

Ferdinando saiu do escritório e não a encontrou do lado de fora da loja fazendo com que seu coração voltasse a dar batidas doloridas. Andou silenciosamente na direção do novo apartamento quando foi chamado por um velho e grande amigo que também passava por uma situação complicada.

–Doutro Nando!

–Zelão? O que faz por aqui?

–O senhor seu pai ja esta em casa e me liberou e eu pensei…se podia ter um dedo de prosa com o doutor.

–Ora essa Zelão…quantas vezes vou ter que lhe pedir para não me chamar de doutor? –Ferdinando sorria porém seu olhar continuava apagado. –Vamos até minha nova casa tenho uma garrafa de wisky muito boa por la e você pode ir me contando pelo caminho depois afogamos nossas mágoas saboreando um 18 anos.

Zelão sorriu e começou a desabafar com o amigo sobre o ocorrido. Ferdinando ouviu com atenção a história toda que durou até a entrada do prédio. Os dois entraram no apartamento, Ferdinando serviu duas doses de wisky estilo cowboy e sentou- se na poltrona que ficava do lado do sófa onde o segurança estava sentado.

–Mas que história meu amigo.

– O que eu sinto por ela é uma coisa que eu nem sei explicar…quando eu a vi…pela primeira vez ela mexeu comigo…ela mexeu de uma maneira que eu não sei dizer…as vezes eu penso que sou um bocó de sonhar tão alto.

–Isso por que você no fundo concorda com o doutor Renato…você pensa que ela não é pra você…to certo?

–Ta certo…

–Então você chama de amor um sentiment que deve ter outro nome e não esse.

Ou você acha que a professora Juliana vai ficar aturando esses seus rompantes de violencia e esse complexo de inferioridade ?

–Ela não pode ter medo de mim…eu ja provei tantas vezes …ja falei tantas vezes o quanto que eu gosto dela…eu sou inté capaz de me ajoelhar nos pés dela pra que ela possa me perdoar.

Os dois deram um gole no wisky e degustaram a amargura de suas vidas.

–É e agora eu não sei o que faço meu amigo…eu amo aquela professorinha.

–Infelizmente meu amigo…eu também não sei o que fazer…estamos no mesmo barco…estamos completamente perdidos.

E la foi –se mais uma dose de wisky.

*

Gina chegou do trabalho e encontrou Juliana enrolada em um edredom com um pote de sorvete de um lado, um prato de brigadeiro do outro e caixas e mais caixas de lencinhos jogadas pela caixa.

Na teve algum filme antigo que a fazia soluçar…Gina ja havia visto essa cena e ja sabia o que tinha acontecido. Largou as coisas na mesa da sala sentou- se do lado da amiga, pegou o pode de sorvete e se deixou levar pela história de amor proibido que rolava na tela a sua frente.

Quando o filme acabou Gina desligou a teve e direcionou sua atenção para a moça de cabelos cor de rosa.

–Vamos me conte…o que aconteceu entre você e Zelão?

–Quem disse que algo aconteceu?

Gina a olhou com as sobrancelhas levantadas em uma clara expressão de “pare de me enrolar…está muito óbvio” e apontou para toda a desarrumação da sala …com caixas de lenços vazias repousando sobre amotoados de lencinhos usados.

Juliana desabou…contou entre soluços a briga e o termino…adicionou seus proprios traumas de infancia e usou um tom de decepção ao falar dos rapazes envolvidos por fim se jogou no colo da amiga e deixou que os sons de seus soluços doloridos invadissem a casa até a respiração faltar e as lágrimas acabarem.

Gina via na dor da amiga a sua própria…queria ter essa capacidade de extravasar daquele jeito mais algo a dizia que a fragilidade não era e nunca lhe foi permitida.

Não tinha nada a acrescentar…nunca foi boa nisso e estava tão perdida quanto a amiga. Então optou apenas por lhe ouvir, acalentar e fazer breves carinhos no ombro da amiga que ainda tremia quando a mesma chorava baixinho.

*

A semana passou lenta… parecia se arrastar e levar os destroços do inicio até o final…Juliana continuava não atendendo telefonemas, Zelão continuava tentando falar com ela, Gina trabalhava automaticamente e Ferdinando passava os dias trancado no escritório analisando os resultados dos testes que havia feito nas terras dos clientes de Seu Pedro Falcão....tentava, em vão, não pensar na dona da sua sanidade. tentou se envolver com os números e símbolos dos papéis que manuseava...tentou lembrar -se de ,mas uma vez, convencer o pai de aplicar os mesmos testes em suas terras...tentou prender a atenção até na lista que devia fazer para o supermercado...mas no final tudo o que conseguia pensar era na falta que sentia dos lábios doces da ruiva.

