Traiçoeiro escrita por Roses


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Como estão? Feliz ano novo para vocês, espero que esse ano seja incrível para todos. Desculpem pelo atraso de um dia, mas eu tinha prometido que até domingo eu postaria e cumpri minha promessa. Espero que gostem desse capítulo gigante e que vou continuar tentando diminuir o tamanho deles.

E MINHA NOSSA! Vocês querem me matar não? Nesse tempo recebi mais presentes e não poderia estar mais feliz. Muito obrigada as minhas queridas GabyPorto e Ms. O'drama pelas recomendações que me deixaram com um sorriso no rosto por uns bons dias. Significa tanto para mim que vocês achem que vale a pena recomendar essa história que chego até a ficar com medo de em algum momento decepcionar, hahaha. Espero que gostem desse capítulo.

Falei demais, vou deixá-los ler agora.

Boa leitura!



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–Você tinha planejado... Trazer-me até um lago? – indaguei descendo da minha égua, indo prendê-la à árvore. – Belle tem um laguinho perto da casa dela.

–Mas não é de verdade. – ele rebateu.

–Mas é um lago. Olha se tinha a intenção de me fazer nadar, isso não vai acontecer.

Killian negou com a cabeça.

–Você acabou de sair de um tratamento, não sou louco de sugerir que nademos. Venha. – Jones estendeu a mão. Olhei desconfiada para ela. – Swan, eu não vou lhe atacar se está preocupada com isso.

–Não estou preocupada, Jones. – segurei em sua mão, deixando que ele me guiasse. – Apenas estou com um pé atrás com a sua “palavra de pirata”. Se não vamos nadar, qual o objetivo de vir até aqui? – questionei.

Killian me soltou e se agachou começando a remexer na terra molhada perto do lago. Ele parecia concentrado no serviço e eu apenas me contentei à observá-lo, sem entender nada ainda.

–Aqui, está vendo? – ele abriu a mão suja de barro e na palma estavam pousadas algumas pedrinhas coloridas.

–Sim, estou vendo as pedrinhas. O que tem?

–O que você achou delas?

Aproximei-me mais, as estudando.

–São bonitas. Diferentes.

–Ótimo. Eis o que eu quero que você faça: irá procurar dessas pedras e escolher aquelas que, mais gostar.

–Por que exatamente eu faria isso? Não querendo ser enjoada, mas já sendo, vai sujar minhas mãos.

Killian me olhou com reprovação.

–Esse tempo aqui, vivendo na limpeza está lhe fazendo mal. Vamos. Eu a ajudo.

Dei de ombros, me agachando e começando a mexer na terra molhada.

–Irá mandar fazer uma joia para mim, senhor? – instiguei, observando uma pedra azulada. – Porque se for isso, já informo que não irei passar uma noite com o senhor para consegui-la. – enfiei minha mão na água para lavar as pedrinhas que tinha separados até o momento.

–Droga, você descobriu meu plano! – reclamou de brincadeira. – Não é nada disso, Swan, faz parte da minha surpresa. Apenas escolha as pedras e dê-as para mim. É para o seu presente. E pare de me chamar de senhor, eu não sou tão velho.

–Apenas doze anos de diferença. – resmunguei.

–Não é tanto tempo. Vocês estão acostumadas a casar com homens que estão caindo aos pedaços de tão velhos.

–Você está certo. – concordei, levantando-me e indo para o outro lado.

Ficamos na busca pelas pedras por pouco mais de uma hora. Quando estava satisfeita com as minhas, levantei a cabeça para avisar Killian, porém o encontrei de pé perto de uma árvore, sorrindo.

Revirei os olhos, batendo a terra da roupa e corri até ele.

–Você disse que ia me ajudar.

–E eu ajudei, veja. - ele apontou com o queixo para o chão, onde um montinho de, pedras estava amontoadas. - Então a comida que eu pedi para ser entregue chegou e eu a deixei para poder arrumar. Eu prometi um bolo, não prometi?

–Sim e um presente. - recordei, me sentando na coberta estendida, deixando minhas pedras ao lado das de Killian.

–Seu presente será feito com essas pedras... Que olhando bem teremos que escolher, já que tem muitas.

–O que você está aprontando, Jones?

–Paciência. - ele pediu, se sentando a minha frente, se servindo de uma ameixa.

–Paciência é o que eu mais tenho com você, Killian. Ainda estou tendo paciência com a história do baú. - cantarolei.

–Eu achei que tinha esquecido.

–Não quando ele deve ter algo relacionado a mim.

–Quem disse isso?

–Ninguém, eu deduzi. - dei de ombros, pegando uma ameixa para comer também. - Por qual outro motivo você iria querer entregá-lo a mim?

–Já passou por essa sua cabecinha que dentro daquele baú possa estar o que um dia foi minha mão?

Fiz uma careta, limpando o caldo da fruta que escorreu pela minha boca.

–É sua mão dentro daquele baú?

–Talvez.

–Eu ainda acho que tem algo relacionado a mim. Ou algo obscuro sobre seu passado, memórias, escritos, não sei. Mas se for isso você está com medo de me mostrar pensando que eu irei ficar assustada e assim não seremos mais amigos.

Killian olhou fixamente para o meu rosto por mais tempo que o necessário.

–Você está no caminho certo, Swan.

–É algo sobre o seu passado?

–Sim.

Deixei a ameixa de lado, esticando a mão para tocar em seu gancho.

–Não importa o que tenha feito, eu o conheço agora e isso é o que interessa. Você ainda é a mesma pessoa que está presa naquele baú?- perguntei, fitando seus olhos azuis.

Jones negou com a cabeça.

–Não, Swan. Por isso eu quero que ele fique preso por mais tempo. Eu irei contar para você, apenas tenha paciência. Estou dividindo aos poucos meu passado. É algo que nunca fiz antes e ainda me assusta. - confessou parecendo envergonhado. - Mas naquele baú, tem um homem que eu preferia que você nunca o visse. Não me faça desenterrar isso agora.

Endireitei- me, o escrutinando com cuidado, percebendo o alerta em sua voz, mesmo que distante.

–Você me deixou com medo agora, Jones. - comentei, voltando a pegar a fruta.

Ele me olhou, como se estivesse apavorado e apertou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

–Não sinta. Não tenha medo de mim, Swan. Eu nunca faria nada para lhe machucar. Acredite. Eu não sou mais aquele homem do começo. Não sou mais o homem que fui por muitos anos. Você tem me ajudado muito, sabe disso, não sabe?

Aquiesci, apenas para não deixá-lo mais aflito do que parecia, soltando nossas mãos para me servir de um pãozinho.

–Um alfaiate irá vê-lo na casa de Belle ainda essa semana. - avisei. Killian me olhou confuso. - Você precisa de roupas adequadas para me acompanhar a ópera, querido. Ou quer ir com suas roupas de capitão?

Jones sorriu, se arrastando até estar sentado ao meu lado.

–Ainda quer que eu vá à ópera com você?

–É claro que quero. A ideia inicial sempre foi levá-lo. Você tem me mostrado um pouco do seu mundo, nada mais justo do que eu mostrar um pouco dos prazeres do meu. Mesmo que sejam poucos. Teremos que sair cedo de casa, já que a ópera será na cidade próxima daqui, sendo assim teremos que jantar em um dos restaurantes que tem por lá, espero que não se importe. Levarei você para provar o gelado. - suspirei, lembrando-me do quanto era delicioso. - Não pode ser desse mundo de tão bom que é.

–Mais do que a sua éclair?

–Não exagere. Nada supera a éclair. - atalhei, começando a separar as pedras que eu mais gostava.

–Não posso concordar ainda, não experimentei o gelado. O que vem a ser o gelado?

Parei por um segundo, tentando explicar para mim primeiro, mentalmente, antes de tentar responder para Killian.

–É como se fosse uma massa que eles fazem com neve, frutas e leite eu acho, não tenho certeza. Eles pegam a neve dos Alpes a parte fria da França, e enchem esses potes especiais que a mantém por mais tempo gelada. Granny costumava preparar para mim quando nas raras ocasiões nevava em meu condado. É muito bom.

