De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 20
Cap 20 - A confusão


Notas iniciais do capítulo

Apenas...quebrem meus cds da Amy Winehouse...a verdadeira culpada por esse capitulo.!=P!hauuauh!Boa leitura!



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Ferdinando sentia cada musculo do seu corpo reclamar enquanto se arrumava para o trabalho mas mesmo com as dores no corpo ele não deixava de sorrir com as lembranças do dia anterior.
O motivo de sua alegria estava comendo uma maça despreocupadamente enquanto lia o jornal...ele resolveu então surpreende- la. Andou a passos lentos e quando chegou perto o suficiente depositou-lhe um beijo no pescoço e disse da forma mais sedutora possível.
–Bom dia menininha.
–Se você pensou que podia me assustar ...sinto dizer mais não deu certo. –Dizia ela sorrindo e dando mais uma mordida na maçã.
–Ora essa e como não?
–Seus passos são pesados Ferdinando...se algum dia você tivesse que caçar para sobreviver...você iria morrer de fome e além do mais consigo sentir seu cheiro de longe.
Ferdinando ignorou completamente a primeira parte e recomeçou a beijar o pescoço da moça
–Quer dizer que o meu cheiro é irresistível.
Gina ria com a capacidade do rapaz de distorcer as coisas.
–Eu não disse isso!
–Mas vai dizer que você não concorda?
Ela riu e virou o rosto em sua direção...não iria admitir que ele estava certo...era orgulhosa demais para isso...então fez o que ele menos esperava e o que ela mais achava coerente...lhe deu um terno beijo nos lábios.
–Bom dia casal!- Juliana entreva sorridente na sala e observou os dois amigos se atrapalharem no bom dia.
–Nós não somos um casal- Disse Gina enquanto Ferdinando respondeu um simples bom dia ao mesmo tempo.
–Como não somos?
–Nós somos?
–Ihh..eu vou deixar vocês se resolverem ai por que eu ja to atrasada. Juizo vocês dois...e por favor...não quebrem mais nada! –Juliana apenas pegou uma maçã de cima da mesa e os deixou a sós.
–Como assim não somos?
–Como assim somos?
–Peraí eu ja não to entendo nada.
–Então vamo deixar de conversa e vamo pro trabalho?
Gina se levantou e foi pegar suas coisas deixando um Ferdinando confuso a sua espera.
*
Juliana decidiu ir para escola sem escutar música alguma...fez até questão de deixar os fones em casa. Precisava pensar. O encontro com Renato não fora dos mais fáceis e reacendeu a incrível insegurança que tinha sobre relacionamentos. Resolveu colocar os pensamentos em ordem a fim de descobrir uma forma de se curar.
Renato, sem dúvida alguma, havia feito parte de uma época que não voltaria mais...a época de final de república e recém formada. Ela era uma das mais jovens e mais respeitadas professoras da melhor escola da região. Conseguiu modificar o ensino defasado trazendo consigo novos métodos de aprendizado adquiridos no exterior. Era tão decidida e ousada em sua carreira que quando olhava para seus relacionamentos se espantava com o enorme contraste.
A segurança que tinha na hora de enfrentar um diretor conservador não existia na hora de escolher um namorado, a ousadia que tinha em implantar alguma nova metodologia se apagava quando se tratava de relacionamentos mais sérios.
Era como se existissem duas Julianas e elas não sabiam conviver.
Lembrou todos os erros e acertos do relacionamento com o médico e até hoje não entendia o por que tudo aquilo havia acabado...e muito menos como havia começado. Ele era gentil e galanteador...não como Ferdinando mas como apenas um tímido rapaz saberia ser. Ele a apoiou em todos os momentos difíceis e a acalentou a cada derrota que tinha. Sem dúvida alguma era um bom partido, educado na melhor escola de medicina do exterior e com um pai dono do maior e melhor Hospital da cidade. Mas havia algo faltando. Não podia negar que o jovem médico era atraente e os primeiros encontros a deixaram suspirando mas então ela descobriu que eles não combinavam. Renato mostrou-se mais um amigo do que um amante e certas coisas em um relacionamento eram essenciais.
