Matt

Estava feliz por Jimmy, afinal, ele era meu melhor amigo, meu irmão. Mas não poderia negar que tinha uma pontinha de inveja dele. Digo e repito, eu sei que é errado ter inveja dos outros, e sei também o quão ele estava certo. Ele só queria ter o seu lugar no mundo, ou pelo menos no Acampamento Meio- Sangue.

Sentia Jimmy mais distante de mim, pois ele começara a andar com pessoas como os gêmeos Stoll , Leo Valdez, Andrew e até já conversara algumas vezes com Percy Jackson e sua namorada, a Annabeth Chase.

Estava terminando meu poema quando Jimmy chegou.

– E aí, cara! Como anda o poema para a amada?

–Muito bom - respondi, mas logo me arrependi de ter sido tão ríspido.

–Ok, já percebi que você não está a fim de papo. Vou dar uma saída, até mais. Ele já tinha se aproximado da maçaneta, quando o chamei de volta.

– O quê?

– Não sei se você anda muito ocupado, mas eu queria perguntar se você não poderia entregar o poema pra ela.

–Claro que sim! Avisa-me quando acabar- falou e saiu porta a fora.

“Claro que sim” não é o tipo de resposta que eu ouviria do Jimmy a alguns dias atrás, quando uma das consequências disso seria falar com uma garota. O fato é que ele realmente está mudado, ele perdeu aquela timidez que o impedira de falar com as pessoas, e não fica mais sozinho.

Terminei meu poema, e reli várias e várias vezes. Acho que é essa é a primeira vez que eu me importava tanto com um poema, afinal, era para uma garota especial, por quem eu havia me apaixonado, sem nem mesmo conhecer. Pode parecer loucura, ou até coisa de filme, mas eu acredito em amor a primeira vista. Ou passei a acreditar. Tanto faz.

Depois de jantarmos, voltei ao chalé, e no caminho, avistei a belíssima filha de Atena. Ela falava descontraidamente com os outros semideuses, com um livro debaixo do braço. Chamei Jimmy e pedi que entregasse o poema para ela agora.

Voltei para o Chalé de Apolo, já cansado. Mas não consegui dormir. Como será que ela reagiu ao receber o poema? Será que achou que era algum tipo de brincadeira? Ou talvez nem desse bola? Essas perguntas giravam na minha cabeça, me impedindo de ter uma noite tranquila.

***

Jimmy

Como prometi ao Matt, fui entregar o poema, lembrando de todas as exigências de eu irmão. Para não ficar tão feio assim, fui falar com Andrew, um dos filhos de Atena, um dos meus novos amigos.

–Ei, Andrew, tá vendo aquela menina ali? – apontei para a menina que estava próxima ao chalé de Deméter.

– A loira? Sim, ela é minha irmã. Por quê?

– Qual é o nome dela?

– É Laffi.

Fui em direção de Laffi. Graças aos deuses, havia perdido minha timidez, por conta do meu desempenho na captura das bandeiras. Agora, tinha vários amigos no acampamento e meus irmãos falavam comigo, mas confesso que às vezes sinto falta de não falar tanto com Matt, como costumávamos falar. Cheguei perto do grupinho onde ela estava, e tentei ser o mais educado possível.

–Licença, Laffi, eu poderia falar com você um minuto?

– Claro –sua voz era delicada, e ela tinha um jeito meigo e simpático de falar – Desculpa, acho que ainda não fomos apresentados, qual é o seu nome?

– Jimmy, filho de Apolo. Prazer.

– Ótimo, vamos dar uma volta então, filho de Apolo – Laffi sorriu de maneira sarcástica.

Em seguida, nos afastamos dos chalés, e caminhamos, mantendo uma distancia confortável um do outro. Quando já estávamos longe o suficiente dos chalés, paramos e eu falei.

– Laffi, eu preciso de te entregar uma coisa. Na verdade é um poema, mas não é meu. Eu sou só o mensageiro.

– Uau, um poema, pra mim? Que honra. Mas para ser mensageiro tem que ser filho de Hermes, não confunda as coisas, mocinho – rimos juntos. Percebi que já estava ficando tarde e falei:

– Não é melhor voltarmos aos chalés? Está escurecendo.

–Não me diga que tem medo de escuro? – brincou Laffi.

–Não tenho medo de escuro - disse em minha defesa.

– Faz todo sentido você ter medo de escuro, sendo O Filho de Apolo – brincou mais uma vez, e rimos novamente enquanto voltávamos para os chalés.

Chegamos ao chalé 6, e nos despedimos.

– Gostei de te conhecer, Jimmy. A gente podia caminhar algum outro dia de novo, né?

–Claro que sim! Boa Noite, Laffi.

– Boa noite, Jimmy. – estava indo para o meu chalé quando ela voltou a falar.

– Espere, de quem é mesmo o poema?

–Não disse, e não pretendo dizer. O poeta pediu silêncio.

– Tenho um admirador secreto então?

– É, poderíamos chamá-lo assim. Até mais.

– Até mais, diga pro meu admirador que eu vou ler o poema com carinho.

Voltei para o chalé, e desabei na minha cama. Matt já estava dormindo, resolvi não acordá-lo. Ele falara sério, ela era realmente muito linda e... Meus Deuses! Eu aceitei o convite dela para caminhar comigo? E o Matt? Droga, como não pensei nisso antes, afinal, Matt é quem está apaixonado pela Laffi, e não eu. Mas ela foi tão educada, exalava simpatia e era descontraída, não poderia simplesmente dizer um “não” bem na cara dela. Bom, mas sair com ela só uma vez não vai fazer diferença, poderemos ser só amigos, certo?