Wings escrita por Rausch


Capítulo 10
Capítulo 9 - Chasing Pavements


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente me emocionei com esse capítulo. Leia com o coração.



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– Hey. – Alec caminhou pelo quarto e encontro Magnus na janela, este olhava pela fresta.

– Oi. – A resposta do Bruxo foi fraca, desanimada.

Era quase meia noite, o céu estava limpo e poucas nuvens formavam desenhos por sob os contornos de luzes das estrelas e da Lua. Magnus não se virou, eis que permaneceu observando o céu e seus adornos particulares. Alec se aproximou mais e o abraçou pela cintura. Ele sabia que o marido estava triste, assim como ele, que estava triste, no entanto tentava manter a sua tão costumeira força fingida. Não queria ter de desabar.

Os braços do moreno o apertaram e ele deitou a cabeça em suas costas. Não disseram nada além do Oi, apenas permitiram-se ficar em silêncio. Magnus observando a lua, Alec sentindo o calor de suas costas. Alec sabia o motivo pelo qual ele aparentava estar mais triste do que horas atrás, e era por aquilo que havia ido procurá-lo.

– Hoje era o aniversário dele. Dezoito anos. – Magnus disse com a voz fraca.

– Eu sei, sou pai dele também. Esqueceu? – Alec manteve a cabeça encostada nas costas de Magnus.

– Eu não entendo como o mundo pode ser tão injusto. Ele não era mal, ele não fazia nada para ninguém. Como isso aconteceu tão debaixo dos nossos narizes durante todo esse tempo, Alec? – A voz de Magnus também possuía culpa.

–Você sabe, Max sempre teve aquele jeito quieto. Ele realmente devia guardar para não preocupar a gente. Não foi certo, mas ele realmente mostrou a coragem.

– Alec, preciso conversar com você sobre algo. Eu espero que me entenda. – Magnus olhou preocupado para o Marido. – Isso precisa acabar.

E Alec olhou confuso, porém chocado.

(...)

Maryssa empurrou o carrinho de maneira calma, ia guiando-o até a ala de Enfermagem. Sua expressão era evidentemente devastada, marcada pelos olhos com profundas olheiras e suas várias demonstrações de choro ao inchar o mesmo. Passava um pouco da Meia – Noite. A menina havia prendido o cabelo num coque sutil e suas roupas eram as mesmas da hora do acidente. Ela não saiu nem um momento de perto de Max.

Em cima do pequeno carrinho estava um bolo, o mesmo tinha as palavras escritas num glacê: “18 Anos de Cabelo Bagunçado”. – A menina viu seu primo deitado, do mesmo jeito que o deixara pouco tempo atrás, nem um músculo movido. Maryssa foi com o carrinho até próximo da cama e o deixou do lado de Max. Pela primeira vez nos bolos de aniversário, aquele não possuía velas em seu topo. A garota ruiva tocou o coração do primo com um gesto gentil e sentiu as batidas leves, quase pausadas do seu organismo.

– Voltei, como prometi. E olha o que eu trouxe, bolo. – A menina tentou dar uma pequena risada, mesmo sabendo que ninguém veria. – Eu queria te desejar um feliz aniversário. Está finalmente ficando adulto. E cara, já parou para pensar no quanto a gente está ficando velho?

Ele respirou pouco, como habitual.

– Sei que talvez não possa me ouvir, nossa, como eu gostaria que pudesse. – Maryssa segurou a mãos do primo entre as suas duas. – Os dias tem sido tão longos e passado como uma tartaruga, porém estamos aqui, você está fazendo dezoito. Sabe Max, todo mundo tem uma lista de algumas coisas sem as quais não pode viver. Eu era uma pessoa estranha por nunca ter pensado sobre isso há algum tempo, no entanto eu abri meus olhos para essa questão e eu percebi que realmente isso acontece. Porquê quando eu te vi naquela rua estirado e sangrando, apenas pude pensar em como eu não conseguiria viver se você partisse. Está difícil agora te vendo nessa cama, todavia eu prometi uma coisa. Parabatais não descumprem promessas. Principalmente os de Imaginação, certo?

Uma lágrima pertinente escorreu pelo rosto de Maryssa, ela certamente imaginara a voz do primo dizendo aquilo. Talvez o maior motivo pelo qual ela o amava, era por ele sempre conseguir tornar tudo mágico e de uma forma especial. Em cima da mesa estavam dois chapéus de festa. Ela colocou um em sua cabeça e o outro, Maryssa cuidadosamente envolveu na cabeça de Max. Ela tornou a sentar-se ao seu lado e ela se deu conta de todas as lembranças que ela tinha daquele recorte de tempo. Daqueles dezoito anos. Ela lembrou de quando Max cantava para ela nas brincadeiras, e de como ele sempre fazia a coisa certa. Era como se ela sentisse que não havia tempo, e aquilo a corroía por dentro. Olhando o semblante do primo, ela não segurou as lágrimas.

– Por que você não acorda, droga? |Você não pode me deixar sozinha, Max. – Ela auto – abraçava seu corpo.

E Braços a envolveram por trás.

– Calma, Mary. – Era a voz de Magnus.

– Por que, Tio? Ele não merece. – Ela chorou ao virar-se e abraça-lo.

– Ele vai precisar que você seja um pouquinho mais forte por ele agora. – Sua voz era pesarosa. Estranha. - E eu vou precisar ficar um pouquinho a sós com o meu baby, posso?

