A Beautiful Lie escrita por Letys


Capítulo 6
Brand New Me


Notas iniciais do capítulo

E aí gente? Vou direto ao ponto: eu não estou muito feliz.
Não recebi nem metade dos reviews que eu pedi no último capítulo. Não vou ficar pagando de moralista, mas todo mundo que já leu alguma fic no Nyah! sabe o que acontece quando os autores ficam desmotivados (por acaso, tem um aviso do próprio site no final de cada capítulo).
Enfim, vou me explicar melhor nas notas finais, portanto, não deixe de lê-las.
Nos vemos lá embaixo.



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Alguns dias depois, eu recebi a autorização do Doutor Crane de voltar para a escola. Eu não queria fazer isso, uma vez que quando passasse pela porta, provavelmente todos iriam lembrar daquela cena.

O patético Peeta Mellark, que com 17 anos, ainda apanha no colégio.

A vida não é justa comigo.

Como era meu último dia livre, depois da escola, Finnick veio para a minha casa.

A surpresa foi quando ele entrou no meu quarto acompanhado de uma garota.

– Oh, Peeta, espero que você esteja com alguma roupa por baixo dessa coberta aí - Disse Madge. Por que ela estava aqui?

– Uh, sim, eu estou - Levanto da cama, e aponto para o Finnick - Madge, não que eu não goste da sua presença, mas achei que hoje seria um dia de passeio entre homens - Mudo meu tom de voz ao pronunciar a última palavra, com a intenção de deixar bem claro que talvez, só talvez, ela não fosse bem vinda.

– Calma, querido - Começou o Odair - A gente ainda vai ao shopping. Só que agora, é um passeio em triângulo amoroso. Relacionamentos abertos dão certo, sabia?

– Eca, Finn! - Madge deu um tapa no ombro dele, e Finnick fingiu ter doído.

– Okay, galera. Eu só não entendi o porquê, sem ofensas, da Madge estar aqui - Digo. Não vejo motivos para o Finn estar acompanhado de Madge, afinal, não lembro de nenhuma vez que ele tenha mencionado alguém além de Annie.

– Bem, a gente precisa de uma opinião feminina - Finnick solta uma risada.

– É, vocês estariam perdidos sem mim - Diz a Undersee.

– Vocês percebem que só estão me deixando mais confuso, né? - Seja lá o que eles estavam planejando, não parecia boa coisa. Madge me fitou com um olhar provocativo.

– Olha, Mellark, tudo bem ter homens como você caindo aos pés da minha melhor amiga - Ela faz uma pausa, o suficiente para que as minhas bochechas corassem - Mas não adianta de nada se ela não te notar. E é que eu entro.

As peças começam a se encaixar: shopping, Katniss, me reparar...

Oh, não, não mesmo.

– Ih, acho que ele não gostou da ideia - Falou Finn - Mas não importa.

– É, não importa mesmo - Madge prossegue, dando a volta e apertando minhas bochechas enquanto diz - Vamos te deixar irresistível. Katniss não vai poder te ignorar.

Katniss, sem me ignorar?

Esse é um mundo em que eu gostaria de viver.

* * *

Quando chegamos ao estacionamento, Madge nos passou uma lista de tudo que deveríamos comprar. Blusas, jaquetas de couro, calças jeans apropriadas para o meu tipo de corpo, tênis de marca e outras baboseiras.

A filha da mãe da Undersee tinha pensado em tudo.

– Olha, se vocês me permitem perguntar - Começo a falar, e Finnick desliga o rádio que estava tocando Timber, da Kesha - Há quanto tempo vocês estavam planejando isso? - Aponto para a lista de roupas. Aquilo era coisa demais para ser planejado em pouco tempo.

– Madge, quer fazer as honras? - Diz o Odair.

– É claro. Bem, foi mais ou menos assim: nos seus primeiros dias no hospital, a sua briga com Gale foi o assunto mais comentado da escola, tipo, de todos os tempos. Ao contrário do que você pensa, todos viram o seu ato como algo heróico. Sabe, defender a Everdeen e coisa e tal - Madge enrola um de seus cachos loiros na ponta dos dedos, fazendo com que eles ficassem mais enrolados - E seu nome está circulando, Sr Mellark - Ela prossegue, enquanto mexe na bolsa e retira um batom rosa. Após a aplicação, prossegue - Então, no seu último dia lá naquele inferno, eu liguei para o Finnick e ele concordou que já estava mais do que na hora de você deixar esse visual "nerd triste e abandonado" pra trás.

