Wings escrita por Rausch


Capítulo 5
Capítulo 4 - Transição


Notas iniciais do capítulo

O que me diriam de uns anos à frente?



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Os olhos de Max abriram-se pouco confortáveis com a claridade que emanava do grande vitral. Levemente ergueu o corpo e apoiou-se nos cotovelos. A biblioteca do Instituto Lightwood estava vazia, como era de esperar. O menino afastou parte dos cabelos dos olhos e espreguiçou-se a ficar sentado. Há exatos sete anos aquilo se repetia com frequência, sempre que sentava-se naquele lugar e pensava, acaba adormecendo pouco depois. Era algo do tipo idiota, porém ele sentia que ninguém o incomodaria ali.

Sete anos é um longo espaço de tempo, e muitas coisas poderiam ter acontecido. De fato, várias coisas aconteceram, mas não para ele. Continuava da mesma forma, apenas mais alto e certamente mais forte. Por dentro não havia nenhuma mudança considerável.

As atividades de Jocelyn haviam praticamente chegado ao fim na semana passada. Não havia nada mais para aprender, não academicamente. Tudo havia sido substituído apenas pelas práticas de combate, práticas estas que Max participava, apesar de ter de aguentar constantemente as provocações de Dave Herondale. Era meados de Outubro, e nada mais o deixava animado do que saber que não tardaria a sair com seus pais de férias novamente. Era um tradição dos Bane Lightwood, deixarem tudo por um mês e apenas viajar. Como Max não possuía amigos, além da prima Maryssa, ele gostava do fato de estar com quem mais amava e conhecendo lugares diferentes. Outubro também lembrava-o de uma data que não gostava, mas que tinha de encarar: Seu aniversário. Na verdade, a data na qual Magnus o achara. Eles nunca souberam sua data exata, apesar de suporem ter sido pouco tempo antes da descoberta.

Max levantou do chão e colocou o globinho de neve em cima da mesinha de cabeceira atrás de si. Aquele objeto era algo que o trazia paz, e sempre que precisava ou sentia que não fosse mais aguentar o mundo, ele o segurava e deixava que sua música soasse. O menino arqueou os ombros e fez um movimento para se espertar de vez. Ergue o pulso e viu que já se passavam das sete horas da manhã. Provavelmente os outros adolescentes estavam tomando café na cozinha. Alguns agora passavam longos períodos no Instituto, como sua Prima. Max não suportava a deixar de ver Alec ou Magnus por apenas um dia, e sempre voltava para dormir no Brooklyn. Só que havia exceções em que não possuía forças, terminando por adormecer em sua casa hospedeira.

Ele pegou sua jaqueta preta de cima da grande mesa e a colocou em cima da outra camisa de tom cinza que adormecera trajando. Mais uma vez agitou os cabelos e quando se sentiu preparado, saiu pela porta. Os corredores do Instituto para se tornaram tão familiares quanto as pilastras de as casa, ele poderia citar todas as formas de cada coluna ou ladrilho ali. Era bom observador. Max enfiou as mãos nos bolsos da calça e permitiu-se guiar até a cozinha. Adentrando o espaço, visualizou Maryssa sentada com os outros, até mesmo com Dave, que ela não suportava.

– Bom dia, Mary. – Max puxou uma cadeira e sentou ao seu lado.

– Bom dia, gatinho. Gatinho de cabelos assanhados. – Mary bagunçou ainda mais os cabelos do primo. Voltou a dar um gole em sua xícara de café.

– Não faz isso, vai piorar a situação do colega. – Max fez cara fechada, sorrindo posteriormente.

Enquanto Mary tomava o café, Max pegou uma maçã de uma cesta em cima da mesma e deu uma mordida generosa. Enquanto mastigava, deu uma piscadela para Maryssa.

– Vai fazer a Branca de Neve hoje, Max? – Dave sorriu pouco próximo do garoto moreno.

– É, vou. – Disse secamente. – Maryssa, vai comigo caminhar pela Times hoje? Eu estava pensando em comprar ingressos para irmos assistir Wicked daqui há cinco dias.

– Mas espera aí, não é seu aniversário em cinco dias? – Ela olhou curiosa para Max. Ele apenas concordou coma cabeça.

Dinah entrou pela porta à esquerda e como sempre, vinha vestido como se fosse uma boneca em negro. Olhavam para ela, porém não viam defeito em nenhuma parte. A menina desta vez vinha acompanhava da Franklin Stweart. Franklin apareceu no Instituto uns quatros anos atrás, ele era mais um Caçador de Sombras que não possuía residência fixa, todavia ao conhecer o Instituto Lightwood e suas condições, resolveu por defender a cidade e se estabelecer ali. Ele tinha vinte anos e parecia realmente ser um pouco mais velho. Seus olhos escuros e o cabelo castanho eram charmosos, entretanto exibia sempre feições mais duras, exceto coma própria Dinah.

