Wings escrita por Rausch


Capítulo 7
Capítulo 6 - O Inverno da Alma


Notas iniciais do capítulo

Espero que todos estejam recuperados do final do Capítulo cinco.



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Foram preciso forças extras para contar o acesso nervoso da menina ruiva. Isabelle a prendeu em seus braços e Clary a ajudara. Maryssa gritava em meio ao choro e seu rosto já parecia diferente em face de tal desespero. Eles haviam conseguido remover Max a tempo de que algo mais sério ocorresse, como algum mundano tentar se intrometer no ocorrido. O grupo restante no Central Park mal havia tido tempo para ter feito qualquer tipo de investigação, partindo da ligação desesperada de Dinah para o pai. Magnus não terminou nem ao menos de ouvir a notícia e correu sem esperar ninguém. E ele cortara as ruas tão rápido quanto uma flecha acerta um alvo.

Max fora sempre tão cuidadoso, sempre prudente. Ele não entendia como aquela tragédia podia ter acontecido. Assim que chegaram ao Instituto, o menino foi levado para a Enfermaria. Ele possuía duas costelas da direita quebradas, bem como sua perna direita. O mais preocupante era o corte em sua cabeça, que embora não sangrasse em demasia, ainda assim, derramava gotas do líquido vital. O bruxo não permitiu a entrada de ninguém na enfermaria, exceto Alec. Ele parecia transtornado, mesmo que disfarçasse e não demonstrasse com tanta firmeza.

Maryssa não suportou a ideia de ficar longe do menino, e foi isso somado a culpa de tudo que a levou a entrar em surto a ponto de começar a se bater e puxar os cabelos entre gritos. A mãe a madrinha tentavam contê-la, mas a menina era forte.

– Me soltem, eu preciso entrar.

– Calma, filha. Você não pode entrar e nem fazer nada. – A voz de Izzy continha tanta preocupação quanto a menina, sua filha.

– Maryssa, eles vão salvar ele. Precisa se acalmar. – Clary passou a mão direita entre os fios ruivos da menina.

Aos poucos ela foi amolecendo nos braços de Isabelle e afundou-se num choro profundo. A cabeça deitada no tronco de sua progenitora, as mãos em volta de sua cintura. Maryssa soluçava e fechava os olhos. Como ela podia ter deixado aquilo acontecer? Ela jurou levar eles em segurança até o Instituto.

– É minha culpa. Eu não fui capaz de trazer ele de volta em segurança. – A ruiva dizia entre os soluços e as lágrimas.

– Mary, você não teve culpa. Foi um acidente. – Clary a confortava nos ombros.

Alguns passos foram ouvidos no corredor e uma voz conhecida soou aos ouvidos de Maryssa, como se aquele fosse o cano mais sujo que houvesse na terra. “Foi um acidente” – A voz de Clary reverberou em sua mente, e em contraposta com a voz que ela reconheceu, sentiu a fúria correr em si.

– Mas ele vai ficar bem, Pai. Você vai ver. Ele é forte, sendo delicadinho, mas é. – Dave falou exprimindo aflição, certamente falsa.

A garota se desvencilhou dos braços da mãe e ela seguiu a direção da voz. Vinha bem próxima, e assim ela correu com o punho estendido. O mesmo acertou o olho de Dave e garota o derrubou no chão com uma resteira.

– Seu monstro, demônio vivo. – E ela acertou um outro soco na cara dele. O menino gritou com a dor.

Os pais olharam abismados e sua primeira reação foi de correr para separar, todavia antes disso, Marysa puxou uma pequena faca de um espaço em seu cinto. Ela a colocou no pescoço do menino.

– Vai, Dave Herondale. Me empurra na frente do carro. – E uma mão tomou a de Maryssa. Era Jace.

– O que disse, garota?

– Não foi um acidente, ele empurrou o Max da calçada. – Ela gritou em fúria. O braço permanecia imobilizado. O loiro puxou a faca da mão dela.

Um golpe foi rápido novamente e ela acertou o nariz de Dave, que novamente gritou. Braços a puxaram por trás e ela esperneava, conseguindo ainda acertar um chute no abdome do loiro. O menino se retorceu no chão sentindo dor. Jace o colocou de pé, porém olhou para a menina:

– O que falou, Maryssa?

A pergunta do homem fora interrompida pela abertura da porta logo atrás. Alec e Magnus saíram da sala com expressões abatidas e Magnus disse:

– Ele está vivo, consegui curar algumas coisas. Coisas que estavam ao meu alcance e eram mais graves. Mas os batimentos estão muito fracos e ele dorme profundamente. Eu não sei com quanto tempo ele vai acordar. – Havia pesar na voz do bruxo. Alec passou o braço em sua cintura. – Eu não entendo, Max sempre era tão prudente. Como isso foi acontecer?