– Okay... Espera, só um minuto - Ela estava insinuando o que eu achava que estava? - Você está dizendo... Que eu sou popular agora?

– Não, Peeta. Não se iluda - Finnick diz.

– Ele tem razão, Mellark. Não é uma briguinha, que por sinal, você perdeu - A loira me olha, como se estivesse medindo o peso de suas palavras sobre mim - Que vai te introduzir no mundo dos caras mais gatos e perfeitos da escola, se toca - Às vezes eu acho que a Undersee não está ao meu favor - Mas não importa: depois de hoje, você vai ser o menino mais bonito da escola - Ela tira um cartão de crédito da carteira, e aponta para aonde está escrito "Gold" - Ah, não se preocupe: as despesas ficam comigo. Não são poucas as regalias que uma filha do prefeito pode ter.

No último ano, o pai de Madge se tornou o prefeito de uma das cidades de Panem. Isso não mudou muito quem ela era, mas agora todos querem se tornar "melhores amigos" da Undersee. Ela não é burra, então continuou apenas com os amigos que já tinha. Afinal, eles gostavam dela até mesmo antes dessa coisa toda de helicópteros, iates, limousines e jatinhos particulares.

– Aonde é a nossa primeira parada? - Finnick pergunta, tirando a chave da ignição.

– Hum, deixa eu ver - Madge desenrola o papel, que mais parece um testemunho do Papa, e diz - Na Macy's, primeiro andar.

E com essa deixa, caminhamos até a entrada do shopping.

Enquanto andamos, Madge diz tudo o que sabe sobre as coisas que um homem deve ser para que Katniss o escolha: inteligente (okay), corajoso (não sou, mas talvez com o meu último ato dentro da escola eu tenha passado essa ideia), independente (uh, não sei dizer se me encaixo nessa) e deixar um espaço pessoal para ela (talvez isso seja um problema: sempre fui carinhoso demais, meloso demais, ciumento demais).

Segundo a Undersee, tudo de roupa e outros artefatos que precisamos estão na Macy's, uma loja de departamentos muito famosa aqui na América do Norte. Eu gosto da ideia de mudar meu visual, pois eu não quero deixar de ser quem eu sou. Se eles querem me transformar, eu quero continuar sendo eu mesmo, pelo menos, por dentro.

Finnick traz algumas camisas, moletons, jaquetas e calças para que Madge avalie, antes que eu tenha o direito de provar as roupas. Isso me pareceu um tanto quanto injusto, mas quando me olho no espelho, vejo o bom trabalho que a Undersee fez.

Não é que essa garota é uma salvação?

O meu reflexo mostra algo que eu nunca vi - com uma calça jeans escura, uma blusa vermelha e um tênis de uma marca "famosinha" - eu estou realmente atraente.

– Peeta, Peeta... - Finnick me olhou de cima a baixo, me analisando - Olha, se eu não gostasse de curvas femininas, talvez eu mudasse minha opção sexual por sua causa.

– Okay, chega disso, Odair - Madge dá um tapa na cabeça dele, fazendo o chapéu que ele estava experimentando cair - Tire isso, Finn, está ridículo. Porém, ele tem razão, Mellark. Você está muito... bonito.

– Acho que a palavra que você estava procurando era sexy– Brinco. O humor pareceu certo, e ninguém achou que eu estava me gabando. Essa é a parte boa de não ter auto estima: nunca ninguém acha que você está falando sério.

Todos nós rimos de algumas piadas que o Finnick fez, enquanto andávamos em direção ao caixa com uma pilha de roupas.

Após o atendente (que reconheceu Madge na hora, a cumprimentando e avisando que a nova coleção parisiense de "fulano" tinha chego) ter registrado toda a compra, ela diz:

– 734 dólares.

– Olha, dessa vez até que saiu barato! - Madge deu um gritinho de alegria. Se isso é barato, não quero nem saber o que é caro.

– Tem certeza de que está tudo bem, Madge? Isso é muito dinheiro - Eu não podia aceitar, afinal era mais do que o dobro do meu salário da padaria.

– Peeta, não venha com essa pose de "macho independente que não aceita ajuda", okay? - Ela entregou o cartão de crédito - Isso não é nem um terço do que eu gasto por semana.

– Ela não está mentindo - A atendente diz, entregando as sacolas - Nos vemos amanhã, Srta Madge?