–Isso parece meio impossível.

–Eu sei, apenas vendo e provando para entender o que eu estou dizendo. - estudei seu pescoço. - Como conseguiu esse roxo? Você brigou?

Killian coçou o local, como se quisesse escondê-lo, um sorriso sem graça despontando nos lábios.

–Tudo bem, eu entendi. - senti meu rosto esquentando. - E foi divertido? - indaguei, sem olhá-lo.

–Você quer realmente saber disso?

–Não. Não quero, estava apenas preenchendo o silêncio. - respondi rapidamente.

–Swan. - ele me chamou. Voltei a fitá-lo. Killian respirou fundo, como se pesasse as palavras mentalmente. - Sobre o que eu disse…

–Por favor, não. Estamos tendo um momento agradável agora. Não estrague trazendo a tona aquele assunto. - pedi.

Jones assentiu, me observando separar as pedrinhas. Perdi um bom tempo, mais que o necessário, as admirando e escolhendo aquelas que mais combinavam, pensando que seja lá qual fosse o presente que ele estava pensando, as pedras teriam que combinar.

Ou estava me mantendo ocupada para que não precisássemos conversar.

–Você acha que será capaz de amar novamente um dia, Jones? - me peguei perguntando. - Não só você, mas no geral. Você acha que uma pessoa pode voltar a amar?

Killian ficou em silêncio, olhando para as minhas mãos que montavam desenhos com as pedras rejeitadas.

–Não sei. Acho que depende do tipo de amor. Para o amor verdadeiro, acho que não. Acredito que exista apenas um e quando o perde você nunca encontrará outra pessoa para suprir aquela que se foi. Já quanto aos outros tipos de amor, como o primeiro, sim. Você não o esquece, mas ainda não era para ser.

–Milah era o seu amor verdadeiro?

Jones suspirou.

–Eu não sei ainda, pergunto-me todo dia essa questão. Mas acredito que não.

Balancei a cabeça para mostrar que entendia o que ele queria dizer.

–Aqui, as pedras. - as empurrei em sua direção. - Com essas três aqui, pedirei para fazer uma pulseira. Essa daqui lembra-me a cor dos olhos de Bae. - mostrei a pedra meio acinzentada. – Essa, lembra-me a cor dos olhos de Landon. - brinquei com a pedra marrom, simples. - E essa a cor dos seus olhos. - peguei a pedrinha azul. - Desse modo os terei para sempre comigo, quando for embora. Um modo para que eu sempre esteja perto dos amigos mais incríveis que eu nunca imaginei que encontraria na situação que estou. - expliquei.

Sorri para Killian, tentando aliviar a tensão em seu rosto. Eu tinha que começar a acostumá-lo que uma hora teria que ir embora. Não seria fácil para mim, nem um pouco, quando o momento chegasse, mas queria me certificar que ele ficaria bem.

Eu não queria que ele continuasse com o pensamento “o que eu tenho com você, nunca tive com nenhuma outra pessoa, nem mesmo com Milah”, isso iria lhe fazer mal.

–Feliz aniversário atrasado. - falou me entregando um bolinho.

–Você às vezes faz eu me sentir mal, sabia? - atalhei. Killian me olhou inocentemente. - Obrigada pelo bolinho.

–Disponha. - respondeu, colocando as comidas de lado e se esticando no cobertor. - Venha, irei fazê-la se sentir bem. - convidou em um tom malicioso.

Imitei o som como se estivesse vomitando, mas me deitei ao seu lado, pousando a cabeça em seu peito, começando a brincar com o gancho.

Ficamos assim por uns bons longos minutos, em silêncio, apenas aproveitando aquela paz, como se não houvesse mais ninguém no mundo além de nós dois.

Como se eu não devesse estar em nenhum outro lugar.

–Existe alguma coisa que você considere imperdoável, Emma?

Inclinei a cabeça para olhar seu rosto.

–Por que a pergunta?

–Por nada. Apenas tenho a impressão de que você irá perdoar tudo, deve ter algo que você nunca perdoaria.

Voltei a abaixar a cabeça. Senti a mão de Jones em meus cabelos e apenas fiquei parada aproveitando o carinho, sentindo o subir e descer de seu peito.

–Traição. Não acho que seja capaz de perdoar uma traição, Jones. Ainda mais se ela vir de uma pessoa muito querida para mim. Se um amigo me trair não creio que possa voltar a chamá-lo assim nunca. Se a traição vir de meu marido, nunca mais me deitarei em sua cama. Será ele em seu quarto e eu, no meu. Sei que na sociedade que vivo, é normal homens terem suas amantes, mas quero respeito... Pensando bem, traição é uma das únicas coisas que considero imperdoável, Killian. Ela destrói tudo, confiança, amizade, amor, respeito.

–Por isso ficou tão brava comigo? - indagou.

Voltei a olhar para o seu rosto.

–Está se referindo por você ter ido se divertir com prostitutas? Não, isso não foi traição, Killian. Não somos nada, você pode se deitar com quem quiser, apenas não espere que eu continue lhe beijando. Uma pura questão de higiene. Acredite, não julgo essas mulheres, pois sei que elas estão nesta vida indigna por falta de opção, eu as respeito e as admiro até certo ponto, pois não deve ser fácil e nem agradável ser apenas um objeto para homens saciarem suas necessidades. Nem todas tem a sorte que eu tive de nascer em uma família rica, mas como mencionei, elas se deitam com vários homens, pense nas doenças que você está se expondo e consequentemente estará me expondo se eu permitir que me beije.

–Agora você que está fazendo eu me sentir mal. - retrucou. - Sem mais prostitutas para mim.

–Faça o que quiser Jones. Eu continuarei sendo sua amiga, e talvez seja até melhor se acabarmos com esse nosso envolvimento.

–Emma… Não, continue dizendo que irá nos cortar pela raiz. Tire essa ideia da cabeça. Se você quer mesmo ir embora, nosso tempo é tão pouco, mas já a deixo ciente que farei o possível para que fique. Prometo-lhe que não me deitarei com nenhuma outra mulher nesse tempo. Serei exclusivamente seu amante.

–Não faça promessas, Jones. E o fato de eu ir embora, não quer dizer que tem de ser o fim. Você sempre poderá fazer-me uma visita. Ficaria honrada de recebê-lo em minha casa. - murmurei, afagando seu rosto.

–E então o que? Tomar um chá com você e seu marido, enquanto observamos seus filhos?

Fiz que sim com a cabeça e Killian, bufou revirando os olhos.

–Você irá encontrar a mulher certa, para você querido. E posso lhe garantir que quando isso acontecer eu serei totalmente ofuscada por ela.

–Apenas fique quieta, Swan. Você me pediu para não estragar o momento e agora eu peço o mesmo.

Murmurei um “tudo bem” e fiquei encarando as nuvens, ainda usando o peito de Jones como travesseiro. Eu gostava de ficar naquela posição. Podia jurar que ouvia o ar entrando e saindo de seus pulmões, além de conseguir escutar a leve batida de seu coração. Não conversamos mais, nem apenas banalidades como de costume, apenas porque ambos sentíamos que depois daquela noite em seu quarto, algo havia acontecido. Mudado. Evoluído para algo maior do que conseguíamos suportar naquele momento, que não podíamos e não queríamos suportar.

Não houve palavras que determinasse essa mudança. Apenas ações. Ações que demonstraram o quanto havíamos ficado magoados com toda a situação. Situação que sabíamos que não tínhamos controle desde o começo. Situação que já estava fadada ao desastre desde o início de nossa relação.

Sempre tive em mente “não posso me apaixonar”. Sempre pedi em minhas preces “não posso me apaixonar por esse homem”, porque eu não só sabia que não seria recíproco, como sempre esteve escrito que se isso acontecesse, não teria como dar certo. Mas percebi que quando você pede para não se apaixonar, é porque já está apaixonado. Eu lutei tanto em não me apaixonar, que eu deixei passar o fato que já estava tendo sentimentos por ele.