Havia comentários acerca de um possível romance entre ambos, mas a garota sempre negava tudo. Ele pareciam se dar realmente bem, no entanto o orgulho da menina era maior.

– Oi, gente. Viram a vovó por aí? Preciso falar com ela. – Disse Dinah aproximando-se da mesa.

– Ela não chegou ainda, Di. – Dave falou. – E aí, Frank. Acompanhando a Dinah e fazendo as vontades dela?

– Você é um idiota mesmo, Dave. Eu encontrei o Franklin no caminho para cá. – Dinah repreendeu o irmão.

– Frank, encontrei aquele livro sobre a história dos caçadores de sombras em Toronto. Depois pega comigo na biblioteca, ok? – Max sorriu para o homem.

–Claro, Max. Obrigado por procurar.

Dave não perdeu tempo.

– Querendo roubar o namorado da minha irmã, Max. Nossa, que grotesco vindo de você. Não querer pegar meninos, mas pegar o de outra pessoa. Achei que fosse bonzinho.

– Escuta aqui, Panaca. – Maryssa puxou uma adaga da cintura e colocou no pescoço de Dave. – Quer brincar, vai brincar com a pessoa certa?

– Maryssa! – Max avançou e puxou os braços da prima a imobilizando contra si. – Está tudo bem, prima.

Todos olharam alarmados para a cena, e Dave estava paralisado, mas para sair por cima resolveu fazer outra gracinha:

– A Gatinha é feroz, podia ser feroz no meu quarto comigo.

– Vem cá, vai ver a gatinha serrar uma lâmina na sua cara. – Max segurou a garota mais forte.

O menino arrastou a prima da cozinha e caminhava segurando em seu braço direito. Soltou-a quando estavam no corredor que dava para a saída principal do Instituto. Ela estava bufando, talvez matando Dave milhões de vezes em sua mente.

– Qual é a sua, Max? Esse garoto te humilha há anos, te faz de tapete. Vai passar a vida toda sendo pisado por Dave Herondale? – A garota falou parando de frente para o primo.

– Ele não merece minhas palavras, Maryssa.

– Acerte um soco na cara dele. – Ela bufava.

–Não, eu não ganharia nada com isso. Maryssa, por favor, ele é um Nephilim. Aqui é a casa dele, não a minha. – Max falou encarando a prima.

– Fala sério, Max. Você é um Lightwood igual a mim, igual a mamãe ou ao tio Alec. E se não sabe, somos tão importantes quanto eles. – Ela encarou ele nos olhos.

– Muitos não veem isso, o Dave é um dos maiores exemplos. Então eu me abstenho disso. Minha casa é no Brooklyn, com meus dois pais.

– Max... Por favor, pare de levar tudo na calmaria do mundo. As pessoas são ruins, você precisa jogar o jogo delas. – Maryssa tocou o ombro do menino.

– Mary, eu não estou num jogo. E se eu estivesse, eu não jogaria com aquele garoto. – Max tocou levemente o rosto da prima coma mão. – Acho que devemos ir, ainda quero caminhar um pouco pelo Central Park.

– Você é um impostor carismático e afetuoso, Max Bane. Eu odeio você. – Maryssa deu um soco no ombro dele e ambos caminharam para a saída.

A Time’s Square já era bem movimentada àquela hora da manhã. O fluxo de Nova York era algo monstruoso, no qual para ter paz você precisaria certamente trancar-se dentro de casa. Os raios de sol estavam brandos e até agradáveis. Max e Maryssa caminhavam lado à lado. Era engraçado ver as pessoas na rua olhando para as runas no corpo de Mary e jurando que erma tatuagens normais. Somavam no total de cinco, até o presente momento. Uma no braço direito, uma na nuca, duas no antebraço esquerdo e outra que ali não era visível, em sua costela direita.

O barulho da buzina dos carros era a coisa mais irritante possível, e nisso Max concordava com a prima. Caminhava ele com as mãos nos bolsos da calça, enquanto ela seguia com as mãos livres.

– Andamos apenas mais uns metros e chegamos lá. Tire essa cara emburrada, Lightwood. – Max disse.

– E o que eu ganho com isso? – Ela disse olhando para a frente.

– Nada. Nem tudo no mundo pode ser uma troca, algumas coisas você faz para se sentir bem. Acho que deveria se permitir. – Ele disse ao cruzar uma rua com Maryssa.

