Kaos - A Filha de Simbad escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 12
Prioridades


Notas iniciais do capítulo

Como os tripulantes do Pérola são imortais, já era de se esperar que os marujos do Interceptor perdessem a batalha, mas agora, Kaos sabe que se Will conseguir barganhar algo, ela não será sua primeira escolha.



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Will estava preso na parte de suprimentos do navio, que estava enchendo de água. Eu e Elizabeth tentávamos tirar a madeira da parte de cima, mas estava ficando cada vez mais pesado. Mesmo com toda a nossa força, os pedaços se moviam lentamente.

De repente, eu e Elizabeth gritamos, pois fomos surpreendidas por marujos do Pérola, que nos pegaram pelos braços e nos afastaram de Will.

– Will!! - Elizabeth gritou tentando se soltar deles.

– Elizabeth! Kay!

– Estou bem - eu disse sem me debater, apenas levantei as mãos e olhei para os marujos. Eles me balançaram, apertando com mais força o meu braço. Olhei para eles com raiva, eu estava quieta, queriam que eu estivesse gritando e esperneando loucamente como Elizabeth? Pelos deuses...

Eles me levaram para o canto do navio, ao lado de Rato que já fora surpreendido.

– Olá Pequeña Capitana - disse Rato.

– Oi Rato. Mais um dia como qualquer outro, não é mesmo? - eu disse rindo e ele me acompanhou.

– É tão bueno ver que você está bien.

Sorri para ele e ele correspondeu. Kyle apareceu me abraçando de lado bem forte, pude sentir alguns dos meus ossos estalarem. Assim que ele me colocou no chão comecei a me endireitar.

– Você está mesmo bem. Quase fui atrás de você mocinha - disse Kyle.

– Nada... estava tudo sobre controle. Tudo bem que fomos rendidos, mas está tudo indo de acordo com o plano - sorri, eu não tenho ideia de que plano eu estava falando, mas minha confiança de que tudo daria certo estava maior.

– Senhores! Nossa esperança foi restaurada! - Barbosa gritou.

Olhei para trás e vi Barbosa se apoiando na escale, com seu macaco no ombro e Jack abaixado no mastil que se transformou em ponte. Pela cara dele, não parece que houve uma barganha e sim que o macaco entregou o colar primeiro à Barbosa. Suspirei pesadamente e então me lembrei de uma coisa: Will. Ai meu Deus! Ele estava se afogando lá embaixo! Ele tem que encontrar uma saída e fugir daqui, nadar para longe ou boiar num pedaço de madeira.

Os piratas começaram a se movimentar e a nos empurrar para o Pérola. Ficamos lado a lado. Eu estava entre Kyle e Rato, Jack estava umas duas pessoas depois de Rato e então veio até o meu lado, roubando o lugar de Rato, que ficou um pouco nervoso.

– Parece que precisamos de outro plano - ele sussurrou olhando pra frente.

– Você acha? - fui irônica

– Aquele que falar a palavra "Parolá" irá levar chumbo na cara, ouviram? - disse o pirata careca que não era de todo careca, mas era como eu o identificava, o careca gordinho, enquanto nos rodeava com a pistola apontada para nossos rostos.

Elizabeth então se soltou da amarração mal feita que os piratas fizeram no mastil e foi toda pomposa em direção à Barbosa. Só sei que qualquer tentativa de valentia seria estupidez nesse momento. Então escutei uma explosão, olhamos para o lado e vimos o Interceptor ir para os ares. Will... Will estava lá... ah que droga, meus olhos estão começando a marejar. Não, não, não. Eu não podia perder o meu melhor amigo assim. Olhei para o chão para disfarçar minhas lágrimas, minha respiração se acelerou e minha garganta ficou seca. Fechei os olhos. Por que um quase parente meu tinha que morrer? Por que pessoas como o Capitão Bench não morrem no lugar deles?

– Seu pirata perverso! - Elizabeth gritou, olhei para frente e vi ela indo para cima de Barbosa com socos.

Barbosa segurou seus braços de maneira que ela não conseguia encostar um dedo nele e ainda assim ela tentava socar seu rosto.

