Kaos - A Filha de Simbad escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 7
A Tormenta


Notas iniciais do capítulo

Kaos precisa decidir se seu desejo realmente é chegar à Isla de Muerta.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/515909/chapter/7

O que eu mais desejo. A bússola poderia me levar para aquilo que eu mais desejo. O ponteiro da bússola começou a apontar para dois lugares, confusa.

– Vejo que está confusa, não prefere me entregar e...

– Não! - afastei a bússola das mãos de Jack. - Me dê um bom motivo para querer ir à Isla de Muerta.

Comecei a encará-lo e ele respirou fundo impaciente.

– Teremos o Pérola Negra de volta - ele disse.

Teremos? Desde quando um navio pode ter dois Capitães?

– Olha - ele se aproximou de mim, segurei a bússola com força contra meu peito e fiquei olhando seriamente em seus olhos -, se pegarmos o Pérola, eu te ajudo a ter um navio só seu. Um navio tão poderoso quanto o Pérola.

Ele sorriu, eu ainda estava desconfiada se era mesmo possível, ou se podia confiar nele, afinal, ele é um pirata. Mas depois pensei que graças a essa promessa, ele não se livrará de mim tão cedo, afinal, eu o salvei de Port Royal e é claro que jogarei isso na cara dele sempre que necessário.

– Tudo bem. Feito.

Empurrei ele pelo peito para que se afastasse de mim e voltei a olhar para a bússola, que agora apontava para um lugar só. Peguei o timão com a outra mão e comecei a guiar o navio em direção à Isla de Muerta.

– Marujos! Preparem-se! Vamos para Isla de Muerta - Jack anunciou com um sorriso malicioso.

Pude ver a cara de preocupação de alguns marujos. Rato e Kyle me olharam e eu assenti para confirmar que de fato iríamos para Isla de Muerta. Eles assentiram de volta e começaram a preparar o navio para qualquer curva que fosse necessária.

O caminho foi tranquilo, até que fomos pegos por uma tempestade muito forte. Foquei em prestar atenção à bússola e fazer o possível para que o navio não virasse, porém, comecei a ver algumas coisas que não estavam ali naquele momento. Ali estava o navio do meu pai, com os marujos sendo jogados de um lado para o outro. Meu pai corria para tentar subir à popa e tinha dificuldade por causa da água do mar lhe dando socos de um lado a outro.

– Rato! - ele gritou com dificuldade.

Fechei os olhos e balancei a cabeça, aquela visão estava saindo de controle e continuei a guiar o navio, com problemas que outras pessoas estavam resolvendo. De repente, uma onda enorme atingiu o lado direito do navio, fazendo com que eu tivesse que me agarrar com mais força ao timão e segurar mais forte a bússola. Quando me reergui, eu estava vendo o navio de cima. Rato estava me segurando enquanto me levava para a vigia.

– Não Rato, eu tenho que lutar! - eu disse tentando sair da vigia.

– Não pequena Capitana! Simbad disse para proteger você aqui! - ele me segurou e se equilibrar parecia impossível.

Olhei para baixo, era uma ordem do meu pai, mas era horrível ficar ali enquanto todos estavam passando por terríveis problemas lá embaixo. Vi meu pai no timão, ele gritava algumas ordens que eu estava com dificuldade de entender. Mas espera, eu que estou no timão, não é? Novamente fechei os olhos e balancei a cabeça.

– Kay? - Will estava perto de mim e balançava meu ombro.

– Eu estou bem - respondi gritando por causa da tempestade.

– Não parecia que estava bem.

– Eu estou bem, Will! Vai ajudar os outros. Vai! - ele estava receoso em ir.

Assim que ele se foi, voltei a me concentrar no caminho que devia seguir, mas graças a um empurrão forte, quando tirei a água dos meus olhos, tudo o que vi foi eu caindo em queda livre da vigia que estava destruída e pegando fogo. Virei para baixo, eu não sobreviveria à queda, até que de repente, senti algo forte contra o meu corpo, que tentou proteger minha cabeça enquanto caíamos e rolávamos pelo chão escorregadio do navio. Quando consegui ver novamente, vi que era meu pai, que se aproximou de mim tirando meus cabelos do rosto para que pudesse me ver melhor.

– Você está bem Kay? - ele me perguntou preocupado e ofegante.

Não consegui responder, só balancei a cabeça positivamente. A água começou a nos jogar para o lado e meu pai tentou se agarrar em algo enquanto eu me agarrava a ele e ele me segurava. Fechei os olhos, eu precisava voltar para o momento certo e sair de minhas lembranças. Novamente enxerguei o navio, tive que fazer uma curva muito brusca de uma rocha que apareceu do nada na escuridão, afinal, eu só enxergava direito quando aparecia um relâmpago. A curva foi feita com sucesso, dei apenas um raspão à bombordo do navio, que arrancou uma boa lasca. Pensei em quanto meu pai ficaria furioso com isso e encolhi os ombros, prestando mais atenção ao caminho.

– Kay, segure-se! - disse meu pai com dificuldade.

Ah não, voltei à minha memória daquele dia terrível. Meu pai me puxou para perto do mastil, pegou uma corda e pediu para que eu segurasse.

– Segure firme, ok? Não importa o que aconteça, não solte! Entendeu?

Balancei a cabeça positivamente e comecei a enroscar o meu braço na corda. Não, eu não quero mais ver essa memória, não quero. Fechei os olhos com força, eu não quero me lembrar do que aconteceu em seguida.

– Kaos, deixa que eu assumo - disse Jack se aproximando de mim.

Olhei para minhas mãos, a bússola estava na mão esquerda e o timão na mão direita, estava tudo bem.

– Eu dou conta - eu disse.

– Você não está bem Kaos. Você está com esses olhões vagos, nem parece que está aqui, me dê o timão e a bússola.

– Não! Eu consigo - eu tenho que conseguir, pensei comigo mesma, eu preciso enfrentar isso.

Respirei fundo e quando um relâmpago muito forte apareceu, minha visão ficou perturbada por alguns segundos e quando voltou, eu não conseguia escutar nada, havia apenas um zumbido e eu estava segurando meu pai por apenas um braço para ele não cair no mar. Ele falava alguma coisa mas eu não conseguia ouvi-lo, comecei a chorar e apertei meus olhos para sair daquele momento. Eu estava chorando mesmo, a minha sorte era que ninguém sabia que eu estava chorando, pois a chuva e o mar se misturavam com as minhas lágrimas.

Então, lutando para não voltar àquele momento, finalmente o sol estava querendo aparecer e a tempestade se foi. Fiquei paralisada, segurando forte o timão e a bússola. Então percebi que tudo acabou, eu consegui passar pela tempestade sem desistir.

– Kaos? - Jack me chamou, parecia preocupado, mas eu não consegui olhar pra ele, tudo o que fiz foi soltar o timão e me afastar. - Kaos? - seu tom de voz era de estranhamento.

Comecei a sorrir por ter conseguido, andei até as escadas e me sentei, praticamente me jogando no degrau.

– Pequena Capitana? - Rato se aproximou e ficou me olhando com preocupação e estranhamento. Kyle estava ao final da escada e também me olhava da mesma forma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kaos - A Filha de Simbad" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.