The Other Side escrita por Kuchiki Gaby


Capítulo 5
4. Ela Poderia Derreter o Sol, Ela Poderia Congelar a Lua


Notas iniciais do capítulo

Aposto que esse capítulo foi muito esperado depois de todo o clima né? ~ kkkkkkkkkkkk
Então se esbaldem ;)
Boa Leitura!



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'' She could melt the sun, she could freeze the moon
[Ela poderia derreter o Sol, ela poderia congelar a Lua]
If she only wanted to, if she needed to
[Se ao menos ela quisesse, se ela precisasse]
The world is inviting, yet so paralyzing
[O mundo é convidativo, mas tão paralizante]
She could give me life, yeah
[Ela poderia me dar a vida, yeah]

I wanna see you on the other side
[Eu quero te ver no outro lado] 4x''

Aquele domingo amanheceu cinzento, só que não mais do que o coração de Byakuya. Não dormira direito naquela noite, apenas pensando no ruivo e tentando formar um pequeno diálogo do que diria a ele. Tinha tantas coisas para dizer, para explicar, mas de uma coisa sabia: queria Renji de volta e faria de tudo para isso. Levantou-se então, espantando os devaneios, e tratou de se aprontar para ir até a casa do Fukutaichou. Seu Fukutaichou.

Deixou a mansão Kuchiki silenciosamente, caminhando pelas ruas do Seireitei, que estavam vazias, talvez porque ainda fosse cedo. Ao mesmo tempo em que tinha pressa em chegar à casa de Renji e resolver tudo isso, queria ir devagar, para pensar, para não se precipitar. Não sabia como iria encará-lo, mas a vontade de estar com ele de novo era mais forte do que qualquer medo.

Parou a porta da casinha simples, torcendo para que Renji falasse com ele. Estava nervoso, e os segundos que se passavam pareciam uma eternidade para Byakuya, que aguardava que o ruivo atendesse ao seu chamado. Logo, a porta se abriu, acabando com a ansiedade do moreno. O rapaz deixou a surpresa tomar conta de sua face.

– Byakuya? – o ruivo franziu o cenho. – O que está fazendo aqui?

– Vim conversar com você, Renji. – suspirou fundo.

– Entre... – Renji abriu a porta por completo e deu passagem ao homem, logo em seguida fechando a porta. Indicou o estofado com a mão, se sentando ao lado dele. Fizeram-se alguns segundos de silêncio, e aquilo estava começando a incomoda-lo. – E então...?

– Bem, vou ser objetivo. - Byakuya pigarreou. – Ontem você foi embora sem ao menos me escutar.

– Para que? Eu já sabia o que ia dizer. – o ruivo abaixou o olhar, sentindo seus olhos marejarem.

– Não, não sabia. Por isso eu vim aqui te dizer. – ele pegou o rosto do rapaz pelo queixo e o ergueu, olhando dentro dos olhos. – Eu só quero que volte para casa, para que nós continuemos a nossa vida de onde paramos.

– Mas...

– Entenda que volta de Hisana não mudou o que sinto por você. Na verdade não mudou nada. As coisas nunca mais voltarão a ser como antes, e ela sabe disso. Você mudou completamente a minha vida, Renji. – o moreno suspirou, aliviado ao ter dito o que precisava.

– Jura?

– É você que eu amo.

Os dois se abraçaram bem forte, encontrando o conforto um no outro naquele abraço. Tanto um quanto o outro se sentiam aliviados e seguros agora, como se o muro que se construíra entre eles tivesse desabado. Ficaram assim por alguns segundos, mas logo Renji tomou os lábios de Byakuya num beijo terno, sorrindo em seguida.

– Eu também te amo.

~

Eles caminharam pelas ruazinhas do Sereitei até a mansão Kuchiki. Assim que chegaram a casa, foram recebidos por Hisana. Ela parecia entediada, sentada á mesa de jantar, esperando por algo, provavelmente Byakuya. Fitou os dois ali parados, e sorriu ao ver o nobre.

