Traiçoeiro escrita por Roses


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, aqui um capítulo para vocês. Peço desculpas por ter ficado muito longo.

Boa leitura.



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Enquanto andava ia fazendo uma lista mental do que eu precisaria comprar e ainda ficar com um pouco de dinheiro. Ter que me refrear nas compras não era uma coisa com a qual estava acostumada, afinal sempre tive tudo que sempre quis apenas ordenando que fossem buscar.

Não tinha tanta certeza se conseguiria, ou como funcionavam as coisas ali.

1- Muda de roupa (afinal, eu não preenchia as roupas tão bem quanto Milah, e para ser honesta nem queria mais vesti-las).

2- Papéis de carta, pena e tinteiro (estava decidida a manter Graham informado que eu estava viva, mesmo que Killian tenha mostrado aversão a essa ideia)

3- Um vestido de caminhada e toalha de banho( apesar de calças serem mais práticas, não iria abrir mão de usar vestido vez ou outra. Já a toalha, me secar com aquele pedaço de pano áspero novamente estava fora de cogitação)

4- Toalhinhas e algodão (para emergências pessoais, pelas minhas contas, estava bem próximo de vir)

5- Camisola (certamente eu iria preferir dormir de camisola quando tivesse a oportunidade de alugar um quarto)

6- Livros (uns dois, se eu tivesse que ler mais um livro sobre navegação ou para traduzir coisas iria enlouquecer)

7- Frutas e doces ( não que tenha muita importância, iria comprar caso me restasse um bom tanto de moedas)

E então pensei que em minha saída dramática. Eu ainda estava trabalhando naquela parte minha, e como havia dito “obrigada pela estadia em seu navio”, um claro pedido que estava saindo. Se caso Killian levasse minhas palavras a sério, teria que procurar outro navio. Esperava que dessa vez ele as ignorasse como de costume.

Obrigada pais, por me estragarem achando que tudo tem que ser do meu jeito.

Comecei a chutar uma pedrinha, levantando a areia branca. Olhei ao redor frustrada e começando a sentir a roupa colando em meu corpo. Para ajudar, naquele lugar até o ar era quente e abafado.

Que saudades da minha fria Inglaterra. Eu tinha a impressão que iria desmaiar a qualquer momento de tanto calor.

Voltei a caminhar a passos rápidos, tentando não chamar atenção, sair sozinha havia sido uma péssima ideia. Crianças passavam correndo por mim, piratas bêbados estavam jogados ao longo do caminho. Apertei os braços ao meu redor, como se isso fosse me proteger se por acaso decidissem me atacar.

A verdade era que eu estava começando a ficar irritada comigo mesma, pensei enquanto desviava das pessoas. Se tivesse coragem admitiria que Killian me afetava tanto, que eu acabava agindo daquele jeito completamente insuportável.

Estremeci. Eu estava realmente parecendo uma dama, daquelas que eu sempre costumei tirar sarro por serem tão melodramáticas.

Será que eu estava me tornando uma delas? Não, não podia ser. Esse meu comportamento deve se explicar pelo motivo que estou em contato com pessoas que são inferiores a mim socialmente, logo minhas ações parecem ampliadas, dando essa impressão.

É claro.

Ou...

Ou nada. É isso e acabou! Vai ser melhor assim, se caso não voltar para o Jolly Roger. Sem Killian, sem discussões, sem ciúmes, sem loucuras como quase beijá-lo...

–Oi princesa. – três homens pararam em minha frente. Senti meu coração parar em meu peito. – Não deixamos de notar que está sozinha, venha nos acompanhar.

–Eu estou bem, obrigada. – consegui responder, a voz saindo trêmula. Dei um passo para o lado na intenção de desviar do grupo.

–Nós insistimos. – o homem segurou meu braço, sorrindo de forma gentil.

Eu estava apavorada, sabia exatamente o que iria acontecer e não sabia o que fazer. Tentei puxar meu braço com força.

–Não se faça de difícil, princesa.

–Me solte. – ordenei.

Os três homens riram.

–Nós iremos, mas não agora. – torceu meu braço. – Agora seja boazinha e nos acompanhe.

–Emma!- ouvi uma voz diferente me gritando. Virei procurando e encontrei o rapaz que Killian estava conversando mais cedo.

–Baelfire! – o gritei aliviada, achando que poderia chorar.

Ele sorriu e se aproximou.

–Algum problema aqui, querida? – perguntou. – Será que você poderia soltar minha noiva? – pediu para o homem.

Os três se olharam desconfiados, enquanto Baelfire continuava tranquilamente parado a nossa frente.

–Ela é sua noiva?

–Claro, por qual motivo eu iria mentir? Será poderia soltá-la ou terei que chamar o dono do lugar e sabe como é, complicar suas vendas?

Cada segundo parecia se arrastar, conseguia ouvir o sangue correndo em meus ouvidos. Por fim o homem me jogou com força no chão, aos pés de Baelfire.

–Se eu encontrá-la sozinha mais uma vez, você não conseguira salvá-la. – alertou, pisando em minha mão ao sair andando.

Soltei um suspiro longo, aceitando a mão de Baelfire para me levantar. Coloquei a mão sobre o peito, tentando normalizar a respiração.

–Vejo que está sozinha.- observou olhando ao redor.

Assenti, batendo a mão na roupa para limpá-la.