Sim, começou como desejo e do desejo evoluiu até esse ponto.

E se isso aconteceu comigo, eu já não sabia, não tinha tanta certeza como tive um dia, de que não seria recíproco. Jones havia me dito que eu não podia negar que existia sentimento além de desejo em nós. Talvez fosse recíproco de verdade. Talvez Jones estivesse me amando também.

Isso não podia acontecer. Pelo nosso próprio bem, não podia.

Sentei-me em um pulo.

–Acho melhor irmos, já está escurecendo. - avisei, guardando as pedras em minha bolsinha. - Precisa de ajuda para guardar as comidas?

–Pode deixar comigo.

Observei Killian guardar as comidas na cesta e dobrando o cobertor de qualquer jeito. Ele o estendeu para mim e rapidamente o peguei, seguindo para onde havíamos deixado nossas montarias.

Novamente o silêncio predominou na volta para casa. Eu queria conversar. Queria que ele fizesse algum comentário. Queria até discutir se isso significasse que algum som iria preencher o nosso redor.

Assim que nos avistou, o tratador de cavalos veio correndo até nossa direção, se prontificando a levar os animais para o estábulo.

Agradeci, indo para casa, ao lado de Killian, que manteve uma distância segura entre nós dois.

– Obrigada pelo dia… Foi divertido de uma maneira diferente. Estarei esperando meu presente.

Jones sorriu, pegando minha bolsa.

–Nos vemos mais tarde?

Balancei a cabeça negativamente.

–Acredito que não precise mais de mim durante a noite. Você me disse que seus pesadelos sumiram.

–Sim, lhe disse isso há dois meses e até algumas noites atrás você estava se esgueirando para o meu quarto. Eu lhe assustei não foi? Deveria ter ficado quieto quanto a querer… - ele se interrompeu, me olhando. - Emma não irei lhe atacar. Você sabe que tenho muito respeito por você.

–Sei disso, querido. Apenas acho que deveria começar a se acostumar a ficar sem minha companhia.

Killian segurou um suspiro, olhando para o outro lado. Quase conseguia ver sua mente clamando por paciência.

–Se assim deseja. Apenas lembrando que eu lhe prometi que não tentaria nada, e não tentei.

–Sim, e eu trapaceie. Estamos com papeis invertidos hoje. - brinquei. - Tenha uma boa noite, Jones. Vemos nos amanhã.

[...]

Não vi Jones tanto quanto gostaria na semana que se seguiu. Ele estava constantemente indo para a vila e voltava para o jantar se recusando a dizer o que tinha feito o dia todo. Nós três conversávamos um pouco antes de darmos boa noite, às vezes pegávamos algum jogo para nos distrair ou apenas nos contentávamos com a música.

Não era a mesma coisa sem Landon e Bae.

Todas as noites eu resistia ao impulso de ir até o quarto de Killian, me enfiando no de Belle, onde ficávamos conversando, como se não fizéssemos exatamente isso o dia inteiro, com xícaras e mais xícaras de chá.

–Não sei com qual vestido ir à ópera. – comentei olhando para o meu guarda roupa. Estávamos em meu quarto e Belle lia em minha cama. - Digo… Devo ir com as cores claras, que indicam que eu estou disponível ou devo escolher algo mais escuro?

–Não sei. Achei que você nunca tinha se importado com isso.

–Eu não me importo. Mas seria bom ter uma opinião.

–Vamos ver o que você tem aqui. – Belle pulou da cama, parando ao meu lado. – O que acha do vermelho? Senhor Jones iria gostar desse.

–Comprometida demais. E não vou me vestir para agradá-lo.

–Esse branco está bonito.

–Muito “estou solteira, me corteje”, vai estragar nossa noite.

Belle tirou o vestido branco de dentro do guarda roupa, e o jogou pela janela.

–Pronto. O que acha de azul... Eu tenho umas joias que iriam combinar com esse. – ela tirou um vestido azul safira que, estava escondido no meio dos outro. – Você pode jogar aquela capa de pele cinza que eu tenho para que não sinta frio. Ele não é muito claro, indicando que não está comprometida e nem muito escuro. Ninguém irá lhe importunar.

Peguei o vestido, colocando-o na frente do corpo. Ele era um pouco decotado demais, e iria deixar meus ombros expostos, mas por ser um vestido de noite era totalmente aceitável.

–Gostei desse.

–Senhor Jones também irá gostar. – ela parou atrás de mim, encostando o queixo em meu ombro, me olhando pelo reflexo do espelho. – E acho que pode fazer um penteado onde deixe seus cabelos meio soltos, Killian gosta quando não os prende. – Belle suspirou. – Escute sobre o que eu disse na noite do seu aniversário, sobre Killian e você...

–Por favor, Belle, não.

–Não, deixe-me falar. Eu falei o que a sociedade me ensinou a dizer, não o que eu realmente sinto em relação a tudo isso. Foi horrível eu dizer aquilo para você, mas entenda que eu me preocupo sim. Preocupo-me por que... O que vai ser desse relacionamento? Mas saiba que, se por acaso, você decidir nunca mais voltar, eu apoio. Apoio porque você merece achar a felicidade e se for ao lado dele, não abra a mão para seguir as regras estupidas em que fomos criadas.

Abracei Belle com força.

–Obrigada, mas isso não vai acontecer. Jones não quer as mesmas coisas que eu quero.

–Ele vai querer. Ainda mais se for o seu guerreiro.

–Ele não é!

–Nós duas podemos negar o quanto quisermos, mas pense. Você está sempre protegendo- o. Hel disse que você o salvou daquela condição que ele se encontrava no começo. Emma foi neste instante. Killian se tornou seu guerreiro quando você se propôs a ajuda-lo, porque ele precisava ser salvo dele mesmo. Acredito que não importa a forma que a donzela- cisne salve seu guerreiro, desde que isso ocorra. Você estava certa ao dizer que precisa completar esse quebra- cabeça, porque minha amiga, aparentemente tudo o que você conhece da sua vida, é baseado em uma mentira. Você merece saber a verdade.

Acenei positivamente, deixando o vestido pendurado na cadeira e olhando os papeis das pesquisas que Belle e eu fizemos durante aquele tempo.

Um grito agudo vindo de baixo nos chamou a atenção, seguido do som de algo se quebrando. Minha amiga fechou os olhos, dando pequenos pulinhos enquanto se virava para a porta.

–Se eu não amasse tanto esse cachorro, eu já teria matado Nostradamus. – resmungou. – Vou ir salvar os criados dele, então ficarei um pouco na biblioteca, tudo bem?

–Claro. Boa sorte com sua bola de pelo.

Belle apertou minha mão e foi para o seu quarto, fechando a porta de conexão.

Aproximei-me da mesa, juntando os papeis, enquanto lia, passando por cada etapa, cada nome riscado, com um leve aperto no peito.

Waven maidens: Senhora das ondas

Os deuses do mar Ægir e Ran tiveram nove filhas, todas muito bonitas, invocadas e reverenciadas pelos marinheiros que desejavam proteção e orientação nas viagens. Quando as Donzelas estavam contentes com as oferendas recebidas, elas mostravam seu bom humor cantando e brincando na espuma branca das ondas e indicando o rumo certo a seguir.

Animais simbólicos: cavalo- marinho e serpente marinha, cisne, gaivota e borboleta.

Fylgja : A guardiã.

Fylgja não é uma deusa, mas sim um espírito guardião feminino que se conecta, no momento do nascimento, à alma da criança, incorporando-se a uma parte do corpo etéreo. Ela permanece ao lado da pessoa por toda a vida, muitas vezes tomando atitudes protetoras ou defensoras, muitas vezes servindo como intermediaria entre os ancestrais e seus descendentes. Percebida apenas por quem possui o dom da mediunidade, ela torna-se visível no momento da morte, quando se afasta e abandona o morto. Fylgja pode assumir uma representação abstrata ou a forma de um animal que melhor representar o caráter da pessoa falecida. Seu afastamento repentino causa doenças, insanidade ou morte.

