Matt

Acabei perdendo as contas de quantos poemas errados já havia escrito. O fato era que a menina de cabelos loiros, filha de Atena, não saía da minha cabeça, e ao invés de escrever um belíssimo poema para Mallory, uma menina com longos cabelos pretos como carvão, os olhos castanhos mais sedutores possíveis, me pegava escrevendo para uma menina loira, tendo de reescrever várias e várias vezes o poema.

Comecei a me estressar e me joguei na cama, bufando. Acho que Jimmy percebeu isso, pois logo em seguida perguntou:

–Cara, você tá legal?

Nesse momento, percebi que eu precisava de alguém para conversar, e Jimmy era a pessoa certa, e a única.

–Somos amigos não somos?

–Mais que isso mano, somos irmãos. - Jimmy olhou no fundo dos meus olhos, seus olhos verdes como uma floresta me convidando a ser o mais sincero possível - Vem cá, você tá querendo falar alguma coisa? Você sabe que pode contar comigo para tudo, não sabe?

–Ok. É uma garota...

– O quê? Você está apaixonado? – Ele simplesmente me interrompeu, falando mais alto do que deveria.

– Fala baixo, cara. Não quero que ninguém saiba.

– Tá bom, mas quem é a sortuda?- Falou com o ar de brincalhão dele.

–Eu não sei, mas é do chalé 6.

–Vai me dizer que não sabe por quem está apaixonado?

–Não. Ainda não. Mas vou descobrir, de alguma forma.

–Cara, dá logo um desses teus poemas para ela. Ela vai adorar!

–Será?

–Claro que sim!

Apesar de eu ser muito tímido para entregar um poema para uma garota, gostei da ideia, e comecei a trabalhar em um poema para a garota. Logo tive de parar o que eu estava fazendo, pois nos chamaram para informar sobre a captura da bandeira, o que eu não gostava muito, mas sendo filho de Apolo, não me restava escolha.

***

As equipes foram anunciadas, e a captura das bandeiras já ia começar, e eu, para variar, ficaria fazendo alguma coisa inútil junto com Jimmy, enquanto os outros lutavam com suas espadas, e tentavam capturar a bandeira do time adversário.

Entramos na floresta, eu e Jimmy ficando mais distantes do grupo, fazendo absolutamente nada.

–Cara, eu acho que se continuarmos assim, vamos ficar assim para sempre.

– O quê? Explica melhor.

–Se nós continuarmos tímidos, sem fazer nada na captura, só no nosso mundinho, nunca vamos ser um Percy Jackson da vida.

–E quem disse que eu quero ser ele?

– Ok, um Leo Valdez. –ele percebeu que não tinha me convencido- escuta, se você quer continuar sendo o garoto que ninguém conhece, ótimo, mas eu não quero mais isso para mim. Vou atrás da bandeira.

Ele tinha razão, mas eu simplesmente não sabia o que fazer, e sabia que acabaria passando vergonha.

Alguns minutos depois, há uma gritaria vinda da outra parte da floresta, e percebo que a nossa equipe venceu. Praticamente não acredito no que eu vejo, pois logo à frente, Jimmy está sendo segurado nas alturas pela equipe.

–Matt! Eu consegui! Capturei a bandeira! – Mal o ouvi, pois estavam todos a sua volta, o abraçando, dando tapinhas em suas costas. Percebi que em menos de uma hora, meu melhor amigo era popular, e agora, eu me sentia cada vez mais sozinho.