"Everything is burning... "

Minha garganta se apertou, quando a voz animada do cantor soou pelos fones de ouvidos da garota ao meu lado. Ela estava ouvindo em um volume tão alto que eu podia ouvir a música com tanta perfeição quanto se eu estivesse com os fones. Fiz uma careta e pensei em pedir para abaixar, mas o nó no fundo da minha traqueia não queria colaborar.

Pressionei meus pés no chão com força e cravei as unhas na pele sensível de minhas mãos. Eu era uma pessoa calma, lembrei a minha mesmo. Do tipo que não perdia o controle por causa de uma música estúpida, que trazia imagens de tempos estúpidos e emoções mais estúpidas ainda.

Respirei fundo e concentrei-me para ignorar tudo ao meu redor. Foquei meus olhos na janela e observei a paisagem, sem realmente ver. Por fora, eu devia estar a imagem da calma. Talvez um pouco tenso, mas qualquer um colocaria a culpa no frio que assolava o ar ao nosso redor. Quase sorri com a ideia de que ninguém saberia meus sentimentos. Eu não era do tipo isolado ou frio. Apenas sabia que era bom esconder quem você realmente é. As pessoas e os monstros (e os deuses) podiam fazer coisas horríveis com informações.

O ônibus continuou seu caminho pelas estradas americanas e a garota ao meu lado, continuava a repetir a música. Me perguntei se aquela era sua música favorita ou se apenas era um teste do destino para ver se eu conseguia perder a calma. Se for, há!, ele está perdendo seu tempo. Vivo com aquela picada de sentimentos atrás de minha mente por um longo tempo e não seria agora que eu me deixaria levar por eles.

Alguns minutos ou talvez horas se passaram, antes de nós fazermos nossa segunda parada. Peguei minha mochila de mão e acompanhei o fluxo de pessoas para fora. Está seria minha última parada e meu destino. Eu não sabia em que cidade estava, nem ao menos em que estado, mas teria que ficar ali. Eu não podia me dar o luxo de continuar em um local tão fácil para os monstros me encontrarem. E eu também não queria fazer os mortais vítimas (Afinal, eu já tinha feito tantos.).

Paramos em frente a um posto de gasolina que ficava perto de uma floresta. Sorri para as árvores escuras e tenebrosas que me esperavam do outro lado da rua. Peguei meu boné e pressionei na minha cabeça de modo que cobrisse meus olhos. Olhei para os lados, observando se não havia ninguém perto e quando me certifiquei que não, andei até a mata.

Com qualquer pessoa com o mínimo de bom senso, não entraria em uma floresta escura. Principalmente, se está pessoa passou boa parte de sua vida sendo caçada por monstros. Mas, eu - Nathan Marine - não precisava temer isso. Em tudo de ruim que os deuses fizerem, minha mãe (Isto tem um gosto tão amargo de pronunciar) pelo menos me deu algo de valor.

Eu não precisava temer as plantas, elas sempre me ajudariam. Diferente dos homens e dos deuses. Há! que vida mais amarga para se viver.