Animais simbólicos: Todos.

Sjofn: A afetuosa.

Seu nome significa afeição, mas sua atuação vai além do que voltar homens e mulheres para o amor. Seu poder abrange todos os tipos de relacionamentos que formam uma unidade familiar, incluindo o amor por filhos, pais, irmãos, parentes e colaboradores. Pode ser invocada para reavivar ou fortalecer os laços afetivos,curar ressentimentos e mágoas, apaziguar brigas e discórdias, abrir o coração para perdoar e transmutar lembranças dolorosas. Sua missão é ensinar a dar e receber amor, pessoal e incondicional, passional e transcendental.

Animais simbólicos: pomba, cisne e lontra.

Snotra: A virtuosa.

Snotra era uma das acompanhantes de Frigga, descrita como uma mulher jovem, vestida com uma túnica branca, de feições e gestos delicados e suaves, reservada, de maneiras elegantes e fala mansa. Seu nome significa “Senhora” e ela era sábia e gentil. Em norueguês arcaico snotr indica pessoa “pessoa sabia ou equilibrada”, enquanto snot era designava uma “senhora ou noiva”. Alguns acreditam que Snotra era uma protetora das mulheres, a quem ensinava, moderação, lealdade, nobreza e sabedoria. Ela mostra como superar dificuldades sociais e físicas em relacionamentos, pois sempre sabe a atitude certa a tomar. Possui uma profunda compreensão da natureza humana, não somente das regras, mas também da motivação que as condiciona. A missão de Snotra é criar a harmonia grupal, incentivar a nobreza de caráter e as boas maneiras.

Animais simbólicos: falcão, raposa, cisne e abelha.

Thrud: A regente do tempo

Filha de Sif e Thor, Thrud era conhecida tanto como deusa quanto como Valquíria. Famosa por sua extraordinária beleza, foi admirada por muitos homens. Seu nome significa “semente” e era considerada uma deusa regente do tempo cujas raízes trazia nuvens escuras e tempestade e quando de bom humor, deixava o céu da cor de seu lindos olhos. Em seu aspecto de Valquíria, Thrud era considerada padroeira dos curadores, por ser também uma curadora, quando aliviava o sofrimento de guerreiros nos campos de batalha.

Animais simbólicos: falcão, cisne, cavalo.

Valquírias: As deusas guerreiras.

Seu nome significa “aquela que escolhe os mortos”, pois elas escolhiam antecipadamente quem iria ganhar ou perder a batalha. Eram consideradas assistentes de Odin, descritas como jovens bonitas, altas, fortes e guerreiras, que serviam comida e bebida para Odin e os espíritos dos guerreiros mortos em combate. Quando não estavam cuidando dos feridos de batalha ou levando as almas para os salões de Valhalla, as Valquírias cuidavam das batalhas que acontecia na terra dos homens e protegiam seus guerreiros favoritos.

Animais simbólicos: cisne, corvo, gavião, cavalo alado.”

Aqueles quatro nomes haviam sido riscados apenas alguns minutos atrás, deixando apenas as que tinham alguma ligação com a proteção de guerreiros: Freyja, Thrud e as Valquírias. As três levavam as Donzelas- cisnes...

Uma batida na porta me tirou de meu devaneio por um segundo.

–Pode entrar... Killian! – exclamei surpresa, abaixando os papeis. – Está tudo bem?

–Claro, eu... – ele parou por uns instantes, a mão na maçaneta. – Apenas vim dar boa noite.

–Tem certeza que veio até aqui, só fazer isso? – indaguei com a sobrancelha arqueada.

Jones entrou fechando a porta.

–Eu não sei como combinar aquelas malditas roupas, Swan. Sinto-me um palhaço com elas. – reclamou. – Preciso que me ajude. E isso é embaraçoso, mas preciso que me ajude com as malditas roupas se quiser que eu vá vestido com elas.

Não resisti a dar risada. Killian Jones, o homem que estava acostumado a passar dias usando roupas de couro, se deixando vencer por peças simples de algodão.

–Pode rir a vontade, Emma, mas você que inventou isso.

–E você aceitou. – retruquei. – Vamos lá, querido, eu o ajudo.

–O que é isso? – perguntou, pegando meus papeis quando me virei para vestir o roupão. – É sua pesquisa? Está concluída?

–Sim.

–E então?

Dei de ombros.

–Acho que tenho uma ideia.

Jones se sentou, começando a remexer e ler as folhas espalhadas pela mesa. A cada uma que lia, ele olhava para o meu rosto e então balançava a cabeça em uma negativa, como se estivesse descartando a opção.

–Por acaso você não teria uma roupagem de pena, teria? – instigou.

–Não Jones. Não tenho. – menti, pensando na capa escondida no guarda roupa de Belle. – Por quê?

–Eu ia pedir para você me dar, talvez desse certo. – murmurou, voltando a ler. – Existem duas lendas?

–A segunda meio que complementa a primeira. Está vendo? – me aproximei dele. – Na primeira menciona as mulheres ao redor do lago, já na segunda tem um pedacinho da história “Quando os três filhos do rei da Lapônia decidiram caçar em um dia quente de verão, em determinado momento pararam ao redor de um lago para se refrescarem. Foi neste instante que observaram três mulheres que fiavam e possuíam a aparência de cisnes. Elas eram Valquírias e também filhas de reis (Ölrún, “senhora da cerveja”, Hládwud Svánhvit, “branca como cisne”, Hérvor Álvit, “sábia”). Eles ficaram tão encantados com a beleza das mulheres, que acabaram por tomá-las como esposas. Mas por conta de sua condição como Valquírias, conviveram com seus maridos por um período de sete anos, tendo que retornar as suas atividades em batalhas e nunca mais regressaram.” – li para Killian. Era hora de deixá-lo saber algumas coisas. – Belle encontrou essa passagem em um livro antigo. -Desses casamentos as Valquírias tiveram filhas.

–Que seriam as donzelas- cisnes. – Killian concluiu. – Ou seja: você é descendente de uma Valquíria.

–Eu não tenho certeza, Jones.

Ele revirou os olhos.

–Deixe-me ver isso. – tomou o papel de minhas mãos. – “Apesar da continuidade na associação das Valquírias, tecendo o destino dos homens, surge uma nova imagem. Desta vez as donzelas são representadas com características de cisnes e acabam casando-se, além de pertencerem diretamente à realeza. Com isso as donzelas- cisnes surgem como integrantes importantes da narrativa heroica, unindo o sobrenatural entre o mundo odínico e a realeza. Elas são filhas de reis e foram tomadas por guerreiros. Mas não podiam fugir às suas características básicas de agentes do destino, de tecelãs da vida dos homens. Em vez de simples serviçais, as donzelas- cisnes se transformam em esposas, essas criaturas míticas são representadas em uma forma muito mais doméstica, mas nem por isso, menos protetoras: elas nomeiam o herói; presenteia-o com um objeto mágico para que ele consiga efetuar sua jornada; assiste-o nas batalhas: salva- o dos momentos de perigo; torna-se esposa e concebe filhos para ele; realiza os ritos funerários; renasce como companheira e amante. Torna-se uma esposa extremamente atuante na vida do herói, a ponto de renascer várias vezes e amá-lo novamente, sem necessariamente transgredir nenhuma ordem social. Retorna a ser Valquíria somente quando o marido está longe de casa. Lado a lado com esse aspecto protetor, temos a ideia de que o herói (que depois se transforma em rei) só conseguiria completar sua jornada épica em razão dessa interferência. As agentes odínicas elegiam seu protegido. A lança sendo o seu atributo para as batalhas são utilizadas para tecer o pano do destino e proteger seus reis e heróis em situações de perigo.”

Escutei Killian terminar de ler e fiquei em silêncio, observando a noite pela janela aberta. As palavras que eu já havia decorado, tentando encaixá-las em minha vida, ecoando em minha mente.

–Emma...

–Eu sei.

–A lança. Você tinha uma lança na mão quando me salvou da serpente de Midgard.

–Sim, eu tinha.

–Você vem cuidando de mim...

