Em Meus Olhos escrita por Gabriel Golden Fox


Capítulo 5
Explorando o desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei muito para postar, e eu peço mil desculpas. Andei sem inspiração, mas finalmente acabei.

Música para escutar: "Cellophane" - Sia



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Uma vez, eu tive que apresentar um trabalho de matemática na escola. Mas eu não tinha estudado nada nos dias anteriores por preguiça minha mesmo. E claro, estudei minutos antes de me apresentar. Estava com tudo decorado na mente, mas assim que eu fiquei de frente para o pessoal, tudo se foi, e eu fiquei mudo. Sentia minha barriga tremer e revirar. Estava muito nervoso, e fui punido pela minha negligencia em relação as minhas notas (eu disse que não era o aluno exemplar em relação as minhas notas). E eu senti o mesmo frio na barriga quando eu lembrei que faltava um dia para voltar à escola. Não poderia prever o que aconteceria comigo lá. Mas nesse dia Thiago e Leandro me visitaram para saber se eu estava bem. Se eu estava bem? Olha... Tirando todo aquele drama de antes, o fato de eu ter matado um aluno na escola, a íris do meu olho ter ficado todo violeta e eu ter falado com meu pai no ônibus sem saber quem era ele de verdade... É, eu estava bem. E me sentindo bem confuso com tudo isso.

– Como o seu olho ficou assim, cara? – perguntou Leo.

– Eu não sei ainda. Minha mãe disse que tem haver com o meu pai ou algo assim... E tem haver com o que aconteceu na escola... – eu disse, meio nervoso.

– Eu achei bem bacana. – disse Thiago sorrindo – Alias, obrigado por ter separado o Gustavo de mim.

– De nada. Mas me diga, o pessoal tem comentado sobre mim?

Que pergunta idiota eu fiz.

– Na verdade, não se fala de outra coisa pelo Facebook. Muita gente está com muita raiva, e ao mesmo tempo, medo de você. Te chamam de assassino, de bruxo. Mas tem um monte de aluno que acharam incrível o que você fez. – disse Thiago.

– Mesmo? Por quê? – eu perguntei, estranhando.

– Está de brincadeira? Você virou, tipo, um justiceiro dos geeks e dos nerds. Aqueles dois eram um dos principais agressores da escola, cara! E você os detonou como se fossem folhas de papel! – disse Leonardo.

– Mas eu não queria ferir ninguém! Eu juro! – eu disse de repente, quase gritando.

Quase nem notei, mas os cabelos de Leo e Thiago levantaram sutilmente, como se uma brisa tivesse passado neles. Mas foi bem no momento em que eu falei. Até a blusa deles fizeram algumas ondas. Eles me olharam desconfiados. A janela do meu quarto estava fechada, incluindo a porta do meu quarto.

– O que foi isso? – perguntou Leonardo.

– Acho que foi o mesmo troço de antes, cara.

Comecei a ficar apavorado.

– Que droga. Preciso aprender a controlar isso.

– Cara isso é muito legal! Você tem super-poderes! – disse Leonardo sorrindo.

– E o que tem de bom nisso? Quero dizer, e se eu tivesse gritado com vocês? Os dois estariam presos na parede! – eu disse seriamente.

– Ele tem razão, Leo. Mas primeiramente, precisamos saber o que é isso. – disse Thiago.

– Cara, está bem óbvio para mim que isso é um tipo de super-poder. – insistiu Leonardo.

– Tão querendo fazer experimentos comigo? É isso? – eu perguntei, sendo sarcástico. Mas para a minha surpresa, a resposta deles foi:

– Com certeza!

– Não acredito que eu vou mesmo tentar fazer isso... – eu comentei em voz alta.

Eu estava basicamente encarando um copo de vidro. Eles queriam que eu concentrasse nele e, com a força da mente ou com um grito, o quebrasse ou pelo menos fazer uma rachadura. De certa forma, eu me sentia um pouco usado, tipo um ratinho de laboratório. Mas sim, eu estava ansioso para saber do que eu era capaz.

– Tenta se concentrar no copo. Pense nele se mexendo ou se espatifando. Ou tente deslocar ele de um lugar para o outro. Sei lá, cara. Faz o que quiser com esse copo! – disse Leonardo.

– Você precisa exercitar seus dons para aprender a controlá-los, ou algo como a sua explosão psíquica aconteça de novo – disse Thiago.

– Tudo bem, eu vou tentar. – eu disse.

