Opostos - Effie e Haymitch escrita por HeyAnnie


Capítulo 12
Capítulo 12 - A promessa


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo... bem, aproveitem!

Lembrete hiper importante: Este capítulo SE PASSA DEPOIS DOS JOGOS VORAZES E DA REVOLUÇÃO. Então, SE PASSA DURANTE O EPÍLOGO DE "A ESPERANÇA"



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Doze anos se passaram desde o fim da revolução.

A Capital não tinha mais nenhum poder sobre nos, os Distritos estavam livres para escolher seus representantes e seus atos. Não precisávamos de guerras, nem revoluções. Os Jogos já não existiam mais. Estava tudo em paz.

Ou pelo menos deveria estar.

Fazia anos que não via Haymitch e estava cada vez mais atormentada com meus pensamentos. O nosso último encontro... eu tinha feito uma promessa. Teria que cumprir ela. Mas por que estava com aquela sensação ruim?

~FLASHBACK ON~

Assim que Katniss deu o fim naquele pesadelo, todos foram libertados para suas vidas normais, com direito a escolher aonde iriam morar e o que queriam fazer.

Eu fiquei totalmente surpreendida em ver os Distritos, que um dia jogavam seus jovens na Arena para morrer ou matar, estavam unidos, reconstruindo o país aos poucos. Mas ainda era difícil manter a ordem e refazer tudo aquilo que foi derrubado pelos bombardeios. Pelo menos dava para ver Panem sair das cinzas, finalmente mostrando um pouco de cor. E mesmo assim, eu não conseguia sorrir.

Após aqueles anos, tinha ficado em uma terapia constante. Indo ao psicólogo, tomando doses de remédios e indo ao médico. Eu ainda tinha algumas más lembranças a noite, mas conseguia viver minha vida tranquilamente. Aquelas sessões no psicólogo me fizeram entender que não era Haymitch, nem Katniss, nem mesmo os rebeldes, eram os verdadeiros inimigos. E mesmo já não tendo ódio de nenhum deles, ainda não conseguia me sentir bem.

Enfim. Eu acabei escolhendo ficar no local onde antes era a Capital. Mesmo destruída e com poucos moradores, não poderia abandonar a minha casa, alias, foi ali que nasci, cresci e fui criada. Não poderia deixa-los agora.

Como tínhamos o direito de onde queríamos trabalhar e estudar, eu não era obrigada a guardar minha opinião e colaborar com aquele horror que era transmitido pela TV. Comecei uma faculdade de jornalismo e comecei a participar de algo digno. Agora eu trabalhava com a construção de memoriais aos tributos mortos. Colocava naquelas lapides todo meu conhecimento sobre cada tributo e suas participações nos Jogos. Pelo menos, eu podia honrar a morte daqueles jovens.

E foi durante uma construção desses memoriais, enquanto eu estava no meu apartamento e juntava informações sobre Rue, que fui interrompida por aquela voz e aquele aroma de bebidas.

– Effie? - diz Haymitch - você é nova por aqui?

Eu reconhecia aquela frase. Foi a primeira coisa que Haymitch disse para mim no dia que nos conhecemos. Ele se lembrava até disso? Me encolho na cadeira e não consigo segurar um sorriso.

– Invadindo meu prédio de novo, senhor Albernathy? - pergunto.

– Lógico, é isso que dá a emoção - responde, rindo.

Levanto e me viro para ele. Sua aparência está totalmente acabada. Os olhos envolvidos por bolsas escuras, os cabelos longo demais, a barba por fazer, os dentes amarelados. E mesmo assim, ainda conseguia sentir atração por ele. Dei um leve sorriso e não conseguia parar de encarar Haymitch.

Ele também não parecia querer parar de olhar para mim. Talvez pelo fato que tinha mudado muito. Agora, meu cabelo estava simples, sem uma coloração esquisita nem com penteados elaborados. Meus olhos também tinham bolsas escuras, mas não estavam mais cobertos por maquiagem. Minha boca, minha bochecha, toda a minha face... estava tudo ao natural, como se aquela antiga Effie nunca tivesse existido.