–Killian e eu discutimos.- contei. – Obrigada por me ajudar, nem sei como te agradecer. – soltei um soluço que estava preso em minha garganta, tentando não chorar.

–Não me agradeça, não deixaria você ser machucada. Mas tenha mais cuidado, os homens de Vane não são os mais amáveis. – advertiu. – Por que você e Killian discutiram?

– Aparentemente tem certas coisas que quero saber e ele não quer me contar. Acabei pedindo para sair do navio, porém estou achando que fui um pouco precipitada demais. Exigi a verdade dele, quando nem eu a conto. - refleti.

–Então você não confia nele?- perguntou confuso me estendendo o braço. Rapidamente coloquei a mão na parte interna de seu cotovelo.

–De jeito nenhum. - ri um pouco, já me sentindo mais calma.- Ele também mente muito, assim como eu no momento. Pelo menos eu sinto que estou mentindo, ainda não descobri sobre o quê. – murmurei para mim mesma. – Poderia me guiar aqui?-pedi educadamente. - Preciso comprar umas coisas e nem sei por onde começar. Também não quero me arriscar ficar sozinha.

–E nem eu deixaria se arriscar sozinha. O que precisa comprar?

–Nada demais. Apenas o essencial como roupas e outras coisinhas.

–Conheço umas lojas que pode encontrar por um preço bom. – informou. – Então, conte-me Emma como uma mulher como você, acabou no navio de Killian?- indagou meio hesitante. – Percebo que é diferente, por acaso aquele patife não lhe seduziu e convenceu a fugir com ele?

–Que? Não!- exclamei horrorizada. – Como mencionei mais cedo estou trabalhando em troca que Killian me deixe ficar a bordo. – olhei para os lados, abaixando a voz. – Estou procurando minha mãe, o único jeito que consegui encontrar de fazer isso era fugindo de casa e entrando para uma tripulação pirata.

–Procurando sua mãe?

–Sim, olhe... Eu achei que ela estava morta, porém recebi uma carta dela dizendo que esta viva. Nesta carta ela pediu que eu não a procurasse.

–O que claramente você não obedeceu. – apontou, lançando um olhar reprovador, me guiando para dentro de uma loja.

Soltei de seu braço, começando a zanzar pela loja, procurando roupas que me agradassem.

–Porque ela claramente queria que eu fizesse isso.- atalhei, estudando uma calça de montaria.- Irei provar essas peças, pode me esperar?- perguntei para ele, que indicou o provador.

–Isso é loucura, Emma. Seu pai deve estar louco atrás de você. E Killian... Tem que tomar cuidado com ele. Você tem certeza que está bem?

–O que exatamente aconteceu entre você e Killian?- questionei, colocando a cabeça para fora.- Tirando o fato que ele fugiu com sua mãe. É óbvio. – murmurei voltando a entrar. – E sim, estou bem. Acredite ou não esse não foi a primeira vez que fui atacada dessa forma, estou um pouco abalada ainda, logo passa.

–Nada. Na verdade eu o respeito de um jeito estranho. Não o culpo por ter convencido minha mãe a fugir, ela nunca foi feliz com meu pai. O que eu não gosto é como ele tratava meu pai, ele já era de idade. Depois que ele morreu, me juntei a eles por uns meses, porém os dois eram insuportáveis juntos, mesquinhos, entende? Se achavam melhores que todos e estavam sempre humilhando a tripulação. E como assim já foi atacada antes?

Foi meio difícil de imaginar aquilo. Os homens tinham tanto respeito por Killian e sempre diziam que ele sempre fora um bom capitão. Se ele os humilhasse do jeito que Baelfire estava me contando, as chances dele ser capitão hoje seriam mínimas.

–Sinto muito pelo seu pai. Como ele morreu? – preferi perguntar sobre seu pai, ao invés de querer saber mais sobre o relacionamento de sua mãe com Killian, estava claro que aquilo não era assunto meu, mesmo que eu estivesse curiosa.- Fui atacada logo que fui descoberta no Jolly Roger, Killian acabou por me salvar. Agora conte de seu pai.

–Ele ficou doente. Uma doença que começou a deteriorar a pele dele e então seu cérebro. Ele ficou insano e sofreu muito. Chegou até a procurar minha mãe e Killian. É claro que os dois zombaram dele, Killian começou a chamá-lo de crocodilo, por conta de como estava sua pele.

–Que imbecil. – disse saindo do provador, segurando as peças que deram certo no braço direito e entregando para a vendedora.

–Bem... sim. Como mencionei ele estava louco. – Baelfire desviou o olhar, mexendo em uma pilha de roupas. – E bem... acabou cortando a mão de Killian fora, quando ele estava distraído fazendo piada dele. Tacou uma machadinha sem nem hesitar e com uma força inexplicável.

Apertei os lábios o olhando sem acreditar. E então para minha surpresa explodi em uma gargalhada. Não que fosse engraçado, não era nem um pouco, mas o jeito que ele me contou tão envergonhado, como se ele tivesse feito aquilo e se arrependesse.

–Qual a graça?- indagou curioso.

–Nenhuma. É só que... não que Killian merecia perder a mão, mas...- mordi o lábio inferior, prendendo a risada que queria escapar.- Imagino a surpresa dele e como nunca mais deve ter zombado de alguém a ponto de humilhar. Deus me perdoe por rir disso. –pedi olhando para cima.