– Claro, Leeg. Ah, mande um beijo para a sua irmã. Diga que estou com saudades.

Caminhamos para a saída da loja, e quando estávamos andando na direção do carro, a Undersee avisou:

– Olha, vamos apenas deixar as bolsas lá na mala, porque antes de irmos embora... - Ela apontou para as sacolas, passando-as para os braços de Finnick - Tenho mais uma surpresinha.

Madge nos guiou até o terceiro andar do shopping, onde depois de muitas voltas, finalmente encontramos o local que ela buscava.

– Marquei hora com Portia, Peeta. Esse é o último passo para sua oficial entrada ao mundo dos descolados.

– Quem é Portia? - Pergunto. Minha resposta é automaticamente respondida, quando uma mulher de pele morena, cabelos excêntricos cor de rosa, roupas ousadas e tatuagens no ombro, se apresenta.

– Prazer, eu sou a Portia. Olá, Srta Undersee.

– Parece que a Madge é bem famosa aqui, não acha? - Sussurro para o Finnick. Ele balança a cabeça, e sussurra de volta:

– Cara, essa menina me assusta.

– ... E onde está a Srta Everdeen? - Minha atenção volta automaticamente para a conversa quando o nome dela é mencionado. Madge apenas dá de ombros.

– Bem, ela não está aqui hoje porque... Está vendo esse menino aqui? - Ela aponta pra mim - Ele é um código 339.

339?!– Portia parece chocada.

Que porra é essa de "339"?!– Pergunta Finnick, tirando as palavras da minha boca.

– É um código para "alerta de virgem de 17 anos apaixonado e com certa tendência a isolamento e sofrimento" - Responde Madge, irônica.

Eu nunca iria saber se aquilo era verdade, mas quando ia perguntar, Portia me segurou pelo braço e, literalmente, me jogou numa cadeira, enquanto recolhia todos os seus utensílios: tesouras, pentes, máquinas (que eu nunca tinha visto) e outros que eu não fazia ideia dos nomes.

Ela trabalhava em silêncio, e de vez em quando murmurava alguns "tsc tsc tsc" conforme ia retirando tufos ressecados do meu cabelo.

Depois de eu poder jurar que ela tinha me deixado careca, aparou minhas sobrancelhas. "Desse jeito não favorece seus lindos olhos", ela disse.

Finalmente um elogio aos meus olhos.

Ela já elogiou seus olhos, quando vocês eram crianças. Katniss elogiou seus olhos, na festa em que vocês qu...

– Acabei! - Disse Portia, muito animada - Okay mocinho, prepare-se para deixar aquele corte brega para trás, e trancá-lo no baú mais escondido e fundo que você tiver!

Com isso, ela gira minha cadeira em direção ao espelho.

Uau.

O espelho não está me refletindo - o menino que mostra parece um homem, determinado a conseguir alcançar seus objetivos, mudar seu rumo, capaz de conquistar qualquer uma ou qualquer coisa.

– Muito obrigado, Portia - Digo. Ela me abraça por muito tempo, e emocionada, diz:

– Cuide bem da Srta Everdeen. Ela é muito bondosa, mas tem aquela pose de intocável porque tem medo de ser magoada. Não a magoe. Me prometa: você não vai magoá-la.

– Essa é a última coisa que eu faria na vida. Eu prometo, Portia.

Após a Undersee e o Odair me verem pela primeira vez depois do "Peeta de antes" e o "novo Peeta", eles me elogiaram e, mais uma vez, Madge pagou a conta - 100 dólares. Desse jeito, esse salão nunca irá a falência, e espero sinceramente que o Sr Undersee também não vá, porque eu já devo a ele 834 dólares.

O que eu não esperava, não eram dívidas, ou que a Katniss não fosse reparar em mim.

O que eu não esperava era um dia quebrar a promessa que fiz com Portia.

* * *

Quando eu cheguei em casa depois das compras, não tive nem que esperar a escola: meus irmãos já estavam lá para me perturbar. Graças a Madge, eu não tinha roupas pra voltar pra casa sem ser as novas - sim, ela jogou toda as minhas roupas velhas no lixo.

Mal tinha entrado no meu quarto, quando Drake foi o primeiro a se pronunciar:

– Veja o que nós temos aqui, Cameron - Os dois se aproximaram, enquanto eu terminava de guardar as novas roupas no armário - O patinho feio se tornou cisne.

Owwwn– ecoou Cameron - Que meigo esse visual "um estilista vomitou em cima de mim".