O término foi apenas uma consequência de um acúmulo de faltas e até hoje ela não sabia se o culpado era ele ou ela.
Já com Zelão todo aquela insegurança durou apenas alguns dias e só vinha visita-la em situações como essa. Ela não se perguntava se estava fazendo o certo quando estava com ele, não se importava com o futuro e fazia questão de esquecer o passado. Ela simplesmente repelia qualquer sentimento que não fosse a felicidade de estar com ele. É bem verdade que ele não era o melhor partido da cidade, ainda morava com a mãe e tinha um emprego de alto risco mas eles se entendiam...e como se entendiam. Por trás de toda aquela capa de segurança malvado e homem frio e sem sentimentos existia um cara romântico e totalmente dedicado a ela.
Juliana interrompeu os pensamentos ao chegar no portão da escola...terminaria a sua conversa interior quando estivesse voltando para casa.
*
–Gina não espera ai...- Ferdinando andava rápido para poder acompanha-la
–Oi?
–Como assim não somos um casal?
–De novo esse assunto Nando?
–Mas eu preciso saber! Me espera – Ferdinando a parou bem em frente a entrada do trabalho e prendeu seu olhar no dela sem consegui identificar as emoções refletidas nele.
Ele manteve as mãos nos braços dela sem força apenas impedindo que ela se afastasse.
–Me explique o que está acontecendo.
–Ora Ferdinando é simples...e foi você mesmo que deixou claro...um beijo não significa namoro...- Dizendo isso Gina se desvencilhou do toque do rapaz e entrou na loja. Não estava com raiva ou chateada...apenas não queria mais falar no assunto em questão.
O rapaz por outro lado parecia ter recebido um tapa na cara e lembrou-se o por que de tanta raiva passada, tanta hesitação, entendia a falta de confiança dela ... ele mesmo não confiaria em si se estivesse no lugar dela...tinha que concordar ...ela estava certa.....a anos atrás quando lhe roubou aquele beijo... ele havia dito...beijo não significa namoro...mas então...o que significa?
*
–Professora Juliana? –Dizia Pituca com a voz um pouco alterada de nervoso.
–Sim Liliane? –Ela não se virou do quadro em que escrevia as palavras que os pequenos deviam copiar.
–Eu acho que o Tuim ta passando mal...
Juliana se virou imediatamente e encontrou o pequeno de olhos caídos e dando sinais de fraqueza.
–Tuim, me diga meu querido o que está sentindo? - Ela ja estava prontamente ao lado do aluno que apenas a olhou e desmaiou em seguida. Juliana tentou reanima-lo enquanto pedia para as crianças que agora gritavam desesperadas para se acalmarem.
–Liliane vá chamar o médico da escola rápido! Lepe pegue um copo de água por favor!
A pequena saiu correndo com o irmão Serelepe logo atrás porém ao voltarem apenas trouxeram a diretora com cara de preocupação e um pequeno copo de água.
Juliana molhava uma toalhinha que uma das crianças havia emprestado na água e depositava na testa quente do pequeno aluno.
–Cade o médico?
– O doutor não veio hoje! Tinha uma emergência! –Dizia a diretora assustada.
–E isso aqui não é uma emergência! Meu Deus! – Juliana estava desesperada e não teve outra alternativa a não ser chamar um velho amigo.
*
Ferdinando não conseguia se concentrar em nada...as palavras dela ecoavam em sua mente e ele tentava arrumar algum meio de concertar o estrago que havia feito no passado...foi então que a ouviu rir...aquele som de alegria transparente que só ele poderia arrancar dela. Buscou a direção do som e não ficou nada feliz ao encontrar-la conversando com um sujeitinho qualquer.
–O que está acontecendo aqui?