–Jones não se anime. Você não é o meu guerreiro. – falei com rispidez, andando até ele e tomando a folha de sua mão. – E nem eu sou da realeza, deve ter algum erro aqui.

–Por que eu não posso ser seu guerreio? É por que eu sou um pirata, é isso?

–Claro que não, Killian? Do que você está falando? Você não leu? A parte em que fala sobre casamento, marido, esposa e filhos? Por acaso pulou essa parte? Não pode ser você, porque nós dois sabemos, que você não quer nada disso. E nem é certeza, Jones, muitas coisas não batem com a história da minha vida.

–Talvez sua história esteja errada. Você mesma fala que não se parece com seus pais, talvez porque você não é filha deles. Emma... Você possui a pedra do colar de Freyja e ela tem ligação com as Valquírias, você é descendente delas. Todas as coisas que consegue fazer... E tem Branca, você mencionou que vovó falou que ela tem o mesmo dom que você. E se ela for sua mãe? Nesse caso faz sentido o que vovó disse sobre sua mãe estar viva e sua "mãe" não ser quem você pensa.

–Essa é a coisa mais absurda que eu já ouvi.

–Mas faz sentido, Emma!

–Eu não quero que faça. - minha voz saiu estridente. - Não quero. Porque se fazer sentido quer dizer que meus pesadelos são reais. Que tudo que vivi até agora foi uma mentira. E não quero nem chegar à parte em como eu fui parar com meus pais se caso não for filha deles... Você está prestando atenção em mim? Qual o problema Jones? – indaguei quando percebi que ele não prestava atenção no que eu estava falando.

–Esta camisola não é curta como aquela outra que descreveu, mas deixa muito pouco para a imaginação. – murmurou seus olhos que estavam fixos no decote, subiram para os meus, parecendo famintos.

Endireitei-me, envergonhada com o seu comentário e fechei o robe no meu corpo.

–Me desculpe, eu havia me esquecido que estava com essa camisola. Como eu não tenho ido para o seu quarto, não tenho usado aquelas que sempre me vê.

Jones se levantou vagarosamente e me prensou contra a mesa, dificultando assim, minha respiração por encontrá-lo tão perto e nas circunstâncias em que estávamos.

–Não peça. Não feche. Não me prive dessa visão. - sussurrou em meus lábios, abrindo o robe e o deslizando pelos meus braços, o tecido frio causando um arrepio em minha pele, pousando sua mão em meu quadril, me segurando com firmeza. -Eu irei beijá-la agora, tudo bem? - perguntou.

E eu assenti sem forças, enquanto sua boca tomava e invadia a minha. O abracei, passando uma de minhas mãos em seu cabelo e a outra eu desci para suas costas, conseguindo sentir o calor de sua pele.

Jones mordiscou meu lábio inferior e desceu seus lábios até estar beijando o meio de meus seios, para então morder de leve a parte exposta e macia deles.

–Killian. - gemi, jogando a cabeça para trás, o puxando mais para mim ou sentir meu ventre se contraindo de desejo.

Em resposta, Jones inspirou fundo, o rosto enfiado nos meus seios, me dando impulso para que eu prendesse minhas pernas ao redor de seu quadril.

Minha respiração saia entrecortada e dentro de mim parecia que um incêndio havia se iniciado, com lava correndo pelas veias ao invés de sangue, quando me atrevi a beijar seu pescoço, seu cheiro invadindo todos os meus sentidos.

–Meu Deus, Emma! - exclamou, me segurando com o braço esquerdo e apertando minha nádega, fazendo com que eu arquejasse alto, me segurando com mais força a ele. - Como pode me deixar assim apenas com seus lábios? - indagou. – Eu quero tanto, tanto você. Quero conhecê-la. Saber como agradá-la.

Não fui capaz de responder nada, apenas porque parecia que eu havia perdido a capacidade de falar. Mas eu sabia ao que ele estava se referindo. Estava sentindo.

Killian me desejava naquele momento.

Assim como eu o queria.

Umedeci os lábios, olhando para o seu rosto e isso pareceu ser o suficiente para que ele me pegasse no colo, caminhasse até a cama e me jogasse nela, cobrindo meu corpo com o seu.

Jones atacou meu pescoço, brincando com ele, até que subiu para minha boca novamente com desejo. Sua mão apertava e acariciava meu seio, que estavam sensíveis ao menor dos toques, me incitando a querer ficar mais colada a ele, sons estranhos deixavam meus lábios, mas que pareciam ser certos, se murmurados em seu ouvido.

Eu achei que poderia morrer ali, porque não iria aguentar o turbilhão de sensações prazerosas que estavam me invadindo, me causando palpitações por todo meu corpo.

Minhas mãos trêmulas puxaram a bainha de sua camisa para cima, até passá-la por sua cabeça. Jones a tirou da minha mão e jogou- a em algum canto, amassando-me cada vez mais com o peso de seu corpo, e aquecendo-me, até eu achar que iria derreter bem ali.

–Ah Jones. - enlacei seu pescoço, beijando seu rosto, grudando-me mais ainda nele, como se nada mais importasse. Como se precisasse me segurar a ele para permanecer presa a Terra. Apenas ele e aquele momento tinham espaço. Apenas aquilo era certo, em um mundo tão errado.

Ele riu e se deitou, me rolando para cima e me fazendo sentar. Seu membro pulsava embaixo de mim e tudo que eu conseguia pensar era que eu o queria.

Queria envolvê-lo dentro de mim. Queria senti-lo, ter aquelas experiências que li em seus livros e parecia que o único jeito que eu conseguiria era com ele.

Porque eu o queria. Meu corpo o queria.

Eu queria amá-lo.

Passei as pontas dos dedos lentamente por sua barriga reta, sentindo os pelos macios que adornavam seu peito e me inclinei para beijá-lo, constatando cada vez que meus lábios tocavam sua pele que ele era perfeito, e pela forma que meu coração não conseguia se controlar que eu atingi algo que sempre me perguntei se sentiria: amor e desejo ao mesmo tempo.

–Emma… Meu amor… - Jones balbuciou. - Não me torture desse jeito. - falou em um fôlego só.

Fiquei imóvel e o olhei, encontrando seus olhos em um tom de azul escuro cintilante.

–Esqueça o que eu disse fada. Senti-la assim… Deve ser o equivalente a estar no céu. - falou sorrindo, invertendo as nossas posições novamente. – Você percebe o que está fazendo comigo, Swan? Eu preciso tanto tocá-la e senti-la me tocando.

Killian se afastou, me estudando com cobiça por um momento, a respiração parecendo igualmente falha.

–Não sei se já disse isso, mas você é maravilhosa, Swan. A mulher mais doce e enlouquecedora que já conheci. – sua mão deslizou pela minha perna, erguendo a camisola até deixá-la amontoada em minha cintura. – Quero vesti-la com nada e admirá-la, Emma.

Balancei a cabeça, sem saber o que quis dizer esse gesto. Sem saber como me sentir com as palavras de Killian.

Jones começou a trilhar beijos por cima do tecido da camisola que ainda escondia minha barriga, mas por ser fino demais, eu conseguia senti-los queimando minha pele, me devorando aos poucos, fazendo a consciência se esvair, deixando apenas ele e seus toques em toda a minha mente.

Então para minha surpresa, que me fez arfar alto, Killian abriu minhas pernas e começou a passar o nariz lentamente pelo interior de minha coxa, primeiro de um lado e depois do outro, chegando perigosamente perto de minha intimidade, me fazendo agarrar os lençóis, me contorcendo embaixo dele e sentindo o calor chegando ao meu centro. Sua mão se enfiou por baixo da camisola, acariciando minha barriga, e a descendo aos poucos, como se hesitasse em chegar onde queria.

Contrai as coxas, sentindo dor em meu íntimo, que parecia pulsar com agonia.

Jones estava me levando à loucura e não havia nada que eu pudesse fazer contra.