Respirei fundo me controlando e abri um sorriso para ele, que retribuiu imediatamente.

–Quanto fica?- perguntei me virando para a senhora idosa.

– Dez libras. – respondeu séria. Retirei a bolsinha de moeda, contando atentamente e empurrando para ela, que me entregou o pacote.

– Percebo que as pessoas aqui são muito receptivas. – murmurei enfiando o pacote debaixo do braço.- Senhora, se não for pedir muito... poderia me informar se viu essa mulher por aqui?

Tirei o pingente de dentro do bolso do vestido, abrindo e mostrando a pintura de minha mãe.

–Não, nunca vi essa mulher. –respondeu rapidamente e fechando a cara.- Saiam de minha loja agora! – ordenou.

Fiquei sem reação diante de sua explosão, até sentir Baelfire me puxando para fora da loja.

– O que foi aquilo? – consegui perguntar.

–Não ligue, Emma. Algumas pessoas aqui são loucas. Qual o próximo item que precisa?

Bae me guiou com agilidade pelo o local, parando comigo eventualmente para perguntar sobre minha mãe. Em momento algum ele pareceu entediado em me acompanhar, ou falou algo grosseiro. Na verdade ele era um homem que me lembrava muito Graham, com o fato que fazia me sentir bem, de poder ter uma conversa simples e poder dar risada sem toda aquela tensão que estava acostumada do último mês.

–Aqui. Agora que você é uma pirata, vai precisar de uma dessas. – Baelfire passou uma bolsa pelo meu ombro.

–Por que?

–Para fazer isso. – respondeu passando por uma quitanda e começando a enfiar frutas disfarçadamente.

O olhei perplexa, para então ficar apavorada olhando para os lados.

–Emma.- Bae sussurrou.- Disfarce, está deixando muito na cara.

–Bom, me desculpe se não estou acostumada a furtar. – sussurrei de volta. – Se você se esqueceu sou filha de um governador. Geralmente em um furto eu sou a pessoa que é furtada, não a que furta.

–Segure meu braço como estava antes e vamos sair normalmente. – informou.

Eu mal conseguia respirar, estava esperando o momento que o dono da quitanda fosse gritar, nos acusando. Senti o ar saindo com violência de meus pulmões, quando percebi que nada tinha acontecido.

–Agora você. Escolha e pegue o que quiser. – indicou as muitas barracas que estavam montada na rua.

Senti meu coração martelando em meu peito, como se para me lembrar que aquilo era errado. Estudei cuidadosamente cada uma delas.

–Com licença. – falei me aproximando de uma barraca de doces. – Poderia me dizer o que é isso?- apontei para um tipo de bolo com a maior serenidade que pude.

Enquanto o homem da barraca explicava do que era feito o bolo e todo o processo, eu ia aquiescendo, tocando os produtos com medo, até que por fim, o mais discretamente possível enfiei um saquinho de balas de melado na bolsa, e depois outro, e depois outro, até sentir que já era o suficiente.

Sorri e agradeci o homem, dizendo que voltaria mais tarde.

Puxei Bae rapidamente, começando a rir nervosamente e sendo acompanhado por ele, que ria parecendo orgulhoso.

–Não acredito que eu fiz isso.

–E foi muito bem. Ei, o que foi?- indagou quando eu parei de rir.

–Preciso ir devolver. Isso foi errado e...

–Não, vai ser pior se você ir devolver. Venha, me de uma dessas balas.

– Nunca provei dessas. Minha mãe sempre dizia que damas não podem comer balas de melado por ser um doce de...

–Pobre?- Bae completou e eu assenti. – Bom, ela está certa, mas todo mundo merece provar balas de melado um dia.

Estávamos caminhando perto do cais,observando o mar que tinha uma cor tão diferente do mar de onde eu morava. Verde, azul e transparente, era lindo de se ver e senti vontade de mergulhar meus pés ali, só para ter certeza que a água seria morna.

Já estava mais calma, porém tinha o bichinho da culpa me cutucando por ter furtado aquelas balinhas. Eu ainda segurava no braço de Bae, dividindo um pacotinho.

–Não são boas?- perguntou Bae colocando mais uma na boca.

Assenti freneticamente. Minha boca estava grudada por conta do açúcar.

–Ão otemas.- murmurei. Passei a língua para desgrudar os dentes.- Elas são enjoativas e demoram para dissolver, porém não consigo para de comer!.-exclamei maravilhada pegando mais uma e jogando na boca. Eu amava doce.

Já estava prestes a perguntar se ele saberia dizer onde haveria uma estalagem decente para que eu passasse a noite, quando avistei Killian, com uma carranca furiosa, acompanhado de Landon vindo em minha direção.

–Droga! – praguejei baixinho, apertando a mão no interior do cotovelo de Bae.- Quais as chances de conseguirmos fugir?- sussurrei.

Ele analisou por um momento.

–Se corrermos talvez, tenhamos uma chance.

–Correr parece uma ótima ideia. - concordei já me virando e o puxando comigo.

–Nem pense nisso, Swan! – a voz de Killian trovejou me fazendo ficar parada e me virar para encará-lo, tentando manter o rosto plácido e sereno- Eu vou lhe alcançar se correr e não vai ser nada bom. – ameaçou.

