Nove Iorque nunca parecera tão cinza e fria. Alec estava sentado em um Café aleatório com uma caneca de café ainda intocada em sua frente. Desde a noite anterior, quando o telefone tocara, ele estava meio-dormindo e meio-acordado como em um transe. Havia muito tempo desde que ouvira aquela voz a última vez. E quando ele finalmente a ouviu, era como se nunca tivesse se sentido tão vivo. Foi quando ele começou a se perguntar: Por que ele ligou?.

Magnus e Alec estavam separados a quase seis meses. E muito havia acontecido nesse meio tempo. A família de Alec não estava aguentando o fato de Robert ter voltado para Idris de novo; Jace ainda estava enfrentando os problemas do fogo celestial e queimando algumas roupas no processo; e, é claro, o irmão demoníaco de Clary - Sebastian - estava aterrorizando o mundo com seu exército de Caçadores de Sombras negros.

Mas para ser justo, Magnus não havia simplesmente dado as costas ao ex-namorado: ele havia visto Alec em combate e o curado todas as vezes que o viu cair ferido. Alec, no entanto, não sabia disso. Ele achava que Magnus, o poderoso bruxo com centenas de anos de idade, já tinha o superado. E foi por isso que ele ficou completamente sem fala quando viu a chamada no celular com o nome Magnus. A ligação havia sido breve mas teve um poderoso efeito no Caçador de Sombras. Magnus queria vê-lo. O mais rápido possível. E isso era tudo que Alec precisava ouvir.

“Alexander.” ele ouviu aquela voz familiar e reconfortante que fazia seu coração acelerar o cumprimentar.

“Magnus.” ele respondeu sem levantar os olhos da caneca de café. "Você queria me ver." acrescentou, erguendo o olhar relutantemente para os olhos felinos do bruxo - que não havia sequer se movido em alguma tentativa de se sentar. Quando ele finalmente olhou Magnus nos olhos felinos naquele tom exótico de âmbar, ele sabia que o que quer que fosse que ele sentiu por ele estava de volta e ele não podia mais ignorar. Magnus usava uma camisa de seda preta com os dois primeiros botões abertos e uma calça cargo verde-militar. Seus pés estavam protegidos do clima frio por um coturno preto que era lindo e com uma leve aparência de ser perigosamente mortal. Seu cabelo estava mais longo do que quando Alec o vira pela última vez e estava cuidadosamente arrumado para parecer bagunçado com glitter fazendo com que brilhasse.

"Ora, sim Alexander. É claro que eu queria vê-lo. Quanto tempo ia se passar até que você tivesse a cortesia de me comunicar que encontrou um novo amor?" ele perguntou friamente, finalmente se sentando. Alec parecia extremamente confuso antes de responder com um sorriso tímido.

"Do que você está falando?"

“Daquela criatura medonha com quem o vi andando por aí." ele disse.

"O que... Quem? E desde quando você me vê?" ele questionou ao ficar cada vez mais confuso.

"Ah. Bom, eu... eu tenho que ficar de olho em quem, supostamente, está protegendo nossa cidade, país e planeta, não acha?"

"Eu, sinceramente, não faço ideia do que está falando - ou de quem está falando - então vou pular para a pergunta de um milhão de dólares: Por que, pelo nome do Anjo, você se importaria caso eu tivesse de fato encontrado outra pessoa? Foi você quem terminou comigo, lembra?" ele disse calmamente mas sem conseguir evitar soar magoado, já que era assim que ele se sentia. Quem Magnus achava que era para deixá-lo e depois voltar questionando sua vida amorosa? Sua óbvia acidez pegou Magnus desprevenido. O bruxo encarou Magnus como se não mais o reconhecesse.

"Bom, está bem. Eu não o vi com ninguém, era só um teste. Eu precisava saber se você já havia substituído meus doces beijos pelos de outra pessoa." Magnus disse. "Sinto sua falta, Alexander. E eu receio que não poderei te espionar de maneira correta se você for embora para Idris e morrer nesta ridícula batalha que esse tal Sebastian está travando."

Alec não conseguia acreditar no que ouvia. Sinto sua falta, Alexander. O sorriso em seu rosto foi invevitável e ele nem tentou disfarçá-lo. Pela primeira vez em meses ele estava sorrindo porque ele precisava disso e não para acobertar sua dor. Sua vida, que estava se resumindo a caçar e treinar e bater em coisas e nada além de violência e demônios, parecia mais leve.

"E o que você sugere?" ele perguntou cautelosamente, receando que se Magnus percebesse o quão feliz ele estava e o quanto aquela conversa fazia todo o resto parecer sem importância ele voltaria atrás no que quer que ele estivesse tentando dizer.

"Quero você, Alexander Lightwood. Pelo tempo que eu puder tê-lo, eu o quero. Eu entendo porque fez o que fez e eu o perdoo. Mas apenas se você também me perdoar." ele disse, os olhos queimando com a verdade de seu amor. "E se prometer que jamais fará aquilo novamente." acrescentou brincando.

Alec se levantou e olhou Magnus como nunca havia o feito antes. Aquela era a primeira vez que ele se sentia merecedor daquele amor e ele iria mantê-lo para sempre. Ele se aproximou de Magnus e pousou as mãos em sua pele caramelo; a palidez de sua pele contrastando com a bela cor de Magnus. E então ele o beijou. Um beijo melancólico e ao mesmo tempo apaixonado que poderia durar por milênios e ainda assim nunca pareceria ser o suficiente.

"Sinto muito, Magnus." Alec sussurou quando eles se separaram, ambos em pé no meio do Café vazio.

"E eu te amo, Alexander. Eu não poderei perdê-lo de visto nunca mais. Eu estive perto demais de te perder para sempre mais vezes do que posso admitir nesses últimos meses. Isso não acontecerá novamente porque o amor, meu doce caçador, é para os vivos."