Kaos - A Filha de Simbad escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 9
Confiança


Notas iniciais do capítulo

"Porque ele faria o mesmo por mim", será mesmo que essa fala se aplica a piratas como Jack Sparrow?



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– Meus irmãos! - Barbosa começou a dizer.

Fiquei observando todo aquele ouro que pegaram e não dando a mínima atenção ao que ele falava. Dei uma olhada nos marujos, eles eram bem fortes, pelo menos a maioria, e tinham uma cara terrível, como se fossem os seres mais terríveis do planeta, os seres mais vis. Suas tatuagens, o jeito rude, nada que eu tivesse visto em minha vida marítima ao lado dos meus pais. Alguns parecidos com os que vi em Tortuga, mas os de Tortuga não me davam medo por serem bêbados patéticos, esses pareciam nervosos, dispostos a matar qualquer um por apenas uma pulseira fina de ouro.

Então meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi a tampa do grande baú cair e eu vi o reflexo de rechonchudas moedas de ouro, muitas delas e foi aí que eu prestei atenção no que acontecia.

– O tesouro amaldiçoado do próprio Cortês - dizia Barbosa passando a mão nas moedas. - E cada peça que se extraviou, nós recuperamos, menos esta! - ele apontou para o peito de Elizabeth e foi quando notei que ela estava com um colar com um medalhão de ouro.

Então aquilo eram medalhões e não moedas rechonchudas.

– Precisamos salvá-la - disse Will tentando subir no espaço da janela.

Me afastei e Jack o segurou pela manga, fazendo com que ele esbarrasse em algumas moedas que caíram levemente morro abaixo, mas pela agitação dos piratas ao saber que acabariam com a maldição, nenhum deles deve ter ouvido.

– Will, vamos esperar o momento certo - disse Jack para ele seriamente e nós nos abaixamos para não sermos vistos daquela "janela".

Jack saiu e começou a andar pela caverna. Eu e Will nos olhamos e Will pareceu ter ficado um pouco nervoso.

– Quando então Jack? Quando eu me tornar a sua peça valiosa de troca? - Will perguntou e Jack parou.

– Eu posso te perguntar uma coisa? - Jack se virou para Will. - Já te dei razões para não confiar em mim? - ele chegou bem perto do rosto de Will, encarando-o seriamente.

Eu pensei que sim, afinal, ele ser um pirata já não se deve confiar, sim, isso me incluiria. Mas Will não respondeu nada.

– Então, faça-me o favor, eu sei que é difícil pra você, mas fique aqui e tente não fazer nenhuma bobagem.

Jack então continuou seu caminho pela caverna e eu me aproximei de Will.

– Você vai mesmo esperar aqui? - perguntei baixinho pra ele.

– Eu não sei. E se eu realmente estragar tudo?

– Eu também não sei. Acho que vou esperar aqui com você, qualquer coisa eu te protejo.

Will começou a rir.

– Me protege?

– É... acha que eu não consigo? - me aproximei dele com as mãos na cintura e o encarei do mesmo modo que Jack fizera.

– Acho que não - ele disse com um sorriso.

– Você verá o quão habilidosa eu sou Will Turner.

– Vou atrás do Jack - ele respondeu saindo do meu momento de encarar e pegou um remo.

– O que você vai fazer? Ele disse pra não fazer nenhuma besteira - comecei a ir atrás de Will sussurrando.

– Não dá Kay, não posso ficar aqui parado para ele me usar como barganha.

– Do que você está falando?

– Por alguma razão esses piratas me querem e o Jack sabe exatamente porque, tem algo a ver com meu nome que eu mesmo não sei.

– Eu sabia que você era um pirata - eu disse orgulhosa de mim.

– Pare com isso Kay, meu pai poderia ser um pirata, mas eu não sou - ele disse nervoso e eu recuei.

Ele respirou fundo e foi atrás de Jack e eu atrás dele, não tenho a menor ideia do que ele vai fazer mas não vou ficar sozinha lá perto do barco, ainda mais porque eu quero participar da ação e não ser uma Capitã medrosa. Então, quando achamos Jack e nos aproximamos devagar, ele nos olhou e quando ia falar, Will deu uma pancada forte com o remo na cara dele e eu levei minha mão à boca.

– Desculpe Jack, eu não serei o seu objeto de barganha.

– Will! - comecei a xingá-lo baixo e dei um tapa em seu ombro. - Você enlouqueceu?

– Não Kay, não serei um objeto de um pirata. Não sou estúpido.

– É sim! - olhei para Jack desmaiado. - Ei! Onde você vai? - Will estava saindo dali.

– Vou salvar Elizabeth.