Senti uma pontada de medo, tenho que confessar para mim mesma.

–O que você quer?- consegui perguntar parecendo muito entediada.

–Onde diabos você se meteu? Tem noção que essa é uma cidade perigosa para alguém como você ficar passeando sozinha?- perguntou exasperado.

–Eu não devo explicações nenhuma a você. E eu não estava sozinha. Bae me fez companhia o dia todo.

Seus olhos cintilaram ao ver minha mão presa ao braço de Bae. Ele pegou meu cotovelo e me puxou para si.

–Obrigado por cuidar dessa... – Killian respirou fundo antes que soltasse algo grosseiro- Eu assumo daqui.

–Assume é... – dessa vez eu é que tive que segurar a língua. – Me solte, agora! Eu já disse que não quero mais sua ajuda. – falei mais por orgulho, do que por ser verdade. Mas não iria dizer que ainda queria fica em seu navio.

–Ora não seja tola. – cuspiu apertando ainda mais meu braço.- Pare de bancar a mimadinha só porque não conseguiu o que queria. Você é melhor que isso, Swan.

–Sou mesmo e se não me soltar agora, juro que quebro sua mão. E sim, eu tenho coragem. - afirmei endireitando os ombros, tentando ficar quase do seu tamanho.

–Capitão. – Landon finalmente se pronunciou. Killian desviou os olhos raivosos de mim e encarou o imediato- Estamos fazendo uma cena. Sugiro que vamos jantar- aconselhou - Todos nós e então conversaremos sobre isso. – acrescentou quando percebeu que eu iria protestar, lançando um olhar na direção de Baelfire.

Killian assentiu.

–Está certo. Vamos, Swan.- me puxou, pousando minha mão no interior de seu cotovelo, exatamente como Bae estava me levando.

–O que está fazendo?- indaguei ríspida com sua atitude possessiva.

–Levando-a para comer. Aliás essas balas de melado irão lhe dar uma bela de uma dor de barriga.- falou, pegando com a boca a bala que ainda estava em minha mão.

–Como você é discreto.- murmurei sarcástica.

Acabamos por fim entrando em uma estalagem. Rapidamente nos foram oferecido lugares e afirmaram que em breve serviriam o jantar. Soltei do braço de Killian para ir me sentar ao lado de Bae, pessoa de quem eu sentia que gostava no momento, contudo Jones apoiou o gancho levemente na base de minhas costas, indicando que deveria me sentar ao seu lado.

Revirei os olhos, mas por fim sentei.

Um senhor nos serviu um tempo depois um prato de sopa e um pão para cada um de nós. O lugar começou a encher e logo as concubinas começaram a aparecer, com seus seios e pernas a mostra, se esfregando e sentando no colo dos homens.

Algumas pararam em nossa mesa, se oferecendo para os meus acompanhantes. Nunca senti tanta vontade de sumir como naquele momento.

Mantive meus olhos fixos na sopa, desconfortável com todo aquele ambiente e me encolhendo cada vez, com medo que relassem em mim. Podia ver o corpo de Gancho tremer de rir pelo canto do olho, até que senti uma pressão em minha mão. Levantei a cabeça minimamente e encontrei Bae, sorrindo de forma tranquilizadora para mim.

Consegui sorrir de volta.

Killian pigarreou parecendo contrariado. Talvez ele achasse que Bae não deveria ser meu amigo, que eu não era uma boa pessoa para ser amiga. Agora porque ele pensaria isso, não faço a mínima ideia.

–O barba negra quer te conhecer.- escutei um homem gritando em meio ao barulho. Procurei o sujeito e o encontrei em uma mesa próxima a nossa. - Você finalmente conseguiu a aprovação.

Os homens que estavam com ele vibraram e deram tapas nada gentis nas costas do rapaz que se levantava.

Killian percebeu minha curiosidade.

–É sempre muito importante quando um homem do mar é aprovado para conhecer o “Barba Negra”.

–Você já o conheceu?- questionei sem pensar, ainda observando o rapaz ser levado.

Killian suspirou como se recordasse de algo bom.

–Sim. Tive a sorte de ir duas vezes.

Me virei para ele.

–Eu achei que ele já estivesse morto. O que eu tenho que fazer para conhecê-lo também?

E então Killian explodiu em uma gargalhada. Ele estava rindo com vontade, estava ficando vermelho e sem ar. Fiquei o encarando sem entender e olhei para os outros dois que tentavam segurar o riso.

–O que foi? O que disse de tão engraçado?

Bae respirou fundo tentando manter a compostura.

–Acontece que esse Barba Negra, não é bem o Barba Negra, entendeu?- ele parecia sem graça em estar tendo que me explicar aquilo.

Enquanto isso, Killian continuava morrendo do meu lado.

–Emma.- chamou Landon pacientemente, com um sorriso sereno.- O Barba Negra é na verdade A Barba Negra.

–Ah- respondi. E então arregalei os olhos.- Aaah. É uma concubina, não é?- perguntei já sabendo a resposta.- Não era mais fácil me dizer logo no inicio, Gancho?- rosnei para Killian que estava tentando parar de rir. E então me lembrei do que ele havia dito sobre já tê-la conhecido. - Eu perdi a fome. Será que algum dos cavalheiros, e perceba que eu disse cavalheiro– me virei para Killian.- sabe onde posso arrumar um quarto para dormir?

