Wings escrita por Rausch


Capítulo 8
Capítulo 7 - Profecia


Notas iniciais do capítulo

Olá, galerinha. Devo dizer que a partir deste capítulo vamos ter uma reviravolta em alguns plots. Sem mais.



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O espectro luminoso foi se formando gradualmente na sala adornada pelo trono das fadas. A forma coma qual os cabelos ruivos lhe caíam os ombros e as roupas bem delicadas e chamativas, fez-se notar a mais célebre das fadas. Como aquele lugar era diferente do que anteriormente ela havia se encontrado. Aquelas criaturas a amedrontavam, da mesma forma que causavam certo nojo. A Rainha passou as mãos em seus cabelos e os jogou por sob apenas um dos lados do corpo, o direito.

Seu corpo poderia demonstrar calmaria, sua mente, no entanto, era morada de um temor e desconforto constante. Ela tivera tudo sob controle por anos, e recusava-se a acreditar que em segundos tudo houvesse escapado de seus dedos, como areia movediça. Nem sua beleza estonteante, que era algo que a deleitava profundamente, estava a distrai-la do caos que ela sentia aproximar-se dela. Seelie caminhou até seu trono, posteriormente sentando em sua superfície tão agradável a ela. Não lhe era confortável fisicamente, mas sim, em seu ego. Ela nascera e crescera com a ideia propagada para ser a Rainha, a guia do povo caído pelo orgulho.

A cabeça atordoada, girava. A ruiva olhou para cada aspecto de seu sala principal. As fadas haviam se recolhido para o descanso, e ela sabia que não seria incomodada ali por ninguém. Uma cesta de frutas e uma jarra de um néctar estavam numa bandeja ao seu lado, e a fada apanhou uma taça bem decorada, enchendo-a do precioso líquido. Cruzou as pernas e lembrou as palavras ditas pela boca maldita:

“E há de vir de alguém próximo, a traição. Você não mais será a Rainha. Existe alguém espreitando lá, no vão das coisas esquecidas, alguém mais poderoso. Alguém de existência semelhante, mas criado de forma diferente. A coroa lhe foge a cabeça a cada minuto.”

E ela entornou um pouco do líquido na boca. A bebida lhe desceu doce e suave, com o gosto amargo da incerteza. Ela nunca achara que teria de encontrar-se com demônios um dia, todavia se alguém poderia ajuda-la, esse alguém deveria vir de onde se guardam todos os piores males: O inferno. Ser uma Rainha era nunca medir esforços pelo seu povo, mas acima de tudo, nunca medir esforços para salvar a si mesma. Já faziam mais de cinco anos desse que Pria, a fada traidora, fugira. Provavelmente usara suas habilidades de disfarce e conseguira uma outra vida. Era uma que Seelie sentia por não conseguir matar pessoalmente.

Por tantos anos, a Rainha achara que Pria era sua usurpadora, a peste de sua macieira. Aquela fada tinha algo de diferente, e até quando fingia amizade coma a moça de olhos azuis, Seelie sabia que ela possuía algo maior. Passara anos observando a fada “Prodigiosa”, a qual normalmente era o exemplo de todos, antes mesmo até, do que ela própria. Como pudera enganar-se aquele ponto?

– Perdendo o sono, Majestade?

Quando a moça loira caminhou por entre as cortinas de seda coloridas, Seelie rapidamente fez um movimento furtivo a mudar de posição no trono. Com um vestido de tons ameixa, os cabelos medianos e olhos avelãs, Lyra colocou-se diante da Rainha.

– Quando se tem um reino para governar, perder o sono está no pacote. – A Majestade disse limpando a garganta.

– Parece-me preocupada. – O tom doce da voz de Lyra era diferente.

– Lhe devolvo a primeira pergunta. Perdeu o sono? – Seelie mudou o rumo da conversa.

– O conselho estava reunido há pouco. Se ainda podemos chamar assim, uma vez que, apenas eu e Crystal ocupamos o posto. Depois que Pria se foi...- Lyra parou de forma brusca. Ela sabia que a Rainha não suportava ouvir aquele nome. – Perdão, Senhora.

Uma expressão indecifrável se instalou no rosto da soberana.

– Não há problema, não mais. – Ela parou um momento. – Sente falta dela, não é?

Pega de surpresa, Lyra respirou fundo e engoliu seco. Pria um dia fora sua melhor amiga, mas desde sua “traição”, ela não poderia mais expressar seu afeto. A loira passou um momento em silêncio, até dizer:

– Não, Rainha.

– Está mentindo! Esquece-se que do mesmo jeito que podes ver a mentira, também posso eu? – Seelie foi curta e grossa.

– Faz muito tempo, não mais agora... Mas ela foi minha única amiga. – Lyra juntou as mãos fronte ao corpo. Os tecidos lisos de sua roupa caíam dos braços.

– Amizade, amor. Todos se perderam por conta destas pragas. – A mulher ruiva parecia distante ao dizer as palavras. – E quanto ao que discutiam no conselho, o que as incomodava?

– Demônios, minha Senhora. Foram vistos por uma fada, rondando por aqui bem próximos.