– Igual você, com quase dezoito e nunca beijou ninguém? Quer dizer, quase beijou aquele menino na balada outro dia, e porquê eu te obriguei, e ainda assim, deu errado. – Ela parou um momento. – Já contou pros tios sobre você beijar meninos ou sentir-se atraído por eles?

– Nossa, você sabe dar as melhores patadas.

– Aprendi com Isabelle Lightwood, a melhor arma é o bater rápido e atacar. – A menina soou orgulhosa.

– Meus pais não se importam se eu vou beijar uma menina ou um menino, as coisas são muito naturais entre a gente. Isso não precisa ser gritado, Mary. – Max argumentou.

– Mas ainda devia ter beijado o garoto. Ele era gato.

Chegaram em frente ao grande teatro e Max notou que ainda não haviam aberto as portas da bilheteria. O menino cruzou os braços e encostou numa das paredes, Maryssa o imitou. Passaram a observar as pessoas cruzarem as ruas. Ele pareciam o elenco de MIB, e não era apenas pelas roupas escuras aquela hora do dia. Uma Senhora passou com um cigarro em mãos e tragou próximo dos garotos, a menina logo torceu o nariz. Max sabia que ela odiava cigarros, principalmente próximos dela. Não deixou de sorrir.

– Ria mesmo, Max. Vou te deixar só. – Ela falou com cara de poucos amigos.

– Não vai, você é minha Parabatai imaginária. Promessas de coração nunca se quebram e podem ser piores do que as proferidas ao anjo. – Ele beijou sua bochecha e uma mulher jovem apareceu a abrir as portas da bilheteria.

Quatro ingressos, ele comprara um para cada um dos seus pais e um para ele e Maryssa. Queria passar seu aniversário fazendo algo que gostasse, já que não possuía pessoa suficiente para fazer festa ou algo do tipo. Certamente obrigaria os donos dos três outros ingressos a assistirem, ele era bom de convencimento.

(...)

Quando a noite cai sob o Instituto Lightwood parecia que era apenas mais um dia rotineiro, porém a aparição de Jace Herondale fez todos ponderarem. Dinah desceu as escadas correndo ao saber que o pai se encontrava ali:

– Papai, o que faz aqui há essa hora?

– Assunto sério, Dinah. Preciso achar a Jocelyn, a viu por aí? – Jace soou normalmente.

– Acho que talvez esteja na sala dela, ou na biblioteca. – A menina falou.

– Jace, devemos correr. Mandei chamar Alec, e talvez Magnus apareça também. – Clary Herondale apareceu pela porta correndo e ofegante.

– Mamãe, o que aconteceu? – Dinah pareceu assustada.

– Nada com que se preocupar, meu Anjo. – Ela deu um beijo rápido na filha.

Uma atmosfera de dúvidas pairou ali e mais uma pessoa apareceu pela porta, na verdade, duas. Simon e Isabelle. Eles mantinham a mesma expressão séria dos pais da menina.

– Oi, Clary. Viemos o mais rápido possível. – Izzy foi até a amiga.

– Izzy, vem comigo. Vamos achar a minha mãe. – E não houve tempo para saudações. Clary puxou a mulher de cabelos pretos para as escadas.

(...)

– Um grupo de demônios desconhecidos no Central Park? Isso é estranho. – Jocelyn levantou-se de seu lugar.

– Não sei, mãe. Mas deve ser algo muito poderoso. Não sabemos de onde vieram, porém são muitos e eu e Jace não daríamos conta de tudo sozinhos. Chamei os outros. – Clary encarou a mãe.

– Oh céus, demônios resolveram fazer festa aleatória? – Izzy resmungou.

– O problema é que mesmo assim, não temos o suficiente. Preciso que autorize os garotos a irem. Sabe que eles já tem idade. – A mulher disse para a mãe preocupada.

– Levá-los sem nenhum preparo? Impossível. – Jocelyn recusou-se.

– Jocelyn, esses meninos estão a se preparar faz mais de sete anos. Se não estão prontos, mande-os embora porquê seu trabalho falhou. Sinto muito. – Havia ironia na voz de Isabelle.

– Isso é... – Ela não teve palavras para rebater o argumento de Izzy. – Tudo bem, eles vão. Mas devem estar de olho e sempre próximo de um deles.

– Mamãe, são meus filhos lá também. Acha que eu deixaria que algo acontecesse? – Clary parecia ter medo, apesar de demonstrar força.

– Pode confiar em nós, Jocelyn. Vamos trazer seus pequeos de volta. – Izzy a tranquilizou.

– Está feito, podem usá-los. Hoje será o primeiro dia de batalha em si para eles, faça com que se lembrem. Eu confio em vocês.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam ansioso para o próximo chapter, parece que a cosia vai fica séria. Não acham?



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