– Olha, eu acho até que é digno de uma foto - Drake tirou o celular do bolso, e com vários "clicks" na tela, disparou pelo menos 20 fotos.

– Gente, eu agradeço muito aos elogios - Rio com escárnio - Mas talvez seja melhor vocês pararem de se meter na minha vida.

– Ui, o patinho-que-virou-cisne ficou revoltado - Brincou Cameron.

– Parece até ator metido de Hollywood - Provocou Drake - Vossa Alteza, espere até Vossa Majestade saber desses gastos todos.

Vossa Majestade.

Oh, não.

Minha mãe não.

– Só para a informação de vocês, nada disso eu comprei com o dinheiro do salário da padaria, ou da minha mesada. Madge pagou.

– Opa, epa, epa... Peeta Panaca Mellark, está pegando Madge Undersee? A filha do prefeito? - Drake não me deixava em paz. Acho que essa é a função do irmão mais velho de três: infernizar a vida do caçula.

– Não, eu não estou "pegando" ela - Digo, cuspindo as palavras - Ela é minha amiga. E vocês podem parando, já estou de saco cheio dessas piadinhas que só tem graça pra vocês.

– Essa é a parte engraçada - Diz Cameron - Fazer um inferno da sua vida só tem graça pra gente.

– Bom saber que meus irmãos me amam - Será que todos os irmãos são assim? Minha família era estranha, quando comparada às outras?

– Nós te amamos, Peetinha - Drake olha pra Cameron, e como se estivesse ensaiado eles dizem - Pelo menos, mais que a Katniss. Será que ela ao menos sabe que você existe?

Respira, expira.

Respira.

Expira.

Eu simplesmente virei as costas, e saí do quarto.

Como estava prestes a ter um ataque de nervos, esperei uma eternidade no sofá da sala, assistindo um daqueles programas do Discovery Channel em que ninguém assiste a não ser que não tenha opção.

Passaram-se alguns minutos - longos, muito longos -, até que eu concluí que eles já tinham se trancado no quarto de Cameron e iniciado a maratona diária de videogame. Quando tive certeza, peguei a comida chinesa que meu pai tinha deixando sobre a mesa - "Peeta, Cameron e Drake, eu fui jantar com a mãe de vocês. Mas não íamos deixar nossos filhos sem comida. Aproveitem." - e levei tudo para o meu quarto. Quer saber? Mereço alguma coisa depois daquele inferno que são os meus irmãos. Um dia a menos de comida chinesa pra eles não ia fazer falta.

Encontrei um pouco de yakisoba, alguns rolinhos primavera e três biscoitos da sorte.

Quebrei sem piedade o que estava no meio: nunca os comia, eu só queria o conselho que estava dentro deles.

"Cuidado com quem você brinca - algumas pessoas estão em chamas, e quem brinca com fogo, se queima".

Queria ter levado mais a sério aquele pedaço de papel que julguei (erradamente) ser insignificante.

* * *

If I talk a little louder

If I speak up when you're wrong

If I walk a little taller

I'd be known to you too long

If you noticed that I'm different

Don't take it personally

Don't be mad, it's just the brand new kind of me

It ain't bad, I found a brand new kind of free

Brand New Me - Alicia Keys




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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Precisamos ter uma conversinha.
Eu não postei esse capítulo porque vocês deram o retorno que eu pedi, muito menos porque imploraram que eu fizesse - não. Postei porque eu precisava falar com vocês, da melhor e ao mesmo tempo, pior maneira possível - ABL está correndo riscos de ser excluída e/ou abandonada. Me dói o coração dizer isso, mas é verdade. Não me sinto mais empolgada, porque não tenho respostas quase nunca. Então, sem querer ser hipócrita com quem sempre comenta - agradeço muito a vocês, sério - eu quero saber o que vocês acham. É pra ser sincero mesmo, coloca a boca no alto falante e me dá uma resposta. Devo ou não continuar?
Dessa vez eu não vou pedir certo número de reviews. Quero ver se a resposta de vocês vai valer a pena mais um capítulo, ou uma fic inteira. É uma pena - eu tenho mais planos para essa história do que para a minha própria vida. Ou pelo menos, tinha.
Então é isso. Se eu vou continuar ou não, depende de vocês.
Abandono, excluo, continuo mais empolgada do que nunca?
Espero respostas, e do fundo do coração: que entendam o meu lado como autora.
Nos vemos por aí.