–Ah Ferdinando esse aqui é o Viramundo...ele é o novo ajudante da loja. –Ela dizia simplesmente enquanto o novato estendia a mão para o engenheiro.
–Viramundo? Mas que espécie de nome é esse? – Ferdinando estava sendo ríspido de uma maneira que Gina nunca tinha visto na vida.
– Não é meu nome...mas me define melhor do que qualquer outro.- Vira recolheu a mão após perceber que não estava sendo bem vindo pelo engenheiro.
Os rapazes trocaram um olhar ameaçador e Gina pode sentir o clima pesar.
–Bom...eu vou voltar la pro deposito... ainda preciso trazer umas coisas pra ca- Ela disse simplesmente.
–Pode deixar que eu lhe ajudo minha flor – Vira não pode perder a oportunidade de se aproximar de uma pessoa tão leve e Ferdinando identificou nele a ameaça de um galanteador barato.
–Não pode deixar que eu ajudo. –O engenheiro garantiu como se quisesse marcar território.
–Mas eu faço questão
–Mas eu ja estou acostumado
–Vocês podem parar com essa bestagem que eu faço meu trabalho sozinha...não preciso de ajuda de ninguém! – Gina disse com o tom de irritação evidente na voz e encerrando de uma vez por todas aquela discussão sem sentido.
Eles a observaram se afastar a passos rápidos e decididos. Trocaram mais uma vez um olhar predatório e se afastaram sem dizer mais nada.
*
– Obrigada por vir tão depressa Renato! – Juliana estava na pequena enfermaria da escola acompanhando o aluno que ja havia acordado e sido medicado. Estava apenas ao aguardo dos pais.
–Que isso Juliana! Você sabe que pode contar comigo sempre não é mesmo? –Renato sorriu de forma amistosa mais seus olhos refletiam um amor não correspondido pela professora.
–Meu filho! O que aconteceu? –A mãe de Tuim chegava aflita ao local
–Ele teve um desmaio em decorrência da febre. Não se preocupe ele já está medicado mas eu aconselharia a senhora a leva-lo para fazer alguns exames. –Renato entregou a lista de exames e a receita dos medicamentos.
–Pode deixar doutor! E muito obrigada ao senhor e a professora!
Os dois se retiraram deixando o ex -casal a sós.
–Bom eu vou indo. Minha classe foi liberada por causa dessa confusão e nem caberia voltar agora afinal o horário das aulas já acabou.
–Se você não se importar eu poderia acompanha-la até em casa como bons amigos que somos.
Juliana o olhou desconfiada mas decidiu que daria essa oportunidade de amizade ao médico.
*
–Me desculpe se eu causei algum estranhamento entre você e seu namorado.
–Ah..não se preocupe...e o Ferdinando não é meu namorado.
–Pois então ele é um bobo...
–Ora essa mais por que?
–Por que eu nunca que iria perder a oportunidade de ter uma flor que nem você ao meu lado.
Gina corou imediatamente e balançou a cabeça de forma negativa.
–Ah...que isso pare de bobagem e vamo mudar de assunto! Me diga o que você fazia ?
–Eu? Ah... eu cantava sabe e era muito bom! Mas sabe como é difícil ser músico esses dias...Se eu tiver a oportunidade ficaria feliz em lhe mostrar o meu talento com a viola.
Ela riu e corou novamente...ele sem dúvida era um moço charmoso mas ela conhecia bem o tipo...ele a lembrava de um certo rapaz imaturo que lhe roubou um beijo anos atrás.
–Quem sabe um dia...você sabe que eu adorava cantar umas modas quando eu era menina?...mas era só de brincadeira mesmo por que cantar eu não sei...
–Ora essa mas vamos ver se não sabe mesmo?
Vira começou a cantar uma música qualquer e foi seguido pela voz doce da ruiva que continuava a arrumar as caixas em ordem na prateleira.
Enquanto isso no escritório do pai da moça Ferdinando fingia ouvir com atenção o que o amigo lhe falava.
