Matt

O dia passava tranquilo no Acampamento Meio-Sangue, como na maioria das vezes, e lá estava eu, treinando com o meu arco e flecha, como costumo fazer, já que não tenho com quem conversar, exceto meu meio irmão, o Jimmy. Estou treinando porque não sou bom com o arco e flecha, o que é vergonhoso, considerando que eu sou filho de Apolo, e não tenho habilidade com nenhum tipo de arma. Faz dois anos que estou no acampamento, mas não tenho muitos amigos, deve ser pelo meu jeito desengonçado de andar, ou talvez por eu não ter herdado a beleza de meu pai. A maioria dos campistas me procuram quando querem agradar as namoradas, com poesias, já que essa parece ser uma das únicas coisas em que sou bom. Acho que me dei bem com Jimmy por ele ser meio tímido, assim como eu. Ele é um pouco mais alto e mais novo que eu, ele tem 13, e eu 14.

Parei para descansar, e agora estou observando Percy Jackson treinar. Ele parece ser ótimo em tudo que faz, é filho de Poseidon, além de ser um menino que todas as meninas querem como namorado, e ser rodeado de amigos. Sei que é errado, mas eu o invejo. Mas eu sou apenas o Matt e tenho que me contentar com isso. Sou o menino do chalé 7, que vive sozinho, que passa despercebido até pelos irmãos.

–Ei, Matt! Você está muito ocupado?

Era Andrew, o galanteador que entrou no ano passado no Acampamento, que já conquistou o coração de muitas.

– Não, Andrew, o que você quer?

– Será que você pode fazer uma poesia para eu dar para uma gatinha?? A Mallory, do 10.

–Claro, sem problemas.

Como parte do meu trabalho de poeta, procuro sempre conhecer para quem irá ser a poesia, portanto, fui à procura de Mallory.

Encontrei-a pouco tempo depois, perto do chalé de Afrodite. Sabia que era ela porque todas as outras meninas a sua volta falavam coisas como “Mallory, viu como ele olhou para você?” ou “Mallory, ele está caidinho por você!”. Ela era muito bonita, assim como todas as filhas de Afrodite, mas uma garota em especial me chamou atenção. Ela estava nos degraus do chalé de Atena, deduzi que era filha da deusa da sabedoria. Possuía cabelos loiros e brilhantes, como se fossem raios de Sol, os olhos azuis como o Oceano, e a beleza pura, podendo ser confundida facilmente com uma das filhas de Afrodite. Estava concentrada, e o vento batia em seus cabelos, mas não parecia incomodá-la. De repente, ela levantou os olhos do livro, seu olhar vindo em minha direção. Percebi que estava a encarando, e quando ela sorriu para mim, de um jeito meigo e doce, desviei o olhar. Tinha de achar uma maneira de ir falar com ela. Mas falaria o quê? “Oi, te achei linda.”. Ela iria rir de mim, e eu iria parecer um idiota. Mas eu precisava falar com ela. Era a menina mais linda que eu já tinha visto.