A Rainha Seelie gelou em seu lugar, pois não havia pensado que aquilo poderia vir a acontecer. Marcara o encontro, porém não cogitara a possibilidade de alguma fada avistar algo. Meneou a cabeça:

– Caçadores de sombras deveriam ser mais eficientes, nesse caso.

– Isso é o que menos preocupa. O que mais nos intriga, é o que os trouxe para tão perto desta região, já que era um área, até então mais livre deles. – A loira explicou.

“Preciso resolver isso, rápido.” – Pensou Seelie. Cuidadosamente ela pôs a taça na bancada ao lado e levantou, permitindo que os tecidos de seu vestido se avolumassem em volta dela.

– Viu? Este é o tipo de coisa que faz uma Rainha perder o sono. Agora vá, Querida. Preciso de um momento a refletir acerca disso também. – Ela gesticulou para Lyra.

Assentindo com a cabeça, a moça de fios loiros se guiou na direção da saída, todavia parando e girando na ponta dos pés.

– Divida o fardo conosco, Rainha. Não vai poder lidar com tudo sozinha sempre.

– Ah, eu vou sim. Estou pronta. – Seelie deu um último sorriso falso.

Lyra deixou o recinto. Tomada pela ira de seus atos impensados, a Rainha sentou novamente no trono e colocou as mãos nos braços. Sua pose a fazia parecer uma grande ditadora. O encontro com Lyra apenas serviu para reforça-la do quanto a memória da traidora ainda era constante, apesar de todos aqueles anos passados. Pria havia deixado sua mísera marca naquele povo, porém agora, não era mais ela que importava. Seu interior apontava para outra pessoa, ainda assim, ligada a fada traidora. Aquele a quem ela brutalmente arrancou as asas, aquele a quem ela condenou.

“E suas asas cresceriam novamente. E ele não seria apenas uma fada, seria seu guia. Seu Rei.”

E ela pegou a taça da bancada e deu outro gole profundo. Estar com os demônios a deu certeza de onde encontrar a peste que deveria podar. Max Bane Lightwood.

(...)

Lacey Hammilton segurou a bandeja com os pedidos dos clientes e espremia-se por entre as outras mesas. Sua lida começava geralmente por volta das cinco da manhã. Em meio a cafés, pães e chás, ela fazia sua vida na cidade. Não era exatamente muito dinheiro, mas era o suficiente para uma moça sem família e que morava sozinha. Ela era deveras bonita, com aqueles seus fios castanhos caídos e rentes ao pescoço. Os olhos eram de um âmbar lindo. Havia acostumado com cantadas costumeiras de alguns clientes, na verdade, quase todos. Ela tinha algo, ela possuía uma beleza além da palpável.

– Aqui está o seu café, Senho Travis. – Ela desceu o prato com pães fresquinhos, e posteriormente a xícara de café.

– Está a cada dia mais bonita, Lacey. – Disse o velho homem.

– Obrigada, Senhor. – Ela disse ruborizada.

Desde que ela chegara naquelas bandas, o Senhor Travis a acompanhara. Era um velho muito simpático, e estava sempre sozinho. Fora um grande interprete da Broadway um dia, mas atualmente não era nada mais que um homem a sofrer os efeitos do tempo. Ainda havia mais um pedido na bandeja e Lacey se espremeu novamente entre as mesas lotadas. A mesa a qual devia se dirigir ficava próxima à vidraça da entrada. A vidraça permitia ver aquilo que estava lá fora, pelos lados da Time’s Square. Lacey costumava olhar para lá sempre, estava com os olhos atentos para vê-lo passar. O menino de cabelos negros e olhos azuis.

Fazia dias que ele não passava, nem mesmo a garota ruiva com a qual ele caminhava por aquelas ruas. Lacey sentia-se vazia, estranha. A mulher da mesa a apressara:

– Vai logo, garçonete.

– Perdão pela demora, Senhora. – Ela depositou o waffle e a caneca de leite na mesa.

Seus olhos correram novamente para a vidraça. Parecia afastar-se do mundo material quando observava aquela esquina. Distraiu-se tanto, que a mulher da mesa estava a estalar os dedos:

– Garota, ei! Está olhando para onde?

– Nada, Senhora. Tenha um bom apetite. – Lacey disse docemente.

Ela estava prestes a se virar no momento em que vislumbrou algo do outro lado da avenida. Ela estava sozinha, a ruiva, a menina ruiva. Ela tinha tatuagens pelo corpo e seria facilmente julgada como alguém rebelde demais. Os cabelos estavam soltos como de costume. Todavia existia uma diferença ali. Onde estava o menino dos cabelos negros e olhos azuis? Eles nunca passavam sem ou outro. O olhar de Lacey se intensificou e quando a garota virou a esquina principal para uma catedral antiga, a mulher do café ficou inquieta. Onde estaria o menino dos olhos azuis? O que havia acontecido? Para onde haviam mandado o seu menino?


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Notas finais do capítulo

Teorias? Eu adoro ouví-las. E deixem seus comentários.



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