–Ferdinando?
–Oi Seu Pedro?
–Eu lhe fiz uma pergunta filho.
–Ai me desculpe seu Pedro...é que hoje ta sendo um dia difícil.
–Eu reparei que você ta meio avoado mesmo...-Seu Pedro serviu dois copos de dose de aperitivo e ofereceu um deles ao engenheiro. –Mas me conte o que aconteceu?
Ferdinando não iria falar sobre os problemas românticos que estava tendo com a filha do chefe então resolveu falar sobre o pai.
–Então seu Pedro...me pai quer que eu volte pra casa...ele me pediu desculpas e até me ofereceu um apartamento todo mobilhado não muito longe daqui.
–E qual o problema disso filho.
–E que eu não sei se aceito...tenho medo de aceitar e ele voltar a falar sobre política.
–Bom filho eu conheço muito bem o vosso pai e sei que ele não vai parar de falar sobre política...mas também sei que o velho Epaminondas aprendeu com o tempo a respeitar as vontades daqueles que preza.
Ferdinando ficou pensativo e degustou o aperitivo na companhia do seu possível futuro sogro.
*
Zelão esperava a amada na saída da escola planejava uma surpresa mas sua expressão de felicidade mudou quando a avistou rindo de alguma coisa que o médico falava.
Juliana paralisou ao encontrar o olhar do namorado e se assustou ainda mais ao notar que o médico o fitava com uma raiva incomum.
–O que que esse doutorzinho ta fazendo aqui?
–Do que que você me chamou?
Juliana achou melhor intervir e explicar a situação para o namorado.
–Zelão...o Renato esta aqui por que o médico da escola faltou hoje e tivemos um caso de emergência...
–E ele estava te acompanhando por que? Que eu saiba o hospital fica pro outro lado.
–Por que a incerteza meu caro...por um acaso eu te ameaço?
–Eu ? ameaçado por um doutorzinho de meia pataca?
–Você não sabe com quem está falando!
Os ânimos ja estavam alterados...e as vozes ja estavam altas o suficiente para formar um aglomerado em volta dos três.
–Pelo amor de deus! Vocês dois parem com isso!- Juliana estava aflita e temia pelo pior.
–Eu não acredito como você pode me trocar por um desqualificado feito esse Juliana!
–Você me chamou de que?
–É isso mesmo que você ouviu!
Zelão ja estava com as mãos fechadas e próximo o suficiente para um golpe certeiro no jovem médico.
Juliana colocou os braços entre eles e mais uma vez tentou apartar tudo.
–Você vai se arrepender de ter dito isso seu doutor!
–Pois se quiser eu digo mais uma vez!
Zelão não se aguentou e partiu para cima do médico que desviou do golpe e mudou de lado...ao fundo a gritaria dos alunos da escola denunciava que a briga tinha plateia e Juliana apenas deu um grito que acabou com todo o show de horror.
–Chega! Como vocês conseguem ser tão infantis! Vocês só sabem me machucar! Eu quero distância de vocês! DISTÂNCIA!
–Juliana não espera –Renato estava assustado
–Espera ai Juliana –Zelão não compreendia a situação.
– Não me sigam! Acabou! Eu não quero mais saber de vocês!
Juliana se afastou correndo o máximo que pode...não poderia deixar que ninguém visse as lágrimas que agora banhavam seu rosto.
*
Ferdinando encontrou a ruiva na saída da loja ainda na companhia de novato.
–Vamos Gina?- O rapaz a pegou pelo braço e ia arrastando a moça rapidamente pelo caminho de casa.
–Não espera ai Ferdinando...o que é isso..calma!-Ela se soltou e a olhou assustada.
–Ué ja sai vamos embora para casa.- Ele lançou um olhar intimidador para o novo ajudante que observava de perto a dinâmica do casal.