– Eu estava te esperando para o almoço Byakuya-Sama. – ela direcionou o olhar para Renji e sorriu. – Pelo visto teremos companhia não? Vou pedir que coloquem mais um lugar na mesa.

Os três se sentaram a mesa e almoçaram em silêncio. Até Renji que era tagarela demais estava calado. Mas isso tinha um motivo em especial: ela. A presença dela o incomodava. Após o almoço, Renji foi o primeiro a levantar da mesa, e Byakuya insinuou fazer o mesmo, mas foi impedido. Olhou para o lado e viu a mão alva segurando a sua roupa.

– Byakuya-Sama, espere... – ela soltou a roupa dele. – eu pedi que fizessem a sua sobremesa preferida. – sorriu ternamente.

– O que?

– Não se lembra? Você adorava quando eu fazia. – Hisana baixou o olhar, como se relembrasse algo bom, em seguida fitou o ruivo e depois Byakuya. – Fique mais um pouco, já pedi para trazerem.

Byakuya franziu o cenho e em seguida deixou um suspiro escapar. Olhou para Renji, que mantinha uma sobrancelha erguida. Em seguida ele abaixou o olhar e saiu, subindo as escadas. O moreno abaixou o olhar e observou Hisana com o canto dos olhos. Ela sorria levemente para ele.

– Hisana... – Byakuya manteve o olhar serio, mesmo com a expressão duvidosa em sua face. – Preciso falar com você, agora.

– Mas a...

– Agora, por favor. – o moreno manteve a postura.

– Sim, Byakuya-Sama. – ela abaixou o olhar, seguindo Byakuya.

Eles se dirigiram até a sala de estar. Ele indicou o estofado para que ela se sentasse e ouvisse o que tinha a dizer. E tinha muito a dizer. Teria de falar para ela sobre ele e Renji e aquele era um assunto delicado.

– O que você queria me dizer Byakuya-Sama? – ela sorriu de leve, esperando ansiosamente.

– Hisana, tenho uma coisa importante para te dizer. – o moreno suspirou. - Aquele rapaz, Abarai Renji, é o meu atual companheiro. E vocês terão de aprender a conviver, pois ele praticamente mora aqui também.

– Companheiro? Você quer dizer que... – ela levou uma mão á boca. – Mas e nós? E a nossa história, ela ficou... Inacabada. E agora que estou de volta, que estou bem, podemos continuá-la.

– Entenda as coisas não vão voltar a ser como eram antes. Eu construí uma nova vida, Hisana. Não posso abandonar tudo isso para viver do passado. Eu finalmente consegui entender e me conformar com isso. E depois de tudo, eu não vou voltar atrás. – Byakuya foi completamente incisivo, o que a fez abaixar o olhar.

– Eu não acredito que não me ame mais. – os olhos violetas dela estavam marejados, espalhando aquela tristeza por todo o cômodo.

– Desculpe-me por decepcioná-la, mas um dia teríamos de ter essa conversa, e a tivemos. Espero que estejamos de acordo. – Byakuya abaixou o olhar. – Com licença. – em seguida caminhou até a porta e saiu por ela, deixando Hisana para trás.

– Isso é o que você pensa. – ela murmurou baixinho, perdida em devaneios.

#

Segunda-feira, 18h30

Renji tinha acabado de sair do banho, deixando um pouco do vapor escapasse pela porta enquanto saía por ela, passando do banheiro para o quarto. Deu alguns passos em frente, parando em frente ao guarda-roupa, decorado com desenhos de cerejeiras nas portas de correr. Abriu a porta da direita e fraziu o cenho, inconformado como que via.

– Onde estão as minhas roupas?! – exclamou, ao se deparar com as prateleiras e cabides revestidas com roupas femininas. Abriu as gavetas encontrando mais e mais roupas que não pertenciam á ele. Abriu a outra porta do guarda roupa, onde as roupas de Byakuya ali, intactas, do mesmo jeito que o moreno deixou. Coçou a cabeça e se sentou no futon, estranhando tudo aquilo.