–Pode usar minha cabine.- ofereceu Killian.- Ei, me desculpe por rir de você, eu sou não podia perder a oportunidade.

–Killian.- o chamei impaciente.- Vai procurar uma dessas vacas para se divertir e me deixe, tudo bem? Eu gostaria de uma cama para dormir, é tão difícil de entender?

–Boa ideia. Vou procurar uma dessas vacas, já que essa vaca aqui gosta de se fazer de difícil.

–Ora seu...- Me levantei pronta acertar sua cabeça com o prato de sopa.

–Killian!- Landon o chamou em uma voz autoritária, enquanto segurava meu braço. - Não admito que fale dessa forma com Emma. Peça desculpas agora ou saía da mesa e nos deixe terminar o jantar.

Fiquei o encarando, respirando com raiva e me perguntando se conseguiria matar apenas com o olhar, assim como estava surpresa com o tom de voz que Landon usou com Killian, nunca o tinha visto falar com ele sem ser como subordinando.

Killian empurrou o prato para longe e saiu da mesa de forma tempestuosa.

Percebi que eu tremia quando Landon me soltou.

–Eu o odeio.- consegui dizer.- É tão difícil assim me pedir desculpas? Eu estou sempre me desculpando por tudo.

–Ele se preocupa com você, Emma.- Landon garantiu afagando meu braço.- É só que... não sei o que acontece com vocês dois, no mesmo momento que estão bem, já estão quase se matando.

–Isso não vai mais acontecer. Eu não vou mais voltar a bordo do Jolly Roger.- anunciei para ele.

Landon não pareceu nem um pouco surpreso.

–Killian me contou, enquanto estávamos procurando você esta tarde, ele ficou bem preocupado achando que tinha ido embora. Não pense que ele não se importa. E outra eu não posso deixar que a senhorita deixe o navio. Me comprometi a cuidar de você. Posso conversar com Killian para deixá-la em paz, mas para isso Emma, você também não pode provocar.

Fiquei em silêncio por um tempo. Sentia os dois homens me encarando.

Até parece que eu o provocava. Eu era uma santa perto de Killian.

–Tudo bem.- murmurei contrariada, lembrando bastante uma criança.

–Emma já começou a perguntar sobre a mãe para alguns comerciantes. – Bae contou animadamente, querendo deixar o clima mais leve.

–É mesmo? Algum sucesso?

–Além de estremecimentos e pessoas fazendo o sinal da cruz sempre que mostrava a miniatura da pintura dela ou me mandando sair do local? Não.- respondi mal humorada.- Eu estou cansada, realmente gostaria de dormir.

Bae prontamente se levantou.

–Vou arrumar um quarto para você.

–Obrigada Bae.

[...]

Pedi que preparassem um banho para mim, já que estava toda suada e grudenta.

Relaxei na banheira por um bom tempo, a água não ficava fria nunca. Apenas sai porque comecei a cochilar e não queria acabar me afogando dentro dela.

Bae tentou arrumar o melhor quarto para mim, mas levando em consideração onde nos encontrávamos, não ia achar algo a altura do que estava acostumada. Porém aquele até que estava limpo e longe de toda a bagunça de pessoas tendo relações.

Vesti a calçola e a camisola que havia comprado, pronta para me jogar na cama.

Comecei a rir, quando me ajeitei na cama gelada, abraçando um travesseiro e me cobrindo com a coberta, sentindo aquela sensação boa de quando o corpo começa a relaxar aos poucos, ao mesmo tempo que você começa a perceber a cama esquentando.

Antes que percebesse já estava dormindo.

Quando deitei para dormir e senti o colchão, me passou o pensamento de que eu poderia morrer ali de tão confortável que eu estava ou só ter dificuldades para acordar mesmo.

Apenas para provar que eu estava certa, despertei por volta do meio dia. Sabia disso por conta da claridade que vinha de fora e do calor que eu sentia por ainda estar enrolada na coberta. Mesmo assim permaneci deitada, me espreguiçando vez ou outra e soltando gritinhos cada vez que me esticava.

Eu nunca ficara na cama até tarde. Era uma sensação boa de descanso e tempo perdido.

Ouvi uma batida na porta, entretanto escolhi por ignorá-la, não deveria ser nada importante. Pelo menos não naquele horário.

–Impressão minha ou eu ouvi uma gata aqui dentro?- Killian indagou.

Fechei os olhos e taquei o travesseiro em meu rosto. Eu já devia estar tão louca que estava alucinando com a voz de Gancho.

Senti um peso extra na cama e então um puxão em meu travesseiro.

–Como você entrou aqui pelo amor de Cristo?- perguntei me sentando e o encarando.

Seus olhos correram pelo meu cabelo, rosto, olhando provavelmente minha baba seca, e desceram para a camisola. Segurei a coberta mais perto de mim, tentando me esconder quando reparei o olhar faminto que os olhos de Killian assumiram.

–Pela porta.- apontou.- Sabe como é... Pirata. Mas não se preocupe, ninguém mais vai entrar.

–Ah, estou muito mais tranquila ao saber disso.- falei com sarcasmo, me levantando e indo até a bacia de água para lavar meu rosto - O que quer, Jones?