–Ta tudo bem mais não precisa ir me arrastando assim...e espera aqui que agora que eu lembrei que tenho uma coisa pra falar com o pai... ja volto. –Ela tinha incerteza no olhar mas caminhou determinada na direção do escritório do pai.
Deixando Ferdinando e Viramundo sozinhos na entrada da loja.
–Você...se afaste dela...esta me ouvindo?- Ferdinando lançava um dedo ameaçador na direção do rapaz de cabelos negros e olhos verdes.
–Que eu saiba eu não lhe devo nada...aliais eu não vi anel nenhum no dedo dela provando que ela estava compromissada.
–Mas ela está!
–Mas não foi isso que ela disse – Viramundo sorria das reações que provocava no rapaz que agora se controlava para não partir a cara daquele um.
Enquanto isso Gina chegava no escritório do pai e se surpreendeu em ver a mãe ali.
–Mãe? O que a senhora faz aqui?
–Ué eu vim conferir que seu pai ia sair na hora certa pra gente não perder o jantar na casa da família Napoleão hoje.
–Jantar...mas eu não to sabendo de nada... e que eu saiba nem o Ferdinando.
–Ah mas ele não sabe mesmo minha fia...o jantar quem marcou foi a madame Catarina eu e ela temos alguns planos para a paroquia do Padre Santo – ela se aproximou mais da filha e cochichou no ouvido da mesma – E vamos tentar fazer com que seu pai e aquele turrão do Epaminondas voltem a ser amigos.
Gina sorriu e balançou a cabeça de uma forma desacreditada.
–Bom eu so vim mesmo dizer pro pai que o Marimbondo ligou dizendo que semana que vem ja vai dar pra fazer a colheita!
–Ai ai ai que ótima notícia! E com a ajuda do meu novo engenheiro agrônomo eu não tenho dúvidas de que será uma colheita daquelas! – Seu Pedro ria de felicidade contagiando as duas mulheres presentes no escritório.
–Era só isso mesmo... deixa eu ir que o Ferdinando ja ta me esperando pra gente voltar pra casa.
–A é né...pena que você não vai mais ter a companhia dele pra voltar pra casa por muito tempo – Dona tê comentava simplesmente
–Ué...como assim?
–Ele não lhe contou? O pai dele deu um apartamento todo mobilhando pra ele. Acho que não vai demorar para ele se mudar.
Gina não podia acreditar no que estava ouvindo...quer dizer que ele a tinha enganado de novo...que aquele papo todo de amar era só pra se aproveitar do fato de estarem na mesma casa. A ruiva fechou a cara e saiu do escritório sem falar nada.
–Ih mãe...acho que você falou besteira. –Seu Pedro a lançou um olhar vacilante.
Na parte de fora da loja Ferdinando estava contando até 10 mentalmente para evitar que saísse na briga com o sujeitinho arrogante que lhe confrontava... até que sua atenção foi direcionada para uma moça que saia a passos duros da loja.
–Gina espera! O que foi? Gina!
Ela não responderia aos chamados dele só queria chegar em casa e desaparecer no conforto do seu quarto.
*
Juliana correu até o parque perto de casa e se permitiu desabar na grama fofa do local. Até o momento não entendia o que havia acontecido mas vê-los brigando daquele jeito a fez lembrar de uma infância não tão feliz.
Não passara a meninice na fazenda ou em qualquer outro lugar muito alegre. Era e sempre foi uma garota de cidade grande, com sonhos grandiosos e planos mirabolantes seria feliz se todos os dias não ouvisse as brigas intermináveis dos pais até o dia em que seu pai resolveu sair de casa.
Sua mãe lutou para que saísse do divorcio sem traumas mas nunca desconfiou que a mais lesionada nessa história tinha sido a filha.
Ela podia até pensar que o medo e a insegurança que coexistiam em seu ser eram frutos do relacionamento difícil dos pais mas a verdade era que ela não queria culpar os dois por uma falha que ela não fez questão de tratar.
Permitiu-se chorar silenciosamente entre lembranças de um passado recente e memórias de uma infância triste.