Então lá estava eu, encarando feito um idiota aquele copo. Fiquei encarando ele por nó mínimo, um minuto e trinta segundos. Isso começou a me deixar meio entediado e irritado. Foi ai que o copo deu uma leve tremida. Foi algo bem sutil, mas como estava tudo tão silencioso, foi um grande susto ver aquilo.

– Lucas! Você viu isso?! Foi do nada! – disse Leonardo maravilhado.

Leonardo era um garoto muito animado. Maravilhava-se com qualquer coisa que fosse inusitada para ele, como uma criança. Na verdade, ele tinha uma alma de criança, era muito inocente. Apesar de ser meio bobo, sempre via o lado bom das coisas. Tinha os olhos castanhos e os cabelos cor de avelã, lisos e curtos. Era bem pálido e como a maioria das pessoas no mundo, era mais alto que eu! Thiago, por outro lado, era o mais racional. Tirando esse dia em que eu movi o copo. Ele sempre pensou antes de agir, com exceção do dia da explosão, onde ele agiu por impulso. Do grupo Plutão, ele é o mais erudito. Por isso que eu fiz a tal experiência com o copo. Eu confiava nele, no meu melhor amigo. Ele usava óculos para seus olhos verde musgo. Tinha pele branca e cabelo preto azulado.

– Eu vi sim. Quero tentar de novo! – eu disse.

– Tudo bem, é só fazer o que você fez antes. Tente sentir o que você sentiu na hora. E no que você pensou durante?

– Em nada... Eu acho. Quero dizer, eu estava meio frustrado por não conseguir mexer o copo quando eu queria e foi ai que ele tremeu.

– Bem, você conseguiu mover o copo um pouco. Será que consegue levantá-lo?

– Bem, vou tentar...

Eu fiz a mesma coisa de antes. Arrumei minha postura, olhei diretamente para o copo. Desta vez, pensei algo: no vento. Neste momento, eu escutei os uivos dos ventos do lado de fora. Ouvi as folhas se misturando e batendo nas janelas de vidro, não só a do meu quarto, mas nas da casa toda. A luz do quarto começou a piscar. Senti meu corpo de uma forma diferente, não dava para explicar. Sentia que podia controlar não somente o copo, mas qualquer coisa a minha volta. Meu foco para levitá-lo ficou melhor e eu o fiz. Ele subiu trinta centímetros. Aquilo foi fascinante para mim. Foi uma das melhores coisas que eu fiz.

– Lucas! Você conseguiu! – disse Leonardo.

– Beleza. Agora coloque o copo no chão – disse Thiago.

– Ainda não. Preciso fazer mais que isso. Talvez eu consiga... – eu disse.

Comecei a mover o copo pelo quarto todo com o apoio de minha mão, como um controle remoto. Girei-o de todos os ângulos e passei por vários cantos. De cima do armário até embaixo da cama. Até voltar para onde ele começou. Meus amigos estavam perplexos.

– Tá bom, isso foi DEMAIS! – disse Leo todo contente.

– Consegue fazer mais coisas? – perguntou Thiago, mas de um jeito mais sério.

Foi ai que o mais estranho aconteceu. Eu olhei para o copo, ainda segurando com o apoio de minha mão. O olhei fixamente. E o que começou com uma rachadura, fez outras rachaduras mais grossas, como os galhos retorcidos de uma árvore dos filmes do Tim Burton. E o copo se espatifou em vários pedaços afiados e pontiagudos, que ainda se mantiveram no ar.

– Acho que não tenho mais adjetivos que eu não já tenha usado hoje para descrever isso... – disse Leonardo surpreso.

– Eu ainda tenho muitos. Quer emprestado? – disse Thiago, olhando para mim com um sorriso fraternal que dizia “estou orgulhoso de você”.

– Lucas! Seu olho ficou azul! – disse Leo de repente.

Aquilo me desconcentrou, fazendo com que os cacos de vidro caíssem. Fizeram aquele sim agudo que lembravam “libertação” quando bateram no chão em mais pedaços menores. Fui olhar depressa no espelho que eu tinha atrás da porta. Sim, meu olho estava azul celeste. Mas a cor logo saiu, voltando ao violeta.

– Azul é a cor de quando você está feliz – disse Leo.

– É incrível! – eu disse para mim mesmo.

– Lucas. Tem um monte de cacos no chão – disse Thiago.

– Ah, deixa comigo – eu disse, com um sorriso malandro bem evidente com o que eu tinha em mente.


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