–Vim ver se estava tudo bem e se ainda estava aqui. Afinal, você não apareceu para o café da manhã. Baelfire garantiu que você só estava cansada demais.

–Mas claro que você tinha que invadir o quarto sem motivo nenhum.- atalhei, jogando um dos palitinhos aromático na boca.

–Essa camisola é horrorosa.- comentou me olhando.

–Foi o que eu consegui comprar.- toquei no tecido grosseiro.- As de seda são caras.E bem... no momento não estou podendo comprar tudo para ter uma vida de luxo. Deveria ter adicionado uma de minhas camisolas na trouxa de roupa que fiz.- pensei alto, pousando minhas mãos na cintura. - Eu tenho uma camisola, ela é azul clara e vem até aqui.- apontei para o meio da minha coxa.- Ela tem rendas na bainha e rendas aqui- demonstrei fazendo um decote imaginário.- E as alças são de amarrar. Granny não gosta muito dela, costuma dizer que deixa muito pouco para a imaginação. Mas foi um presente de uma amiga que mora na França e eu a adoro. O tecido é tão geladinho. - expliquei, minha mente ainda pensando na minha camisola preferida e seu tecido quando deslizava por minha pele. Me perguntei se Granny se livraria dela na minha ausência.- Enfim... Por que está me olhando desse jeito?- indaguei, minha voz saindo aguda e meio espantada.

–Imagino que você a usando deixe muito pouco para imaginação mesmo. Mas só de descrevê-la já deixou muito para a minha.

Senti meu corpo todo esquentando de vergonha. Mais uma vez eu havia falado mais que a boca. Por que raios eu descrevi minha camisola preferida para Killian? Agora ele iria pensar que eu o estava provocando.

Me virei de costas para ele, retirando o palitinho mastigado da minha boca.

–Ninguém me vê a usando com exceção de Granny e Ella. Não pense que fico desfilando com ela em frente aos cavalheiros.

–Me deixaria desapontado se o fizesse. - murmurou, me observando com os olhos brilhando perigosamente.

–O que está fazendo?

–Nada, apenas tentando visualizá-la em sua camisola preferida que parece realmente adorável.

Respirei fundo ignorando a sensação gelada em meu ventre, assim como os pulos e o puxão. Estava começando a me apavorar ao sentir um certo calor misturado.

–Muito bem. Saia daqui.- pedi autoritariamente indicando a porta.

Killian se colocou de pé.

–Antes que eu saia, vim lhe pedir desculpas por tê-la ofendido ontem e rido de você. Me desculpe por tê-la chamado de... vaca.

–Tudo bem.-respondi.- Não me afetou tanto pois sei que não sou isso. Já nem lembrava mais.

–Não, você não é.- concordou, abrindo a porta, mas se virou para me encarar novamente.

–Isso mesmo, pode olhar e imaginar a vontade. Afinal é só na sua imaginação que você me verá usando-a . – falei abrindo os braços e dando uma voltinha.

–Não pode abrir uma exceção para mim?- perguntou inocentemente.

–Não, Jones. Agora saía daqui! - ordenei o empurrando para fora.

Fiquei encostada na porta por uns minutos, até ter certeza que Killian já havia ido. Não escutando mais sons no corredor me afastei, pegando o vestido de caminhada e o deixando separado na cama.

–Mais uma coisa.- Killian enfiou a cabeça para dentro do quarto novamente, me fazendo saltar de susto.- Irei acompanhá-la para perguntar sobre sua mãe.

–Não se preocupe, eu peço para Bae me acompanhar. – repliquei.- Assim você pode fazer seja lá o que sempre faz quando vem para cá. – “como beber ou roubar esposas”, acrescentei mentalmente.

Killian cerrou os dentes.

–Eu realmente preferia que não ficasse na companhia de Baelfire. – respondeu, mantendo a voz neutra.

–Como você sabiamente apontou ontem, eu não sou nada sua, logo eu ando com quem bem quiser. E para ser honesta com você? Prefiro a companhia dele que a sua. Peço desculpas pela sinceridade. Agora poderia se retirar, por favor?

–Swan...- ele pareceu contrariado.

Andei até a porta e a empurrei, fechando e girando a chave duas vezes, porém fiquei surpresa ao ouvi-la sendo destrancada.

–Quase me esqueci.

–O que dessa vez, Jones?- questionei impaciente, colocando minhas mãos na cintura e o olhando.

Killian olhou bem para mim mais uma vez, abriu um de seus sorrisos maliciosos e fechou a porta, voltando a trancá-la.

Revirei os olhos para seu gesto infantil e me sentei à penteadeira tentando dar um jeito em minha juba. Por fim percebi que teria que acabar prendendo meus cabelos, tentei fazer um dos penteados que estava acostumada a usar, porém não consegui fazer nada mais elaborado que um rabo.

Desci, encontrando Killian e Bae sentados em uma das mesas parecendo ter uma conversa... não agradável, mas pelo menos educada.

Andei até eles, me sentando ao lado de Bae e lhe abrindo um sorriso.

–Olá.- o cumprimentei.- Sobre o que estavam conversando?

–Killian estava me pedindo para ficar longe de você.- Bae respondeu calmamente, deslizando o caneco até mim.

Olhei surpresa para Killian que desviou o olhar.

–Limonada!- exclamei ao levar o caneco a boca.- Obrigada, Bae. Por que exatamente você tem que ficar longe de mim?