Nesse minuto, Byakuya abriu a porta do banheiro, deixando o vapor passar completamente pela porta, sem se importar. Arqueou uma sobrancelha ao se deparar com o ruivo ainda de toalha.

– Algum problema? – indagou, vendo as expressões confusas de Renji.

– Minhas roupas sumiram.

– O que, como assim? - Byakuya franziu o cenho também. Parou de frente a porta do guarda roupa, intrigado ao ver as roupas femininas. – Vou me vestir e resolvo isso.

Dentro de alguns minutos, Byakuya já estava vestido. Saiu do quarto, caminhando pelo corredor até encontrar um empregado, abordando-o para talvez descobrir o que aconteceu. Enquanto isso, Renji o observava da porta do quarto, vestindo um roupão escuro. Olhou para o quarto de hospedes em frente, com a porta entreaberta. Entrou nele rapidamente, sem que ninguém percebesse.

Era o quarto de Hisana, a julgar pelo haori florido pendurado na cadeira, alias, de estampa muito semelhante aos que vira em seu guarda roupa. Claro que eram semelhantes, aquelas roupas só poderiam ser dela. Decidido, abriu as gavetas de uma cômoda que havia ali, vasculhando por entre algumas peças que ainda estavam ali. E foi na última gaveta que encontrou as provas do crime: suas roupas.

– Tem certeza? – Byakuya, pressionava o empregado, mesmo ao perceber Renji bem próximo á si.

– Eu sei que foi que pegou as minhas roupas. – o ruivo encarou Byakuya, com um seu uniforme shinigami em mãos.

Não deu mais uma explicação sequer, apenas seguiu até o fim do corredor e desceu as escadas. Byakuya, mesmo sem entender nada, foi atrás dele até a sala de jantar, onde Hisana já estava acomodada.

– Estava esperando por vocês e... Abarai-san, que trajes são esses? – ela parecia indignada com as vestimentas de Renji.

– Me explique você. Estou com ele porque você pegou as minhas roupas. - ele fez um gesto bruto, erguendo de leve a peça de roupa que segurava na mão.

– Pegou as roupas dele Hisana? – Byakuya fraziu o cenho, estranhando aquilo.

– Eu n...

– Claro que foi. Eu achei nas suas coisas. – Renji cortou a fala da mulher, que se calou imediatamente.

– Tudo bem, Renji. Pegue suas roupas e as coloque no devido lugar. – Byakuya sustentou o olhar com um ruivo por alguns segundos. – Eu cuido disso. - Renji assentiu com a cabeça e saiu do cômodo, em direção ao andar de cima.

– Por quê? – Byakuya perguntou ainda intrigado.

– Perdão Byakuya – Sama. – ela se levantou, em seguida fez uma longa reverência. – Eu só pensei que... as minhas roupas deveriam ficar em seu devido lugar e...

– Já conversamos sobre isso. Lá não é mais o devido lugar delas, porque esse lugar já está sendo ocupado por outra pessoa. – Byakuya a encarou seriamente. – E você devia saber disso.

– Perdão, eu...

– Espero que isso não se repita. – dito isso, Byakuya deixou o cômodo.

#

Terça-feira, 19h50

O tempo estava meio frio naquela noite. Byakuya e Renji estavam sentados na biblioteca, em frente á lareira acesa. Byakuya tinha um livro em mãos, o qual lia pouco interessado. Renji tinha um braço em torno dos ombros do moreno, que apoiara a cabeça em seu ombro. O ruivo sorriu. Ficaria ali com ele pela eternidade se pudesse.

Depois de algum tempo, Renji se levantou, deixando Byakuya sozinho. Era uma boa hora para alguém se aproximar. E logo, Hisana adentrou o cômodo. Parou em frente a Byakuya, atraindo o olhar indagador dele para si. Ela tinha uma bandeja em mãos.