– Você enlouqueceu de vez Will? - agora eu estava nervosa e gritar entre sussurros era terrível. - Vai deixá-lo aqui? Desse jeito? Vão matá-lo.

– Desde quando você se importa? Ele faria o mesmo com você para conseguir o que quer.

– Eu sei, mas... - olhei para Jack e pensei no tremendo ódio daqueles marujos que pareceram na cela dele. Só não o mataram porque tinha uma cela protegendo-o, agora, seria muito fácil. - Eu não posso fazer isso.

– E o Código Pirata?

– Eu não ligo pra essa parte desse Código idiota.

– Vamos Kay, não temos muito tempo, ele não ficaria pra salvar você.

Será? Pensei. Fiquei olhando para Jack e tentei ir atrás de Will, mas eu não conseguia, eu não podia deixá-lo ali, ele me ajudou a sair de Port Royal e ele me deve um navio. Aaah que droga, não acredito que quero salvar essa miserável vida de Jack Sparrow. Que raiva de mim mesma!

– Eu vou ficar.

– Kay...

– Vá e diga ao Kyle que eu estou bem, que eu voltarei em breve para o navio.

– Digo o mesmo ao Sr. Gibbs?

– Não, com o Sr. Gibbs, siga o Código.

– Você tem certeza Kay?

– Tenho, vai logo. Tenho que dar um jeito nele.

– Você é louca, ele não faria o mesmo por você.

– Eu sei - mas provavelmente faria pelas mesmas razões que eu, pensei.

Will se foi e eu tentei pegar Jack pelos braços e empurrá-lo até o nosso bote, mas nossa, como ele era pesado, cheio dessas tranqueiras e ainda completamente apagado. Vou confessar que tive uma enorme dificuldade e meu braço prejudicado pela corda anos atrás, doía, assim como meu pulmão começou a doer, não era uma dor terrível, mas era uma dor que me fazia parar muitas vezes só de tentar pegar Jack.

Desisti de arrastá-lo e me ajoelhei perto da cabeça dele. Coloquei a mão no meu pulmão, estava doendo muito, eu não fazia esforço assim desde o dia em que segurei meu pai na beirada do navio, era como segurar outra vez. Era menos pior, mas eu não ia conseguir.

– Droga - murmurei e olhei ao redor.

Maldita dor.

– Jack! - comecei a chamá-lo em sussurros altos e a bater em seu rosto de leve. Comecei a sacudi-lo com força. - Acorda Jack, pelos deuses! Foi só uma pá - como se uma pá na cara fosse uma coisa tão simples. Foi então que eu comecei a ouvir um rebuliço, os piratas gritavam como se fossem atacar - Ai não, anda Jack, acorda! Droga, droga, droga. - eu os escutava cada vez mais próximos pela caverna.

– O que? - Jack finalmente acordou.

– Ah... finalmente - eu disse aliviada.

Jack se levantou e colocou a mão na cabeça.

– Cadê aquele garoto estúpido?

– Não importa agora. Vem, temos que voltar para o navio.

Levantei e senti uma dor grande na minha costela e me apoiei na parede.

– Tudo bem aí? - ele cambaleou, pegou o remo e se apoiou no meu ombro, ele parecia ainda atordoado.

– Estou bem. Temos que sair daqui - eu disse.

Respirei fundo para a dor passar e nós continuamos o caminho, comigo na frente, porque Jack estava cambaleando e parecia tentar fazer sua visão melhorar, pois piscava com frequência e olhava para coisas aleatórias.

Ao chegarmos numa bifurcação, Jack acabou indo para o lado errado, ou seja, o lado que dava de cara com os marujos furiosos do Pérola Negra. Quando eu o notei, outros dois piratas estranhos, um gordinho careca e um magrelo com um olho de mentira, também o notaram. Corri até Jack, para puxá-lo de volta para o caminho.

– Opa, opa, opa. Espere aí mocinha - disse o careca e vários outros piratas começaram a se aproximar do Jack zonzo e de mim segurando em seus ombros e, óbvio, usando ele como escudo.

– Você - disse o magrelo analisando-o bem.

– Você devia estar morto! - disse o careca.

Okay, estou ferrada.

– Não estou? - disse Jack se analisando.

Ele confirmou, se virou e tentou correr tropeçando em mim, até que havia um outro com uma espada bem atrás da gente. Pensei em pegar minha espada, mas acredito que seria muita bobagem da minha parte sendo que estávamos cercados e então eu tive uma ideia.

– Parolá! - gritei entrando na frente de Jack, com todas as armas, espadas e facas apontadas pra gente e em alguns era possível ver o desejo pelo sangue de Jack. - Exijo Parolá - eu disse erguendo a cabeça confiante.

– Isso aí... Parolá - disse Jack se apoiando em meu ombro e dando uma risadinha.


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