– Fala, Dave. Fala, monstro. – Maryssa teria avançado novamente, caso Isabelle não a tivesse contido.

Todos os presentes dirigiram seus olhares para o garoto loiro ao centro, e que tinha um filete de sangue a escorrer do nariz e outro do canto da boca. Jace parecia não entender, da mesma forma que todos ali.

– Não foi acidente, eu falei. Foi ele. Foi o Dave. – Ela bufava com as lágrimas a castigar lhe a face.

–Isso é verdade, Dave? – Clary indagou.

– Foi uma brincadeira. Eu não queria machucar ele. – O menino falou no tom baixo.

– Mentira, você queria. – Maryssa gritou. – Há quanto tempo está fazendo isso, Dave? Faz muito, não é?

O rosto de todas as pessoas ali, pareceu incrédulo diante da acusação. Magnus e Alec olharam de Maryssa para Dave. Eles agora sabiam que havia muito mais a ser explicado. A ruiva prosseguiu:

– Você atormenta o Max desde o dia que pôs os olhos nele. Você caçoava dele durante os treinos e quando a Senhora Jocelyn estava ausente. Chamava ele de corcunda e fazia toda sorte de piada pela disfunção que ele tem na coluna. – Ela mal respirava. – Quando via que ele estava lendo, você simplesmente tomava o livro dele. Você, Dave, você puxava os cabelos dele quando menor. Ficou debochando no dia que todos nós ganhamos a estela. Sabia que ele estava triste porque não ganharia, no entanto mesmo assim deu um jeito de pisar nele. E depois, quando os anos foram ficando piores. Você com sua personalidade cada dia mais nojenta. E no único dia que ele tentou revidar, foi porque você disse que a família do titio era anormal e ele não suportou ver você falar mal dos pais dele. E mesmo errado, você se safou outra vez. – Ela puxou fortemente o braço que a mão ainda colocava para segurá-la. – E vocês sabem qual o pior de tudo isso? Ele nunca quis falar pro Tio Alec, porque o Max sempre deixou claro que aqui era a casa de Nephilins, e ele não pertencia a este lugar. Ele aceitou tudo calado por sempre ser colocado mais e mais para fora. – Max é a melhor pessoa que existe no mundo, ele é melhor que qualquer um aqui nesta sala. – Ela apontou para o loiro. – Max é melhor que você, alguém que viveu sempre para ver a desgraça nos olhos de alguém que nasceu nela. Alguém que mesmo querendo fugir e se esconder, ficou pelo amor que tinha pelas pessoas que o salvaram. – As lágrimas caíam deliberadas. – Eu não vou te bater novamente, Dave. Você me causa repulsa, nojo. Você machucou uma pessoa inocente pelo simples prazer de dizer que é um “Machão”, um “Líder”. Filho de Clary e Jace Herondale, era isso não era que você falava, quando tentava diminuir mais ele? – Ela elevou a mão direita ao rosto e apôs momentaneamente na boca, tornando a dizer. – Se você matou o meu primo, eu vou ser o seu menor problema. Porque você nunca mais ter sossego na sua vida. O remorso vai matar cada parte da sua alma podre. – E ela foi até Alec. – Tio, por favor, me desculpe. Eu prometi traze todos em segurança. Eu falhei.

Alec abraçou a menina e passou as mãos em seus cabelos ruivos. Ele tentava confortá-la e dizia que ela não teve culpa. Enquanto ele mesmo estarrecido consolava Maryssa, Magnus pôs as mãos na cabeça e por um momento fechou os olhos. Como aquilo acontecia debaixo do seu nariz e ele nunca notara? Agora estava explicado as vezes em que Max se trancava no quarto por horas, ou até mesmo quando ele não queria voltar ao Instituto.

Jace olhou para Alec, seu Parabatai e não sabia o que dizer. Ele não o faria ali, portanto olhou para o filho machucado.

– Dave, me dê a sua estela.

– Mas pai, eu... – Ele teria terminado se o grito do pai não o tivesse parado.

– Eu falei para me dar a porcaria da sua estela. Agora.

Dave colocou a mão em seu cinto e puxou o objeto que outrora lhe fora motivo de grandeza. Vislumbrou uma última vez, e com pesar entregou nas mãos do pai.