– Byakuya-Sama, eu trouxe um chá para você. – ela sorriu, se pondo de joelhos. Pegou o bule e começou a encher a xícara.

– Não era necessário. – o nobre voltou a sua atenção para o livro, mesmo que não estivesse realmente lendo.

– É falta de educação recusar uma gentileza. – ela abaixou o olhar.

Nesse momento Renji retornou ao cômodo se deparando com a cena. Ficou alguns segundos parado no mesmo lugar, apenas olhando de Byakuya para Hisana. Mal havia saído e ela já estava em cima dele? Não era de hoje que tinha reparado isso. Bastava ele deixar Byakuya por um segundo: e lá estava ela, atrás dele. O ruivo não estava gostando nada disso.

– Abarai-San, que bom que voltou. – ela sorriu e se levantou. – Trouxe um chá para vocês. Venha.

As feições de Renji não poderiam ter ficado melhores. Franziu o cenho e foi caminhando devagar até o lugar onde eles estavam e voltou a se sentar ao lado de Byakuya, procurando no rosto dele algo que pudesse explicar o que estava acontecendo. Ela entregou a xícara cheia ao moreno e encheu uma segunda xícara.

– Aceite como um pedido de desculpas pelos mal entendidos que ocorreram entre nós. – ela sorriu, estendendo a xícara em direção á Renji. Mas este só ficou paralisado olhando para o líquido avermelhado. - Vamos, pegue.

Ele estendeu a mão, no intuito de pegar a xícara. No momento em que sua mão se aproximou da xícara, Hisana soltou o pires e o chá se derramou completamente em cima do ruivo. Numa fração de segundos depois a xícara se espatifou no chão, deixando vários cacos de porcelana espalhados em volta.

– Ah, isso tá quente! - Renji se levantou imediatamente, puxando o tecido da roupa para frente, evitando seu contato com a pele.

– Você está bem? - Byakuya insinuou se levantar, mas Renji gesticulou positivamente.

– Só preciso de outro banho. - ele observava a roupa encharcada pelo liquido, desgostoso.

– Perdão, Abarai-San. - Hisana abaixou o olhar.

– Não precisa se desculpar, foi um acidente, não foi? - Renji a encarou após a enfase na frase.

– Sim, claro. - ela desviou o olhar por alguns segundos, mas o ergueu novamente, quase em seguida, sorrindo docemente. - Eu nunca faria mal algum você, Abarai-San.

Renji apenas a encarou. Porque tudo parecia cada vez mais proposital? Talvez pelo modo tão estranho que ela mostrava aquele sorriso doce? Preferiu não prolongar o assunto ao perceber que Byakuya o olhava discretamente pelo canto dos olhos. Se bem o conhecia sabia o que aquele olhar significava: desconfiança. E arrumar confusões agora era o que o ruivo menos desejava, então se dirigiu até a porta, deixando o cômodo.

– O que aconteceu aqui, Hisana? - Byakuya olhava para ela, enquanto ela mantinha a cabeça baixa, recolhendo os cacos da porcelana.

– Nada, Byakuya-Sama. Foi só um descuido meu. - ela respondeu sem encará-lo. Mas após alguns segundos ela se virou, colocando os cacos na bandeja. - Termine o seu chá antes que esfrie. É o seu predileto. - ela sorriu e pegou a bandeja, deixando o cômodo em seguida.

#

Quarta-feira, 20h15

Byakuya estava sentado ao lado de Renji no sofá da sala. Eles conversavam sobre qualquer assunto, enquanto o ruivo afagava os cabelos da nuca do moreno, o que fazia com que seus lábios esboçassem alguns sorrisos, devido às cócegas que sentia em determinados lugares. Um clima de romance pairava no ar. Mas havia alguém que não apreciava isso.