–Você é quente, Swan… Deliciosamente quente. - começou a beijar minha perna, para então substituir por sua língua que fazia pequenos círculos em minha pele. - Eu quero você. - me fitou com olhos escurecidos. – Deixe-me fazê-la minha e eu prometo que vou ser seu. Seja minha fada.

Killian depositou um beijo em minha intimidade, por cima da roupa íntima e uma sensação de êxtase invadiu meu corpo todo, vibrando com aquele toque indecente, que pareceu trazer a vida e todo o seu limite para o meu corpo.

Quando dei por mim, já estava erguendo os braços para que ele tirasse minha camisola, totalmente exposta, com exceção da peça que continuava escondendo o que Jones realmente queria e que ao que parecia teria.

Killian traçou as cicatrizes enormes que estavam em minha pele, com um leve roçar de dedos.

–Você tem razão. Como sempre. Cicatrizes são lindas. - sua voz estava irreconhecível, ao mesmo tempo, que era tão familiar.

Sentei-me com cuidado, percebendo os olhos dele fixos em meus seios.

–Vire-se. - sussurrei sem forças.

Jones fez o que eu pedi sem hesitar, e assim como ele desenhei as várias marcas de suas costas. Cicatrizes sobre cicatrizes, de várias e várias chicotadas. Ali, brilhando pálidas sobre a pele branca daquele homem perfeito.

Killian se contraiu no começo, como se sentisse dor, mas depois se inclinou para trás, pedindo que eu o tocasse.

Assim como fiz em seu peito, beijei suas costas, de cima a baixo, repetindo o processo duas vezes sem pressa.

Eu iria amá-lo com tudo o que eu tinha.

–Minha vez. - avisou, voltando a me atacar, sua boca em meu ombro, descendo até estar beijando meus seios, um de cada vez, como se tivesse todo tempo do mundo. - Sabe que… Eu sonho em fazer isso… Desde a primeira vez… Na praia. A vi se trocando e tudo o que eu pensava era… Andar até você… Deitá-la na areia… E lhe beijar assim.

Engoli a saliva que se formou em minha boca, o corpo todo formigando e se arqueando em direção a Killian. Se eu já estava sentindo dor, imaginava como estaria para ele. Eu sentia sua masculinidade pulsando e pulsando em minha coxa. Duro.

–Emma… prometo ser gentil. Prometo ir com calma… Por favor. - arquejou, se mexendo, causando uma leve fricção entre nossos corpos. - Não lute contra isso quando você também precisa. Deixe-me amá-la. - murmurou voltando a tomar meus lábios com fervor e uma fome voraz. – Vamos fazer amor e pertencer um ao outro. Você pode ficar comigo, nunca ir embora. Será a senhora do Jolly Roger. Será minha.

Meu coração fazia uma festa, como se estivesse em um desfile, e fosse todos os instrumentos. Meu ventre se contraía cada vez mais, e minha sanidade se esvaia a cada segundo que passava mais perto de Killian daquele jeito.

Me remexi embaixo dele, não aguentando mais ficar parada, e isso o fez gemer meu nome e movimentar seu quadril, investindo ainda mais, me fazendo clamar por ele e agarrar seus ombros, sentindo meus osso se transformarem em nada. Estava quase que entregue a Killian, porque ele estava certo, eu precisava dele. Precisava e seu tom de voz, indicava que ele também precisava de mim.

Não poderia ignorar.

Não mais.

Talvez suas palavras fossem verdadeiras. Talvez Belle estivesse certa e Killian passasse a querer as mesmas coisas que eu.

Talvez fosse ele.

–O que está acontecendo comigo?- sussurrei quando meu quadril se ergueu, tentando se juntar ao de Jones com desespero, mesmo que houvesse uma fina camada de roupa entre nós. Uma de minhas pernas deslizou para o meio das suas me fazendo sentir seu membro rijo.

–Seu corpo esta implorando, assim como o meu está suplicando pelo seu, amor. - respondeu. - Eu irei… Ah Emma!- arquejou, ao sentir meu joelho em seu sexo, escondendo seu rosto em meu pescoço.

–Eu sei que irá. - me ouvi dizendo. - Sei… Que vai. - pousei a mão em seu coração, tentando senti-lo através da pele, para saber se estava no mesmo estado que o meu.

Jones me fitou, sorrindo como uma criança que acabou de ganhar o melhor presente do mundo e me beijou, tão apaixonadamente, que não pude evitar, de sorrir contra seus lábios, aproveitando o gosto de sua boca.

Senti sua mão no elástico da minha roupa íntima e ele me olhou mais uma vez. Me limitei a lhe dar um sorriso tímido e temeroso.

Eu não podia negar que estava um pouco com medo do que iria acontecer, mas que eu ansiava para o momento que Killian iriam acalmar todo o meu corpo, se juntando a mim.

–Eu o amo, Killian. O amo de verdade, Jones. - as palavras saíram rápidas e sem me dar a chance de controlá-las.

Sua mão congelou em meu quadril.

–O que disse? - indagou, mal parecendo respirar.

Nesse instante minha mente limpou e eu me dei conta da burrada que tinha feito, e da que eu iria cometer.

–Nada. Não disse nada. - rolei saindo debaixo dele, sendo atingida pelo vento frio que entrava pela janela aberta. - Acho que você precisa ir dormir Jones. - me abracei, ficando de costas para ele, querendo que o chão se abrisse e me engolisse.

Era possível morrer de vergonha?

Eu quase havia me entregado para ele. Quase lhe dei tudo, quase acabei comigo.

Quase, quase, quase o deixei me usar. Não era por que para mim estaríamos fazendo amor, que para ele seria o mesmo.

Não era porque eu queria acreditar que era ele, e nas palavras que saiam de sua boca, que se tornaria verdade.

–Emma…?

–Apenas vá dormir Killian! - exigi a voz falha.

Ele viu mais do que podia. Tocou mais do que deveria.

E agora estou aqui, praticamente nua em sua frente, ainda sentindo o calor de seus toques em minha pele.

E eu havia dito em voz alta que o amo.

Perfeito.

–Venha cá, Emma. - Jones jogou o lençol em meus ombros, como se soubesse que eu estava quase cavando minha própria cova de tanta vergonha que sentia. Ele fechou o pano, me escondendo bem e então me fez virar para encará-lo.

–Eu não posso. Não posso lhe dar isso. - murmurei sentindo as lágrimas pesando e pinicando em meus olhos. - Eu não sou a mulher certa para lhe dar isso. Acontece que quando estou com você é tão fácil esquecer-me que… - escondi o rosto no lençol, respirando fundo. - Beijos podem ser escondidos, uma virgindade perdida não. - recitei as palavras de Belle. - Eu não sou a mulher certa para retribui-lo dessa forma. Desculpe-me.

–Swan. - ele me puxou, me envolvendo em seus braços. - Você é a mulher ideal para me retribuir. Para fazer amor comigo. Eu sei disso e você também sabe.

Balancei a cabeça.

–Não. Não sou. Perdoe-me Killian se o… E não irei...

Killian fechou os olhos e se deitou ao meu lado, me abraçando pela cintura.

–Você está me deixando louco. - confessou após longos minutos.

–E você a mim. - rebati, me virando para olhá-lo.

Jones abriu um sorriso sarcástico.

–Não com a mesma intensidade. Você consegue me parar.

Assenti.

– Não pense por um segundo que sou menos afetada que você. Mas foi melhor assim, eu iria me arrepender pela manhã se caso deixasse ir adiante, por ter deixado a luxúria tomar conta de mim. Não se ofenda Killian, eu quero você também, mas quero muito mais guardar esse momento para o homem que for pai dos meus filhos. – joguei, apenas para ver sua reação. Se ele já pensava diferente sobre o assunto.

–O que no caso não serei eu. - respondeu rapidamente, como se sentisse medo de por acaso eu cogitar a ideia.

Aquiesci, contraindo o rosto para não chorar.

Não era ele.

–Sim. Você não quer filhos, não quer casamento. Eu quero. Quero minha família… Três filhos, quatro no máximo, mas claro que se vierem mais serão amados. - sorri com a imagem das crianças ainda sem um rosto definido. - Não me peça mais do que posso lhe dar, se não pode me dar o mínimo que preciso.