– Agora, pegue tudo que é seu que está aqui. Você vai para casa e não vai pisar mais no Instituto. Isso até que eu um dia volte a confiar em você. – Jace disse firme.

– Papai, me desculpe. Eu faço o que quiser, mas...

– Vá, AGORA! – O loiro gritou mais uma vez ao filho.

No momento em que Dave foi embora pelo corredor, Clary foi até o marido e pôs a mão em seu braço. Ela o olhou de maneira terna. Clary sabia o quanto ele estava decepcionado por tudo aquilo acontecer e não sabia realmente o que fazer:

– Não foi sua culpa. Vamos dar tempo ao tempo. – Ela virou para Magnus e Alec. – Eu sinto muito. Eu queria poder fazer algo...

Magnus fez um gesto para que Clary não passasse por aquilo. Ela terminou por puxar Jace pelo corredor com ela. E eles desapareceram. Isabelle ficou, bem como, sua filha e o irmão e o marido.

– Tio, me deixe ver ele. Do fundo do meu coração é a única coisa que preciso. – Ela olhou nos olhos azuis de Alec, os olhos que tanto lembravam os olhos do seu cabelos bagunçados.

– Vai lá, Mary. Quem sabe ele não acorda ao ouvir você. – Magnus disse tristemente.

– Obrigado, tio Magnus.

Maryssa olhou uma última vez para Isabelle e para os dois, e então caminhou na direção da porta. A menina fechou os olhos e empurrou a maçaneta velha. Tranco a porta atrás de si, a ruiva viu a imagem do primo deitado imóvel na cama. As pernas fraquejaram, mas ela com força manteve-se de pé. Num movimento totalmente contrário ao anterior, Maryssa caminhou na direção da cama. Estando próximo o suficiente de Max, ela notou que era a primeira vez que não olhava diretamente nos oceanos aos quais ele chamava de olhos. Olhos estes que se escondiam atrás das pálpebras fechadas, nas quais uma delas se encontrava inchada.

A menina observou os locais das lesões e como estavam imobilizados agora. O que haviam feito dele... Cuidadosamente ela colocou sua mão sob a dele. Estava ainda quente, entretanto aquilo lhe doía tanto o coração.

– Oi, Max. Eu queria pedir desculpas por não cumprir minha promessa ao Jace. Eu falhei com você, e eu não vou embora daqui até acordar. – Ela apertou sua mãe, e ele não o fez de volta. – Olha, se quiser ir ver o Wicked no seu aniversário, juro que mesmo não gostando muito, eu vou. Vou estar nesse banquinho aqui, ok?

Maryssa se sentou num pequeno banco ao lado da cama de Max e segurava ainda a sua mão parada. Seu olhar vagueou pelo teto e pelas partes do recinto. A menina ruiva queria que tudo aquilo não passasse de mais um pesadelo em sua vida. Ouviu então um celular tocar, obviamente era seu. Ela puxou do bolso da calça coma mão livre:

– Alô?!

– Oi, Filha. Sua mãe me pediu para ligar. Eu fiquei sabendo do Max. Liguei para dizer que vai dar tudo certo. – Simon disse numa voz calma do outro lado da linha.

– Obrigado, papai. Eu nunca esperei tanto ou pedi para que desse certo, da forma como estou fazendo agora. – A voz de Maryssa era tranquila, diferente do normal.

– Seu primo é forte. Ele sempre ganha de todos nós jogando Xbox. Isso importa. – Ele tentou quebrar a melancolia.

– É, ninguém aceita fazer os reolados na coreografia de California Gurls da Katy Perry como ele. – A ruiva riu da piada do pai. Foi a primeira vez que conseguiu rir.

Passaram alguns momentos a falar, até que Simon precisou se despedir dela. Em momento algum ela soltou a mão do primo. Uma coisa que Max ensinara para Maryssa, era que quando se amava uma pessoa, você aguentaria tudo por ela. Por mais que isso te causasse dor. E não havia dor maior para ela no momento que ter de prometer ficar a olhar quem ela mais amava no mundo, deitado numa cama com a vida incerta.

Ela levantou do banquinho e de um jeito cuidadoso, subiu na cama e deitou ao lado do primo, tentando não encostar em seus machucados. Achando uma posição ainda agradável, ela colocou a mão por sob seu coração e ali ficou por horas. Até que adormeceu.


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Notas finais do capítulo

Aqui finalizamos mais um capítulo. Estive a pensar, e provavelmente já estamos na metade do nosso percurso. A fica terá de doze à quinze capítulos, então já temos um certo caminho percorrido. Mas não para aqui, vem muito mais coisa por ai. Até já, Shadow Hunters.



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