Algo observava os dois estranhamente enquanto eles trocavam carinhos e beijos, deixando o clima tomar conta do ambiente. E eles, tão distraídos nem percebiam o que ocorria. Sua distração só foi cortada por um grito baixo e um barulho muito alto. Renji ergueu uma sobrancelha e Byakuya se pôs de pé imediatamente. Ele caminhou até o hall, procurando saber o que poderia ter acontecido.

– O que...? – Byakuya interrompeu a sua fala ao se deparar com a cena. – Hisana!

Ao ouvir o nobre, Renji se levantou rapidamente e foi até o hall averiguar. Ao chegar ali, se deparou com a seguinte cena: Byakuya apoiava a cabeça de Hisana em seu colo, chamando por ela, enquanto ela permanecia desacordada e um filete de sangue escorria pelo nariz.

– O que aconteceu com ela? – Renji se abaixou próximo ao moreno.

– Não sei, ela estava assim quando eu a vi. – ele suspirou fundo.

– A levamos para a Unohana Taichou?

Quando o ruivo ia obter uma resposta, Hisana abriu os olhos, encarando Byakuya, deixando-os semicerrados.

– Byakuya-Sama?

– Estou aqui. – ele suspirou aliviado. – O que aconteceu com você?

– Eu... Cai da escada...

– Você está bem? – o nobre perguntou. – Quer ir até o quarto esquadrão?

– NÃO... Quer dizer... Não, não precisa. – ela suspirou se levantando. – Eu estou bem e... – quando tentou caminhar quase caiu. – Quer dizer, acho que eu bati a perna, está um pouco dolorido e...

– Eu te ajudo. – Byakuya se pronunciou, a pegando nos braços.

– Não precisa se preocupar Byakuya-Sama... – Hisana abaixou o olhar levemente, não conseguindo segurar um meio sorriso.

– Não diga nada. – o moreno foi subindo as escadas. – Vou cuidar de você.

Hisana realmente sorriu naquele momento, passando os braços em volta do pescoço de Byakuya. Encarou o ruivo por alguns segundos, e em seguida escondeu a face na curva do pescoço de Byakuya. Renji continuava parado no mesmo lugar, apenas observando. Aquela situação estava cada vez mais estranha. Balançou a cabeça, espanto os devaneios e depois de alguns segundos subiu as escadas, encontrando o moreno no caminho.

– Ela está bem? – o ruivo perguntou meio intrigado.

– Parece que ela deu um mau jeito na perna. – ele suspirou. – Mas não foi nada grave, só precisa de repouso e algumas compressas.

– Não achou tudo isso um tanto... Estranho?

– Como assim, Renji? – o nobre franziu o cenho.

– Ah, ela ter caído assim, de repente. – coçou os fios ruivos, num gesto típico. – Quero dizer, ela parecia bem quando passou pela gente, na sala. Ela estava subind...

– Isso pode acontecer a qualquer hora Renji. – Byakuya balançou a cabeça e negação, interrompendo-o. – Poderia ter sido eu, ou até mesmo você. – dito isso, seguiu o restante do corredor e desceu as escadas.

Renji suspirou. Percebeu algo por ali, na sala, quando eles estavam juntos. Tinha quase certeza de que era ela, e de que a vira passando para o outro lado, em direção ás escadas. Se ela estava subindo como ela...?? Bem, esses pensamentos não estavam levando a nada. Mas de uma coisa ele sabia, ela estava conseguindo o que queria: a atenção do Byakuya. Todas aquelas coisas, coisas bobas que ele até irrelevou...

Não podia deixar como estava, ou só iria piorar. Ah, estava cansado. Talvez um cochilo lhe fizesse bem. Abriu a porta do quarto e acendeu a luz, mas não pode evitar que suas pupilas dilatassem levemente.

– O que está fazendo aqui? – o ruivo indagou, ao ver Hisana no quarto, e em pé, de frente para a porta do guarda-roupa, como se pretendesse pegar algo.