– Bem-vinda de volta senhorita - ele a aproximou do rosto dele. - Você se aproveitou da nossa hospitalidade da última vez e acho justo que agora retribua o favor.

E então Barbosa a jogou no meio dos marujos e eles começaram a passar a mão em seu corpo, seu cabelo, seu rosto e ela gritava e esperneava, mas um pirata segurou seus braços. Eu disse que ela havia feito uma bobagem, exatamente por isso só me pronuncio quando estou em vantagem, por isso, nem fazer algo para salvá-la eu podia. Nem Jack pelo visto, pois estava quietinho ao meu lado.

– Barbosa!

Will!, pensei. Suspirei aliviada, um suspiro bem pesado. Ele estava vivo, eu queria abraçar aquele idiota, um abração por ter sangue pirata e ser tão inteligente, mas eu não podia sair daquele lugar ou eu seria jogada para os marujos nojentos do Pérola, pois entre eu e Elizabeth, claro que ele salvaria sua amada Elizabeth. Will pulou para dentro do navio, armou uma pistola e apontou para Barbosa com raiva.

– Ela fica livre - ele disse se referindo à Elizabeth, é claro. Como se surpreender com isso, surpresa seria se me libertasse, isso sim.

– Está pensando o quê, menino? - disse Barbosa nervoso se aproximando de Will.

– Ela fica livre - ele repetiu nervoso.

– Você só tem uma bala e nós não morremos - Barbosa cantarolou vitorioso.

– Uma bala? - Jack arregalou os olhos, era a pistola dele ali. Will também sabia que aquela era a pistola dele e olhou em nossa direção. Jack juntou as mãos - Não faça nenhuma bobagem - ele implorou para Will em voz baixa.

Will então correu para a beirada do navio e se segurou na escale.

– Vocês não morrem - apontou a arma para Barbosa e depois para sua cabeça -, eu morro.

Elizabeth ficou em pânico. Claro que ele tinha um plano, ele não ia se matar, era o trunfo dele naquele momento, pelos deuses gente, isso está na cara.

– Ou essa bobagem - disse Jack triste ao ver que sua bala seria desperdiçada.

Sério mesmo que todos estavam acreditando nessa bobagem do Will?

– Quem é você? - Barbosa perguntou para Will.

– Ah, ninguém, ninguém - Jack andou até Barbosa. - Um familiar distante, sobrinho da minha tia de segundo grau, andou arrastando pelos cantos e agora porém está meio... louco, sabe? - Jack deu uma risadinha.

– Meu nome é Will Turner - Will gritou ainda com a arma voltada para sua cabeça. - Meu pai era Bootstrap Bill Turner. O sangue dele corre nas minhas veias - Jack abaixou a cabeça e voltou para o meu lado morrendo de medo de perder sua única preciosa bala.

– Ele é a imagem cuspida de Bootstrap que veio nos assombrar - disse o magrelinho do olho de vidro.

– Acreditem. Façam o que eu mandei ou puxarei o gatilho e desaparecerei no fundo do mar! - disse Will.

– Diga o que quer Senhor Turner - disse Barbosa e pelo tom de voz ele tinha segundas intenções perigosas.

– Elizabeth livre! - É claro, como não pensamos nisso antes?, pensei.

– Tá, já disse isso, mais alguma coisa?

Jack apontou para ele mesmo e para mim, olhei estranho para Jack.

– E a tripulação não será molestada.

Sério que vai esquecer da sua amiguinha do mar aqui Will Turner?

– Concordo - disse Barbosa sorrindo.

Obrigada Will, pensei ironicamente.

– Que amigo - Jack sussurrou em meu ouvido.

– Nem me diga - eu respondi em sussurros encarando Will.

O navio zarpou até uma ilha e então eles arrumaram a prancha.

– Que tal um pequeno divertimento senhores? - disse Barbosa animado.

Will ficou preso por vários marujos. Barbosa pegou Elizabeth pelo braço e a colocou na prancha. Todos ameaçavam ela com espadas e facas e ela andava para trás um pouco assustada, até que andou até a ponta dela com o seu vestidão vermelho.