–Aparentemente eu não sou uma boa companhia.

–Se parar para observar bem, nenhum dos três aqui é uma boa companhia. – argumentei, pegando o sanduiche que estava no prato de Bae. – Se importaria de me ajudar hoje novamente?

–Claro que não, Emma. Nada me deixaria mais feliz que ser sua companhia. – Bae falou em tom provocativo enquanto abria um sorriso para mim.

–Killian, será que Bae não poderia se juntar a tripulação?- indaguei inocentemente.

Killian me lançou um olhar gélido.

–Não. Seria mais um para dividir o dinheiro dos saques.

–Eu já pedi. Na verdade ele está com medo de perder sua atenção.

–Mesmo?- perguntei divertida, colocando o último pedaço de sanduiche na boca. – Bom, se nos dá licença, temos trabalho a fazer. Se divirta, Killian e talvez nos vemos mais tarde. – me despedi, me colocando de pé em um pulo, aceitando o braço de Bae.

–O que aconteceu com o “mas você também não pode provocar, Emma”? – Bae indagou quando estávamos do lado de fora, indo para uma direção diferente da que ficamos no dia anterior.

–Eu não estava provocando, estava entrando no seu jogo.

–Bom, mas eu o estava provocando.

–Puxa.- falei apertando os lábios como sentisse muito.- Então acho que fiz isso também. Que péssima influência você é Baelfire. – o acusei, dando um tapa em seu braço.

Então começamos o mesmo interrogatório que do dia anterior: “Você viu essa mulher? Não? Tem certeza? Olhe direito para o retrato por favor”.

O que me deixava frustrada não eram as negativas, mas sim quando as pessoas olhavam para o retrato e pareciam apavoradas, muitas acabavam me tratando mal, ou chamavam minha mãe de nomes nem um pouco agradáveis. Eu não conseguia entender de onde vinham todas aquelas reações. Era como se ainda estivesse em meu condado, onde existiam as histórias.

–Sim, ela esteve aqui uns meses atrás. – uma fagulha de esperança acendeu dentro de mim quando fui falar com um ferreiro. – Ela encomendou umas armas estranhas.

–Que tipos de armas?- perguntei curiosa.

–Sinto muito, senhorita, ela não me explicou nada. Apenas me deixou os esboços e pediu que fosse rápido.

–O senhor se lembra de mais alguma coisa?

O ferreiro coçou a cabeça careca, apertando os olhos.

–Havia um homem baixinho com ela. Ele era estranho. Fora isso, nada, sinto muito.

–Tudo bem. Muito obrigada pela ajuda. – agradeci, voltando a caminhar ao lado de Bae.- Ela esteve aqui, mas aparentemente ninguém quer falar sobre ela.

–Emma, não se ofenda, mas tem certeza que você conhece sua mãe?

–O que quer dizer com isso, Baelfire? – questionei severamente.

Bae suspirou antes de prosseguir.

–Acontece que muitas pessoas aqui parecem conhecer sua mãe e não tem muita empatia por ela. Talvez... ela não seja quem você sempre pensou que fosse.

Desviei o olhar, transtornada com suas palavras.

–Já cogitei essa ideia. – respondi simplesmente. – Mas é difícil acreditar que exista outra face de minha mãe, quando eu conheci a mulher que vivia reclamando dos nervos e exigindo que eu me comportasse como uma dama.

Bae me deu um olhar de compreensão. Imaginei que por um momento ele já havia passado por aquilo também.

–Killian disse que irão zarpar hoje a noite.- Bae comentou, querendo mudar de assunto.

–Hoje? Achei que seria amanhã pela manhã.

–Ao que tudo indica, ele quer tirá-la o mais rápido possível das minhas mãos. – falou revirando os olhos.

–Isso é ridículo. Você fala como se Killian se importasse com quem falo ou deixo de falar. – atalhei, me soltando de seu braço para observar uma bota de montaria. Até que não seria nada mal uma bota nova.

–Acho que você desdenha o seu poder de sedução, Emma. – falou, parando ao meu lado.

O encarei surpresa. Poder de sedução?

–Lhe garanto que não sou o tipo dele, ou o seu. Então não se anime.

–Que pena, estava pensando em pedir sua mão. – falou como se estivesse profundamente magoado.

–E certamente Graham sairia correndo atrás de você com uma arma.- murmurei, enquanto entrava na sapataria para pagar pela bota.

–Quem é Graham?

–Meu amigo, pretendente e se eu voltar para casa, possível marido. – respondi pegando a caixa que o sapateiro me entregou.

–Para onde vão depois que zarparem daqui?

–Killian esta com uma ideia louca, de ir para uma tal de Ilha do Pesadelo. Consegui traduzir uma profecia de um livro muito antigo que ele arrumou, porém não sabemos o que quer dizer, então sairemos navegando sem rumo, na esperança de trombar em uma ilha sinistra. Por acaso você não conhece nenhuma que bata com essas características?

–Ele realmente está atrás da cabeça de falada?

–Cabeça de Falada? Por acaso você não esta se referindo a Falada do conto de fadas, está?- perguntei com descrença.

–Sim, dizem que aquele que encontrar a cabeça de Falada tem direito a resposta para a maior duvida que existe dentro de si.