– Byakuya-Sama me trouxe para cá, disse que eu deveria descansar. – a morena abaixou o olhar. – Mas já estava de saída, ou melhor, tentando voltar para o meu quarto. Não quero incomodá-los. – ela foi andando arrastadamente até a porta, se apoiando nas paredes.

Quando ela estava prestes a sair do quarto, Renji foi atrás dela e a pegou pelo braço.

– Eu sei o que está fazendo. – ele a encarou com firmeza. – E eu acho melhor parar por aqui.

– Não sei do que está falando. – ela tentou se esquivar, mas Renji a segurou com um pouco mais de força. – Me solte, está me machucando!

Renji soltou o braço dela imediatamente. – Porque não deixa a gente viver em paz? Você não vai conseguir o Byakuya de volta.

– Mas eu nã...

– Ah não? – Abarai cerrou os dentes. – Eu deixei passar muitas coisas. Como aquele dia que você estava lá tirando a roupa para ele. – ele deu um suspiro profundo. – Você não precisa mais fingir.

A expressão dela mudou imediatamente. Seu rostou tomou uma feição de completa inconformidade, uma inconformidade raivosa. Eles sustentaram o olhar por alguns instantes.

– V...

No momento seguinte, Byakuya adentrou o quarto e ficou parado, observando os dois, que pareciam manter uma linha invisível de combate. Olhava de um para o outro, sem entender o que estava acontecendo.

– Seu... Grosso! – Hisana recolheu o braço para próximo do corpo e saiu se arrastando, passando por Byakuya, parado junto a porta e sumiu no corredor.

– O que aconteceu aqui? – o moreno finalmente perguntou.

– Nada que valha a pena saber.

#

Sexta-feira, 20h

A noite estava banhada pelo luar, onde apenas a brisa fresca bagunçava os cabelos de Byakuya. Ele estava sentado no gramado, apreciando a vista. Ás vezes fazia isso quando queria relaxar, ou livrar a sua cabeça de preocupações. Adorava observar o jardim á noite, pois sob a luz da lua as coisas ganhavam tons e formas diferentes, o que as tornavam mais interessantes. O silencio dominava o ambiente e tudo expirava paz e tranquilidade... Até sentir uma presença atrás de si.

O nobre não virou para ver a figura atrás de si, continuando a observar o jardim á sua frente. Sabia que não teria muito tempo sozinho. Esperava que Renji logo viesse atrás dele, para lhe fazer companhia. Esperava que ele se sentasse ao seu lado, mas como isso não aconteceu, resolveu se pronunciar:

– Não vai se sentar? – indagou, sem encará-lo.

– Sim, já que fui convidada. – Hisana se sentou no gramado, bem ao lado de Byakuya. –

Ele não pode esconder suas feições, que se encontravam intrigadas e ao mesmo tempo, decepcionadas. Não esperava que Hisana viesse até ele, e preferia que ela não tivesse vindo. Preferia manter certa distancia dela até se acostumar com toda essa situação. Não queria magoar nem a um, nem a outro. E nem a ele mesmo.

– O que está fazendo aqui?

– Eu vi você aqui sozinho e vim lhe fazer companhia Byakuya-Sama. – ela sorriu de leve. – Incomodo?

– Não. – o moreno respondeu, apenas olhando para o céu. Queria evitar até mesmo encará-la.

Os dois ficaram observando o jardim por algum tempo, em silêncio. Byakuya sentia como se algo o oprimisse. Era uma coisa estranha. Talvez fosse o dilema em que se encontrava que começava a pesar em seu coração. Fechou os olhos com força, desejando que aquela sensação sumisse, afinal já havia feito sua escolha e não ia voltar atrás. Não foi isso que disse para ela?

– Sabe, nós aqui, sentados no gramado do jardim... - ela começou, olhando ao redor, até encontrar o rosto de Byakuya. -... É como se eu estivesse no tempo certo. O tempo em que estávamos juntos, que éramos felizes. – suspirou, abaixando o olhar. – É uma pena que agora eles não passem de meras lembranças.