– Barbosa, seu canalha! - Will gritava. - Prometeu deixá-la livre!

– Não ouse baixar minha honra menino! - disse Barbosa com raiva. - Concordei em deixá-la livre, mas você não especificou quando ou onde - ele riu e então os marujos prenderam a boca de Will com um pano. - Mas é uma pena perder uma coisa tão bela, não é rapazes? - os piratas confirmaram. Eu não achava tão bela assim, mas... - Antes que vá embora eu quero o vestido de volta - todos começaram a rir maliciosamente.

Elizabeth começou a tirar o vestido com raiva e superioridade e Jack tentava se reconciliar com alguns marujos, mas eles queriam esfolá-lo vivo. Eu estava ali, quietinha.

– Combina com o seu coração negro - e jogou o vestido nas mãos de Barbosa.

Elizabeth parou e ficou olhando para Will da ponta da prancha, só faltavam as palavras de amor e então, o marujo alto e forte como o Kyle, mas com cara de mal, ficou impaciente, pisou na prancha, fazendo-a tremer e então Elizabeth caiu no mar com seu vestido branco que ela um pijama ou roupa íntima em Port Royal, não me lembro bem. E então os piratas empurraram Jack para a prancha.

– Eu esperava que tivéssemos superado isso - disse Jack sorrindo para Barbosa.

– Jack... Jack... - Barbosa o abraçou de lado. - Não sei se notou, mas aquela ilha é a mesma que lhe deixamos da última vez.

– É... eu notei...

– Talvez realize outra fuga milagrosa, quem sabe? Mas eu duvido - ele riu e tirou a espada para que Jack começasse a andar na prancha. - Hora de ir.

– Da última vez me deu uma pistola com uma bala.

– Pelos deuses! Tem razão! Onde está a pistola de Jack?

E então Barbosa pegou a pistola e a espada de Jack. Jack barganhou para conseguir duas pistolas, mas Barbosa negou e disse para que ele fosse um cavalheiro e matasse a dama primeiro. Ush... que isso..., pensei. Barbosa jogou a espada e a pistola de Jack no mar e então Jack saltou da prancha, mergulhando para pegar suas coisas.

– E vejam só quem temos aqui - ele olhou pra mim. Oh-oh, agora eu existo.

Kyle ia fazer alguma coisa, mas os marujos o seguraram.

– Oi - sorri.

– E então ratinha, viu o que fizemos com o seu precioso Jack Sparrow?

– Na verdade, ele não é meu... e nem tão precioso assim - eu disse como se fosse algo insignificante.

Barbosa me abraçou de lado pelos ombros e começou a andar comigo.

– Sabe garotinha, eu percebi que vocês dois tem algo especial juntos.

– O quê? - ri.

– Isso mesmo. E acho que te deixar no meu navio, será como uma espécia de... praga, sabe?

– Praga? Acredita nessa superstição que o navio não é lugar pra mulher? Isso é ridículo, meu pai tinha duas mulheres à bordo e...

– E está morto, não é mesmo? - ele sorriu pra mim e eu fiquei séria. - Fique tranquila minha jovem, não é por isso que a quero longe do meu navio. É porque essa sua cabecinha funciona de um jeito parecido com Jack Sparrow e eu não quero uma versão feminina de Jack Sparrow no meu navio - ele me jogou em cima da prancha.

– O quê? Eu não sou uma versão feminina de Jack Sparrow, okay? - fiquei nervosa. - Isso é um absurdo - as espadas foram apontadas pra mim e eu comecei a andar. - Eu sou Kaos, filha de Simbad! Não tenho nenhuma semelh...

Barbosa pisou firme na prancha, eu desequilibrei e caí no mar. Nadei para a superfície, que raiva, onde já se viu? Eu, versão feminina de Jack Sparrow? Pelos deuses... Sou muito melhor que Jack Sparrow... ridículo isso. Vou te mostrar Barbosa, você vai pagar caro por ter dito essa blasfêmia.


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