Killian ficou em silêncio, encarando o teto, pensativo, e eu fiquei o observando, as sombras da luz de vela, dançando em seu rosto.

–Eu não posso lhe dar isso, Emma. - falou finalmente.

–Eu sei que não pode. E não estou pedindo que me dê, somos de mundos diferentes...

–Não só por isso. Nem para Milah eu dei essas coisas e veja, eu a amava.

As mordidas do lobo doeram menos que aquelas palavras.

–Por que você daria para mim?- completei, me afastando dele.

–Exatamente. Eu gosto de você e me preocupo, não quero que me deixe…

–Mas não me ama. Eu sei. - respondi, lutando contra a vergonha e a dor que tomava conta de meu peito. -Apenas estava lhe explicando porque não posso dar o que quer. Preciso me guardar para o meu marido, Killian. E por conta disso, gostaria que se segurasse mais, para que o que acabou de acontecer, não se repita. Você sabe que não sou tão forte quanto gostaria para evitar. Eu não posso lhe dar isso.

Jones se sentou de costas para mim.

–Me desculpe por ter ido longe demais. - pediu.

–Eu deixei que fosse. Não tem pelo o que se desculpar apenas entender.

–Eu entendo Swan. O que pode me dar já é mais do que eu imaginei que um dia iria… Irei deixá-la dormir, fada. Tenha uma boa noite. Vemos nos amanhã. - Jones deu um beijo em minha testa e pegou a vela da mesa, apanhando sua camisa do chão e saindo sem dizer mais nada.

E assim que a porta se fechou, escondi meu rosto no travesseiro, tentando não chorar de humilhação por ter deixado aquilo acontecer quando eu sabia que não significava nada mais profundo do que um “gosto de você e me preocupo”

A porta de conexão entre meu quarto e o de Belle foi aberta. Olhei para minha amiga que me fitava com pena e correu para minha cama, me abraçando como se quisesse me proteger do mundo.

–Eu lhe falei. – murmurei não conseguindo mais conter as lágrimas. – Não é ele.

[...]

Acordei com o canto dos pássaros. Do lado de fora a manhã continuava cinzenta, indicando que o dia não havia amanhecido por completo. Minha cabeça doía e meus olhos pareciam sensíveis demais.

Levantei-me com cuidado para não acordar Belle que havia ficado comigo, até o momento que as lágrimas secaram e ambas caímos no sono. Meu olhar parou sobre o vestido azul.

A ópera.

Respirei fundo, decidindo não dar para trás com a ideia original. Nós dois ainda iriamos a ópera e apesar do que acontecera na noite passada, eu tentaria agir normalmente para que nos divertíssemos.

Peguei a roupa de montaria que havia vestido no dia anterior e a coloquei, decida a esfriar minha cabeça, já que estava determinada a ficar sozinha com Killian por tanto tempo.

Quando já estava chegando ao lado de fora da casa, percebi Nostradamus me seguindo.

–Quer ir dar uma volta comigo, garoto? – convidei, batendo em minha coxa para que ele me acompanhasse.

Fui conversando com o cachorro que corria a minha frente, até chegarmos ao estabulo. Coloquei um pouco de feno para minha égua comer, enquanto escovava seu pelo para então selá-la.

Naquela manhã eu não queria correr. Queria apenas aproveitar o ar frio, sentir as gotas de orvalho em minha pele quando passávamos perto de folhas. Queria observar Nostradamus correndo e enfiando o focinho nos buracos que encontrava.

Queria preencher minha mente para tirar os toques e palavras da noite anterior que encontraram espaços para se prender em minha pele.

Cavalguei durante horas, parando por longos minutos para deixar minha égua descansar um pouco, enquanto brincava de jogar um graveto para Nostradamus, que nunca trazia de volta, fazendo-me correr atrás dele.

Eu sentia o suor descendo pelo meu corpo, e a cada gota, eu gostava de imaginar que era uma lembrança saindo de mim, deixando-me limpa novamente. Como se fosse uma maneira de apagar.

Em determinado momento, decidi que tinha que voltar para casa. Eu estava faminta e tinha que começar a me arrumar para a ópera. Seria apenas à noite, mas teríamos que sair de casa mais ou menos por volta das três horas para chegarmos sem preocupações.

Deixei a égua no estabulo com o tratador que já estava ali, e apostei corrida com Nostradamus até dentro de casa. A criada informou-me que Belle estava na biblioteca e fui de encontro com minha amiga, imaginando que ela estaria preocupada, já que havia me esquecido de deixar um bilhete.

–Garanto-lhe que Emma está bem, senhor Jones. – ouvi a voz de Belle, com uma pontada de rispidez. – Logo ela está em casa, deve ter saído para dar uma volta pela propriedade.

–Sozinha? E sem avisar a ninguém? – Killian rebateu.

–Emma conhece essa propriedade com a palma da mão e outra, ela deve ter levado Nostradamus junto.

–Seu cachorro? Agora sinto- me muito mais sossegado. – atalhou com sarcasmo. – Irei atrás dela.

Fui pé ante, pé até conseguir espiar pela fresta aberta da porta. Belle suspirou e colocou o livro sobre a mesa.

–Sugiro que a deixe respirar um pouco antes de ir sufocá-la com seus cuidados e culpa. Minha amiga está passando por muitas coisas que a deixam confusa no momento, ela precisa ficar um pouco com os próprios pensamentos.

Killian coçou a nunca, em um claro sinal de impaciência e se virou para observar o fogo na lareira. Minha amiga se levantou, dando a volta na mesa.

–Por que se preocupa tanto se não a ama? – questionou por fim, se apoiando a mesa, fitando as costas de Jones. Inclinei-me mais para frente, nem ousando respirar, sem acreditar que ela havia realmente feito aquela pergunta.

–Swan lhe contou? – sua voz parecia vir de algum lugar distante, virando-se para encará-la.

Belle balançou a cabeça em uma negativa.

–Eu estava voltando para o quarto dela, para ver como estava e acabei ouvindo vocês dois. Foi totalmente sem querer, juro... Mas se não a ama como disse, não brinque com ela desse jeito. Emma e eu fantasiamos com o amor desde que nos conhecemos por gente.

Ele permaneceu em silêncio, desviando o olhar para a janela.

–Eu não acredito em você, sabe? Vejo como a ama, está explicito em cada ato seu. Como você se move quando ela está na sala. Parece que estão sincronizados. – Belle sorriu, olhando para o chão. – O senhor não consegue manter os olhos afastados por muito tempo quando Emma está por perto e quando ela não esta, o senhor fica procurando-a. Igual hoje cedo, quando ela não apareceu para o café da manhã.

Jones soltou um riso seco, virando-se para minha amiga com os olhos duros.

–Você fala como se fosse à mestra do amor, mas se bem entendi, nunca esteve apaixonada. – atalhou com rispidez.

–Eu sou francesa. O amor está em minhas veias. Vi mais casais se apaixonando nas ruas de Paris do que possa imaginar senhor. Vi amores florescendo. Amantes fugindo para serem felizes... E o senhor não me conhece. Eu disse que Emma e eu fantasiamos com o amor, nessa frase não estou dizendo que nunca estive apaixonada.

–Eu nunca disse que não a amo. Swan tirou essa conclusão sozinha.

–E o senhor não negou.

–Eu ainda amo minha Milah. – Jones garantiu, lhe dando um sorriso enviesado.

–O senhor acredita que sua antiga companheira possa estar viva?

Killian fez que não com a cabeça.

–Eu a procurei durante anos, Milah está morta.

–Isso quer dizer que seu coração pode amar novamente. – afirmou Belle, se aproximando dele.

–Eu não amo a Swan, Srta. French. Somos apenas bons amigos. – Killian repetiu a frase que ele tanto odiava que eu dissesse e sempre insistia em me corrigir.

–Não, me pareceram isso noite passada. – rebateu com irritação. – Peço-lhe que se não tem a intenção de dar a minha amiga tudo o que ela merece, deixe-a em paz, pois o senhor irá acabar por destruí-la.