*
–Gina! Me diga o que está acontecendo! –Ferdinando fechava a porta e a seguia pela casa.
–Me diga você! Quando pretendia ir embora? – Ela se virou e colocou as mãos na cintura arrogantemente.
–O que? –ele estava perdido na situação.
–Você estava esperando que eu realmente me apaixonasse por você? Que eu me entregasse para que depois você saísse por essa porta sem nem ligar pro mal que tinha me feito como alguns anos atrás? –Ela não pode evitar que os olhos ficasse levemente mareados.
–Do que você esta falando?
–Da casa que o seu pai lhe deu! Eu sei Ferdinando! Eu sei de tudo! –ela explodiu e ele ficou sem reação imediata.
– Gina...eu nunca que iria fazer isso com você! Você precisa acreditar em mim! Eu ainda nem aceitei aquela casa!
–Então me diga que você não tem a chave?
–Não...eu tenho mas..
–Mas nada! Ja significa o suficiente!
–Gina por favor fique calma vamos conversar... – Ferdinando corria atrás dela que ja se direcionava ao corredor onde ficavam os quartos.
–Conversar o que Ferdinando? Eu estou cansada de me machucar com você!
–E você pensa que você não me machuca? Eu estou me arrastando por você e você fica dando bola pra um desocupado! – O ciúme deu as caras na hora errada.
– O que? Você ta ficando loco!
–Não me diga que você não ficou de papinho com o novato por que eu vi!
–Ele só é um amigo! E além do mais você não tem o direito de me interrogar !
–Tenho sim...depois dos beijos que você me deu eu tenho sim!
–Que eu te dei? Você é que começou me roubando aqueles beijos!
–E vai negar que você disse que pra ele que não tem namorado!
–Não..não vou negar...por que é a verdade! –Gina se dirigiu para a porta do seu quarto que ficava bem na frente da de Ferdinando.
–Então muito bem...fique com a sua verdade...por que eu cansei!
–Então vá pra sua nova casinha seu engenheirinho!
–Eu vou mesmo!
Os dois fecharam as portas dos quartos ao mesmo tempo. Ferdinando ainda estava febril de ciúmes e não se demorou a jogar tudo na mala e sair de casa sem pensar nas consequências.
Gina se olhava no espelho e tentava se acalmar...não queria chorar...mas ao ouvir a porta da sala bater novamente não conseguiu evitar os soluços de um choro doído.
*
A terça feira chegou com cara de segunda. O tempo estava nublado e o clima congelante havia chegado na cidade...nada que ajudasse a melhorar o humor das duas habitantes do apartamento em questão.
Juliana chegou na sala com os olhos inchados e olheiras que nem suas super maquiagens conseguiram esconder. Observou a amiga que estava calada tomando o café e notou os olhos e o nariz vermelhos...sem dúvidas ela também esteve chorando.
–Bom dia – Gina estranhou o cumprimento seco da amiga mas respondeu em um tom igualmente frio.
–Cade o Ferdinando ? –Juliana perguntou inocentemente e observou os olhos da amiga se encherem de lágrimas ao ouvir o nome do engenheiro.
–Foi embora. Cade o Zelão? – A ruiva perguntou tentando mudar de assunto e abordando acidentalmente o tópico errado.
Juliana reparou nas 20 chamadas não atendidas do seu celular e apagou todas. Desligou o aparelho e respondeu em um tom que encerrada a conversa daquela manhã fria.
–Também foi embora.


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Notas finais do capítulo

p.s1: Sim...eu estudei na Bracho & Tedesco maldade ilimitada!
p.s2: até eu fiquei depre dps dessa cap...vou parar d ouvir Amy!
p.s3: quero deixar claro q essa é a minha interpretação do personagem Juliana...pra mim td aquela insegurança tinha q ter uma razão de ser.
p.s4: paciência pequenos gafanhotos...nem td amor é cor de rosa...