–Killian quer ir até lá para conversar com a cabeça de um cavalo?- questionei incrédula.

–Na verdade é uma égua. – Bae me corrigiu.- E eu estou perguntando a você, por que ele quer ir até lá.

–Bem se você não reparou.- retruquei abrindo a porta da estalagem.- Eu não sou a maior confidente de Killian. Falando nele. – murmurei ao entrar e já o encontrando acompanhado de duas concubinas. – Imagine com quantos homens elas se deitam. É nojento.

Revirei os olhos, começando subir as escadas para ir até o quarto, sendo acompanhada por Bae.

–Gostaria de dar uma olhada na profecia. – pediu parando na porta, enquanto eu entrava e juntava minhas coisas.

–Ahn... Claro. Só me deixe trocar de roupa e vamos até o Jolly Roger.

–Tudo bem, irei esperá-la na entrada.

Fechei a porta, trancando-a apenas por garantia e tirei o vestido. Parei na frente do espelho me encarando.

Vesti a blusa, que se eu puxasse as mangas poderia deixar os ombros de fora, e coloquei o corpete por cima. Inclinei a cabeça para admirar como havia ficado, era muito estranho usar daquele jeito, porém eu vira as mulheres ali usando daquela maneira. Acredito que seria questão de me acostumar.

Quanto mais eu me adaptasse, melhor seria.

Vesti a calça e minha bota nova, guardando todos os meus pertences na bolsa que Bae me dera, descendo rapidamente para encontrá-lo.

Paguei duas moedas de ouro para o estaleiro, ajeitando a alça da bolsa em meu ombro, pronta para sair. Eu precisava sair dali antes que as prostitutas chegassem.

Odiava ver pessoas peladas.

–Swan! – Killian me gritou. Fechei os olhos e respirei fundo,me virando e indo até ele com passos arrastados.

–Sim? – indaguei sem olhá-lo.

–Onde está indo? E não me responda com um “não é da sua conta”.

–Tudo bem. Estou indo fugir com Bae, agora se me dá licença, não quero me atrasar. – falei cinicamente, o deixando e indo para a saída. – Killian vai aparecer aqui em cinco segundos, provavelmente gritando. Agora temos quatro segundos para sair correndo. – avisei para Bae que me olhava confuso.- Três segundos porque perdemos um, já que você ficou me olhando.

Peguei a manga de sua camisa e comecei a puxá-lo comigo, indo em direção ao porto.

Dois, um, conclui mentalmente.

–Swan!

–Como eu falei que iria surgir. – murmurei, diminuindo o passo para que ele me alcançasse. – Estou indo para o Jolly Roger, Killian.- avisei.

–E o que ele esta fazendo te acompanhando até lá?

–Ele pediu para ver a profecia.

Killian puxou meu braço, me fazendo encará-lo.

Eu estava tão bem sem ter que olhar aqueles olhos azuis. Estavam tão bem sem aquele formigamento e a sensação estranha em meu estômago, mas foi só ele me tocar que fui atingida com uma intensidade que me deixou sem fôlego.

–Você contou para ele?

–Bem, você não me pediu segredo. Ora, Killian, talvez ele até consiga decifrar. Afinal nós dois não chegamos a lugar nenhum. Pode me soltar, por favor? – pedi, puxando meu braço com força.

Seus olhos azuis desceram para minha roupa, observando atentamente.

Pelo céus como ele conseguia me fazer estremecer só com o olhar?

–Deixe- o dar uma olhada. Se ele conseguir decifrar, deixe que se junte a tripulação. – pedi suavemente, dando um passo em sua direção, conseguindo sentir o calor que emanava do corpo dele, que parecia se envolver em mim, como uma caricia.

Killian fixou seus olhos em minha boca, deslizando sua mão pelo meu braço. Senti meu corpo se inclinando em sua direção, eu estava presa por aqueles olhos.

Até que Bae pigarreou, quebrando o encanto.

Balancei a cabeça e me afastei, segurando o braço de Killian ao invés de soltá-lo.

–Tudo bem.- Killian concordou, estudando meu rosto, como se procurasse algo.

Quase como se procurasse uma resposta.


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Notas finais do capítulo

Bom alguns avisos: 1- A parte do "Barba Negra" foi inspirada em uma cena do seriado Black Sails, um seriado sobre piratas que é meu mais novo amor( leia-se Billy). Quando vi essa cena fiquei pensando em Emma e toda sua inocência e não pude perder.

2- O pirata Charles Vane, que foi citado realmente existiu e foi um dos piratas mais bárbaros que existiu. Ele está incluso nesse seriado Black Sails também, porém se quiserem saber mais, indico o livro " A república dos piratas" de Colin Wooddard, é um livro que está me ajudando muito com essa fic.

3- Eu esqueci de comentar que na verdade Nova Provincia se chama Nova Providência e se encontra em Nassau na Bahamas. De verdade esse local era um ponto de venda das mercadorias dos piratas depois que Port Royal atingida por vários desastres naturais e o governador criou lei anti-piratas (vamos levar em consideração que era conhecida como "a cidade mais pervertida do mundo" antes de expulsarem os piratas)

Acho que era só isso que eu tinha para dizer, e quero agradecer se teve paciência de chegar até aqui. Se chegou até aqui me digam o que acharam sim?

Obrigada por lerem.

Beijos.