Jones se aproximou de Belle, o rosto preso em uma expressão fechada.

–Eu nunca faço nada que Emma não queira. Quando ela disser que quer que eu a deixe em paz, pode ter certeza que irei respeitar.

–Emma não é um brinquedo ou um objeto, senhor Jones. – agora Belle estava realmente irritada, podia afirmar, porque suas bochechas se tornaram vermelhas e ela se empertigou. – E tenho medo que se o senhor continue com isso ela acabe apaixonada. Não sou tola senhor, sei que você a convence a ceder aos poucos as suas vontades!

Killian respirou fundo, deixando o rosto próximo ao de Belle. Ela não se deixou abalar e continuou o fitando com ar de desafio.

–Nunca mais sugira que eu uso Emma como uma diversão. – seu peito descia e subia lentamente. – Eu nunca faria isso com ela, sempre respeitei seu tempo e sei quando parar. Respeito quando ela pede que eu pare. O fato de eu querer fazê-la minha, fazer amor com ela, é porque se tornou especial para mim e não quero perdê-la. Não a amo, mas também não quero ficar sem ela.

Belle piscou, se afastando dele, retornando para a cadeira que estava.

–Explique-me como quer fazer amor com Emma, se não a ama? Como isso funciona? - Belle instigou. - Porque pelo o que eu saiba, você só faz amor com uma pessoa que você ama. Se não ama Emma, então o ato se torna apenas sexo. - Concluiu. Cravei meus olhos em Killian, esperando sua resposta que nunca veio. Minha amiga sorriu vitoriosa, voltando a abrir seu livro. – Tenha mais cuidado com as palavras, senhor Jones. Você pode dizer mil vezes que ama uma mulher, mas ela sempre irá se lembrar daquele “eu não a amo”. As palavras têm poder, ainda mais se ditas apenas por dizer.

Jones se virou para a porta e eu me apertei contra a parede com medo que ele me visse, deslizando lentamente para longe e saindo correndo, com medo de ser pega ouvindo atrás da porta. Subi pela escada dos criados, apenas porque eu não teria tempo de chegar até uma das salas ou meu quarto.

–Desculpe-me. – pedi ao trombar com a criada que descia. – Tamara, não?

–Sim, senhorita. Peço perdão...

–Não precisa, foi culpa minha. Pode me fazer um favor?

–Claro. Do que precisa?

–Avise Belle que já estou em casa, mas não comente nada que me encontrou aqui. Apenas informe que eu cheguei. E peça que preparem um banho para mim, por favor.

–Tudo bem, senhorita. – ela acenou com a cabeça, voltando a descer as escadas.

Olhei meu reflexo pela milésima vez. Ajeitei um fio de cabelo que havia escapado do penteado. Troquei as luvas duas vezes, até optar por uma azul clara com botões.

–A senhorita está muito bonita. – a criada falou novamente, enquanto aguardava para ser liberada.

–A maquiagem está escondendo minha cicatriz?

–Sim, senhorita. Está perfeita. E acho que já deve ir, a carruagem está parada na entrada da casa já tem uns bons dez minutos.

–E apenas agora você me avisa? – me levantei, pegando minha bolsa. – Muito obrigada pela ajuda, está dispensada.

–Tenha uma boa noite. – desejou ao deixar o quarto.

Apertei as mãos, não entendendo por que estava tão nervosa. Eu já havia ido a óperas um milhão de vezes, sabia como tudo funcionava.

E outra Jones e eu estaríamos, rodeados de pessoas. Não teríamos tempo para embaraços... A não ser as horas em que ficaríamos presos na carruagem até chegarmos à cidade.

Respirei fundo e sai para o corredor, concentrando-me em manter a calma. Tudo iria dar certo. Killian e eu iriamos nos divertir.

–Qual a necessidade de demorar tanto para se arrumar? – ouvi a voz de Jones impaciente no saguão. – Por que essas roupas têm de ser tão desconfortáveis? Onde está Emma?

–Lhe garanto que ela já deve estar descendo. – Belle respondeu, sentada no chão, brincando com Nostradamus. - Não falei? – apontou para o topo da escada, sorrindo para mim.

Jones se virou para trás e eu tive o prazer de vê-lo se embasbacar ao ver-me. Ele deu uns passos para perto da escada e esticou a mão, esquerda para mostrar que estava usando a mão postiça, e eu a segurei, fazendo uma pequena reverência.

–Você está fantástica, Swan. – elogiou.

–E você deslumbrante, senhor Jones. – dei uma volta ao seu redor, estudando como as roupas lhe caíram bem, apesar de a calça parecer um pouco apertada, o fraque fechado, bem ajustado ao corpo o deixava a ponto de tirar o fôlego de qualquer mulher que o visse. O cabelo estava cuidadosamente penteado para trás. – Está muito lindo.

–Lindo eu sempre sou. Vamos? – me ofereceu o braço. Olhei para Belle que nos observava, sem esconder o sorriso no rosto.

–Se divirtam. E juízo vocês dois.

–Eu sou o juízo em pessoa, Srta. French.

–Claro que é. – concordou nos acompanhando até a porta.

Belle me puxou pele mão, dando-me um abraço.

–Tenha cuidado. – murmurou em meu ouvido.

–Eu terei. – prometi.

Antes de aceitar a mão de Jones para entrar na carruagem, olhei para a minha amiga, que sorria de modo encorajador para mim.

Ajeite-me ali dentro, olhando para fora.

Até que a carruagem começou a se movimentar e eu sabia que não teria mais como escapar.


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Notas finais do capítulo

Foi isso, espero que tenham gostado porque eu fiquei muito em dúvida se postava esse capítulo ou não. Sim, eu escrevi dois capítulos diferentes para ser o "33", mas na hora de decidir fiquei na dúvida... E o motivo do meu super atraso (peço desculpas de coração quem fica esperando a sexta pela atualização), mas meu note quebrou. Sim, ele finalmente desistiu e agora eu tô na espera para ver se tem conserto porque eu realmente amo aquele note pré- histórico. Por conta disso estou tendo que usar o computador principal e por ele eu não consigo escrever nada. Até que uns dias atrás minha mãe teve compaixão e me emprestou o note dela para que eu escrevesse trancada no quarto, como eu gosto.Tudo bem que agora foram adicionados mais 100 anos de escravidão, mas pelo menos eu consigo escrever, suahsuah. Espero ser perdoada.

E como por causa desse pequeno problema, eu decidi, como primeira resolução do ano novo e depois da minha amiga sugerir isso um milhão de vezes durante o ano passado, decidi criar uma conta no twitter pra fic pra poder deixar vocês informados. Sei que alguns já me encontraram pelo o meu pessoal (eu vejo vocês), mesmo porque eu o deixei um tempo na bio do nyah, mas por algum motivo não gosto de falar sobre a fic por ele. Então se quiserem só seguir o @ldytreacherous para ter notícias sobre a fic, ir xingar, enfim o que sentirem vontade e dar unfollown na @findahook que não acrescenta nada a vida além de reclamar sobre bootlegs de musicais, prometo ser legal, e manter, a outra conta, se assim vocês quiserem. Escolha de vocês, como sempre. O único motivo por ter criado a conta foi pensando em vocês.

Vocês perceberam que a fic FINALMENTE tem uma capa decente? Pois sim, chocante eu sei, e só tenho a agradecer a Ms.O'drama por ter feito essa capa maravilhosa. Sério, ainda estou apaixonada, ushaushaus.

Muito obrigada novamente a GabyPorto e a Ms.O'drama pelas recomendações. Eu de verdade, não mereço vocês. Obrigada por gostarem dessa história tanto quanto eu a ponto de recomendá-la, sei que vou soar repetitiva e tudo mais, mas realmente me sinto surpresa sempre que abro aqui e encontro uma recomendação nova. É maravilhoso.

Acho que não esqueci de falar nada, mas se esqueci, vocês sempre podem perguntar sem medo.

Muito obrigada por lerem.

Beijos.



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