"Um filho sempre possuíra características de seu progenitor. Nunca haverá exceção"

Meus pés doíam por causa da corrida no terreno irregular. Eu estava sem fôlego e meu coração batia à mil por hora, mas eu não parei. Precisava me afastar, ficar longe daquele lugar, longe daquela... coisa. Aquela criatura cruel que se dizia meu... Não, não, não. Eu não vou aceitar, nunca, nunca, nunca...

"Vocês sabem classe, que 50% de seus seres vêm de um dos seus pais... Não importa o quanto uma pessoa tente, ela sempre terá metade do seu ser, como o de seu pai e de sua mãe."

Agarrei com força meus cabelos e me ajoelhei no chão de pedras, cortando meus joelhos. A voz da Senhora Golory, minha professora do tempo que eu ainda estava no orfanato, soava na minha cabeça como a voz de um policial que mostrar as provas do crime para o suspeito. Palavras que apresentavam o caminho para prisão, o fim da paz e o começo de uma vida pior do que já estava.

Meu cérebro, que eu tanto me orgulhava, agora zombava de mim apresentando as semelhanças entre eu e ele. 50%, eu era como ele. Nossa aparência era parecida, apontou aquela maldita voz em minha cabeça. Todos sempre disseram que eu era tão belo que devia ser um filho dos deuses. Isto era algum tipo de ironia cruel do mundo? Ou apenas os deuses, já me amaldiçoando no começo de minha tenra vida?

Não era só a beleza que parecia, sussurrou sadicamente a voz. Vocês têm os mesmos cabelos, os mesmos traços e Oh!, não vamos esquecer dos olhos. Vermelhos e cruéis. São idênticos, não são? Que triste, toda vez que se olhar no espelho verá aquele que destruiu sua vida.

Cravei com força minhas unhas coro cabeludo, em uma maneira de calar a voz. Minhas costas bateram no chão e senti minúsculos pedregulhos entrarem em minha pele. Não importava, qualquer dor era bem vindo se eu pudesse esquecer o que estava acontecendo.

Os deuses gregos eram reais, gritava a minha mente. Você é filho de um deles. Ele te abandonou. Será que nãos éramos bons o suficiente para ele? É por isso que aqueles monstros me caçam? É por isso...que minha mãe se foi? Minha culpa, não é? Ou seria...dele?

O pânico desaparecia lentamente, enquanto a raiva dominava. Sim, era culpa dele. Meu "pai" havia sido o culpado de tudo que aconteceu, acontecia e aconteceria em minha vida. Era por causa do seu sangue em minhas veias que eu nunca teria paz. Eu o odiava. Odiava, odiava, odiava. Ele me disse que o amor e ódio andam junto. Que pena, papai, não achou que escolherei o caminho que você quer.

Minhas mãos, com as pontas dos dedos sujos de sangue, ficaram na minha frente, apertada em punhos. Eu queria vingança, simples assim. E estava pronto para aceitar a ajuda de qualquer um. Não importa quem for e não importa o que teria que fazer. Eu me vingarei do homem - não, não, está errado. É deus que eu tenho que dizer. - Então marcarei no sangue meu objetivo: Eu - Frederick Snow - me vingarei do deus, que um dia se chamou meu pai, não importa como. Isto é uma promessa.