Ficamos nos olhando por minutos que pareceram horas, sem dizer nada. Sinto minha bochecha encharcada por lágrimas e percebo que ele também estava chorando. Sem nenhum aviso prévio, Haymitch avança e me abraça apertado, como se quisesse mostrar toda a saudade que tinha sentido. Eu, que também não estava muito diferente, acabo o beijando.

Só paramos de nos beijar quando estávamos com falta de ar, o que demorou muito tempo, já que nenhum de nos queria se separar. Continuamos abraçados. Conseguia sentir seus batimentos acelerados e sua respiração ofegante.

– Quem diria que um dia eu te veria sem maquiagem - Haymitch diz.

– Uau Haymitch, como você é romântico! - ironizo - depois de anos sem se ver, você vem falar da minha aparência.

– O que queria? Um pedido de casamento? - pergunta, rindo. Não me sinto ofendida, já sabia como Haymitch era. Ele complementa - Só queria dizer que você está bem bonita.

Nos separamos e sentamos no sofá. Ficamos em silêncio por um bom tempo. Acabo descansando minha cabeça em seu ombro e fecho os olhos. Queria que aquele momento nunca acabasse. Só precisava dele ali.

– Pensando bem, eu poderia te pedir em casamento - fala Haymitch, beijando minha testa.

Abro os olhos, surpresa. Haymitch se levanta e pega uma pequena fita que estava caída no chão, se ajoelha e amarra a fita dourada no meu dedo indicador da mão esquerda. Abaixo a cabeça, envergonhada. Haymitch beija minha mão e olha nos meus olhos, com um sorriso meigo no rosto.

– Effie Trinket, você quer se casar comigo? - pede.

– Depende - digo, sorrindo - você vai fazer a barba se eu aceitar?

Haymitch revira os olhos e começo a rir, olho para minha mão. Bem, não era o anel mais bonito do mundo, nem o pedido mais fofo que alguém poderia improvisar, mas já era alguma coisa. Beijo a boca de Haymitch rapidamente e sorrio.

– Considere isso um sim - digo, animada.

Ficamos novamente em silêncio, uma vez ou outra trocando beijos rápidos e carinhos. Me deito, encolhida no sofá, e coloco minha cabeça em seu colo. Enquanto encaro a televisão desligada, Haymitch passa as mãos nos meus cabelos (agora) loiros.

– Você bem que poderia ir para o Distrito 12 comigo - diz Haymitch - Eu vou ter que ir embora amanhã, . Preciso voltar para lá. Eu só vim aqui porque descobri que ainda morava na Capital. Por que não se muda pra lá e mora comigo? Alias, estamos praticamente casados.

– Haymitch, você não entende - falo - aqui é minha casa, assim como o Distrito 12 é a sua. Não posso deixar este lugar. Preciso terminar a faculdade, o trabalho e não posso sai daqui por enquanto... - respiro fundo - eu sei que também não vai abandonar o Distrito 12 para ficar comigo.

– Eu abandonaria - fala, rígido - mas...

– Mas não consegue - completo.

– Pelo menos prometa que, um dia, vai me ver - Haymitch pede, tentando mudar de assunto.

– Eu prometo - digo - e além disso, prometo que se for para lá, não vou te abandonar. Só espere que... que tudo isso se organize.

Nos não discutimos nem ficamos contra a decisão do outro, aliás, não tinha o que falar. Era uma decisão mutua. E por que brigaríamos por algo tão simples?

Lógico que eu queria ir para lá, morar com Haymitch e viver na extrema paz. Mas precisava acabar os memoriais, a faculdade e ajudar a reconstruir minha casa. Mesmo assim, algo dentro de mim avisava que íamos nos ver mais cedo do que imaginávamos.