Ao final do expediente Seu Pedro convocou uma reunião na qual avisou q todos iriam partir na manhã seguinte para a sua a colheita na sua fazenda.

Gina tentou não pensar na proximidade inevitável que teria com o engenheiro e ele por sua vez buscava um meio de solucionar a tortura que havia sido ficar longe dela.

*

O engenheiro abriu a porta de casa para dois pequenos seres que pulavam e gritavam seu nome acompanhados de uma madame espalhafatosa que ria da forma esganiçada de sempre da alegria das crianças.

–Você me desculpe ter vindo agora Ferdinando, sei que acabou de chegar do trabalho mais esses dois estavam muito empolgados para ver o quarto deles no novo apartamento do irmão.

–Que isso Catarina não tem problema algum...aliais estou muito feliz que tenha vindo...estava precisando mesmo de alguém para conversar.

Pituca riu e foi questionada imediatamente por Lepe do por que de tanta alegria súbita.

–Você não sabe? O maninho ta gostando daquela uma...da Gina! E ele nem sabe o que fazer...

–Ora essa como você sabe disso?

Pituca riu e olhou brevemente para a mãe que desviou o olhar. A menina então pegou a mão do pequeno irmão e seguiu para o quarto que dividiriam deixando a madame para ouvir o drama da vida amorosa do rapaz.

–Você sabe de alguma coisa Catarina?

–Não o suficiente...você sabe...o Zelão esta com essa carinha que você esta agora e acabou contando tudo para o Izidoro...foi apenas uma questão de tempo para que eu soubesse.

Ferdinando serviu um licor para a madrasta e sentou-se na mesma posição em que esteve no inicio da semana com o amigo Zelão.

–É Catarina...eu preciso mesmo conversar com você...

–Pois pode me contar meu querido...eu virei um ouvido pra você...- Ela lhe ofereceu um sorriso materno e ouviu atentamente a história do enteado que buscou na memória o ocorrido a alguns anos atrás e terminou com o inicio da péssima semana. Ao final ela ofereceu sua opinião feminina.

–Eu não posso acreditar numa coisa dessas...e ela lhe deu um pé na bunda?

–É isso Catarina...ela me deu um pé na bunda...eu não sei mais o que faço pra conquistar aquela diaba.

– Ferdinando...talvez você não esteja seguindo pelo caminho correto...pra começar com essa história de beijo roubado.

–Eu sei ..eu sei..aquilo foi uma besteira da minha parte...

–É e isso pode ter estragado logo tudo de cara.

– A mas Catarina eu inté posso achar isso mas você não acha que isso é uma coisa pequena demais pra ela ficar com tanta raiva assim e perder totalmente a confiança em mim?

Catarina sorriu da falta de conhecimento sobre mulheres que Ferdinando estava demonstrando.

–Pra quem nunca foi beijada...um começo como esse pode ser o diabo!

–É verdade...mas e agora...o que que eu faço Catarina? Eu to gostando muito dela e ja não faço nem mais segredo disso.

–Só faz segredo pra ela não é mesmo? Ela ja sabe disso Ferdinando?

– Claro que ja...no mínimo umas 20 milhões de vezes...mais ela nem liga...ela não da a mínima pra mim Catarina...e eu to me sentindo culpado por causa disso tudo.

–Por que que você ta falando assim?

–Eu não sei Catarina...eu não to conseguindo mais confiar em mim mesmo sabe...a Gina ..a Gina tem uma coisa diferente...uma coisa diferente que eu nunca vi inté agora.

–Ferdinando...você tá com medo dela? Fale a verdade!

–Não Catarina...medo é uma coisa que eu não tenho dela...mas ela tem uma coisa diferente como eu ja lhe disse...ela tem uma coisa que eu não sei como lidar...eu não sei como lidar com a Gina...eu não sei o que eu faço. –Ferdinando ja estava com os olhos mareados novamente.

–Ai Ferdinando...porque...porque não começa dando um presente pra ela? Um presente desses bem lindo ...bem bonito Ferdinando...de pra ela algo que ela nunca teve nessa vida.- Catarina se levantou e agora rodava pela sala de estar imaginando uma cena de filme romântico.