– Está estranho, tio. O que pretende fazer? – Marysa soltou-se do abraço e encarou Magnus.

– Maryssa... – Ele e olhou. – Você vai precisar entender, Max já não está mais com a gente. Ele está distante agora.

– Não, Tio. O Senhor não está pensando em? Não, por favor, não. – A menina se desesperou com as mãos na boca, chorava.

– Max está sob a influência de muitas forças mágicas nele, porém não responde a nenhum estímulo. Se eu não fizer algo, as mesmas forças podem atingir qualquer um. Hoje é o aniversário dele, e eu quero dar uma cosia especial para ele. – Ele parecia prender o choro.

– Dar a morte? – Maryssa estava obviamente irritada, não apenas triste.

– Não, Mary. Quero dar para ele a liberdade. Muitos no mundo não têm direito a ter a liberdade. Liberdade de caminhar, liberdade de sonhar. Eu quero dar ao meu filho a possibilidade de estar livre para descansar, ainda que longe de mim e do Alec.

Maryssa caiu no choro, ficou parada e soluçando. Magnus a abraçou outra vez.

– É uma pena dizer isso, Mary. Mas o Max foi embora faz muito tempo, entretanto o nosso egoísmo está o prendendo aqui, e ele precisa ir. Por favor, deixe ele ir.

A menina virou para a cama e foi até o primo, segurou sua mão o mais forte que pôde. Depois deu um beijo na palma de sua mão. Por um minuto a ruiva pôde jruar ter visto os lábios do menino se contraírem num sorriso doce, daquele que ele costumava dar quando estava empolgado para falar sobre um livro.

– Eu deixo, tio.Eu não aceito que vá , mas eu deixo que descanse, Max. Agora eu entendo. Minha vida nunca mais vai ser a mesma sem você, vai faltar o melhor pedaço dela. A melhor pessoa que me ensinou que não ganhamos nada sendo mal, nem tampouco sendo um monstro. Eu espero que haja muitos doces para onde você vai, vai precisar de companhias iguais. – E Maryssa bagunçou seus cabelos, fazendo o chapéu de festa cair no chão. Ela repetiu um gesto de dezoito anos, pelo que parecia ser a última vez. – Eu te amo, eterno cabelos bagunçados. Para sempre.

E a menina ruiva saiu correndo por entre as macas. Ela chorava, chorava, mas não queria parar de correr, enquanto não parasse de doer.

(...)

– Então ainda há tempo para mim? – Max olhou nos olhos do tio.

– Sim, Max. Existe tempo, mas vai passar rápido. Eu morri sem esta chance, você pode mudar tudo. E você pode fazer pessoas felizes ainda. – O pequeno menino dos olhos azuis sorria, mesmo se tratando de um assunto tão delicado.

– Mas e você? Vai ficar aqui sozinho?

– Não se preocupe comigo, Max. Estou aqui há muito tempo, e estou tudo menos sozinho. Eu não pertenço mais aquele mundo, você sim. Me parece ter grandes coisas a fazer por lá. Você tem uma aura boa. Agora vá. – O garotinho apontou na direção de um campo que transformava-se numa ponte de madeira. – Eu não posso ir daqui.

Max abaixou e ficou no mesmo nível do outro Max.

– Obrigado, tio.

– De nada, Max. Outro Max. – Corrigiu-se e passou os braços ao redor do sobrinho o abraçando. – Eu sinto falta deles, Alec, Izzy. Sinto mesmo, porém a vida continua de um outro jeito. Um jeito que nos faz ver o oculto, e não há nada melhor que a plenitude do espírito. A gente se vê por aí, Max. – Ele deu um tapinha nos ombros do sobrinho e o empurrou.

Max deu uma última olhada no garoto e encarou a ponte próxima. Os seus pés firmaram no chão e as pernas passaram a correr. O vento veio logo e passou a balançar os cabelos do garoto moreno. Enquanto corria, Max parecia ouvir vozes em sua cabeça, como se alguém o quisesse falar algo. Fechou os olhos na corrida, deixou a cabeça ouvir tudo.

– E então, é assim. A gente sempre precisa fazer o que é melhor no fim de tudo, por mais que doa. Eu me sinto tão feliz de eu poder ter te encontrado dezoito anos atrás. Eu e o Alec somos gratos por nos deixar ver sua primeira palavra, seus primeiros passos. Porquê a vida de algumas pessoas só se tornam completas após coisas assim, simples e profundas. Eu sinto não poder te ver ter uma família, ser um homem maior, mas eu sei que há um destino a ser cumprido, e há lições que se aprendem sem precisar de muito. Você foi uma lição na minha vida. A lição mais bonita de todas. Alguém não precisa ser biologicamente seu para ser amado, às vezes ele pode ser mais especial quando não é. Eu estou honrado por você me deixar ser seu pai, Alec está honrado por você ser filho dele. Ambos te demos o nome de Max em homenagem à um grande garoto, um que sabíamos que você se tornaria igual. Obrigado por ser meu filho, do fundo do coração. O papai ama você, Max. Você pode ir em paz agora.

Max sentiu um beijo áspero em seu rosto, de certo, pela barba de Magnus. Os lábios estavam cheios de lágrimas. E quando a ponte ficou para trás, tudo mudou. E Max abriu os olhos:

– Pai? Eu voltei.


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Notas finais do capítulo

Lágrimas, nada mais. Eu espero que tenham gostado. Agora nós vamos à um outro lado da história, a partir do próximo capítulo. Vejo vocês logo.



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