Haymitch acabou dormindo ali, comigo. O que não foi nenhum incomodo pra mim. Dormimos colados, mesmo que a cama fosse grande o bastante para os dois. Eu descansava minha cabeça em seu peito, enquanto Haymitch fazia carinhos no meu rosto e cabelo. Foi a primeira noite de todos aqueles anos que não acordei em meio a algum surto.

Agora eu me sentia totalmente segura

~ FLASHBACK OF ~

O trem para no Distrito 12. Assim que as portas se abrem, sinto um frio na barriga. Sou a última a desembarcar. Já conhecia o Distrito 12 pelas viagens que fiz para cá durante os Jogos, também já tinha visto sua situação atual pela TV, mas não imaginava que ele ainda estaria tão precário. Pelo menos os moradores não passavam mais tanta fome, já que começaram a cultivar e as minas, o comércio e as lojas foram reabertas.

Caminho lentamente até a Costura, onde sabia que Haymitch estaria. Chego lá em poucos minutos. Reconheço de longe a casa de Katniss e Peeta, que tem um enorme tordo pintado na porta, e ao seu lado, a casa de Haymitch.

Dou um longo sorriso e abro a porta sem hesitar. Haymitch está desmaiado no chão, uma garrafa de Vodca quebrada e seu braço está cortado. Deixo minhas malar caídas no piso sujo e corro até ele. Me ajoelho ao seu lado, virando seu rosto para mim. Sua face está pálida e cansada.

– O que diabos você anda fazendo por aqui Haymitch? - pergunto, num sussurro, enquanto examino seu braço.

Corro até a cozinha e acho, entre as garrafas de bebidas, um kit de primeiros socorros. Volto a pegar o braço de Haymitch e passo um remédio nele, depois o enfaixo, tentando ser o mais delicada possível. Levanto Haymitch do chão e o deito no sofá da sala. Enquanto limpo o chão, dou um sorriso, aquilo me lembrava da nossa primeira noite.

A porta se abre e eu pulo de susto. Katniss está com um rosto assustado.. Peeta chega logo depois, parando atrás de sua mulher ao me ver. Dou um sorriso tímido.

– Effie? - pergunta Katniss, depois de um longo tempo, como se não me reconhecesse - É você mesmo?

– Em carne e osso - respondo, rindo.

Eles me abraçam apertado, após um tempo, explico o que aconteceu comigo e os dois me ajudam a cuida de Haymitch. No meio dessa confusão de informações, descubro que Katniss e Peeta estão oficialmente casados, e que planejam ter um filho (quer dizer, Peeta planeja o filho e Katniss se recusa).

Já é a noite quando eles vão embora, me dando um abraço demorado. Fico sentada ao lado do corpo desmaiado de Haymitch, segurando sua mão. Só horas depois, ele acorda, desorientado e com uma cara de dor.

Assim que me vê, fica me encarando por um bom tempo, talvez estivesse em dúvida se era apenas mais alguma alucinação sua ou se era real. Aperto ainda mais sua mão, deixando claro que eu realmente estava ali. Ele pula do sofá e me abraça, soltando um som que seria uma mistura de dor e alívio.

– Esqueceu que eu prometi? - pergunto.

– Você acha que eu esqueceria algo sobre você? - responde.

Nos beijamos. Fico mais tranquila assim que nossas bocas se tocam. Uma paz que tinha esquecido a muito tempo, nos destroços de Panem, voltam para minha alma.

Haymitch me conta o que aconteceu durante todo esse tempo, explicando também o porque de estar naquele estado (ele desmaiou por conta da bebida e acabou de cortando com os cacos que se espalharam pelo o chão). Também apresentou sua nova ocupação: Criar gansos, por sorte esses animais sabem se cuidar...

Ficamos a noite juntos. Conversando como velhos amigos, nos beijando e sorrindo. Finalmente, minha promessa tinha se cumprido. Eu não iria mais deixar Haymitch Albernathy.


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Notas finais do capítulo

Até o último capítulo! Comentem!

(Não sei se ficou muito bom, escrevi na pressa)



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