–Ora Catarina a gente ta falando da Gina...ela liga pra essas coisas...ela não luxo.

– Então Ferdinando peça logo a mão da moça em casamento...assim vira problema deles.

Ferdinando riu...a madrasta so podia estar brincando.

–Agora falando sério Ferdinando...acho que se você gostar mesmo da moça... poderia mostrar para ela que você quer algo sério... e penso eu que não existe nada mais sério do que começar um namoro...mas um namoro sério mesmo...mostre pra ela que você não tem medo de assumi-la...que você não tem medo de compromisso...faça com que ela entenda que você não quer esconder esse sentimento de ninguém...

A mente de Ferdinando se iluminou com as palavras da madrasta...ja sabia o que fazer...

–Catarina! Você é um anjo! –Ele foi na direção da madrasta e lhe deu um beijo na bochecha. –Agora eu preciso ir em um lugar antes que ele feche...fique a vontade para ficar com as crianças por aqui...e muito obrigado! –Ele disse lhe oferecendo agradecido.

–Sempre que precisar estarei aqui meu querido!Boa sorte!

*

Viramundo deixou as coisas na sala e partiu para a cozinha a fim de encontrar alguma comida congelada que pudesse aquecer no microondas quando a campainha tocou.

Ele se dirigiu a porta e se surpreendeu ao encontrar uma moça de belos olhos verdes na entrada de sua casa.

–Milita? O que faz por aqui?

–Posso entrar Vira?

–Claro entre...aconteceu alguma coisa?

–Aconteceu...aconteceu que eu não aguento ficar longe de você Vira!Eu te amo e você sabe disso! –Ela correu na direção do rapaz e lhe deu um beijo apaixonado.

Viramundo lembrou do gosto que o deixava louco e sentiu o perfume que tentava esquecer todos os dias.

–Milita...seu pai sabe que você está aqui?

–Sabe...e ele me incentivou a vir aqui...

–Como assim?

–Ele quer que você volte Vira...os clientes tem reclamado da ausência da sua música...até perdemos um pouco o movimento no restaurante...e também...eu disse que iria deixa-lo caso ele não lhe deixasse voltar. Eu te amo Vira...eu quero ficar com você pra sempre!

Viramundo não acreditava nos seus ouvidos. Por mais galanteador que fosse ele sabia que apesar da força que fazia para esquecer a dona dos olhos verdes mais ele se via emaranhado em pensamentos sobre ela.

–Milita...que noticia maravilhosa...e eu devo confessar...eu senti muito a sua falta meu amor!

Viramundo a beijou ternamente e decidiu...logo mais ligaria para Seu Pedro e avisaria que não poderia ir para a colheita no dia seguinte.

*

O clima do dia seguinte estava mais ameno apesar de continuar frio. Ferdinando estava ansioso as mãos estavam enterradas nos bolsos da calça jeans escura que caíram perfeitamente com o suéter de lã que usava. Ele andava em círculos para manter a circulação, o calor e a calma.

Gina chegou acompanhada do pai e da mãe e lhe deu um breve olhar. Ela estava linda com as calças jeans simples que usava , botas de cano longo, uma blusa branca simples de gola rôle e um casaco de couro azul...Ferdinando teve que fazer forças para não correr até ela e lhe agarrar como seu corpo mandava.

– Estão todos aqui...então simbora!

–Ué cade o Vira? –Gina perguntou não vendo o mal que estava fazendo ao engenheiro que se encontrava a poucos metros de distancia dela.

–A fia...eu não lhe falei? Ele voltou a cantar la no restaurante do seu Giaco! Me ligou ontem estava muito feliz pois foi a namorada dele mesmo que foi chama-lo.

Gina apenas concordou...estava alegre pelo amigo que enfim realizou o sonho de viver de amor e música.

Ferdinando riu...era uma vitória inesperada...mas ainda sim vitória.

Todos se dirigiram para os carros e lá Ferdinando ofereceu uma proposta para o chefe.

–Seu Pedro eu estou indo no meu carro...o senhor não quer deixar a Gina vir comigo? Vai ser mais comodo pra ela ja que o seu carro esta cheio de materiais para a lida.

–Ah claro filho...tudo bem Gina?

A ruiva ia negar mas viu os olhos preocupados do pai e resolve apenas entrar no carro do engenheiro sem falar nada.

Ferdinando sorriu...desejou boa viagem para o casal mais velho e entrou no carro igualmente em silencio...dessa vez...ele faria tudo certo.


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