Byakuya desviou o olhar para o outro lado, suspirando. Não disse nada, apenas se deixando ouviu o que ela dizia.

– Eu não acredito no acaso Byakuya-Sama. A vida deu outra chance para nós, e a estamos desperdiçando. – ela tocou o braço dele, chamando sua atenção para si. – Eu tenho certeza de que isso é tudo o que nós dois mais desejávamos: a nossa vida de volta.

– Era o que eu mais desejava. Nós já conversamos sobre isso Hisana. Quantas vezes terei de repetir? – o moreno suspirou. – Eu não quero magoá-la, então não me faça repetir de novo.

– Você já me magoou. – Hisana se aproximou perigosamente de Byakuya. – Mas você pode concertar isso. – ela tocou o rosto pálido dele, percorrendo os dedos numa leve carícia, aproximando o rosto perigosamente até conseguir o que queria: roubar um beijo dele. Byakuya se perdeu por alguns segundos, mas logo afastou indignado, e em seguida se levantou.

– Nunca mais repita isso, entendeu? – ele suspirou em um pequeno momento de ira. - Desista.

– Você desistiu de mim?

– Na verdade eu só... Segui com a minha vida. – ele se levantou. – Uma coisa que você infelizmente não podia fazer para me acompanhar. – após isso, ele caminhou em direção á casa, deixando-a para trás.

– Vida que vai terminar. – ela olhou para a janela do quarto de Byakuya, onde a luz estava acesa e sorriu. – Hoje.

Byakuya sobe as escadas em direção ao seu quarto. Ao adentrar o cômodo, se deparou com o ruivo, pegando um bolo de roupas e as colocando de qualquer jeito dentro de uma bolsa. O moreno ficou algum tempo parado na porta, intrigado.

– O que está acontecendo Renji? – perguntou, aproximando-se dele.

– Eu to caindo fora, é isso. – ele colocou uma blusa com força dentro da bolsa.

– Por quê? – Byakuya exaltou a voz, começando a se desesperar.

– Porque é assim que tem que ser, você não vê? – o ruivo suspirou. – Ela tem feito de tudo para ficar com você e agora eu vejo que é com ela que você deve ficar. Não vou atrapalhar mais.

– Quem te disse isso Renji? Você não está atrapalhando ninguém. – o nobre segurou no braço de Renji. – Eu escolhi você.

– E por que vocês estavam se beijando no jardim? – o ruivo capturou a expressão de Byakuya, que mudava de surpresa para indignada.

– Não, você não entendeu, ela que...

– Eu não vou mais ficar aqui fazendo papel de tolo. – Renji juntou o resto das coisas e fechou a bolsa. – Você ainda a ama. Fique com ela.

– Renji, espera, eu... – o moreno foi caminhando junto com o ruivo, enquanto ele descia as escadas.

Hisana estava passando por ali, mas ao ver os dois se aproximarem do hall, se esconder em qualquer lugar no corredor observando tudo.

– Seja feliz com ela. – foram as últimas palavras de Renji antes de ele sair pela porta.

Byakuya estava paralisado diante da porta, se sentindo destruído. Não podia acreditar que Renji o havia abandonado. As lágrimas enchiam seus olhos claros ameaçando transbordarem as barreiras a qualquer momento. Subiu as escadas correndo, e fechou a porta do quarto com violência, num baque alto, que invadiu a casa, agora silenciosa.

Assim que a porta bateu, Hisana não pode deixar de sorrir.


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Notas finais do capítulo

E ai gente? Parece que eu só complico mais as coisas a cada capítulo né? kkkkkkkk
Peço desculpa pelas passagens de tempo serem muito rápidas, mas caso contrário essa Fanfic teria quase o dobro de capítulos xD
Mas qualquer dúvida é só perguntar ok n-n